Ucrânia está a fechar a rede à frota de Putin do Mar Negro e os navios russos “obrigados” a fugir para evitar ataques ucranianos

O Mar Negro tornou-se um lugar perigoso para os navios de guerra russos: tem sido um dos palcos privilegiados da invasão russa da Ucrânia. No entanto, apesar da esmagadora superioridade naval, os navios de guerra de Moscovo não conseguiram pacificar a zona. E agora, face à intensificação da guerra marítima da Ucrânia, a famosa Frota Russa do Mar Negro está a ser forçada a sair.

 

 

A Ucrânia embarcou numa estratégia metódica para “desmilitarizar” a Frota do Mar Negro, segundo revelaram especialistas ucranianos próximo do Ministério da Defesa, em declarações à revista ‘Newsweek’, corroendo, de forma constante, a infraestrutura de apoio necessária para manter os navios do Kremlin à tona e a retirar os valiosos recursos navais. Enquanto Kiev procura isolar – e eventualmente libertar – a Crimeia, os espaços seguros da Frota Russa parecem estar a diminuir.

 

 

“O objetivo deles é basicamente sufocar-nos economicamente”, disse Andriy Zagorodnyuk, ex-ministro da Defesa da Ucrânia e agora conselheiro do Ministério da Defesa. “A única maneira de sair desta situação é destruir a Frota do Mar Negro, destruir a sua capacidade de prosseguir a ocupação do Mar Negro e restaurar a liberdade de navegação.”

 

 

“A única coisa que podemos fazer é destruir a Frota do Mar Negro e dizer que qualquer novo navio na área seguirá os anteriores”, acrescentou o especialista. “Não há outra opção. E devemos perseguir essa opção até que esteja feito.”

 

 

O controlo do Mar Negro é há muito uma ambição russa. A anexação da Crimeia, em 2014, e o subsequente bloqueio do Mar de Azov serviram esse objetivo maior, limitando o acesso naval da Ucrânia e sufocando as suas exportações marítimas. No início da invasão, em 2022, o renascimento da era soviética sobre todo o norte, oeste e leste do Mar Negro parecia estar ao alcance.

 

 

Mas são poucos os elementos da guerra de Vladimir Putin que parecem estar a decorrer conforme o planeado, o que é especialmente verdade no Mar Negro, onde até 16 navios russos foram danificados ou destruídos por um inimigo sem marinha convencional e com poder aéreo limitado. Cada perda representa um novo desafio a longo prazo para o setor da construção naval russo, limitado pelas tensões económicas, pelas sanções internacionais e já uma sombra do seu antecessor soviético, que dependia fortemente dos estaleiros ucranianos.

 

 

“Todos eles têm equipamentos antigos”, sustentou Zagorodnyuk sobre os navios russos sobreviventes no Mar Negro. “Foram todos construídos há muito tempo. Eles têm alguns problemas significativos com armas, equipamentos, entre outros.” No entanto, o “melhor foi o cruzador ‘Moskva’”, acrescentou, lembrando o navio-almirante da Frota do Mar Negro, afundado por mísseis antinavio ucranianos em abril de 2022.

 

 

As coisas parecem estar a piorar para o Kremlin. A 13 de setembro, mísseis de cruzeiro ucranianos destruíram um navio de desembarque e um submarino de ataque numa doca seca em Sebastopol – o coração da Frota do Mar Negro e a base do controlo russo da península. Na quarta-feira, outro ataque teve como alvo um centro de comando da frota. Esta sexta-feira foi atingido o quartel-general da frota russa na Crimeia. Há também registos de ataques quase diários de drones e mísseis contra alvos na península, que destruíram sistemas de radar, baterias de defesa aérea e locais de mísseis.

 

 

Mesmo sem o elemento surpresa, a Ucrânia está a penetrar na rede defensiva da Crimeia. Vários submarinos da classe Kilo de Moscovo já teriam sido transferidos de Sebastopol para o porto russo de Novorossiysk após uma série de ataques na península. Após o bombardeio de Sebastopol na semana passada, acredita-se que a Rússia tenha transferido vários navios de desembarque para o Mar de Azov.

 

 

 

Moscovo não dá qualquer indicação de que irá aliviar o seu bloqueio intermitente à navegação ucraniana nem irá parar de lançar mísseis de cruzeiro contra cidades ucranianas a partir de navios do Mar Negro. A região continua a ser um dos enigmas estratégicos mais prementes de Kiev. “Ninguém pode mudar a posição russa”, referiu Zagorodnyuk. “Fazem-no porque ninguém pode detê-los… É basicamente assim que eles se comportam em geral, em todos os lugares.”

 

 

 

 

TPT com: NBCNews//Executive Digest/Lusa// Francisco Laranjeira // 29 de Setembro de 2023

 

 

 

 

 

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