O músico norte-americano Bob Dylan edita dia 19 de Junho “Rough and Rowdy Ways”, um novo álbum e o primeiro desde que foi distinguido com o Prémio Nóbel da Literatura em 2016.
“Rough and Rowdy Ways”, que a revista Rolling Stone resumiu como “um clássico absoluto” apresenta dez novas canções que cobrem o “complexo território” habitual de Bob Dylan, que inclui humor, blues, reflexões sobre a passagem do tempo, ardor patriótico, enumerou o jornal New York Times.
Este é o 39.º álbum da discografia do músico de 79 anos, mas é também o primeiro com temas inéditos em oito anos, desde que lançou “Tempest”, em 2012, e foi distinguido com o Prémio Nobel da Literatura, quatro anos mais tarde.
Pelo meio, lançou outros registos discográficos de versões, como “Shadows in the Night”, de 2016, o triplo álbum “Triplicate”, do ano seguinte.
Sabe-se agora que “Rough and Rowdy Ways” encerra com o longo tema “Murder Most Foul”, que Bob Dylan divulgou em março passado, já em plena pandemia COVID-19, e que é uma reflexão sobre o assassinato do presidente norte-americano John F. Kennedy.
Na altura, Bob Dylan cancelou os concertos que tinha previstos para a primavera, no Japão, tendo editado nas semanas seguintes os temas “False Prophet” e “I Contain Multitudes”, na qual faz referência a Anne Frank, Indiana Jones e aos Rolling Stones.
Numa rara entrevista na semana passada ao jornal New York Times, e a propósito de “I Contain Multitudes”, Bob Dylan explicava que grande das músicas lhe surgem numa espécie de estado de transe.
“As canções parecem saber o que são e sabem que eu as consigo cantar, vocalmente e liricamente. Elas escrevem-se a si próprias e contam comigo para cantá-las”, disse.
Foi na mesma entrevista ao New York Times, que Bob Dylan lamentou a morte de George Floyd, um afro-americano que morreu em 25 de maio, asfixiado por um polícia branco.
Bob Dylan mostrou-se ainda pessimista sobre o futuro do mundo e as consequências da pandemia de COVID-19.
“Uma arrogância extrema pode levar a efeitos desastrosos. Talvez estejamos à beira da aniquilação”, destacou, deixando de lado qualquer noção de aviso “bíblico”.
Bob Dylan surpreende fãs com uma nova canção: “I Contain Multitudes”
Bob Dylan surpreendeu no dia 17 de abril, com o lançamento de mais uma nova canção, que sucede a “Murder Most Foul”, editada a 27 de março. O novo tema (quatro minutos) é mais conciso do que o anterior, que tinha 17 minutos, mas também conta com várias referências culturais.
Na letra da canção, Bob Dylan canta que é “igual” a Anne Frank, a Indiana Jones e aos “bad boys britânicos dos Rolling Stones”. Ao longo do tema, o músico também refere Edgar Allan Poe e William Blake, por exemplo.
“Murder Most Foul” foi a primeira canção de Bob Dylan em oito anos. O tema com 16 minutos e 55 segundos fala sobre o assassinato do presidente norte-americano John F. Kennedy, em 1963.
A canção foi publicada em várias plataformas, acompanhada por uma mensagem do músico de 78 anos: “Saudações aos meus fãs e seguidores com gratidão por todo o apoio e lealdade ao longo dos anos. Esta é uma canção inédita gravada há algum tempo que podem achar interessante”.
Dylan despede-se com um “mantenham-se seguros e que Deus esteja convosco”, numa altura em que também o músico viu concertos cancelados devido à pandemia de COVID-19, em particular as atuações previstas para abril no Japão.
Primeiro material novo desde a edição de “Tempest”, de 2012, não é especificado quando foi gravada a canção “Murder Most Foul”.
“Murder Most Foul” conta com referências a várias personalidades e eventos culturais das décadas de 1960 e 1970. Na letra do tema, Bob Dylan recorda “I Want to Hold Your Hand”, canção dos Beatles, o festival de Woodstock ou Stevie Nicks e Don Henley, por exemplo.
O mais recente disco de Dylan data de 2017, de nome “Triplicate”, e foi o primeiro triplo álbum de carreira, com 30 versões de clássicos da música norte-americana. Nos últimos anos. o cantautor tem vindo também a publicar álbuns com gravações ao vivo de muitos dos concertos que tem dado nas últimas décadas.
Bob Dylan prevê realizar vários concertos em vários pontos dos Estados Unidos durante o verão.
Mesmo assim, as datas precisas ainda não foram confirmadas porque dependem das normas de confinamento e de proibição de concertos aplicadas pelas autoridades como medidas contra a propagação da pandemia do novo coronavírus.
Bob Dylan foi distinguido em 2016 com o Nobel da Literatura por “ter criado novas formas de expressão poéticas no quadro da grande tradição da música americana”.
TPT com: NYT//WP//T.D./SHOWBIZ//SAPO MAG / LUSA// 18 de Junho de 2020