Talibãs afegãos abertos a negociar a paz com o Paquistão

Este novo impulso para a abertura de negociações parece ter sido fruto da evolução das relações entre o Afeganistão, o Paquistão e a China.

 

Ashraf Ghani em negociações. /  © Mohammad Ismail / Reuters

 

xpresso – Quinta feira, 19 de fevereiro de 2015 – Após o falhanço das negociações de paz que tiveram início no fim de 2001, finalmente chegou a esperança para o Presidente afegão, Ashraf Ghani, que viu os seus esforços de paz recompensados. O exército paquistanês e oficiais diplomáticos afirmaram, nesta quinta-feira, que os talibãs afegãos declararam estar abertos a conversações de paz.

 

Um militar paquistanês esclareceu que a chefe do exército paquistanês, a general Raheel Sharif, anunciou ao Presidente afegão, durante uma visita esta semana, que os talibãs estavam dispostos a começar as negociações em março.

 

“Eles expressaram a sua vontade e haverá progresso em março. Mas estas coisas não são rápidas e fáceis,” afirmou o oficial militar à Reuters. “Mas há sinais muito claros… e nós comunicamo-los aos afegãos. Agora muitas coisas estão nas mãos dos afegãos e são sérias,” acrescentou.

 

Um membro sénior dos talibãs afegãos confirmou que os negociadores irão realizar primeiro uma ronda de debates com os oficiais americanos, no Qatar, na quinta-feira. No entanto, os oficiais dos Estados Unidos em Washington negaram ter mantido contato com os talibãs. Um porta-voz da Casa Branca esclareceu que os Estados Unidos continuam a apoiar uma reconciliação.

 

Um assessor de Ghani confirmou que os debates eram esperados, apesar de ainda não se ter tomado uma decisão quanto ao local onde irão decorrer. No entanto, confirmou que o Governo afegão tinha perguntado se os debates poderiam ocorrer em Pequim, enquanto outras cidades como Islamabad, Kabul e Dubai também estão a ser consideradas.

 

“Não farei nenhuma negociação às escondidas do meu povo,” afirmou Ghani. No entanto, os representantes talibãs – nomeadamente o porta-voz oficial Zabiullah Mujahid – puseram em questão a possibilidade de acontecerem as conversações, opondo-se ainda a elas.

 

Recorde-se que, com a partida da maioria das tropas americanas e outras internacionais do Afeganistão, as forças de segurança afegãs estão a lutar para derrotar a insurgência, enquanto os talibãs não conseguem manter território.

 

Por outro lado, os talibãs também enfrentaram uma perda de apoio por parte do Paquistão, que se aproximou do Afeganistão desde que Ghani subiu ao poder no ano passado.

 

 

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