A Beira Alta foi a primeira paragem das duas semanas de campanha que aí vêm para Sampaio da Nóvoa. Marcelo ainda não ganhou e não pode ganhar são as mensagens fortes do candidato.
Noutros tempos, chamavam-lhe Cavaquistão. Mais recentemente, deram-lhe novos apelidos: Passistão e Pafistão. Este domingo, Sampaio da Nóvoa foi a Viseu ver se a cidade também podia ser um Snapistão (SNAP – Sampaio da Nóvoa a Presidente – é o lema da campanha). Em boa verdade, todo o primeiro dia de campanha foi um Snapistão, graças a iniciativas controladas e pouco pé na rua. Na Beira Alta, o candidato optou por fazer ações junto dos apoiantes, em espaços fechados. O contacto com eleitores na rua, garante a organização, ficou reservado para segunda-feira, se o tempo ajudar.
No jantar-comício que reuniu 600 pessoas em Viseu – uma demonstração de força para um candidato que muitos acusam de não ter passado político -, o mandatário nacional de Nóvoa, Correia de Campos, não se esqueceu em que terra estava. “O Cavaquistão encerra definitivamente em março próximo”, disse, alegrando os convivas com a perspetiva de “um tempo novo” que começa a 24 de janeiro.
Para a campanha SNAP, o tom das próximas duas semanas está definido: 24 de janeiro é considerado apenas a primeira etapa de um percurso maior. O horizonte de Sampaio da Nóvoa e dos que o rodeiam está fixado em 14 de fevereiro (segunda volta) e em 9 de março (dia da tomada de posse do novo Presidente). Por isso, combater a ideia de que Marcelo já ganhou é fundamental. Como também o é a ideia de que Marcelo oferece estabilidade ao país. “Marcelo é folclore, certamente. É intriga. É animador de serões de domingo. É uma no cravo e outra na ferradura. Está bem com Deus e com o demónio”, afirmou Correia de Campos em Viseu.
Já antes, em Seia, onde almoçou, e na Guarda e em Mangualde, onde inaugurou de sedes de campanha, Sampaio da Nóvoa não perdeu uma oportunidade para atacar o ex-comentador. “Votar em Marcelo é o mesmo que escolher uma rifa. Nunca se sabe o que irá calhar em sorte”, disse o ex-reitor da Universidade de Lisboa, para quem “este país está a acordar” e a perceber que “aquele que se tinha autoproclamado vencedor tinha de descer ao chão da democracia”.
“Nos últimos oito dias caiu o mito. E foi bom para a democracia esse mito ter caído”
Também Maria de Belém não foi esquecida, apesar de ter merecido menos atenção nas críticas. Sampaio da Nóvoa acusou a ex-presidente do PS de não ter defendido a Constituição quando tal lhe era exigido e o general Ferreira do Amaral, mandatário de Nóvoa por Viseu, foi mais duro nas palavras: “Não me parece que nenhum dos vestidos ou fatos que tem usado tenham servido para passar a mensagem que pretende.”
Ferreira do Amaral foi, aliás, protagonista de outras palavras duras, lançando a dúvida sobre se Marcelo cumpriu ou não o serviço militar obrigatório. Recordando o recente debate Nóvoa/Marcelo em que o ex-comentador questionou o ex-reitor insistentemente sobre o seu passado, Ferreira do Amaral inquiriu: “Por onde andaria o cidadão Marcelo no 25 de abril de 1974? Nessa data, deveria estar no cumprimento do serviço militar obrigatório.” Mas talvez não estivesse, disse o general, afirmando que Marcelo “pode ter incumprido a lei vigente”. É dúvida para mais tarde esclarecer.
Esta segunda-feira, se o tempo o permitir, Sampaio da Nóvoa vai estar logo de manhã na feira de Espinho. A caravana vai andar depois por Oliveira de Azeméis, Aveiro, Cantanhede e Coimbra.
Pedro Correia/João Pedro Pincha/Obs/10/1/2016