Hunter Biden, filho do Presidente dos Estados Unidos, transformou-se num pesadelo para o pai

Uma infância trágica, o alcoolismo, sexo, drogas, um computador perdido e ligações à Ucrânia. Recentemente, Hunter Biden, filho do presidente Joe Biden, “viajou” ao passado depois de ter sido confirmada a veracidade dos conteúdos encontrados no seu computador portátil.

 

 

Ser uma figura pública não é fácil. A exposição, as expectativas, os limites, a imagem, o controlo e a invasão. Dos músicos, aos actores, aos modelos, aos grandes empresários e políticos, todos eles, de alguma maneira, já viram o seu nome ser falado no meio de uma simples conversa de desconhecidos que apreciam o seu trabalho, ou pelo contrário, o desaprovam. Outros, por outro lado, já se viram envolvidos em grandes escândalos, invasões de privacidade ou já foram “desmascarados” vendo o seu passado e os seus “erros” expostos em praça pública.

 

 

Mas e quando falamos da vida daquele que é o homem mais “importante” dos EUA? Existirá pior do que ver um filho nas “bocas do mundo” pelas piores razões? Todos os Presidentes têm um calcanhar de Aquiles e o de Joe Biden chama-se Hunter. Durante anos as aventuras e os negócios obscuros do filho do Presidente dos EUA colocaram o trabalho do seu pai em “xeque”, embora não tenham impedido a sua chegada à Casa Branca. Mas, pelos vistos, Hunter, atualmente com 52 anos, continua a dar muito trabalho.

 

 

Três anos depois de ter deixado o seu portátil para arranjar, não tendo chegado a voltar ao local para o reaver e assistindo, por isso, ao desmoronar da sua reputação pelo conteúdo presente no aparelho, recentemente, aquele a que Donald Trump chamou de “portátil do inferno”, voltou a ser o centro das atenções mediáticas. E, tanto o The New York Times como o Washington Post, têm sido os “protagonistas”, depois de terem confirmado que os e-mails que haviam sido noticiados há mais de um ano e classificados como “provável desinformação russa”, são, na verdade, verdadeiros.

 

 

 

 

O pesadelo de Hunter 

 

 

 

Para compreender a história, é necessário viajar até abril de 2019. Nesse mês, Hunter deslocou-se até uma loja de informática em Delaware, EUA, com o intuito de arranjar o seu computador estragado com água. Aquilo que não sabia era que o estabelecimento era simpatizante de Donald Trump, principal rival do seu pai. Segundo os jornais americanos, John Mac Isaac – dono da loja – identificou Hunter através de um autocolante de uma fundação da família Biden. E, depois de se aperceber que ninguém o iria buscar, começou a “inspecionar” o seu conteúdo.

 

 

De acordo com o El Mundo, o funcionário encontrou bastantes informações comprometedoras de Hunter, fez uma cópia do disco rígido e entregou-o à comitiva de Donald Trump, precisamente no meio da batalha contra Joe Biden pela presidência.

 

 

Na altura, Rudolph Giuliani, advogado de Trump, enviou o conteúdo ao The New York Post, que acabou por divulgar parte dos arquivos em outubro de 2020, semanas antes da eleição presidencial. As informações, no entanto, foram questionadas pelo The New York Times, que questionou a sua origem e a vinculou “à desinformação russa”. Um grupo de antigos agentes dos serviços secretos norte-americanos até se juntou ao jornal, na época, para avisar sobre “o que lhe parecia ser uma tática clássica de desinformação russa” e o Twitter e o Facebook chegaram mesmo a bloquear ou limitar parcialmente o acesso aos conteúdos, pelas dúvidas quanto à sua autenticidade.

 

 

O jornal britânico The Daily Mail, que também recebeu uma cópia do disco rígido na primavera de 2021, republicou parte do conteúdo armazenado no computador: 103 mil mensagens de texto, 154 mil e-mails e duas mil fotos que “chocaram” a América.

 

 

 

O problema com as drogas

 

 

 

O Washington Post confirma agora, com a ajuda de peritos da Google e de outras empresas tecnológicas, que o computador continha 22 mil e-mails trocados entre 2009 e 2019, além de fotografias íntimas de Hunter, mensagens privadas (incluindo com o pai) e, mais importante, documentos relativos aos seus negócios a nível internacional — principalmente na Ucrânia e na China, como consultor de negócios.

 

 

E o que estava em causa é se Joe Biden, então vice-Presidente, não teria influenciado as autoridades ucranianas para facilitar os negócios do filho com o grupo Burisma. A empresa é uma grande produtora de gás natural sediada na Ucrânia… A história tem ainda pormenores mais rocambolescos, falando-se que Trump teria pressionado Zelensky para fornecer dados contra Joe Biden. Isso em 2019, muito longe da atual situação.

 

 

 

Viciado em crack e prostitutas 

 

 

 

De acordo com o El Mundo, nas fotografias, Hunter aparece a dormir com um cachimbo de crack na boca, todo nu acompanhado com prostitutas e “em atitudes muito comprometedoras”. Além disso, o computador contém fotos mais recatadas, mas igualmente estranhas, porque nelas o filho do Presidente aparece com Hallie Biden, a viúva do seu irmão Beau, que morreu com um tumor cerebral em 2015, num ambiente “comprometedor”.

