Juiz federal nega pedido de Trump para impedir publicação de livro polémico de Bolton

 

“A conduta unilateral de Bolton faz surgir preocupações graves de segurança nacional”, decidiu o juiz, indicando que não podia impedir a publicação uma vez que esta já foi impressa milhares de vezes.

 

 

O juíz Royce Lamberth negou, este sabádo, o pedido do Departamento de Justiça norte-americano para bloquear a venda e distribuição do livro escrito por por John Bolton, ex-conselheiro de Segurança Nacional na Administração Trump.

 

 

“Enquanto a conduta unilateral de Bolton faz surgir preocupações graves de segurança nacional, o governo não estabeleceu que uma injunção seja um remédio apropriado”, decidiu o juiz.

 

 

De acordo com a notícia avançada pelo “CNBC”, o juíz federal Royce Lamberth decidiu que bloquear a distribuição do “The Room Where it Happened”, seria “impossível” dado que “milhares de cópias” já foram impressas e distribuídas.

 

 

Lamberth também acusou Bolton de não esperar até ter as devidas autorizações antes de informar a sua editora que o livro estava pronto para ser impresso. “Enquanto a conduta unilateral de Bolton faz surgir preocupações graves de segurança nacional, o governo não estabeleceu que uma injunção seja um remédio apropriado”, decidiu o juiz.

 

 

“Bolton jogou com a segurança nacional dos Estados Unidos. Expôs o país a danos e a si próprio a responsabilidade civil (e potencialmente criminosa). Mas esses factos não controlam a moção perante a tribunal”, escreveu Lamberth. “O governo não conseguiu estabelecer que uma injunção impediria danos irreparáveis. O pedido é negado”.

 

Depois de ser obrigado a demitir-se do cargo, John Bolton anunciou a publicação de um livro de memórias em que promete agitar muito a Casa Branca, de acordo com alguns relatos.

 

Devido às revelações o Departamento da Justiça norte-americana pediu aos tribunais para travarem a publicação do livro de memórias do ex-Conselheiro, que tem data prevista de publicação para 23 de junho nos Estados Unidos. A editora responsável pelo livro admitiu que o travão imposto pelo governo é um “exercício frívolo e politicamente motivado de futilidade”.

 

 

A editora responsável pelo livro de John Bolton também já anunciou a publicação de “Demais e Nunca Suficiente: Como a Minha Família Criou o Homem Mais Perigoso do Mundo”, escrito por Mary Trump, sobrinha do presidente norte-americano.

 

 

 

 

 

Uma semana de derrotas para Trump

 

 

 

 

 

Decisões do Supremo Tribunal foram contra a vontade de Trump. Livro de Bolton é mais um golpe na sua reputação e Twitter aumenta a monitorização das suas publicações.

 

Mais um livro que desmancha a sua reputação e que tenta proibir que chegue às bancas; duas decisões do Supremo Tribunal contra a sua vontade; e o Facebook apagou anúncios da sua campanha com referências nazis. O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, teve uma semana para esquecer.

 

 

A mais alta instância do país, para a qual o chefe da Casa Branca nomeou dois juízes conservadores, tomou duas decisões que surpreenderam muitos, mostrando a independência dos juízes nomeados por Trump.

 

 

A primeira foi sobre os direitos LGBT: as empresas ficam proibidas de discriminar os seus trabalhadores com base na sua orientação sexual e identidade de género. Ainda assim, a deliberação histórica deixou espaço para que isso aconteça nas pequenas e médias empresas, que empregam um sexto dos norte-americanos. O Presidente, por sua vez, que defendia a liberdade das empresas para discriminar de acordo com a orientação sexula e identidade de género, acatou a decisão. «Deliberaram e temos de viver com essa decisão», afirmou. «É tudo. Vivemos com a decisão do Supremo Tribunal».

 

 

Poucos dias depois, o mesmo tribunal deliberou que a Administração Trump não podia acabar, de imediato, com o programa que protege da deportação cerca de 700 mil jovens imigrantes, conhecidos como os ‘dreamers’. O fim do programa iniciado por Barack Obama em 2012 foi uma das promessas de campanha de Trump e, desta vez, o chefe da Casa Branca não foi tão recetivo à decisão da poderosa instituição. Mas o Supremo admitiu que a administração podia voltar a tentar encerrar o programa – terá é de apresentar outros argumentos para o fazer. E que sejam legais.

 

Em ambos os casos, as deliberações do Supremo Tribunal, descritas como progressistas numa instituição conservadora, tiveram o apoio de juízes nomeados pelo Partido Republicano, cada vez mais ultraconservador e anti-imigração. Foi o caso de John G. Roberts, nomeado por George W. Bush, que se juntou aos quatro juizes liberais.

 

 

Num rodopio de más notícias para o Presidente, o seu antigo conselheiro de Segurança Nacional John Bolton entregou exemplares ao New York Times, Washington Post e Wall Street Journal do seu tão esperado livro sobre o tempo em que esteve na administração. A premissa não é nova: Bolton refere na sua obra, que chegará às bancas na terça-feira, que Trump não é apto para ser Presidente e que age de acordo com os seus interesses próprios – por exemplo, o agressivo neoconservador alega que Trump terá pedido ajuda à China para ser reeleito. A administração está a fazer de tudo para impedir a publicação das memórias de Bolton alegando conter informação classificada, sem provável sucesso: a manobra, dizem analistas, pode fazer com que o livro seja ainda mais vendido.

E o cerco ao chefe da Casa Branca não acabou por aqui, com o Twitter cada vez mais activo na monitorização das suas publicações. Pela primeira vez a gigante tecnológica classificou um tweet do Presidente como «falso». Já o Facebook apagou um anúncio da campanha de Trump sobre os Antifa, que mostrava um triângulo vermelho invertido, semelhante ao utilizado pelos Nazis para rotular comunistas.

 

 

 

TPT com: CNB//NYT//AFP//Jessica Sousa/JE//Filipe Teles/Sol//WP//WSJ//Evan Bucci/AP//  20 de Junho de 2020

 

 

 

 

 

Leave a Reply

Your email address will not be published. Required fields are marked *