Newark, no estado de New Jersey: era uma vez uma cidade tranquila…

O clamor público dos residentes de Newark por uma política de segurança que ao mesmo tempo, controle a criminalidade, aumente o sentimento de segurança do cidadão e dê respostas adequadas às demandas, não parece ter sido suficiente para que houvesse uma mudança de qualidade na implementação de mudanças permanentes na cidade. Nos dias actuais, a violência pode ser considerada um dos maiores problemas da sociedade. Seja a doméstica, nascida no seio familiar, seja a proliferada nas ruas, seja a praticada pelos policias, é realmente, um dos males mais assustadores e preocupantes.

 

 

De acordo com dados colhidos na rua pelo The Portugal Times, a violência e o desemprego figuram como a maior preocupação da população do Condado de Essex. O mesmo dado pode ser encontrado nas inúmeras reportagens realizadas por jornais e televisões do Estado e do País, que constataram um preocupante crescimento da violência na “cidade das cerejeiras”.

 

 

Como a segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida pela preservação da ordem pública e da salvaguarda das pessoas e bens, o mayor de Newark, Ras Baraka, esteve no Distrito 1 da cidade a que preside, onde participou numa reunião com a comunidade, a fim de ouvir e responder às diversas perguntas feitas pelas pessoas presentes.

 

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O encontro teve lugar na Igreja de St. Stephan’s, disponibilizada para o efeito pelo pastor Moacir Weirich, e para além do mayor Ras Baraka, estavam também presentes o Chefe da Policia de Newark, Anthony Campos e o Comandante da Esquadra do Ironbound, capitão Joseph S. Pereira que ouviram e responderam a diversas questões relacionadas com o combate à insegurança e a necessária união e mobilização de todos, em busca da solução desse problema.

 

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A violência é a principal preocupação da população, que a cada dia se sente prisioneira, em suas próprias residências, uma vez que as ruas tornaram-se um lugar inseguro, onde andar de carro ou sozinho, significa uma possibilidade de ser assaltado ou até mesmo morto, por pessoas que não respeitam as leis previamente existentes. Newark atravessa um cenário complicado sob o ponto de vista social, com elevadas taxas de desemprego, analfabetismo, criminalidade e de insucesso escolar.

 

 

“E é, especialmente difícil, nunca o esqueçamos, para aqueles que têm mais frágeis rendimentos ou que sofrem o flagelo do desemprego”, disse ao The Portugal Times Ana Baptista, presidente do Distrito 1 de Newark , para quem os sectores do ensino, o acesso à saúde, o combate ao desemprego e o reforço da segurança, são as críticas mais sublinhados pela população. A cidade de Newark tem cerca de 300 mil habitantes e destes, 50 mil são portugueses.

 

 

Newark tem também uma população considerável de trabalhadores emigrantes que não têm estatuto legal no país e por essa razão, preferem esconder da polícia qualquer crime de que sejam alvo, ou que observem como testemunhas.  Fazem-no por medo de deportação. Contudo, os seus receios  permitem que os criminosos escapem às malhas da polícia.

 

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Questionado sobre como pensa fazer face à prevenção da criminalidade, numa cidade com as caraterísticas de Newark, o Chefe da Polícia Anthony Campos disse ao The Portugal Times que quer seguir à risca a ideia de participação da comunidade na segurança pública, tanto por esta ser a maior conhecedora dos factos criminosos que acontecem ao ser redor, como por acreditar na força da acção conjunta.

 

 

Anthony Campos, que é descendente de uma família natural da Murtosa, distrito de Aveiro, começa a fazer história no Departamento da Polícia de Newark, ao querer aproximar a sociedade aos órgãos da Segurança Pública, levando diretamente às autoridades as suas queixas, e permitir que a população fiscalize a actuação da polícia, reivindicando e oferecendo sugestões, bem como, capacitar o cidadão para a utilização dos recursos disponibilizados pela Segurança Pública, e identificar os principais problemas que afligem as pessoas do bairro ou da cidade.

