Desde a cultura à política, passando também pelo mundo da moda e do desporto e por casas reais europeias, a pandemia de covid-19 atingiu igualmente várias personalidades conhecidas à escala global, sendo que algumas já estão a recuperar da doença, como é o caso do lusoamericano, Armando Fontoura, xerife do Condado de Essex, no estado de New Jersey.
“Não é fácil passar por essa doença assustadora e incerta”, diz Armando Fontoura que passou por um dos piores momentos da sua vida. “Os primeiros sete dias foram horríveis. A cabeça andava à roda e os suores não permitiam que descansasse. Durante a noite só conseguia dormir alguns minutos e acordava todo molhado”.
As manifestações de apoio a Fontoura foram uma constante ao longo de todo este processo e vieram dos mais variados quadrantes políticos e empresariais norteamericanos e também de Portugal.
Armando Fontoura que ficou muito feliz por voltar a casa curado, fez questão de expressar o seu agradecimento aos profissionais de saúde, aos médicos, aos enfermeiros, aos que trabalham nos hospitais, aos bombeiros, aos agentes da ordem e ainda a todos quantos servem os bem essenciais.
O xerife lusoamericano referiu ainda a sua gratidão e carinho pelo apoio e votos de melhoras que recebeu de toda a comunidade e também dos amigos em Portugal.
Fontoura é xerife desde 1991 e garantiu a continuidade até 2021
A carreira de Armando Fontoura começou pela polícia há mais de 50 anos, depois de frequentar a Academia e o Instituto do FBI, já que a “profissão nobre” de professor deixou-o desejoso de mais ação.
“Queria dar um pontapé numa porta de vez em quando para apanhar os que fazem mal à comunidade”, contou Armando Fontoura, que acredita que o seu interesse pela ordem e pela lei nasceu, por ver o seu pai na missão de guarda-fiscal em Portugal.
Armando Fontoura iniciou-se como xerife-adjunto em 1986, sendo depois convidado pelo Partido Democrata a concorrer às eleições de 1991 para xerife do Condado de Essex, no estado de New Jersey e ganhando cada vez mais o apoio da população.
Desde que foi eleito Xerife em 1991, já teve algumas eleições difíceis. Em 1994, o Partido Democrata decidiu concorrer com outro candidato, mas Armando Fontoura voltou a vencer as eleições, mesmo sem o apoio partidário.
Nascido em Vilar de Perdizes, concelho de Montalegre, Trás-Os-Montes, Armando Fontoura é neto de imigrantes. A mãe nasceu nos Estados Unidos, mas voltou cedo para Portugal. Em 1954, tinha Armando 11 anos de idade, a família decidiu emigrar e apostar no “American Dream” (sonho americano).
Os primeiros tempos foram desafiantes para Armando Fontoura, que chegava a casa triste por não entender os colegas. “O meu pai disse: Olha, nós não vamos para trás. Isto é a nossa nação, por isso tens que aprender”. Eu ouvi o que ele disse e aprendi”, recorda ao The Portugal Times.
Conhecedor da dinâmica política desta região, Fontoura disse que as últimas eleições para Xerife do Condado de Essex(2018), também tiveram uma participação significativa de apoiantes, com um total de 200 mil votos locais. Armando Fontoura é o 69º xerife do Condado de Essex, no estado de New Jersey, e é também aquele que durante mais tempo detém este cargo, desde que foi criado na América o posto de xerife.
“Se a gente faz um trabalho bom, o povo reconhece o que estamos a fazer”, costuma dizer o xerife transmontano (para quem a delinquência juvenil merece particular atenção), que tem muita honra por ter sido o primeiro lusodescendente eleito pela comunidade no estado de New Jersey.
Armando Fontoura dirige um departamento policial que tem mais de 500 funcionários e é responsável por um orçamento anual de cerca de 50 milhões de dólares. Consciente das responsabilidades cescentes que tem de desempenhar no combate à criminalidade e em especial no Condado de Essex, que é o terceiro maior Condado do estado de New Jersey e é constituído por 22 municípios e mais de um milhão de habitantes, o xerife português sente-se orgulhoso pela confiança que as pessoas e os membros do governo americano depositam na sua acção e lembra com alegria os encontros que teve com vários presidentes dos Estados Unidos, como os mais memoráveis da sua carreira, e recorda os tempos em que integrou o Conselho Estratégico Anti-Crime da Casa Branca a convite do presidente Bill Clinton.
Os apoios demonstrados a Armando Fontoura é a indicação de que após os anos difíceis os portugueses se afirmaram e prestigiaram no seio das sociedades de acolhimento, vivendo agora um tempo de transferência de testemunho para as novas gerações de lusodescendentes.
TPT com: JM//EssexCounty//NJNEWS// 3 de Junho de 2020