A agência norte-americana Associated Press (AP) relatou que muitas pessoas começaram a concentrar-se antes do amanhecer na estação rodoviária de San Pedro Sula, no norte das Honduras, para apanhar um autocarro até à fronteira com a Guatemala.
Outras seguiam a pé enfrentando a chuva, incluindo pessoas que empurravam carrinhos de bebé ou carregando ao colo crianças que dormiam.
Nohemy Reyes, que esperava na estação rodoviária com um dos seus cinco filhos a dormir ao seu lado no chão, contou que a atual situação económica das Honduras estava a dificultar a sobrevivência da sua família e, como tal, precisava de procurar melhores oportunidades.
“A situação económica é muito difícil”, afirmou a hondurenha, admitindo, porém, que se encontrar a fronteira dos Estados Unidos encerrada terá de regressar às Honduras.
O também hondurenho Miguel Angel Reyes contou, por sua vez, que a criminalidade violenta registada nas Honduras foi um dos fatores, a par da situação económica, que mais pesou na sua decisão de sair do país.
“Estou a sair porque a situação é muito dura nas Honduras”, afirmou o trabalhador agrícola, que seguia na caravana acompanhado pela mulher e os respetivos quatro filhos.
“Não podemos aguentar mais. Há muito sofrimento, não há trabalho”, reforçou.
A formação desta nova caravana de migrantes acontece no mesmo dia em que o secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, defendeu no Congresso a decisão de Washington de cortar as ajudas económicas a três países da América Central (El Salvador, Guatemala e Honduras), de onde são maioritariamente oriundos os migrantes que têm integrado as últimas caravanas em direção aos Estados Unidos.
No Congresso, Pompeo afirmou que a atual situação na fronteira sul dos Estados Unidos tem mostrado que a ajuda fornecida por Washington a estes três países tem sido ineficaz.
Isto acontece na mesma semana em que o Presidente norte-americano, Donald Trump, reiterou a ameaça de fechar a fronteira sul, entre os Estados Unidos e o México, e de impor tarifas aos automóveis produzidos no território mexicano caso as autoridades deste país não consigam travar uma nova vaga de migrantes oriundos de América Central.
Os serviços e as instalações fronteiriças dos Estados Unidos estão sobrecarregados devido às muitas famílias de imigrantes retidas na fronteira.
As autoridades fronteiriças norte-americanas anunciaram esta semana que cerca de 53 mil pais e crianças foram detidos na fronteira sul do país em março passado.
Desde domingo passado, o Departamento de Segurança Interna norte-americano, responsável pela tutela desta área, teve duas demissões.
A secretária de Segurança Interna, Kirstjen Nielsen, demitiu-se no domingo do cargo, na sequência das crescentes críticas de Trump à ineficácia no combate à imigração legal na fronteira com o México. Nas últimas horas, foi a vez da subsecretária Claire Grady que apresentou ao Presidente a sua demissão.
Para substituir Kirstjen Nielsen, o Presidente norte-americano escolheu Kevin McAleenan, até à data Comissário da Alfândega e Proteção das Fronteiras dos Estados Unidos.
Na terça-feira, Donald Trump afirmou que não tenciona restabelecer a controversa política de separação de famílias.
No verão passado, mais de 2.500 crianças migrantes foram separadas das respetivas famílias. Posteriormente, uma ordem judicial decretou que estas famílias tinham de ser reunificadas.
Demitiu-se a secretária de Segurança Interna dos Estados Unidos
Na rede social Twitter, o presidente dos Estados Unidos revelou que Kirstjen Nielsen será substituída por Kevin McAleenan, até aqui comissário responsável pelo Serviço de Estrangeiros e Fronteiras do país.
Segundo a Associated Press, o pedido de demissão de Kirstjen Nielsen surge na sequência de uma viagem com o presidente dos Estados Unidos à fronteira sul do país e da constatação da presença massiva de estrangeiros que tentam entrar no país.
Em março, numa audição no congresso norte-americano, a secretária de Segurança Interna insistiu que a crise na fronteira com o México é real e não é fabricada.
“Não se enganem: Esta corrente de miséria humana está a piorar. (…) “Vi as populações vulneráveis. Esta é uma verdadeira crise humanitária que o sistema está a permitir. Temos de mudar as leis”, disse a representante da administração norte-americana.
Dezenas de milhares de famílias estão a atravessar de forma irregular a fronteira todos os meses, o que implica uma sobrecarga dos recursos. Em fevereiro passado, mais de 76.000 migrantes foram detidos, mais do dobro do que no mesmo período do ano passado.
A construção de um muro na fronteira com o México, como solução para travar a imigração ilegal, foi uma das mais simbólicas promessas da campanha presidencial de Trump nas eleições de 2016.
Trump substitui diretor dos serviços secretos
“O diretor dos serviços secretos (USSS), Randolph Alles (…) vai abandonar o cargo e o Presidente Trump escolheu para o seu lugar James Murray, que o substituirá a partir de maio”, indicou a porta-voz da Presidência, Sara Sanders, sem, contudo, revelar as razões da saída repentina.
O anúncio da substituição de Randolph Alles foi conhecido um dia depois da saída da secretária de Segurança Interna, Kirstjen Nielsen, do departamento que tem a tutela dos Serviços Secretos, que tem 6.500 efetivos.
“Alles realizou um bom trabalho ao longo dos dois anos e o Presidente agradece-lhe os mais de 40 anos ao serviço do país”, acrescentou Sanders.
TPT com: AFP//Reuters// Associated Press (AP)//MadreMedia/Lusa//Sapo 24// 10 de Abril de 2019