Os Estados Unidos estão a avaliar o envio de mísseis ATACMS para a Ucrânia este outono e, de acordo com os especialistas, podem trazer um potencial muito vasto na contraofensiva de Kiev. De acordo com diversos órgãos de comunicação social americanos, a autorização de Joe Biden para o envio de mísseis de longo alcance está iminente.
“Eles estão a chegar”, destacou a ‘ABC News’, sobre os ATACMS, cumprindo dessa forma os diversos pedidos de Volodymyr Zelenskyy por este míssil de alta precisão, capaz de percorrer 300 quilómetros, um alcance superior aos Storm Shadow/Scalps entregues pelo Reino Unido e França, lembrou esta segunda-feira o site ‘Euronews’.
O momento da decisão deve-se ao atual tabuleiro político internacional, que poderá mudar em 2024. De acordo com César Pintado, professor do Campus Internacional de Segurança e Defesa (CISDE), em Sevilha, “o objetivo desta escalada é dar um impulso à guerra. Não se trata de pequenas conquistas territoriais em zonas adjacentes, mas sim de atacar diretamente a Crimeia”. Até porque, garantiu o especialista, “2024 é um ano muito sensível do ponto de vista político. Há eleições nos Estados Unidos e eleições para o Parlamento Europeu. Há outros Governos que podem entrar em cena e mudar os jogadores. E o jogo pode não ser o mesmo”.
No entanto, a contraofensiva de Kiev enfrenta outros desafios: a chegada do outono vai promover mau tempo, pelo que a janela de oportunidade de sucesso torna-se mais estreita. Por isso multiplicam-se os apelos da Ucrânia para a chegada de mais armamento, ainda que algumas ‘regras do jogo’ devam manter-se, pelo menos a promessa de Kiev de não usar armas ocidentais no interior da Rússia. Mas aqui importa saber como será o novo ministro da Defesa de Zelensky, Rustem Umerov.
Segundo Marina Miron, investigadora do ‘War Studies Department’, do King’s College London, “em termos de garantias, tem de haver confiança suficiente de que a liderança política tem controlo sobre a liderança militar. Neste momento, não parece que a liderança política tenha todo o controlo e toda a confiança, porque não sabemos como o novo ministro da Defesa irá atuar, qual será a sua estratégia, o que irá fazer”.
Apesar da indefinição política, os Governos ocidentais têm apressado o envio de material militar para Kiev: a Suécia pondera entregar caças Gripen, a Dinamarca e os Países Baixos vão enviar seis dezenas de F-16 e a Alemanha comprometeu-se com 40 veículos blindados Marder.
A Polónia aprovou a compra de perto de 500 lança-mísseis HIMARS, utilizados para projetar os ATACMS, num investimento de quase 10 mil milhões de euros, um terço do já avultado orçamento militar previsto – cerca de 30 mil milhões de euros, 4% do PIB polaco. Varsóvia vai igualmente instalar um centro logístico para a manutenção desses lançadores, não só os do exército polaco mas também de países vizinhos, nos quais está incluído a Ucrânia.
TPT com: NBCNews//AFP//ABCNews//Francisco Laranjeira// 29 de Setembro de 2023