O Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, reconheceu a derrota da sua formação política, o Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), nas eleições legislativas de domingo. Pela primeira vez em 16 anos, a oposição ganhou a maioria parlamentar no país.
A Mesa da Unidade Democrática (MUD), coligação da oposição, obteve 99 assentos – conquistando uma maioria de dois terços – contra 46 do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), do Presidente Nicolás Maduro, anunciou o Conselho Nacional Eleitoral.
“Vimos com a nossa moral, com a nossa ética, reconhecer estes resultados adversos, aceitá-los e dizer à nossa Venezuela que a Constituição e a democracia triunfaram”, afirmou Maduro, numa declaração transmitida pela televisão, pouco depois do anúncio oficial dos resultados, que foi recebido em alguns bairros de Caracas com gritos de alegria e o lançamento de petardos.
“Foi um dia longo, com uma grande jornada de participação, em que quase 75% dos eleitores acudiram a expressar o seu voto”, disse.
Por outro lado destacou que se trata da 20.ª eleição “de um ciclo profundo de democracia” na Venezuela.
“Sempre temos sabido reconhecer os resultados, em todas as circunstâncias”, acrescentou, dizendo que as forças ‘chavistas’ sempre confiaram no sistema eleitoral venezuelano.
Maduro atribuiu o resultado eleitoral à “guerra económica” contra o Governo venezuelano.
“Na Venezuela não triunfou a oposição”, triunfou “um plano contrarrevolucionário para desmantelar o Estado social-democrático de justiça e de direitos”, vincou.
Por outro lado, disse que os resultados são lidos pelos socialistas “como uma bofetada para acordar” e apelou aos venezuelanos para os reconhecerem pacificamente.
A oposição, que era apontada como a grande favorita, beneficiou do forte descontentamento popular na Venezuela com uma crise económica provocada pela queda do preço do petróleo. O país, de 30 milhões de habitantes, detém das maiores reservas de crude do mundo, mas está atualmente a braços com uma situação de escassez de alimentos e bens de primeira necessidade.
Os resultados eleitorais traduzem uma viragem histórica depois da chegada do poder do ‘chavismo’ (de Hugo Chavez) em 1999, apesar de diversos analistas advertirem que Nicolás Maduro pode tentar limitar os poderes do parlamento para contrariar esta vitória, arriscando desencadear protestos.
REUTERS/7/12/2915