Estado Islâmico. Militares portugueses vão servir a ordens de Espanha no Iraque

A missão do Exército português, que vai integrar a Coligação Internacional de Combate ao Estado Islâmico (DAESH), parte dia 6, quarta-feira, para o Iraque onde vai ajudar a treinar o Exército daquele país sob as ordens de um coronel espanhol.

 

 

O contingente português, formado por 30 efetivos dos comandos (uma tropa especial do Exército), ficará instalado numa base militar iraquiana 50 km a leste de Bagdade durante um ano – é esta a duração prevista da missão, embora possa ser revista e prolongada mais tarde. Segundo fonte oficial do Exército, os militares portugueses vão “trabalhar em conjunto com um grupo de formadores que inclui militares espanhóis e americanos, enquadrado por Espanha”. Além destes 30 militares, outros dois oficiais estarão nos quartéis generais para fazerem de oficiais de ligação.

 

 

Os comandos estão a treinar-se para esta missão há três meses, sendo que entre os escolhidos para o Iraque estão precisamente militares que já estiveram num terreno difícil, o Afeganistão. Portugal já teve presença militar no Iraque, mas não com efetivos do Exército – participou com uma força da GNR, entre 2003 e 2005.

 

 

A decisão sobre o envio de militares portugueses para o Iraque foi tomada na reunião de 16 de dezembro de 2014 do Conselho Superior de Defesa Nacional, tendo na altura sido avançada a contribuição de Portugal com um contingente de “até 30 militares” durante este ano. O Governo garantiu sempre que os militares portugueses iam ajudar a coligação internacional, mas sem combater no terreno.

 

 

O ministro da Defesa, José Pedro Aguiar-Branco, entregou esta semana o estandarte aos 30 militares dos comandos que vão integrar a Operação Inherent Resolve. Na cerimónia, que decorreu no Centro de Tropas de Comandos, na Serra da Carregueira, o ministro considerou a luta contra o movimento extremista Estado Islâmico como uma “guerra da vida contra a morte”, sublinhando que todos têm obrigação de contribuir para a sua derrota.

 

 

“Esta não é uma guerra entre culturas, regiões ou civilizações, é uma guerra do bem contra o mal, uma guerra da paz contra o terror, é uma guerra da vida contra a morte”, afirmou, citado pela Lusa.

 

 

“O abusivamente autoproclamado Estado Islâmico é intrinsecamente contra a nossa identidade enquanto espécie humana, ofende, despreza e agride a dignidade do ser humano. De tal forma que o que parece impossível aconteceu: o combate ao dito Estado Islâmico uniu o mundo, uniu países tão diferentes como Israel ou o Irão ou os Estados Unidos da América ou a Rússia, como se o mundo nesta guerra tivesse feito uma pausa nos seus velhos conflitos e disputas em benefício de um valor maior: derrotar esta ameaça”, acrescentou.

 

 

A força espanhola, em que a missão portuguesa está enquadrada, é comandada pelo coronel Julio Salom Herrera, que já explicou que no Iraque estão a usar os conhecimentos testados num terreno semelhante, o Afeganistão. Sem entrar em pormenores, revelou: “Estamos a aplicar as mesmas técnicas que utilizamos no Afeganistão. O nosso contingente tem muitos especialistas. Um Exército convencional e as suas técnicas são mais úteis do que parecem para enfrentar qualquer tipo de ameaça”.

 

 

 

João Girão

 
Helena Pereira

 
Observador

 
03/05/2015

 

 

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