Foto: Wikipedia – Carlos Botelho
Terça-feira, 13 de dezembro de 2011
Chaves é uma lindíssima cidade do Distrito de Vila Real em Trás-os-Montes, situada junto ao Rio Tâmega e muito próxima da fronteira com Espanha.
Por ela passaram diferentes povos, encontrando-se vestígios de ocupação humana desde o longínquo período Paleolítico. Aqui chegaram também os romanos que dominaram os povos que aí se encontravam tendo-se instalado essencialmente no vale fértil do Tâmega, exactamente onde hoje se ergue a cidade.
Construíram muralhas protegendo o aglomerado populacional, fomentaram o uso das águas quentes mínero-medicinais, implantando balneários Termais, construíram a majestosa ponte de Trajano, exploraram minérios, filões auríferos e outros recursos naturais.
Este núcleo urbano tornou-se tão importante que foi elevado à categoria de Município, quando no ano 79 dominava Tito Flávio Vespasiano, primeiro César da Família Flavia. Será esta a origem de Aquae Flaviae, designação antiga da actual cidade de Chaves.
No século III começou a imparável invasão dos povos bárbaros; Suevos, Visigodos e Alanos que ocuparam o território pondo termo à colonização romana e deixando grande destruição à sua passagem. A ocupação árabe iniciou-se no século VIII e as lutas entre cristãos e mouros duraram até ao século XI, altura em que D. Afonso III, rei de Leão, a resgatou finalmente e mandou reconstruir, povoar e cercar de muralhas para proteger a população.
Foto: Olhares – Joaquim Pires Ferreira
Foi-lhe outorgada a primeira Carta Foral em 1258 por D. Afonso III de Portugal e três séculos depois em 1514 D. Manuel I criou um novo Foral.
Devido à sua vulnerável situação fronteiriça e à sua importância estratégica militar, foram reforçadas as muralhas e mandado construir o castelo e os Forte de São Francisco e Forte de Neutel.
No decorrer do século XIX, a cidade foi palco de numerosas batalhas. Foi elevada à categoria de cidade em 12 Março de 1929.
Chaves tem uma extensa zona verde, com jardins encantadores como o Jardim Público o mais antigo espaço verde da cidade(centenário), o jardim do Tabolado (Termas), o Jardim do Bacalhau ou o jardim do castelo, entre muitos outros.
Foto: www.skyscrapercity.com – Miguel
A cidade de Chaves é sede de município e está subdividida em 51 freguesias. O seu centro histórico com ruas e praças típicas de aspecto medieval é encantador. De grande beleza natural e com uma enorme riqueza arquitectónica Chaves apresenta inúmeros pontos de interesse.
A não perder:
■ Igreja de Santa Maria Maior / Igreja Matriz
Igreja medieval, de planta longitudinal composta, com três naves e cinco tramos. Foi construída provavelmente no século XII, sobre escombros de templos anteriores. Da construção medieval, conserva a torre sineira, o pórtico e algumas esculturas. No interior, destaca-se a Capela do Santíssimo, adossada à capela-mor. Está situada na Praça da Republica no Centro Histórico de Chaves. Foi reconstruída no século XVI conservando do seu estado original o portal principal situado sobre a torre campanário da igreja.
Foto: Wikipedia – Manuel Barreira
■ Ponte Romana de Trajano
Esta ponte foi concluída no tempo do Imperador Trajano, entre o fim do século I e o princípio do século II d.C. É uma obra notável de engenharia, com cerca de 150 metros de comprimento. Os 12 arcos visíveis são de volta perfeita e formados por enormes e robustas aduelas de granito. No entanto, há pelo menos mais seis arcos soterrados pelas construções, de um lado e do outro do rio. A meio da ponte estão implantados dois documentos epigráficos de carácter honorífico em tributo das gentes flavienses e dos dez povos que ajudaram na sua construção. Esta ponte é o mais característico ex-libris de Chaves.