 

 

Já nos vídeos publicados pelo Daily Mail, Hunter aparece na cama com uma prostituta a quem confessa que perdeu outro laptop durante uma das suas “festas malucas” em Las Vegas, na qual estave prestes a “morrer de overdose”. De acordo com o mesmo, havia sido “roubado por negociantes russos”.

 

 

Segundo a Fox News, em 2015, já a sua ex-esposa, Kathleen Buhle, afirmava que o advogado desperdiçou o dinheiro do casal em drogas, álcool e prostitutas. Num processo judicial em 2017, Buhle pediu a um juiz de Washington DC “que ordenasse que Biden parasse de gastar os bens restantes do casal”: “Ao longo da separação das partes, o Sr. Biden criou preocupações financeiras para a família ao gastar extravagantemente o dinheiro nos seus próprios interesses (incluindo drogas, álcool, prostitutas, clubes de strip e presentes para mulheres com quem tem relações sexuais) enquanto deixa a família sem fundos para pagar as contas legítimas”, escreveu Rebekah Sullivan, advogada de Kathleen.

 

 

Além das fotos “chocantes”, os arquivos incluem uma série de e-mails, mensagens de texto e documentos financeiros entre Hunter e parceiros de negócios que mostram, segundo o The New York Post, “como é que o filho do Presidente usou a sua influência política nas suas relações internacionais”. Num dos emails, um membro da empresa de gás da Ucrânia Burisma, para a qual Biden trabalhava como consultor recebendo cerca de um 50 mil dólares por mês, o equivalente a 45 mil euros, agradece a oportunidade de ter conhecido o “pai”, Joe Biden, num jantar.

 

 

Noutro, é referida a hipótese do atual Presidente entrar num negócio com um magnata chinês da energia em 2017, quando já não era vice-presidente de Obama e ainda não era Presidente dos Estados Unidos (os próprios e-mails indicam que Biden pai recusou envolver-se no negócio). Há ainda outros que apontam para uma visita de Joe Biden à Ucrânia. Há também alguns documentos sobre uma suposta evasão fiscal e lavagem de dinheiro.

 

 

 

Uma infância trágica

 

 

 

 

Tal como conta o próprio na sua autobiografia, Beautiful Things, publicada em 2021, a sua vida foi marcada por trágicos acontecimentos desde criança, o mais traumático, em 1972, quando o carro da família foi “engolido” por um camião fazendo-o perder a sua mãe e irmã mais nova, de apenas 13 meses. Só Hunter e o seu irmão sobreviveram e, esse momento, uniu muito os dois. Mas anos mais tarde, a vida voltaria a ser “madrasta”.

 

 

Beau morreu em 2015 aos 45 anos de um tumor cerebral. Hunter ficou arrasado e mergulhou de volta na espiral de drogas e álcool que começou aos 18 anos. Nessa idade, conta no seu livro, comprou a sua primeira dose de crack. Já a sua relação com a vodka começou no liceu e, antes dos 30 anos, já era alcoólico. Após a morte de Beau, o advogado divorciou-se da sua esposa, e mãe das suas três filhas, Katheleen, e refugiou-se nos braços da viúva, Hallie. O relacionamento era secreto, mas acabou por ser descoberto pelos media e, pouco durou. O filho rebelde de Biden casou-se novamente em 2019 com Melissa Cohen, uma documentarista sul-africana com quem teve um filho a que chamou de Beau, em homenagem ao irmão.

 

 

Além de negócios obscuros, Hunter enveredou pelo mundo artístico e pinta para “vencer os vícios”. Já chegou a expor na galeria Georges Berges de Soho, em Nova Iorque, e voltou a estar nas “bocas do mundo” por vender as suas pinturas por quantias exorbitantes para um artista com pouca carreira e reputação. Por algumas das suas obras, Hunter pede até meio milhão de dólares.

 

 

Até agora, o filho do Presidente não foi acusado de nada. Num comunicado no início da investigação, o agora pintor dizia-se “confiante em que uma análise profissional e objetiva dos factos levaria à conclusão de que geriu os seus negócios de forma legal e apropriada, sem envolver o pai nem aproveitar a sua influência política”.

 

 

Apesar da imprensa norte-americana garantir que Joe Biden em nada está relacionado com a polémica, segundo o Times e a CNN, nos últimos tempos, o processo de investigação ao seu filho tem-se intensificado, com o objetivo de obter testemunhos de pessoas que trabalharam com ele ou apenas que têm conhecimento dos seus negócios e das suas finanças pessoais.

 

 

Mas não é só o Presidente dos EUA que tem sofrido com a “rebeldia” do seu filho. Sejam eles crianças, jovens ou até adultos, como é o caso de Hunter, o facto é que as celebridades estão cheias de “filhos-problemas” e graças a eles, algumas são obrigadas a lidar constantemente com confusões que envolvem roubos, dependência (e tráfico) de drogas, abuso de bebidas alcoólicas, comportamento violento e falsificação de identidade.

 

 

 

TPT com: AFP// The Daily Mail//Sara Porto//jORNAL i/ New York Times//New York Post//CNN// Daily Mail//Fox News//Washington Post//11 de Abril de 2022

 

 

 

 

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