 

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Desde que em 2010 a Academia de Polícia de Newark fechou e após o seu encerramento serem dispensados 167 polícias por motivos de orçamento, o Departamento da Policia de Newark sofre diariamente em razão dessas consequências. Mas mesmo assim, ainda há quem acuse a Polícia como sendo a responsável pelo aumento da criminalidade, por falta de uma melhor política de defesa da sociedade. “Mas, será que a Polícia é realmente culpada pelo aumento da criminalidade ?”, interroga-se Anthony Campos. “Não haverá outros factores que concorrem ou contribuem directamente para a realidade que é noticiada todos os dias nos telejornais?”, concluiu.

 

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Manuel Lavin, um activista comunitário de Newark, ligado à defesa do meio ambiente, também participou na reunião onde para além do mayor e dos responsáveis policiais, estiveram ainda presentes a legisladora do estado de New Jersey, Eliana Pintor Marin, o membro directivo do Partido Democrata, de New Jersey, Joseph Parlavechio, Ana Baptista, presidente do Distrito 1 de Newark, o presidente da União de Clubes Luso Americanos de New Jersey, Fernando Grilo, e ainda os ex-candidatos a vereador da cidade de Newark, Jimmy Parrilho e Jonathan Seabra, os quais reconhecem a dificuldade com que as autoridades estão a lidar com esta vaga de acontecimentos criminosos que estão a enssombrar o prestígio da maior cidade do estado de New Jersey e também a maior cidade da área metropolitana de New York.

 

 

Da comunidade em geral, surgiram as indicações dos pontos de maior intranqüilidade, dos locais críticos em relação à criminalidade e as soluções mais eficientes, como os pedidos de aumento de contingente nas ruas. Em suma, discutiram-se os problemas e traçaram-se estratégias de acção.

 

 

Na reunião, percebia-se, pois, que todos querem uma cidade que aprenda a viver de dia e de noite. Querem uma cidade sem medo das sombras e que se passeie ao domingo em vez de se agarrar ao televisor. E querem que todos – pobres, ricos ou remediados, brancos, negros e amarelos – possam ter direito a uma cidade limpa, e a filhos que frequentem uma escola decente e segura.

 

 

Porém, cientes de que não existem fórmulas milagrosas para combater os problemas sociais, os responsáveis da cidade de Newark estão empenhados, pois, em contribuir para uma melhoria na segurança dos cidadãos, na tentativa de resgatar valores de convivência pacífica e harmoniosa entre as pessoas. Mas para isso, é preciso chamar os jovens para a participação social, oferecendo-lhes também espaços de convívio entre eles e com outros grupos etários e sociais, ocupação de tempos livres, tirando-os mais tempo das ruas e dos potenciais perigos da toxicodependência, da delinquência, da preguiça, da inutilidade.

 

 

Neste contexto, houve também quem afirmou após a reunião que a ilegalidade não deve ser suportada, pois viver em um Estado de direito significa cumprir a lei e respeitar as autoridades constituídas, “mas, o uso exclusivo da força por meio dos órgãos policiais, também não será suficiente para conter o aumento da criminalidade”, disseram.

 

 

Outra das preocupações do Departamento da Polícia de Newark, está também focada no fenómeno” da violência escolar, mas deixam um aviso: “também aqui, para obtermos êxito no combate à indisciplina e à violência, depende da família e de todos nós”.

 

 

Por sua vez, o capitão Joseph S. Pereira, acreditando num futuro melhor, referiu que, “com a interferência de cada parte integrante da sociedade e a partir de uma conscientização de que a responsabilidade pelos problemas sociais é de todos, as nossas acções vão obter êxito”. Enquanto isto, o sentimento das pessoas exprime-se desta forma: “não podemos deixar que a criminalidade conquiste a cidade de Newark”!

 

 

J.M./The Portugal Times/ 23 de Setembro/2015

 

 

 

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