O antigo vice-presidente da Câmara do Porto tornou-se o segundo candidato a formalizar a sua candidatura. Fê-lo a partir do Café Âncora D’Ouro (Piolho) de onde de ouviu um feroz ataque ao primeiro-ministro, que acusou de ser “mentiroso”
Disparou em todas as frentes e assestou baterias às grandes sociedades de advogados do país “verdadeiras irmandades, que constituem hoje o símbolo maior da mega central de negócios em que se transformou a política nacional”.
Paulo Morais, o agora candidato à Presidência da República, declarou que as eleições presidenciais se transformaram em “concursos para a escolha do maior mentiroso”, garantindo que se for eleito demitirá o Governo que não cumpra as promessas eleitorais. “Os partidos do poder transformaram os processos eleitorais em circos de sedução em que acaba por ganhar quem é mais eficaz a enganar os cidadãos. As eleições transformaram-se assim em concursos para a escolha do maior mentiroso. E o troféu em jogo neste concurso é a chefia do Governo”, disse.
Num discurso recheado de críticas ao Governo e também ao Presidente da República, o candidato presidencial denunciou a “lista de negócios perdulário celebrado pelos governos, desde a Ponte Vasco da Gama, que Cavaco Silva, ofereceu à Lusponte, às actuais privatizações da electricidade e da recolha de lixos, conduzidas pro Passos Coelho, passando pelas ruinosas parcerias público-privadas rodoviárias de José Sócrates”.
Foi a partir do Café Âncora D’Ouro (Piolho), um dos mais emblemáticos da cidade do Porto e com uma grande tradição republicana, que Paulo Morais tornou pública a sua candidatura às eleições de 2016, que tem na corrupção o seu grande combate. “Foi a corrupção que nos trouxe a crise e a pobreza”, declarou, afirmando que. “o próximo Presidente da República tem de liderar uma estratégia global de combate ao fenómeno de forma transversal, envolvendo o poder legislativo, o executivo e o judicial e toda a sociedade”.
O antigo vereador do Urbanismo pediu tréguas na “promiscuidade que transformou o Parlamento numa central de negócios, com os deputados a usarem o cargo em benefício dos grupos económicos que lhes garantem tenças generosas” e advogou que “as leis mais importantes não poderão ser elaboradas nas grandes sociedades de advogados, em função dos grandes interesses instalados”.
Denunciando que “a corrupção é a marca do regime e que a sua maior consequência é a depreciação das contas públicas”, o candidato presidencial, explicou depois que “a corrupção representa, assim, a acusa maior dos problemas do orçamento e indirectamente a razão maior dos nossos males”. “Surge da mais absoluta promiscuidade entre negócios e política. Verdadeiramente, já nem se consegue distinguir entre a política e negócio”, declarou.
O tema ocupou uma boa parte do seu discurso e o ex-militante do PSD deteve-se em explicar que a corrupção é em Portugal um “fenómeno crónico e reveste características preocupantes”. “Os casos de corrupção sucedem-se e são conhecidos: desvio de dinheiros do Fundo Social Europeu para formação, prejuízos na Expo 98, gastos desmesurados e injustificados no Euro 2004, a que se somam os escândalos no mundo da finança, do BPP ao BPN ou ao BES”.E daqui partir para a lista de “negócios perdulários”, que atingem tanto Passo Coelho como José Sócrates.
Paulo Morais haveria de voltar a criticar o desempenho do ex–primeiro-ministro socialista e do actual chefe do Governo que, acusou de enquanto “candidato nas últimas eleições prometeu o céu. Mas remeteu-nos ao inferno”. ”Ao fim de pouco mais de um ano de mandato do actual Governo, concluiu-se que Passos Coelho aplicou medidas precisamente opostas às que tinha prometido, tendo aumentado impostos, reduzindo os salários, as pensões e reformas e retirando subsídios. Mentiu-nos, numa atitude em que foi acompanhado pelo seu parceiro de coligação”.
“O antecessor de Passos Coelho, José Sócrates, fez exactamente o mesmo. Prometendo não aumentar impostos não tardou em fazê-lo quando subiu ao poder. Mais um mentiroso”. criticou
Morais reconhece que a caminhada que ontem começou com a apresentação da sua candidatura – a segunda a ser tornada pública, depois de Henrique Neto – é “difícil, mas não é impossível”. A recolha de assinaturas começou imediatamente a seguir à apresentação da candidatura e enquanto as pessoas se organizavam havia quem aproveitasse o momento para brindar à futura vitória do antigo vereador do Urbanismo da Câmara do Porto.
Margarida Gomes
28/05/2015