Foto: Wikipedia – João Carvalho
■ Castelo de Chaves
O Castelo de Chaves está classificado Monumento Nacional desde o ano de 1938. A primitiva edificação do castelo é atribuída ao conde Odoário, no século IX. Em 1258 Afonso III de Portugal, determinou a reconstrução de defesas da cidade e iniciou-se a reconstrução do castelo e ergueu-se a torre de menagem. D. Dinis de Portugal (1279-1325), deu prosseguimento às obras, concluíndo a torre de menagem e a cerca da vila. Localiza-se no ponto mais alto da cidade, Praça de Camões, Centro Histórico de Chaves. Actualmente, além dos restos das muralhas militares, o elemento mais bem conservado do castelo é a Torre de Menagem, torre defensiva de planta quadrada e quatro andares com 28 metros de altura e acabada por ameias, que foi o centro militar, administrativo e político de Chaves. Do ponto mais alto das torres obtém-se uma vista maravilhosa de toda a cidade. No ano de 1978 inaugurou-se no interior da torre o Museu Militar.
Foto: Wikipedia – João Carvalho
No seu exterior, construiu-se um jardim, onde estão expostas algumas peças do Museu da Região Flaviense. O jardim está limitado por muralhas construídas aquando da fortificação da vila, por alturas das Guerras da Restauração.
■ Igreja da Misericórdia
Localizada na Praça Caetano Ferreira, fronteira à Igreja Matriz e próxima do castelo, em pleno centro histórico. Construída no século XVII, esta igreja é tipicamente barroca. A fachada do templo, granítica, antecedida de uma escadaria também de pedra, está pormenorizada e cuidadamente decorada com pilastras e janelas. O interior, de uma só nave, tem as paredes inteiramente revestidas de azulejos decorados, do século XVIII, obras de Oliveira Bernardes, ilustrando vários motivos e cenas bíblicas (Bodas de Canã, Ressurreição de Lázaro, Multiplicação dos Pães). No tecto, de madeira pintada de meados do século XVIII (l743), está também representada a cena da Visitação. Por último, o altar de talha dourada, é profusamente decorado com querubins, cachos e volutas. A fachada posterior do edifício apresenta a particularidade de assentar e aproveitar o paramento externo da cerca urbana medieval.
Foto: Wikipedia – Manuel Barreira
■ Forte de S. Neutel
Arquitectura militar, seiscentista. Forte tipo Vauban, com dupla linha defensiva e fosso interno, com uma configuração estrelada semelhante à do vizinho Forte de São Francisco. Foi mandado construir pelo General Andrade e Sousa uns anos depois do Forte de São Francisco, no ano de 1664, para reforçar a proteção dos arredores da cidade.
De salientar a fonte de mergulho implantada no fosso interior com faces abertas por arcos sobre pilares.
Foto: Wikipedia – Manuel barreira
■ Castelo de Santo Estêvão
As primeiras referências a este local datam do século XI e mencionam uma propriedade rural de grandes dimensões, eventualmente fortificada. Em 1212, já o castelo existia, pois foi neste ano conquistado por Afonso IX de Leão, no processo de pretensa defesa dos direitos de sua filha, a Infanta D. Teresa. Durante dezanove anos, a fortaleza esteve na posse do monarca castelhano, só sendo restituída à coroa portuguesa em 1231, data em que se celebrou o acordo de paz do Sabugal. A posição estratégica de Santo Estêvão determinou que alguns dos contactos entre as duas coroas peninsulares passassem por ele, como aconteceu em 1253, quando D. Afonso III se deslocou ao castelo para receber a sua futura esposa, D. Beatriz.
Foto: Wikipedia – Joao Carvalho
■ Igreja de São João de Deus
Igreja de planta centrada de devoção real de S. João de Deus. Em 1647 existia ali o Hospital Real para os soldados e oficiais dos Regimentos de Infantaria e Cavalaria da guarnição da Praça de Chaves e era dirigido pelos frades da Ordem de São João de Malta. Entre 1720 / 1721, D. João V manda construir a igreja anexa, tendo-se as obras prolongados por vários anos. 1834 – depois da extinção das ordens religiosas e dos frades terem deixado o culto, a igreja foi várias vezes profanada. Em meados do séc.XX sofreu várias obras de restauro, grandemente impulsionadas por D. Maria Magalhães e da responsabilidade do Arq. Inácio Magalhães. Terá aí funcionado a 1ª escola de Medicina do país. O seu estilo arquitectónico é o Barroco, tem uma fachada linda e no seu fontão ostenta as Armas Reais.
