O Mosteiro da Batalha acolhe no sábado um colóquio sobre D. Filipa de Lencastre para dar a conhecer a vida e o papel na corte portuguesa da mulher de D. João I e mãe da “Ínclita Geração”, que morreu há 600 anos.
“Para além da vida de D. Filipa, será discutido o seu papel na integração de novos costumes na corte portuguesa, o conhecimento científico da sua época e a produção artística ao redor da rainha e seus filhos”, anuncia a organização. O colóquio também “celebra os 600 anos da morte de D. Filipa de Lencastre, figura basilar do imaginário medieval português”, e, “com base nas investigações académicas mais recentes, (re)apresenta a rainha no contexto da cultura do seu tempo”.
Para Luís Ribeiro e Helena Avelar, investigadores do Instituto de Estudos Medievais da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade de Lisboa, que integram a organização do colóquio, D. Filipa “foi uma mulher culta, inteligente e muito consciente do seu papel como rainha. De personalidade vincada, consciente do seu papel político (ou não fosse ela filha de John of Gaunt e Blanche of Lancaster, e neta de Eduardo III de Inglaterra), instruída nos saberes da sua época (foi discípula de Geoffrey Chaucer e de John Wycliffe), deixou importantes marcas na corte portuguesa”, assinalam.
Segundo os investigadores, “a História conhece-a, sobretudo, como mãe da ‘Ínclita Geração’, que é, sem dúvida, uma parte importante da sua vida. Contudo, D. Filipa não se esgota neste papel maternal. A sua personalidade e o seu papel político são muito complexos e merecem um estudo mais aprofundado”, notam Luís Ribeiro e Helena Avelar.
Segundo o sítio na Internet do monumento, D. Filipa de Lencastre casou em 1387 com D. João I, que mandou construir o Mosteiro da Batalha para agradecer a vitória sobre os castelhanos em Aljubarrota, em 1385. Deste casamento nasceram oito filhos. D. Duarte, D. Pedro, D. Henrique, D. João e D. Fernando ficaram “conhecidos como Ínclita Geração, assim denominada por Camões n’Os Lusíadas”.
Com exceção de D. Duarte, que construiu o seu próprio panteão, a “Ínclita Geração” está sepultada na Capela do Fundador do Mosteiro da Batalha, primeiro panteão régio a ser construído em Portugal. Ao lado da sepultura de D. João I repousam também os restos mortais de D. Filipa de Lencastre, que primeiro tinha sido sepultada em Odivelas e só em 1416 foi transladada para o mosteiro, acrescenta o monumento.
O colóquio, “D. Filipa e o seu tempo: arte, ciência e cultura”, com início às 14:00 no auditório do monumento, no distrito de Leiria, integra um projeto de cooperação entre o Instituto de Estudos Medievais e o Mosteiro de Santa Maria da Vitória que pretende “dar a conhecer ao grande público a mais recente investigação académica no campo da história medieval”.
Trata-se do segundo grande evento realizado em conjunto por estas duas entidades, depois do ciclo de palestras “Idade Média, Idade dos Saberes”, que decorreu de abril a junho de 2014 do ano passado.
Foto: SR // SSS
Agência Lusa
11/05/2015