Prejuízos da Caixa caem para 348 milhões de euros em 2014

11/02/2015 | 18:26 |  Dinheiro Vivo

A Caixa Geral de Depósitos (CGD) anunciou hoje um resultado negativo de 348 milhões de euros em 2014, um montante que quando comparado com os prejuízos de 578,9 milhões de euros do ano anterior representa uma melhoria de cerca de 40%.
Em comunicado, o banco estatal explica que “a melhoria da rendibilidade foi, no entanto, afetada negativamente, nos segundo e terceiro trimestres pelo reconhecimento de custos de imparidades associadas à exposição ao Grupo Espírito Santo (GES) e no último trimestre pelo esforço de provisionamento ocorrido na sequência do AQR bem como pelo impacto líquido da anulação de impostos diferidos decorrente da redução da taxa de IRC (85 milhões de euros)”.
Isto significa que o banco acabou por ser penalizado pelo colapso do GES. É que até setembro, a Caixa tinha conseguido acumular um resultado positivo de 56 milhões de euros. Ou seja, a inversão para prejuízos acabou por ocorrer no último trimestre do ano, levando a que, em termos acumulados o prejuízo ascendesse a 348 milhões de euros.
Apesar da redução das taxas Euribor, a margem financeira registou uma evolução positiva no ano, tendo terminado 2014 com um crescimento de 15,7% para 988,7 milhões de euros. A margem financeira alargada também manteve a tendência de melhoria (+12,4%) para 1038,3 milhões de euros, apesar da redução em 28,2% dos rendimentos de instrumentos de capital.
O produto da atividade bancária situou-se em 1738,4 milhões de euros, o que representa um aumento de 1,4% face ao ano anterior.
O banco liderado por José de Matos, em 2014, vendeu 80% da sua operação seguradora. “Com esta operação cumpriram-se na totalidade as exigências para 2014 do Plano de Assistência Económica e Financeira e deu-se cumprimento ao previsto no Plano de Reestruturação acordado pelo Estado Português e as autoridades europeias da concorrência”. Esta alienação resultou num crescimento do CET 1 de 0,74 p.p. (phased-in) e de 2,33 p.p. (fully implemented). Desta forma, a Caixa terminou o ano com rácio common equity tier 1 de 10,9% (phased in) e de 7,6% (fully implemented).
O crédito a clientes apresentou reduções homólogas de 4,5% e 3,3%, respetivamente em termos líquidos e brutos, para 66864 milhões de euros e 72094 milhões de euros. “Este decréscimo não foi uniforme nos diferentes setores de atividade refletindo sobretudo a significativa redução do crédito ao Setor Empresarial do Estado na sequência de um assinalável fluxo de amortizações antecipadas (cerca de 900 milhões de euros), já que começou a verificar-se um maior dinamismo nos fluxos de crédito às empresas não financeiras privadas, excluindo construção e atividades imobiliárias. A nova produção de crédito à habitação registou um aumento de 16,4% face a 2013”, salienta a Caixa.
A atividade internacional apresentou um contributo de 334,3 milhões de euros para o resultado bruto de exploração do Grupo (+59,0%).
Em Espanha, com o Banco Caixa Geral (BCG) registou um lucro de 20,1 milhões de euros, que compara com uma perda de 57,3 milhões de euros no período homólogo de 2013, “refletindo o sucesso do programa de reestruturação em curso naquela unidade”. Além disso, na sucursal da CGD em Espanha que passou de prejuízos de 113,9 milhões de euros em dezembro de 2013 para um resultado negativo de 66,1milhões de euros no final de 2014.
“As operações na Ásia e em África continuaram a contribuir de forma muito positiva para a rendibilidade consolidada, com 46,0 e 44,8 milhões de euros respetivamente. Não obstante o bom desempenho da generalidade das operações do Grupo, o reforço de provisionamento na plataforma internacional do Grupo em resultado da exposição ao GES não permitiu que este segmento tivesse em 2014 um contributo positivo para o resultado consolidado (-2,8 milhões de euros)”, concluiu o banco estatal.