“Missão cumprida: Nós temo-lo”, escreveu o presidente mexicano, Enrique Pena Nieto, no Twitter, anunciando a nova captura do narcotraficamente “El Chapo”, sete meses após a sua espantosa fuga de uma prisão de alta segurança.
Após uma espantosa fuga de uma das prisões mais seguras do mundo, as autoridades mexicanas ofereciam uma fortuna pela captura de “El Chapo”. Donald Trump ofereceu-se para intervir (mas depois assustou-se e logou ao FBI).
“Este criminoso não vai ter descanso, declarava há sete meses o ministro do Interior mexicano, Miguel Ángel Osorio, sobre o narcotraficante Joaquin Guzman, conhecido como “El Chapo”, que escapou de uma das prisões mais seguras do mundo. As autoridades anunciaram a recompensa de 5 milhões de dólares pela sua captura.
“El Chapo” tem 57 anos, mede apenas 1,55 metros e, segundo o jornalista britânico Malcolm Beith, é um homem “inteligente e calculista”. Tem apenas o sexto ano de escolaridade e “na sua vida passada” dedicava-se à agricultura. Envolveu-se nas drogas na década de 1980 e desde 1989 é o cabecilha do cartel Sinaloa.
Encontrava-se detido no estabelecimento prisional de Altipano (nas imediações da cidade do México) desde fevereiro de 2014, mas já tinha estado preso antes, entre 1993 e 2001 – ano em que fugiu da prisão pela primeira vez, escondendo-se dentro de um cesto da lavandaria depois de ter subornado alguns responsáveis prisionais.
Este episódio e os 13 anos de fuga que lhe seguiram, até ser de novo apanhado pelas autoridades do México, valeram a El Chapo um estatuto quase lendário, dentro e fora do país.
A fuga
Desta vez, o plano foi mais elaborado: envolveu um túnel de 1,5 quilómetros, cavado debaixo do polibã da sua casa de banho que ligava o estabelecimento a um prédio fora da área prisional. As autoridades suspeitam que Guzman, mais uma vez, subornou guardas para lhe fazerem este trabalho. O túnel não se assemelha em nada à versão imunda utilizada pelo personagem Andy Dufresne do filme “The Shawshank Redemption”.
Ao contrário deste último, o túnel de Guzman era iluminado, tinha ar condicionado e uma espécie de elevador. As autoridades mexicanas dizem que este trabalho levou cerca de um ano a ser desenvolvido.
Entre 2001 e 2014, Chapo Guzman tornou-se o traficante de narcóticos mais poderoso do mundo e criou uma fortuna astronómica, através de uma complexa rede de produção e distribuição de droga, que incluía diferentes regiões do globo, do Afeganistão à Austrália passando pela Europa e por várias cidades dos Estados Unidos. O seu poder atingiu tais proporções que a revista Forbes colocou-o na lista das pessoas mais influentes do mundo, à frente dos presidentes de França e da Venezuela.
Um “mano a mano” com Donald Trump
Depois da fuga do “El Chapo”, uma outra “estrela” aproveitou para dar a sua opinião. Donald Trump, candidato às presidenciais norte-americanas, decidiu utilizar o Twitter para dizer tudo o que acha sobre o assunto.
Começou por dizer que já tinha avisado que algo assim ia acontecer e acusou “El Chapo” e os cartéis de droga mexicanos de usarem a fronteira norte-americana como se se tratasse de um aspirador, “sugando drogas e morte para os Estados Unidos”.
Perguntou ainda aos seus seguidores se conseguiam imaginar Hilllary Clinton ou Jeb Bush a negociar com o narcotraficante mexicano, mas foi o tweet onde Trump desafiava Guzman para um “mano a mano” que lhe valeu de um valente susto.
Parece um episódio tirado do “Scarface”, mas é real: uma conta do Twitter ligada a “El Chapo” ameaçou abertamente o candidato presidencial. As suspeitas recaem sobre o filho de Guzman, Ivan.
Apesar do desafio, Trump decidiu não colocar a sua forma física à prova, tendo prontamente pedido ao FBI para investigar a ameaça.
Esta não é a primeira vez que Donald Trump decide meter-se com os mexicanos. Já em junho, quando o bilionário anunciou a sua candidatura à Casa Branca e garantiu ser o “melhor presidente que Deus alguma vez criou”, culpou o México de enviar para os Estados Unidos os piores membros da sua sociedade: “traficantes e violadores”.
Chegou mesmo a prometer construir “uma grande muralha” para evitar a entrada de mexicanos nos EUA.
Detidos 34 suspeitos de envolvimento na fuga do El Chapo
O Governo mexicano anunciou que foram detidas mais seis pessoas envolvidas na segunda fuga de El Chapo, o líder do maior cartel de droga do mundo (Sinaloa), de uma prisão de alta segurança do México. E adianta que todos os 34 suspeitos já foram detidos pelas autoridade mexicanas.
Funcionários da prisão, pilotos e até um cunhado de El Chapo, suspeito de ter supervisionado a construção do túnel, e o seu advogado, que será o grande mentor da fuga, foram algumas das 34 detenções realizadas, segundo informou a procuradora-geral da República, Arely Gómez. Além disso, durante os últimos sete meses as autoridades confiscaram armas, droga, edifícios e meios de transporte da organização criminosa.
“Ninguém está acima da lei”, declarou Gómez, sublinhando que “nem ele [El Chapo] nem aqueles que o ajudaram escaparão da justiça.” E acrescenta: “Podemos afirmar que foi desarticulado o grupo que, a partir do exterior, planeou, organizou e materializou a fuga” de El Chapo (‘o baixinho’).
A responsável confirmou ainda o que já se sabia sobre a sua fuga: que o mexicano fugiu por um túnel que ligava a sua cela a um edifício no exterior, dirigindo-se por terra a San Juan del Río, no estado de Querétaro, e de seguida de avioneta para um esconderijo. Segundo informações divulgadas nos últimos dias, El Chapo estaria em Sinaloa, o seu estado-natal.
Dois dos detidos são suspeitos de ter pilotado as avionetas que permitiram a fuga do líder do cartel de Sinaloa, sendo um deles um dos pilotos históricos da organização criminosa.
Joaquín ‘El Chapo’ Guzmán Loera fugiu da prisão de alta segurança de Altiplano, no município de Almoloya, Juaréz, através de um túnel com 1,5 quilómetros de comprimento, que unia a cela onde este estava detido a uma casa de construção localizada no exterior do estabelecimento prisional.
Iryna Shev/Pedro Valtierra/EPA/Alexandre Costa/Expresso/Edgard Garrido/Reuters/TPT/Alfredo Estrela/AFP/8/1/2016