Associação ambientalista Zero contra obra em praia no concelho de Almada

 

A associação ecológica afirma, em comunicado, que na passada semana tiveram início, na Fonte da Telha, no concelho de Almada, obras de requalificação do acesso à praia que incluem o alcatroamento de um acesso em terra batida, localizado em duna primária, na envolvente da Área de Paisagem Protegida da Arriba Fóssil da Costa de Caparica.

 

A Zero considera que as obras em curso “vão, não apenas impermeabilizar de forma dramática um troço considerável junto à linha de água e à arriba fóssil”, mas também “permitir aumentar o acesso e a implantação de mais atividades numa zona já sensível e vulnerável às alterações climáticas e à subida do nível do mar”.

 

 

A associação refere que o projeto “não se encontra previsto em nenhum plano conhecido”, sendo mesmo “contrário às diretrizes estabelecidas”, adiantando que o Programa de Orla Costeira (POC Alcobaça-Espichel) “é omisso em relação a qualquer intervenção nos acessos nesta localização, identificando toda esta zona como duna primária”.

 

“Já o Plano de Ação Litoral XXI, aprovado e publicado em outubro de 2017, indica várias diretrizes para esta localização, nomeadamente ‘mitigar o risco repondo o sistema natural de dunas primárias e secundárias(…)’, a par com medidas de ‘demolição e remoção de estruturas localizadas em Faixas de Salvaguarda (…) incluindo implementação de ações de retirada planeada(…)’”, salvaguarda a Zero.

 

 

Para a Associação Sistema Terrestre Sustentável, “não é de todo compreensível que o Governo, através da Agência Portuguesa do Ambiente, tenha aprovado a obra em curso, uma vez que a mesma é contrária a todas as diretrizes emanadas, podendo mesmo ter efeitos negativos, contrários ao planeamento efetuado, ao incentivar o aumento da carga numa zona sensível”.

 

A Zero entende que se está perante um “precedente grave”, uma vez que “abre a possibilidade a intervenções análogas ao longo das zonas costeiras, aumentando a vulnerabilidade do litoral português.”.

 

 

Pretende-se questionar a Agência Portuguesa do Ambiente sobre as “fundamentações para a tomada desta decisão, que publicamente veio assumir a sua decisão, mencionando também que o pavimento era semipermeável”.

 

 

“Tal é na mesma inadmissível para a Zero, dado que o alcatroamento da via contribui claramente para uma degradação paisagística da zona, o que é verdadeiramente inconcebível”, frisa a associação ecológica.

 

 

A Zero cita o relatório do Grupo de Trabalho do Litoral para referir que cerca de 60% da costa do território continental “apresenta uma elevada vulnerabilidade a fenómenos climáticos extremos, nomeadamente inundações e galgamentos, que se têm verificado com maior frequência nas últimas duas décadas”.

 

 

 

 

Obra na Costa Nova, em Ílhavo, vai disciplinar acesso às dunas e estacionamento

 

 

 

A Câmara de Ílhavo vai gastar 700 mil euros para disciplinar o acesso pedonal ao areal da Costa Nova e o estacionamento na zona, bem como criar passeios e vias cicláveis, anunciou hoje a autarquia.

 

De acordo com a nota de imprensa alusiva à reunião do executivo daquela câmara do distrito de Aveiro, foi aprovada a abertura de concurso público para a requalificação da Avenida Nossa Senhora da Saúde (que dá acesso às praias marítimas da Costa Nova), num valor estimado em cerca de 700.000 euros.

 

 

“A Câmara Municipal entende que se torna urgente e imprescindível a intervenção nesta avenida, pela intenção de disciplinar o trânsito automóvel, motorizado, ciclável e mesmo o pedonal, dando uma melhor habitabilidade a esta zona, transformando-a num melhor e mais saudável espaço público”, refere o texto.

 

 

Com início a norte, na Avenida José Estêvão, até ao cruzamento com a Rua das Campanhas, junto à EB da Costa Nova, a empreitada consiste na construção de passeios, ordenamento do estacionamento, pista ciclável e pavimentação.

 

 

Vai contemplar ainda o passeio sul da Rua dos Banhos, a Rua Eça de Queiroz e a Praceta Nossa Senhora da Saúde, numa extensão aproximada de 1.350 metros.

 

Todas as ligações à praia, bem como aos espaços naturais de dunas, são feitas por esta via, “sofrendo na época balnear uma enorme pressão devido ao grande fluxo de veraneantes, o que torna esta via num espaço de certa maneira desordenado, com prejuízo para os percursos pedestres e clicáveis, sendo, por isso, necessário disciplinar todo este fluxo de pessoas”, reconhece a Câmara.

 

 

A requalificação daquela avenida tem como objetivos “promover a ligação pedonal e clarificar o corredor ciclável entre os vários quarteirões, reordenar o estacionamento e combater o estacionamento em zonas não permitidas, e evitar a “invasão abusiva” das dunas.

 

No que respeita aos peões, além da construção de passeios na avenida, vão ser delimitados os percursos de acesso à praia, com guardas em madeira entre a duna e os passeios e estabelecendo a ligação com passadiços.

 

 

O arruamento propriamente dito vai ser perfilado por forma a ser garantida uma via de circulação automóvel no sentido norte-sul, uma ciclovia dedicada com dois sentidos, e o estacionamento automóvel ao longo da via, paralelamente ou em espinha.

 

 

“Esta obra irá permitir que no início do verão de 2021 todos os que se desloquem à praia possam usufruir desta reabilitação urbana com melhor acessibilidade, mobilidade e segurança”, perspetiva a autarquia.

 

 

 

TPT com: AFP//MadreMedia//António Cotrim/Paulo Novais/Lusa// 14 de Junho de 2020

 

 

 

 

Leave a Reply

Your email address will not be published. Required fields are marked *