A crise na Ucrânia preocupa o líder da Aliança Atlântica e foi um dos temas abordados durante a sua primeira visita oficial a Portugal.
“Temos de aumentar a nossa prontidão”, alerta o secretário-geral da NATO, referindo-se à instabilidade política na Ucrânia e ao “comportamento mais agressivo” da Rússia. “Não vemos nenhuma ameaça iminente contra aliados da NATO, mas vemos um novo quadro de segurança”, explicou Jens Stoltenberg.
A crise na Ucrânia foi um dos temas que discutiu durante a primeira visita oficial a Portugal, em que se encontrou com o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, com o Presidente da República, Cavaco Silva, e com os ministros dos Negócios Estrangeiros e da Defesa.
“Temos registado muitas intercepções”, acrescenta, referindo-se às dezenas de incursões de aviões militares russos no espaço aéreo de países pertencentes à NATO, principalmente no Báltico, mas também no Mar Negro. Uma situação que, explica Stoltenberg, pode ser um risco também para o tráfego aéreo civil e é por isso que a NATO está também a intervir.
Portugal enviou este mês quatro aeronaves F16 para missões de patrulhamento aéreo na Roménia (Mar Negro). “E essa é uma resposta ao novo quadro de segurança”, explica o Secretário-Geral da NATO, referindo-se ao reforço da presença militar nos países mais a leste, para o qual Portugal tem também contribuído.
Será que o Acordo de Minsk, que estabelece um cessar-fogo entre o governo ucraniano e os separatistas pró-russos, não está a ser eficaz? O Secretário-Geral da Aliança Atlântica diz que “Minsk é a melhor base para uma solução pacífica na Ucrânia”. A NATO, tal como a União Europeia, apoia a total implementação do acordo assinado na capital da Bielorrússia.
No entanto, Stoltenberg reconhece que tem havido uma série de violações do cessar-fogo. “Temos visto a Rússia a abastecer os separatistas com armamento pesado, com um avançado sistema de defesa antiaérea, tanques, artilharia e treino”, diz.
Para o ex-primeiro ministro da Noruega, que agora lidera a NATO, a organização tem de se adaptar ao mundo em mudança e mostrar que está forte. Em outubro, Portugal vai participar, juntamente com Itália e Espanha, no maior exercício militar desde o final da Guerra Fria: o Trident Juncture 2015. “É importante porque é um exercício de muita visibilidade” e que “mostra a força da NATO”, explica Stoltenberg.
Ao contrário da China e Rússia, os países da Aliança têm diminuído o investimento em defesa e essa é uma tendência que o novo secretário-geral quer ver contrariada.
A NATO está também a desenvolver uma nova força de reação rápida – a Spearhead Force, ou Força Ponta da Lança – que estará operacional em 2016. Portugal vai participar, já no próximo ano, com 600 militares do Exército para a força de elevada prontidão, que envolve um total de cinco mil homens.
CRISE NO MEDITERRÂNEO
Na semana passada, os líderes europeus concordaram sobre a necessidade de combater os traficantes de migrantes no Mar Mediterrâneo. Jens Stoltenberg elogia a decisão e concorda que é preciso mais para travar a perda de vidas humanas, causadas pelo fluxo ilegal de migrantes através do Mediterrâneo.
“A NATO está a fazer o seu papel, ao tentar ajudar a estabilizar os países na região”, diz, referindo-se ao trabalho feito no Afeganistão, à colaboração com a Jordânia e à disponibilidade para prestar apoio ao desenvolvimento da capacidade de defesa e segurança na Líbia, assim que o país voltar a ter um governo e um interlocutor.
“É a forma que a NATO tem de contribuir para combater as causas dos problemas”, explica Stoltenberg, uma vez que o controlo de fronteiras e as políticas de imigração não são competência da organização que dirige.
Susana Frexes
04/05/2015