Senador pelo Texas ganhou no seu estado e roubou Oklahoma ao líder da corrida, que saiu vitorioso em sete dos estados a votos esta terça-feira. Marco Rubio só ganhou em Virginia, com novas sondagens a preverem a sua vitória no estado-natal da Florida a 15 de março. Trump promete ir atrás de “uma só pessoa quando tudo terminar”: Hillary Clinton, pois claro.
Começa a ser impossível contornar as evidências de que Donald Trump não vai a lado nenhum e que, contra os desejos de muitos dentro do Partido Republicano e de todos os democratas, veio para ficar.
Nesta Superterça-feira, madrugada de quarta em Portugal, o magnata terá garantido vitórias em sete dos 12 estados a irem a votos em primárias e caucuses. De acordo com as contagens de votos, Trump venceu em Georgia, Alabama, Tennessee, Massachusetts, Arkansas, Virginia e no Vermont, com os resultados do caucus republicano do Alaska ainda por definir.
Ted Cruz, o único dos seus quatro rivais na corrida que já lhe conseguiu roubar um primeiro lugar (no Iowa, o primeiro estado a ir a votos, a 1 de fevereiro), saiu vitorioso no Texas, o estado que representa no Senado, e em Oklahoma — duas importantes derrotas para Trump, algo inesperadas e que representam um dilema para os republicanos.
“Esta noite foi outro ponto decisivo e os eleitores falaram”, declarou Cruz ao confirmar as suas duas vitórias face às sete de Trump na corrida pela nomeação do partido. “Amanhã de manhã [esta quarta-feira] temos uma escolha. Enquanto o campo continuar dividido, o caminho de Donald Trump para a nomeação [republicana] vai permanecer dividido. E isso seria um desastre para os republicanos, para os conservadores e para a nação”, sublinhou o senador pelo Texas, pedindo aos restantes rivais — Marco Rubio, John Kasich e Ben Carson — que desistam da corrida e o apoiem para fazer subir as hipóteses de derrotar Trump.
Apesar de Rubio apenas ter saído vitorioso no Minnesotta, o facto de a maioria dos estados distribuir o número de delegados eleitorais pelos candidatos mais votados, em vez de os concentrar em apenas um, dá-lhe algumas garantias — tal como a Cruz — de virem a sair-se melhor nas próximas fases. Ainda assim, o desafio tornou-se mais complicado depois da série de vitórias do grande rival.
Neste momento, sondagens apontam que Rubio vai ganhar no próximo dia 15 de março na Florida, estado pelo qual é senador, um dos poucos de entre os 50 estados norte-americanos que atribui a totalidade dos delegados em jogo ao candidato que fica em primeiro lugar na votação. É nisso que os republicanos estão concentrados agora para não perderem o seu “candidato do sistema”, o único que veem como capaz de derrotar Trump e até Cruz.
Porém, é possível que nem isso seja suficiente para evitar o que Cruz pediu, que é a concentração de votos e apoios no senador do Texas como uma das únicas formas de garantir que Trump não consegue a nomeação republicana para disputar a Casa Branca com o rival democrata. Para obter a nomeação do Partido Republicano, um candidato precisa de um mínimo de 1237 delegados eleitorais que o representam no encontro nacional marcado para julho. Neste momento, Donald Trump tem 274 delegados, após somar 192 na Superterça-feira, contra um total de 149 já garantidos por Cruz e 82 por Rubio.
“Assim que tudo [primárias, caucuses e a convenção nacional republicana] terminar, irei atrás de uma pessoa e essa pessoa é Hillary Clinton”, prometeu Trump, após dar os parabéns ao rival Cruz e de voltar a gozar com o “peso pluma” que é Rubio num discurso na Florida — onde já está a apostar todas as fichas embora haja ainda dez estados a votarem em primárias e caucuses republicanos antes desse (os jornalistas não puderam deixar de notar na cara de nojo de Chris Christie durante esse discurso, dias depois de decalarar o seu apoio formal so candidato).
A julgar pelas mais recentes sondagens, contudo, poderá não ser bem assim como declarou em tom vitorioso: neste momento, inquéritos de opinião continuam a mostrar que Trump será derrotado em novembro por qualquer um dos dois candidatos democratas que vença a nomeação, seja Hillary Clinton ou Bernie Sanders.
CNN/AFP/TPT/Reuters/Joana Azevedo Viana/Expresso/ 2 de Março de 2016