Dos relógios às lentes de contacto. Dentro de 10 a 15 anos, a Internet vai estar em todo o lado

Michio Kaku é professor de Física Teórica e coautor da Teoria das Cordas.

 

 

O Físico Michio Kaku disse que dentro de 10 a 15 anos a internet vai estar em todo o lado e que os cidadãos vão “piscar os olhos e ter o infinito conhecimento” do que estão a comprar.

 
O físico e futurista norte-americano, Michio Kaku, considerou, em entrevista à agência Lusa, que dentro de 10 a 15 anos a Internet vai estar em todo o lado, desde os relógios de pulso até às lentes de contacto.

 
A nona conferência QSP Summit, que se realiza a 12 de março na Exponor, Matosinhos, vai contar este ano com a participação do físico Michio Kaku, que estará pela primeira vez em Portugal, numa edição dedicada ao tema “The Future Trends”.

 
Kaku, que é professor de Física Teórica, coautor da Teoria das Cordas e com uma vasta obra publicada, onde se inclui “Mundos Paralelos” ou mais recentemente “O Futuro da Mente”, irá abordar na conferência o tema do consumidor do futuro. “Quando formos às compras, a Internet estará em todo o lugar, incluindo nas nossas lentes de contacto”, disse.

 
“Iremos piscar os olhos e teremos o infinito conhecimento do que estamos a comprar, saberemos qual é a margem de lucro do que estamos a adquirir, qual o melhor preço”, adiantou, acrescentando que este futuro não está muito distante.

 
“Atualmente já temos Internet nos nossos óculos, dentro de 10, 15 anos, a Internet vai estar em todo o lado, incluindo nos nossos relógios de pulso, lentes de contacto” e até mesmo num papel de parede inteligente, “onde poderemos aceder aos computadores” aceder a um médico através da inteligência artificial “quase de borla”.

 
“É nisto que os cientistas estão a trabalhar agora: no conhecimento infinito em qualquer lado, a qualquer hora”, explicou. No futuro, adiantou, através de umas lentes de contacto as pessoas poderão obter informação sobre tudo sobre os produtos que querem comprar, sem serem enganadas, e a isso chama-se “capitalismo perfeito”.

 
O capitalismo assenta na oferta e na procura, “mas é imperfeito, as pessoas não sabem quem as engana, quem tem os produtos mais baratos”, mas no futuro, através de um simples ‘scann’ das lentes, essa informação estará disponível a todos os consumidores, disse.

 
Isso permitirá ainda identificar as pessoas com quem fala ou comunicar em qualquer língua, já através de umas lentes de contacto as pessoas terão acesso à biografia do interlocutor ou a um tradutor instantâneo. Na conferência, Kaku também fará uma palestra sobre o livro “O Futuro da Mente”.

 
Questionado sobre de onde partiu a sua inspiração para este tema, o físico norte-americano explicou: “Nós, os físicos, somos pessoas curiosas e sempre fomos curiosos pela mente, porque faz observações, experiências”.

 
E atualmente, “temos máquinas de ressonância magnética suficientemente sensíveis que conseguem captar pensamentos dentro de um cérebro ativo”, prosseguiu, o que poderá permitir, no futuro, tirar uma fotografia aos nossos sonhos.

 
“As primeiras fotografias de sonhos estão a ser feitas pelos cientistas, pelo que no futuro, será possível acordar, carregar no botão e ver os sonhos que teve na noite anterior”, mas ainda levará tempo, disse.

 
Questionado sobre se um dia será possível aos cientistas descodificar a mente humana, Michio Kaku lembrou que atualmente estão a ser estudas duas coisas: o mapa do corpo, de todos os genes, e o mapa do cérebro.

 
O próximo grande “‘crash program’ [uma aposta intensiva] da ciência”, envolvendo muitos milhões de dólares, será o “mapeamento do cérebro”, acrescentou.

 
Por um lado, os políticos querem uma cura para as doenças mentais, por outro os cientistas são curiosos e querem saber o que nos faz pensar, daí a aposta nesta área, explicou Michio Kaku.

 
Os resultados destas investigações terão “aplicações comerciais e a primeira memória de um animal foi gravada no ano passado. Sabemos agora que podemos gravar memórias e transferi-las [como se fosse um ficheiro]”, disse.

 
“E isso vai ser muito útil para os pacientes com a doença de Alzheimer, muito em breve vamos ter milhões de pessoas a sofrer de Alzheimer e vamos ter a capacidade” de ter a informação das suas memórias armazenada, numa espécie de ‘pacemaker’ do cérebro, em que as pessoas “podem carregar num botão e, bingo, ficam a saber quem são e onde vivem”, explicou.

 
“E talvez um dia, os estudantes possam carregar num botão e aprendam matemática”, exclamou.

 
Atualmente, é possível gravar memórias de ratos, mas os cientistas já estão a experimentar em primatas. O passo seguinte são os doentes com Alzheimer. As inscrições para o QSP Summit, onde Michio Kaku participa, já estão esgotadas, de acordo com a organização.

 

 

07/03/2015 – Agência LUSA

 

FOTO: JORGE ZAPATA/EPA

 

 

 

 

 

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