Peter Osborne foi o principal comentador político do jornal. Demitiu-se e num artigo agora publicado diz que a investigação ao banco foi proibida, para não se perderem contratos de publicidade. “Telegraph” garante que se trata de uma mentira.
Mafalda Ganhão | Expresso – 18 de fevereiro de 2015 – Peter Osborne é duro nas críticas. Além de falar em temas proibidos, garante que há casos de jornalistas despedidos sem justificação e diz que nos últimos anos a opção por conteúdos sensacionalistas foi uma constante apenas para garantir visualizações online. A isto acrescenta a progressiva degradação da cobertura de temas internacionais, o que – tudo somado – torna o “Telegraph” uma “fraude” para os seus leitores.
A propósito das notícias da semana passada sobre o HSBC e respetivo envolvimento num alegado esquema de evasão fiscal na Suíça, no caso SwissLeaks, Peter Oborne afirma que a administração do jornal sempre se opôs a qualquer pesquisa jornalística sobre o banco, para evitar que este retirasse a publicidade das suas páginas.
Num artigo publicado no site OpenDemocracy, o ex-colunista diz inclusivamente que o jornal recebeu informação sobre contas do HSBC na ilha de Jersey, mas que os jornalistas envolvidos na investigação acabaram por receber instruções para destruir o que tinham sobre o caso.
“Ataque infundado e insinuações”, diz o jornal”
O jornal já reagiu às acusações, para dizer que Peter Osborne mente. As declarações são “um ataque infundado, cheio de dados imprecisos e insinuações”.
Osborne, por seu turno, pormenoriza no artigo as decisões editoriais do “Telegraph” e refere que se demitiu por uma questão de “consciência. Conta que resolveu denunciar os factos depois de ver a forma como o jornal publicou agora o caso do HSBC – com notícias praticamente escondidas, ao contrário da maioria dos outros jornais.
“O jornalismo não é só entretenimento. Tem um propósito. Uma imprensa livre é fundamental para uma democracia saudável”, acrescentou.
O caso HSBC fez mossa em mais redações. No “Le Monde”, a administração questionou também a direção editorial, condenando a publicação pelo vespertino francês de alguns dos nomes de franceses com contas na delegação suíça do banco.
A resposta não tardou. A direção recordou a “carta ética” do jornal, segundo a qual “os acionistas não têm nada a dizer sobre os conteúdos editoriais”, com o diretor, Gilles Van Kobe, a acrescentar: “O debate sobre se devemos divulgar ou não tal ou tal nome existe na redação, mas a decisão é de ordem editorial, é da nossa competência”.