O osso é o segundo tecido mais transplantado do mundo e estima-se que 1.5 milhões de pessoas por ano sofrem uma fratura devido a doenças ósseas, com custos significativos para os sistemas de saúde, explica Helena Pereira. O problema afeta em especial os seniores e a Organização Mundial de Saúde prevê que, no ano 2050, haja dois mil milhões de pessoas com mais de 60 anos.
Helena Pereira está a utilizar fosfatos de cálcio degradáveis, combinando hidroxiapatita e beta-tricálcio de fosfato, para obter um substituto com dissolução controlada, compatível com a taxa de regeneração óssea, e elevadas propriedades mecânicas, equivalentes às do osso. Isso permite evitar perda óssea, nova cirurgia, imunorreações e outras complicações ligadas a tratamentos comuns. Por exemplo, substitutos sintéticos com titânio, cobalto e crómio têm revelado problemas como libertação de ferro e excessiva rigidez.
“O meu objetivo é criar um produto que se dissolva ao longo dos anos com base em material bioativo; ao mesmo tempo que o osso se regenera, o produto dissolve-se”, explica. O fosfato de cálcio já é usado como substituto ósseo, em pessoas com pouco osso. A presente solução funciona como um implante de fosfatos, pois, além de dissolver à taxa de regeneração do osso e de forma controlada, tem propriedades mecânicas equivalentes às do osso. “Essa é a minha principal inovação, graças a uma combinação dos fosfatos de cálcio e do processo de manufatura”, realça a cientista do CMEMS, que está a preparar um pedido de patente e espera que a sua tecnologia venha a consolidar-se e a generalizar-se no mercado.
Nascida em Fafe há 31 anos, Helena Pereira é licenciada em Ciências Biomédicas pela Universidade da Beira Interior, mestre em Engenharia Biomédica pela UMinho e está a ser orientada no doutoramento pelos professores Filipe Samuel Silva, da UMinho, e Georgina Miranda, da Universidade de Aveiro. Fez, ainda, parte da equipa vencedora do concurso de ideias de negócio SpinUM 2019, com a tecnologia “beWOODful” que trata e impregna cor na madeira, e obteve agora o 3º prémio do concurso de vídeos científicos do Grupo Compostela, com a apresentação “Guided absorption bone substitutes”.
Investigadores da Universidade do Minho identificam novos mecanismos no combate a infeções ligadas à COVID-19
A aspergilose pulmonar, associada à gripe e à COVID-19, afeta entre 15 a 20% dos pacientes graves diagnosticados com estes vírus. A dificuldade de diagnóstico e a elevada taxa de mortalidade associada a esta condição levou a uma parceria entre o Instituto de Investigação em Ciências da Vida e Saúde (ICVS) da Escola de Medicina da Universidade do Minho (UMinho) e os Hospitais Universitários de Leuven (Bélgica). O objetivo da equipa foi aprofundar o tema e identificar os mecanismos envolvidos neste processo.
Na UMinho, os investigadores Samuel Gonçalves e Cristina Cunha, coordenados por Agostinho Carvalho, caraterizaram o perfil de expressão génica e das proteínas inflamatórias de 169 doentes críticos com gripe ou COVID-19. Foi possível observar uma regulação negativa de genes importantes ligados ao combate destas coinfecções, levando a uma evolução mais acelerada desta patologia, deixando assim um tempo limitado para realizar um tratamento.
O trabalho agora publicado na reputada revista “The Lancet Respiratory Medicine” revelou uma quebra em “dois momentos importantes no que toca à imunidade antifúngica: o dano na barreira epitelial e a capacidade destas células em eliminar o fungo”, explica Agostinho Carvalho. “Com as abordagens que nos propusemos, identificámos mecanismos que podem, potencialmente, ser alvos de novas imunoterapias”, acrescenta o investigador.
A velocidade de desenvolvimento da patologia condiciona as terapias antifúngicas já existentes. Um dos objetivos do estudo é obter um perfil individualizado destes doentes para realizar uma intervenção direta no sistema imunitário, potenciando o combate da aspergilose pulmonar. O trabalho é cofinanciado pela Fundação “La Caixa”, Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), Fundação de Investigação da Flandres, Coronafonds e FEDER/Horizonte 2020.
A aspergilose pulmonar é doença pulmonar obstrutiva crónica em que se desenvolve uma reação alérgica ao fungo Aspergillus, existente no ar que respiramos. Afeta milhares de doentes todos os anos em Portugal e mais de 250 milhões em todo o mundo.
TPT com: UMinho//ANação// Sapo24// 15 de Setembro de 2022