O Presidente norte-coreano, Kim Jong-un, assegurou esta sexta-feira que utilizará a bomba atómica em caso de um ataque nuclear contra o seu país, referiu a agência estatal KCNA, na sequência do lançamento de um míssil balístico de alcance intercontinental.
Pyongyang “responderá resolutamente às armas nucleares com armas nucleares e ao confronto total com confronto total”, destacou Kim, citado pela KCNA, durante a supervisão do lançamento do míssil.
Kim Jong-un presidiu ao lançamento “bem-sucedido” do míssil balístico intercontinental Hwasong-17 (ICBM), tendo pedido a “aceleração da dissuasão nuclear” perante a “situação perigosa” na península, referiu a agência estatal norte-coreana.
O “novo míssil balístico intercontinental Hwasong-17”, definido como um “marco crucial no fortalecimento das forças nucleares”, voou 999,2 quilómetros antes de cair nas águas do mar do Japão, segundo o KCNA, com os dados divulgados a estarem de acordo com o divulgado previamente por Tóquio e Seul.
A Coreia do Norte lançou esta sexta-feira um míssil balístico intercontinental que caiu na Zona Económica Exclusiva (ZEE) do Japão, ao largo da ilha de Hokkaido, no norte, disse o primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, considerando o disparo “absolutamente inaceitável”.
Segundo revelou esta sexta-feira um responsável norte-americano, os Estados Unidos querem convocar o Conselho de Segurança da ONU e pedir à China, aliada do regime norte-coreano, que ajude a refrear Pyongyang.
Os Estados Unidos querem que a China “use a sua influência para convencer a RPDC [República Popular Democrática da Coreia]”, afirmou a mesma fonte, usando o acrónimo para o nome oficial da Coreia do Norte.
Em resposta ao lançamento, os militares sul-coreanos e norte-americanos responderam com testes de bombas guiadas a partir de caças F-35, além de realizarem outras manobras aéreas combinadas sobre o Mar do Leste.
São duas operações que simulam ataques preventivos e, inclusive, operações punitivas contra os norte-coreanos, naquela que é uma dura mensagem para Pyongyang.
O lançamento norte-coreano foi realizado a partir da zona de Sunan, onde se situa o aeroporto internacional de Pyongyang, local escolhido pelo regime para lançar também outros mísseis balísticos intercontinentais em fevereiro, março e no passado 03 de novembro, embora dois destes lançamentos tenham sido mal sucedidos.
O lançamento soma-se aos 30 projéteis – número recorde – , que Pyongyang disparou no início de novembro em resposta a grandes manobras aéreas de Seul e Washington, incluindo outro míssil desse tipo – o lançado no dia 03 de novembro – que aparentemente falhou e caiu prematuramente nas águas do mar do Japão.
A tensão na península atinge níveis sem precedentes devido aos repetidos testes de armas norte-coreanos, às manobras dos aliados e à possibilidade de que, conforme indicam os satélites, o regime de Kim Jong-un já esteja pronto para realizar o seu primeiro teste nuclear desde 2017.
Guterres condena lançamento de míssil balístico pela Coreia do Norte
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, condenou “veementemente” o último lançamento de um míssil balístico de alcance intercontinental pela Coreia do Norte e pediu a Pyongyang que “desista imediatamente de quaisquer outras ações provocativas”.
Guterres também solicitou ao regime de Kim Jong-un que “cumpra plenamente com as suas obrigações internacionais em virtude de todas as resoluções relevantes do Conselho de Segurança e que tome medidas imediatas para retomar o diálogo que conduza à paz sustentável e à desnuclearização completa e verificável da península da Coreia”, segundo um comunicado divulgado pelo seu porta-voz.
Filha de Kim Jong-un aparece pela primeira vez em público
Uma filha do líder norte-coreano apareceu hoje em público, pela primeira vez, em imagens divulgadas pela comunicação social estatal do local de lançamento do míssil intercontinental de sexta-feira, onde esteve ao lado do pai.
A agência noticiosa da Coreia do Norte KCNA informou que Kim Jong-un “supervisionou pessoalmente” o lançamento “juntamente com a sua querida filha e esposa”, a primeira dama Ri Sol-ju, sem adiantar outros detalhes.
Cinco fotografias entre as cerca de 20 imagens divulgadas pela KCNA mostram uma rapariga de casaco branco a escutar o pai enquanto este parece dar instruções aos funcionários ali presentes, ainda de mãos dadas a Kim, ao lado do míssil intercontinental, e a observar à distância o lançamento.
Os média estatais da Coreia do Norte raramente noticiam sobre familiares próximos da dinastia Kim, que tem governado o país com mão de ferro desde os anos 1940.
A filha de Kim Jong-un que aparece nas imagens não é exceção, até porque a propaganda oficial não tinha sequer reconhecido a sua existência.
Toda a informação sobre a descendência de Kim Jong-un, que se acredita ter 38 anos de idade, tem sido aventada por especialistas com ligações dentro do país.
Muitos alegam que Kim teve três filhos com Ri em 2010, 2012 ou 2013 e 2017, mas a informação não foi confirmada.
Após uma das extravagantes visitas à Coreia do Norte para se reunir com Kim Jong-un, o antigo jogador de basquetebol norte-americano Dennis Rodman disse publicamente, em 2013, que segurou nos braços “a sua filha Ju-ae”, um bebé na altura.
Esta foi a única vez que alguém nomeou um dos descendentes do ditador norte-coreano pelo nome próprio.
TPT com: AFP//NBCNews//MadreMedia/Lusa// KCNA VIA KNS / AFP// Sapo24// 19 de Novembro de 2022