Desde esta semana, nunca foi tão fácil subir ao monte Evereste – a Google chegou ao cume mais alto do mundo. Com o Google Street View, agora o difícil não é subir – é ter vontade de sair de lá.
O monte Evereste é a mais alta montanha da Terra. Está localizado na cordilheira do Himalaia, na fronteira entre a República Popular da China (Tibete) e o Nepal. Em nepalês, o pico é chamado de Sagarmatha (Deusa Mãe do Céu), e em tibetano Chomolangma ou Qomolangma (Deusa Mãe da Terra).
Qualquer um de nós pode tornar-se no próximo Edmund Hillary ou Tenzing Norgay do alpinismo português – ou, para apelar ao patriotismo, no próximo João Garcia. Subir o monte Evereste, na cordilheira dos Himalaias, nunca foi tão fácil, leve e barato. E 8.848 metros de altitude nunca pareceram tão pouco.
Agora, qualquer um pode olhar directamente para o “rosto do céu” (nome dado ao Parque Nacional de Sagarmatha, no Nepal) e dizer adeus às dificuldades, ao frio, à mochila e aos equipamentos de alpinismo, aventurando-se numa viagem por algumas das paisagens mais bonitas do planeta.
Botas e vários pares de meias? Não precisa. Lanternas, cordas, picaretas e mosquetões? Nem vê-los. Um alpinista experiente a fazer de guia? Esqueça isso. O nome do seu guia é outro, não é humano e valia cerca de 115 milhões de euros em 2014: Google. Através do Google Street View é possível, desde esta quinta-feira, caminhar e visitar várias vilas remotas, quintas e mosteiros, enquadradas por montanhas cobertas de neve… à distância de um clique. É carregar AQUI .
Mas nem só de neve se faz o Evereste. Há caminhadas para todos os gostos e paisagens de todas as cores. Escrevemos “Thame” e somos projetados para a região de pequenas vilas xerpa, de caminhos de terra, secos e áridos. Esbarramos com algumas casas, rústicas, uma árvore aqui e ali, animais de gado e pessoas ao longe, das quais não nos deixam ver a cara assim que nos aproximamos. Sabemos que esta região é casa de vários montanhistas xerpas, incluindo o famoso nepalês Apa Sherpa, que já subiu ao cume do Evereste 21 vezes. Foi ele, aliás, que ajudou a Google a montar esta viagem.
Nova visita: Khumjung, ainda na zona do Sagarmatha. Aí, quase mergulhamos nas águas azul-turquesa de um dos lagos Gokyo, debaixo de um sol reluzente. Só não sentimos o frio e vamos caminhando por cima das águas, mas aconchegados por mais uma paisagem deslumbrante. Apesar das distâncias que um ecrã de computador impõe, quase é possível sentir a calma de Khumjung.
A natureza não é tudo. É isto que nos mostra outra das nossas paragens, no mosteiro budista de Phortse, Thakiri Chholing Gomba. Aqui há cores garridas, estatuetas de Buda e monges que nos recebem (mas não olham para nós e não lhes vemos a cara). Podemos entrar e sair do mosteiro, olhar para os montes que o rodeiam e ficar ali. Nunca foi tão simples.
Lá fora, vamos caminhando rapidamente, clicando na próxima seta do ecrã e esperando ansiosamente pela revelação do screenshot seguinte. Vemos montanhas secas, outras cobertas de neve, mas nem sempre nos conseguimos dirigir para onde queremos. Os constrangimentos são outros: não o tempo ou o frio, mas aquilo que a Google nos quer e pode mostrar.
FOTO: Google Street View
Por: Maria João Bourbon
15/03/2015