Cinco momentos loucos da ciência em 2014

Algumas descobertas desafiam até os argumentistas de Ficheiros Secretos – a série dos anos 90 que apresentava fenómenos por explicar a cada episódio – e outros fenómenos são facilmente explicáveis, embora não deixem de ser muito, muito estranhos. Eis os mais insólitos da ciência em 2014:

 
Sexo no espaço acaba mal

 
A missão Foton M-4, da Agência Espacial Russa, qual motel da Linha de Sintra fora de gravidade, pretendia entender se é possível a reprodução a gravidade zero. A bordo seguiam casalinhos de gecos (lagartos), moscas da fruta e outros organismos, mas uma perda de contacto com a sonda deixou os cientistas em Terra sem grande informação. Apesar de o contacto ter sido restabelecido, o estado dos ninhos de amor era uma incógnita e o regresso do satélite foi antecipado. Mas o romance entre os gecos acabou em tragédia: estavam mortos. A boa notícia é que as moscas da fruta sobreviveram.

 

 
Os ‘buracos negros’ da Sibéria

 

 
Há coisas que só acontecem neste país. A frase pode ser aplicada a qualquer lugar no mundo, mas na Rússia, em particular na Sibéria, ela ganha um valor, digamos… excepcional. Basta conferir o fenómeno dos buracos de grande diâmetro que se encontram na região, gelada a maior parte do ano. Um deles leva, porém, a palma: tem 30 metros de diâmetro. Os cientistas arregaçaram as mangas para superar a especulação de que as crateras teriam sido causadas por uma chuva de meteoritos ou até por uma invasão extraterrestre. Afinal, o fenómeno parece explicar-se pelo facto de a água estar a circular pela camada espessa de gelo à superfície – o chamado permafrost (ou pergelissolo em português) – e a escavar túneis no trajecto. Outros sugerem que estes trajectos imprevisíveis da água combinam-se com a libertação súbita de metano contida no subsolo. E advertem que as alterações climáticas podem ajudar a multiplicar fenómenos como estes nas regiões geladas.

 

 

Uma ‘cara’ no cometa

 

 

Em Novembro, a missão Rosetta, que levou pela primeira vez um objecto humano (não tripulado) a pousar na superfície de um cometa, mostrou que é dos poucos exemplos actuais do entendimento europeu. A sonda da Agência Espacial Europeia fotografou a superfície do 67P/Churyumov-Gerasimenko antes de entrar em hibernação por ter pousado numa superfície ‘escondida’ da luz solar, a sua principal fonte de energia. Mas uma dessas fotos provocaria um bruaá – não é que é perceptível uma espécie de cara esculpida numa das extremidades do cometa? Os cientistas sossegam os incautos: é como darmos formas às nuvens que passam no nosso planeta. É a nossa imaginação que está a trabalhar…

 

 

Fóssil de animal de lábios grandes baptizado ‘Mick Jagger’

 

 

 

A taxonomia (a definição de grupos biológicos e a respectiva atribuição de nomes a eles) actual é pródiga em criatividade. Obama, Dolly Parton, entre muitos outros, já foram nomes atribuídos às mais diversas espécies novas para a ciência. O mesmo se passa com animais que já não existem. Foi o caso de um fóssil descoberto por uma equipa de cientistas no deserto egípcio. A criatura, semelhante a um porco e com os lábios grossos, terá vivido por paragens africanas há 19 milhões de anos e, por causa destas características labiais passou a ser conhecida como Jaggermeryx naida, ou seja ‘ninfa do lago de Jagger’. A coordenadora da equipa confessou-se fã dos Rolling Stones…

 

 

Orelha cortada de Van Gogh replicada a partir de células vivas

 

 

Não fosse uma peça de arte e poderia ser forte candidata aos prémios IgNobel (o inverso do Nobel, dado a estudos ou a descobertas científicas insólitas ou de utilidade duvidosa) deste ano. O alemão Diemut Strebe usou uma amostra de células do trineto do irmão do pintor, Theo, e aplicou-a ao software de uma impressora 3D. O resultado é uma orelha emoldurada, exposta no Centro para a Arte e os Media de Karlsruhe (Alemanha).

 

 
Ricardo Nabais
16/01/2015

 

 

 

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