O vereador Augusto Amador, acompanhado por várias figuras políticas e empresariais da cidade de Newark, apresentou em conferência, que teve lugar no restaurante Mediterraneo Manor, nesta cidade, o projecto de construção de um monumento que tem por objectivo homenagear todas as comunidades emigrantes que passaram pelo Ironbound, entre elas a portuguesa.
Durante este encontro, os mentores da iniciativa contaram também com a presença do Cônsul Geral de Portugal em Newark , Delaware e Pennsylvania, Dr. Pedro Soares de Oliveira (na foto à direita) que viu nesta iniciativa uma justa homenagem à comunidade emigrante portuguesa, que ao longo de centenas de anos, ajudaram a fundar e a desenvolver este País.
A estátua vai ser construída pelo escultor e também médico, engenheiro genético, músico e pintor, Camilo Satiro (na foto, o 2º à esq.), que nasceu em Israel e residiu no Brasil durante 11 anos. Estudou Artes Plásticas na Academia de Artes de Florença, Itália, e vive nos Estados Unidos há 30 anos.
Ao lado do escultor, estão ainda os membros directivos deste projecto, mais concretamente Seth A. Grossman (na foto, 1º à esq.), IBID Executive Director and Chief “The Ironbound Business Improvement District”, e o vereador Augusto Amador (na foto, ao centro), que contam com o apoio de várias entidades públicas e privadas, bem como com os apoios do vereador geral de Newark, Luís Quintana (na foto, 2º à direita) e do empresário e líder comunitário Renato Baptista (na foto, 1º à dir.), para que nas “Comemorações dos 350 anos da Cidade de Newark”, que se realizam este ano, se possa também homenagear todos aqueles que pelas mais variadas razões, não hesitaram em dobrar fronteiras, contribuindo com a sua luta e com o seu trabalho para o reconhecimento da cidade.
O local designado para erigir a estátua, foi o “triângulo” das “cinco esquinas” entre a Igreja Luterana de St. Stephan’s, e o Andros Diner.
A cidade de Newark, no estado de New Jersey, possui um bairro chamado Ironbound que tem uma população de 60 mil habitantes. É conhecido por ser um bairro português e com razão, já que as raízes portuguesas na área são profundas, tendo os primeiros emigrantes lusos chegado a esta cidade na década de 1910.
Porém, desde 1820 que por aqui passaram comunidades de mais de 40 países, entre elas alemães, irlandeses, italianos, polacos, judeus, lituanos, portugueses, espanhões, brasileiros, equatorianos, mexicanos e outros mais, que com sangue, suor e lágrimas, contribuiram para o desenvolvimento desta grande cidade.
Chegaram a esta terra pelos mais variados motivos. Vinham em busca de uma vida mais digna para si e para os seus familiares. Muitos, enfrentaram dificuldades e lutas por mares, caminhos e atalhos desconhecidos e cheios de perigo, e passaram noites, mal dormidas e, às vezes, ao relento, tiveram como cobertor as estelas do céu.
Augusto Amador, também ele filho de emigrantes, lembrou neste encontro que a inauguração do monumento está prevista para o mês de Setembro deste ano, cuja cerimónia está integrada no programa das “Comemorações dos 350 anos da Fundação da Cidade de Newark”, ponto de chegada de milhares de emigrantes que chegaram e continuam a chegar aos Estados Unidos.
Segundo o vereador Amador, “o Ironbound foi durante muito tempo, centro de acolhimento de emigrantes que vieram da Europa, mas também do Sul da América. A cidade de Newark conta com uma grande comunidade afro-americana que vieram do Sul deste País para trabalhar nas fábricas, construção e em outros trabalhos. Assim e numa altura em que estamos a atravessar uma fase de transição, em que a população do Ironbound começa a sofrer os efeitos da “globalização” com a chegada de novas comunidades e culturas, decidimos reconhecer o trabalho que foi feito por naqueles que aqui chegaram primeiro e construiram”, concluiu.
Seth A. Grossman, Executive Director and Chief “The Ironbound Business Improvement District”( IBID) e parceiro do vereador Augusto Amador nesta iniciativa, lembrou durante a sua alocução que este projecto orçado em 250 mil dólares, para além de homenagear merecidamente , o esforço dos emigrantes, que vieram de longes terras para aqui, “é também uma bonita forma de homaneagear os nossos antepassados que, graças a eles, esta terra também é nossa”, disse.
Esta iniciativa começa a despertar o interesse de várias figuras públicas e privadas da cidade de Newark, devido ao facto de muitos dos seus antepassados também terem trilhado um caminho ao longo do qual deixaram erguida uma verdadeira epopeia que até aos dias de hoje, ninguém parece ter entendido na sua verdadeira dimensão.
Mas o facto é que esta iniciativa pode servir de exemplo para que os mais jovens que oxalá, saibam interpretar como deve ser, o trabalho daqueles que também ajudaram a criar, não só o bairro mais comercial e dinâmico de Newark, mas que também ajudaram a desenvolver esta que é considerada não só a maior cidade do estado de New Jersey, mas também a maior cidade da Área Metropolitana de New York.
Porém, alguém disse que “uma sociedade que não lembra o passado não merece ter futuro”, sobretudo, aqui e agora, quando se anota em cada dia que passa, as muitas razões que a comunidade emigrante tem para celebrar o passado, como é o caso.
Newark não é uma cidade qualquer
Com uma população de cerca de 300 mil habitantes, Newark possui várias áreas centrais de importância, a exemplo do distrito de negócios no centro, a zona dinâmica e comercial do Ironbound, o distrito de University Heights, o aeroporto e o porto marítimo. A zonas urbanas periféricas de Manhattan, East Orange, Irvington, Elizabeth, Jersey City e Union são também fontes importantes de empregos para os residentes de Newark.
Newark é o terceiro maior centro Estadunidense de seguradoras, depois de Nova York e Hartford. Para além das empresas “Prudential Financial” e “Mutual Benefit Life”, que continuam implantadas na cidade, Newark é também sede para muitas outras empresas, incluindo a “International Discount Telecommunications”; “Panassonic”; “New Jersey Transit”; “Public Service Enterprise Group (PSEG)”, a “Horizon Blue Cross and Blue Shield of New Jersey”. No campo cultural e desportivo, Newark, conta também com o “New Jersey Performing Arts Center”, e o “Prudential Center”, bem como com inúmeros clubes e associações étnicas que dão um “colorido” muito especial à vida cultural da cidade.
Apesar de não possuir a base colossal industrial do passado, Newark mantém uma actividade laboral consideravél. A indústria dos serviços também está a crescer rapidamente e a substituir algumas das indústrias, que outrora eram o motor da economia desta cidade, que muitos “alcunham”, como, “a Cidade das Cerejeiras”.
JM/The Portugal Times, 8 de fevereiro de 2016