Al-Falih substitui o histórico ministro do petróleo da Arábia Saudita

Al-Naimi foi ministro do petróleo do maior produtor do mundo durante mais de 20 anos. Vai ser substituído pelo presidente da Saudi Aramco mas não se esperam alterações de política da Arábia Saudita.

 

 

Assumiu a pasta do petróleo do Governo saudita em 1995 e sai num dos momentos mas difíceis para aquele que é o maior produtor de petróleo do mundo.

 

 

No âmbito de remodelação governamental, a Arábia Saudita anunciou que Ali Al-Naimi (na foto) vai ser substituído por Khalid Al-Falih, que é o presidente do conselho de administração da Saudi Aramco, a petrolífera estatal.

 

 

Quem segue o mercado petrolífero de perto há muito que está habituado a ouvir as declarações de Al-Naimi, que fazia mexer as cotações da matéria-prima como poucos.

 

 

Mas a saída de Al-Naimi não representa uma grande surpresa, já que o ex-ministro teria há muito pedido para deixar o cargo. Contudo, causa estranheza o “timing”, já que a saída de Al-Naimi acaba por ser pouco digna (no meio de uma remodelação do Governo) e porque está agendada para Junho uma importante reunião da OPEP.

 

 

Diz o Financial Times que a saída de Al-Naimi surge numa altura de maior oposição do ministro com o príncipe Mohammed bin Salman, que também vê os seus poderes reforçados com esta remodelação.

 

 

Foi precisamente o filho do rei saudita que delineou um plano para reduzir a dependência do reino do petróleo no espaço de 15 anos e e que passa, entre outras medidas, pela privatização da petrolífera estatal Saudi Aramco, que tem uma avaliação de 2 biliões de dólares.

 

 

A influência do príncipe Mohammed bin Salman no mercado petrolífero da Arábia Saudita tem crescido nos últimos meses, retirando margem ao todo poderoso Al-Naimi. Um exemplo foi a intervenção de última hora do príncipe que cancelou o plano para o congelamento da produção de petróleo por parte dos maiores produtores do mundo.

 

 

“O que aconteceu em Doha [onde decorreu a última reunião da OPEP] foi um claro sinal que já não era Al-Naimi a tomar as decisões importantes”, comentou ao Financial Times um especialista do sector.

 

 

Al-Naimi sempre foi um defensor de equilíbrio entre a procura e oferta de petróleo, uma situação que não se verifica nesta altura, pois a Arábia Saudita e outros membros da OPEP recusam baixar a produção com o objectivo de eliminar os novos produtores da matéria-prima, sobretudo nos Estados Unidos. Uma política que tem resultado numa queda nos preços do petróleo, já que a oferta é nesta altura superior à procura.

 

 

Agora o novo homem-forte do petróleo saudita é Khalid Al-Falih, que lidera a Saudi Aramco, empresa estatal onde trabalha há mais de 30 anos. Não é só o ministro que muda, já que o nome da pasta também foi alterado, passando para ministério da Energia, Indústria e Recursos Minerais.

 

 

Ainda assim, segundo nota a Bloomberg, não são de esperar grandes alterações na política da Arábia Saudita no mercado petrolífero, já que o reino tem mostrado poucas preocupações com a baixa cotação da matéria-prima. No início deste ano Al-Falih garantia que a Aramco poderia lidar com os baixos preços do petróleo “durante muito, muito tempo”.

 

 

Contudo, a baixa nas cotações do petróleo obrigou a Arábia Saudita a tomar medidas pouco habituais, como o aumento de impostos sobre os combustíveis e cortes na despesa pública. O défice orçamental do ano passado terá sido o mais elevado desde 1991 e o FMI estima que o PIB da Arábia Saudita cresça apenas 1,2% este ano (ritmo mais baixo desde 2002).

 

 

TPT com: Lisi Niesner//Bloomberg/Financial Times//Nuno Carregueiro//Jornal de Negócios/ 7 de Maio de 2016

 

 

 

 

 

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