Foto: skyscrapercity – Miguel Arq
■ Museu da Região Flaviense
O Museu da Região Flaviense está albergado no interior de um palácio do século XV, o Paço dos Duques de Bragança, situado no Centro Histórico da cidade na Praça de Camões. No seu interior estão expostos uma grande variedade de restos arqueológicos com um alto valor histórico e científico, da Idade de Bronze, Idade do Ferro e da Romanização, além das colecções de numismática, utensílios, trajes rurais e pinturas de Nadir Afonso, natural de Chaves. Nas instalações do palácio encontra-se a Biblioteca Municipal.
Museu Flaviense e Paços dos Concelho (em frente)
Foto: Panoramio – Olegario
■ Termas de Chaves
As Caldas de Chaves são um dos centros termais mais importantes de Portugal, as suas águas são consideradas as mais quentes da Europa por nascer a mais de 70º C. Encontram-se situadas no Largo das Caldas, a escassos 200 metros do Centro Histórico de Chaves, na margem direita do Rio Tâmega. Estão especialmente indicadas para as doenças do aparelho digestivo, reumáticas, musculares e esqueléticas. O complexo termal está envolvido por uma paisagem de beleza incontestável, e possuí duas estruturas de visita obrigatória: A Fonte do Povo, fonte exterior onde se pode beber a água directamente da nascente e a Buvete. Para saber mais informações visite o site oficial: Termas de Chaves
Foto: diariatual.com
■ Capela de Nossa Senhora do Loreto
Esta Capela é conhecida popularmente como Capela de Santa Cabeça. Data de 1696 e foi fundada pelo Abade de Monforte, João de Prada, que instituiu o respectivo Morgadio, e nela foram depositadas as relíquias de São Bonifácio Mártir. Arquitectura religiosa, maneirista. Capela de planta longitudinal simples, com coro-alto. Fachada principal com cunhais apilastrados, remate em frontão e rasgada por portal de verga recta encimado por frontão, sobrepujado por pequeno óculo. Existência de sineira. Cobertura em falsa abóbada de berço abatido em caixotões pintados e retábulo de talha dourada barroco, de estilo nacional. Está situada na Praça de Camões, enfrente do Castelo de Chaves.
Foto: Flickr – Lisbon Visitor/Miguel
■ Capela de Nossa Senhora da Lapa
A Capela de Nossa Senhora da Lapa foi construída no século XVIII e é um templo barroco de planta longitudinal de uma só nave. Situa-se próxima ao Forte de São Francisco, em uma colina frente a zona medieval da cidade, no Largo da Lapa. No seu interior destaca um retábulo neoclássico de talha branca e dourada.
Foto: Wikipedia – Manuel Barreira
Gastronomia
Entre os pratos típicos e os produtos gastronómicos de Chaves e do Alto Tâmega podem-se referir o presunto de Chaves e Barroso, o salpicão, as linguiças, as alheiras, a posta barrosã, o cabrito assado ou estufado, o cozido à transmontana, a feijoada à transmontana, os milhos à romana, as trutas recheadas com o famoso presunto de Chaves, os Pasteis de Chaves e o Folar, uma iguaria à base de massa fofa recheada de carne de porco, presunto, salpicão e linguiça, o Pão de centeio, Couve penca, Batata de Trás-os-Montes, mel e o seu apreciado vinho.
Vá visitar, Vale a pena!
Foto: Chaves Blogs – Fernando Ribeiro
Mais informações no Site Oficial do Município do Concelho de Chaves
Fontes e Fotos: Wikipedia; Picasa; Olhares; Flickr; Trekearth; http://cidadechaves.no.sapo.pt/
http://www.cm-chaves.pt/; http://www.skyscrapercity.com/; http://www.guiadacidade.pt/; http://chaves.blogs.sapo.pt/; http://www.aportugal.com/; outros
Sempre que viajamos seja física ou virtualmente (através por exemplo da leitura), alargamos os nossos horizontes, pois vamos conhecer novos locais, novos costumes, novas realidades e gentes. Aumentamos o nosso conhecimento e enriquecemos interiormente.
Publicada por Maria Rodrigues