A morte de Júlio César mereceu a atenção dos cientistas, investigadores e historiadores ao longo do tempo. Acreditava-se que os autores do crime eram Cássio e Bruto. Mas afinal houve um terceiro homem na conspiração.
O apunhalamento de Júlio César continua envolto em grande mistério. A uma distância de cerca de dois mil anos, a linha que separa a lenda da História torna-se progressivamente mais ténue. Mas ainda persistem muitas dúvidas.
Afinal quem matou o influente romano a 15 de março de 44 a.C., no pórtico da Cúria de Pompeu (em Roma)? Esta é uma interrogação de difícil resolução. Em primeiro lugar, porque o simbolismo do acontecimento o exige e, além disso, porque Shakespeare se “apoderou” da História e criou grande influência na perceção da realidade.
Barry Strauss, Professor de Clássicas na Universidade de Cornell, acaba de chegar com uma novidade: nem Bruto, político romano, nem Cássio, político grego, foram os únicos responsáveis pela morte de Júlio César. Segundo o livro “The Death of Caesar”, houve um terceiro homem envolvido no assassinato.
“Décimo foi a chave. Os conspiradores não eram aficionados nem políticos civis. Eram antes generais que organizaram o magnicídio com uma precisão militar. Os gladiadores e várias mulheres da elite romana também tiveram um papel importante”, explica Strauss ao El País.
Décimo Junio Bruto Albino era companheiro de armas de Júlio César e surge em todos os relatos do assassinato do general romano. Esta é a primeira vez que aparece enquanto protagonista. Algumas versões da História dizem mesmo que as palavras de César, “Também tu, meu filho?”, se dirigem ao seu amigo e não a “Brutus” mais famoso.
Nos relatos clássicos, Décimo é a pessoa que segue para casa de César para convencê-lo de que, apesar dos maus presságios e do sonho premonitório de Calpúrnia – esposa de Júlio – o Senado necessitava da sua presença.
O companheiro de César terá tanta importância na morte do conquistador da Gália como Cássio, um dos líderes da conspiração que convenceu Bruto a quebrar a sua lealdade face ao crescente poder do político. Strauss acredita que Bruto passou para o outro lado da barricada em busca de poder, funcionando como espião.
Para a maioria dos autores, a missão não era defender a democracia, mas antes proteger os privilégios da sua classe. Ronald Syme, investigador da história de Roma, escreveu que “as tragédias da história não surgem do conflito entre o bem e o mal convencionais. São mais imponentes e complexas. César e Bruto tinham ambos a razão do seu lado”.
O enredo emotivo carregado da morte de Júlio César e o facto de marcar um momento crucial na História, quando Roma se debatia entre permanecer uma República ou converter-se num Império, torna este acontecimento bastante significativo.
Há três anos, um grupo de arqueólogos do Conselho Superior de Investigações Científicas descobriu o local onde foi assassinado o ídolo romano da era anterior a Cristo. E, nas palavras dos historiadores, ainda há muito para apurar sobre o apunhalamento que marcou a História da humanidade.
9/3/2015 – Observador
Foto: Getty Images