Onda recente de polémicas afunda Donald Trump nas sondagens para presidente dos Estados Unidos

O fosso nas sondagens entre Hillary Clinton e Donald Trump aumentou consideravelmente, com as sondagens a nível nacional a colocar a candidata democrata entre 9% e 14% acima do seu adversário do Partido Republicano. Ao nível dos estados, Donald Trump também perde terreno nalguns swing-states como a Florida, o Ohio ou a Pennsylvania.

 

 

Estes números surgem na sequência de Donald Trump ter posto em causa o discurso e a postura de Khizr Khan, um muçulmano cujo filho morreu a serviço dos EUA no Iraque, com quem acabou por se envolver numa troca de palavras. Além disso, demonstrou que não está inclinado para apoiar Paul Ryan e John McCain, duas das figuras mais destacadas do Partido Republicano, nas eleições primárias que enfrentam nos seus Estados.

 

 

Entre 3 e 4 de agosto foram publicadas três sondagens que provam que os mais recentes incidentes da campanha de Donald Trump prejudicaram os números da sua candidatura e resultaram numa subida de Hillary Clinton. Naquela que foi a primeira sondagem da Fox Newsrealizada após as convenções dos dois partidos, Hillary Clinton surge com 44% das preferências de voto a nível nacional, contra 35% para Donald Trump. Em terceiro, aparece Gary Johnson, do Partido Libertário, com 12%.

 

 

Na sondagem da NBC com o Wall Street Journal de 4 de agosto, ficou determinado que 47% dos eleitores vão votar em Hillary Clinton e 38% vão escolher Donald Trump. O fosso aumenta ainda mais na sondagem da McClatchy, lançada na mesma data, onde a candidata democrata aparece com 48% e o republicano com 33%. Ou seja, distam 15% um do outro — um resultado particularmente assinalável tendo em conta que numa sondagem realizada no mês anterior pela mesma agência, Hillary Clinton tinha apenas 3% de vantagem sobre Donald Trump.

 

 

Neste momento, de acordo com o Huffington Post Pollster, que agrega os resultados de todas as sondagens relevantes dos EUA e faz uma média delas todas, Donald Trump perderia nas eleições de 8 de novembro ao conquistar 39,8% dos votos, aquém dos 47,2% de Hillary Clinton.

 

 

A bem da comparação, recorde-se que Barack Obama venceu John McCain em 2008 com uma vantagem de 7,2%; e foi reeleito com mais 3,9% dos que Mitt Romney, em 2012. Mas nem sempre as percentagens a nível nacional são o indicador mais correto. Afinal de contas, em 2000, George W. Bush saiu vitorioso apesar de ter ficado com menos 0,5% do que Al Gore.

 

 

Por isso mesmo, importa ver as sondagens nalguns estados onde há pouca tradição de um único partido e que, por isso, podem pender para cada lado. São conhecidos como os swing-states — e, segundo as sondagens, também aqui o vento sopra a favor de Hillary Clinton. Entre estes, Hillary Clinton tem uma vantagem de 9% no Michigan; 11% naPennsylvania; e 15% no New Hampshire.

 

 

São boas notícias para Hillary Clinton. Mas não são as únicas. Na Florida, o estado que foi decisivo nas eleições de 2000, uma sondagem de 4 de agosto coloca-a com 6% de vantagem sobre Donald Trump. Segundo os cálculos do The New York Times, se Hillary Clinton vencer na Florida, é certo que será a 45º Presidente dos EUA.

 

 

Nos EUA, fala-se de uma possível desistência de Donald Trump

 

 

Vários membros destacados do Partido Republicano estão “a explorar, ativamente” o que aconteceria se Donald Trump desistisse da corrida pela Casa Branca, tal é a confusão e a frustração que muitos sentem perante a estratégia recente do candidato. A ABC News é apenas um dos órgãos de comunicação social nos EUA que escreve sobre esta possibilidade, mas Donald Trump garante que a sua campanha está “mais unida do que nunca”.

 

Onda recente de polémicas afunda o candidato republicano Donald Trump nas sondagens 2

A última semana foi terrível para Trump, algo que se poderá ter refletido nas sondagens — a CBS coloca-o bem atrás de Hillary Clinton (46% vs 39%), quando há poucas semanas apontava para um empate entre os dois candidatos. Em termos mediáticos, o caso mais penalizador terá sido as críticas de Trump à família de um soldado de origem muçulmana que se inscreveu no exército quatro dias depois do 11 de setembro e que morreu no Afeganistão.

 

 

Os familiares apareceram na Convenção Democrata para criticar Trump pela sua proposta de introduzir uma proibição temporária para a entrada de muçulmanos nos EUA, algo que Donald Trump criticou duramente.

 

 

Numa entrevista à ABC News, Donald Trump foi questionado pelo facto de ter dito que o pai do soldado Humayun Khan “não fez qualquer sacrifício” pelo país. Por seu turno, Trump, esse sim, sacrificou-se através do seu trabalho como empresário, que permitiu dar emprego “a milhares e milhares de pessoas”.

 

 

Trabalho muito, muito duramente. Criei milhares e milhares de empregos, dezenas de milhares, construí grandes estruturas. Tive um sucesso tremendo. Penso que conquistei muito”

 

 

Algumas das críticas mais fortes a Trump, por causa deste incidente, vieram do ex-candidato Republicano e senador John McCain. “Ainda que o nosso partido lhe tenha atribuído a nomeação, isso não significa que [Trump] tenha carta branca para difamar aqueles que estão entre os nossos melhores cidadãos. Não tenho palavras suficientes para vincar quanto eu discordo com a declaração do Sr. Trump”, afirmou John McCain, num comunicado emitido na segunda-feira.

 

 

A controvérsia terá sido um enorme tiro no pé por parte do candidato republicano, mas a gota de água para muitas pessoas no Partido Republicano foi a indicação por parte de Donald Trump de que não se sente confortável em apoiar Paul Ryan nas primárias do partido no Wisconsin, num processo eleitoral que está a decorrer para os organismos estaduais.

 

 

Nas últimas horas, surgiu a informação de que, ao contrário de Trump, o seu parceiro de corrida Mike Pence apoia Paul Ryan.

 

 

Pelo meio, o caso caricato de Donald Trump a pedir a uma mulher que abandonasse a sala onde estava a fazer um discurso, por ter ao colo um bebé que estava a chorar.

 

 

Mas como poderia Donald Trump desistir, ou ser forçado a desistir? Segundo a ABC News, o empresário teria de abandonar a corrida por sua própria iniciativa. Não existe qualquer mecanismo previsto para retirar a nomeação a Trump pelo que, segundo um especialista jurídico contactado pelo canal televisivo, Trump teria de desistir até setembro, para dar tempo ao Partido para encontrar um substituto.

 

 

Contudo, ao garantir que o partido “está mais unido do que nunca”, Trump parece descartar a hipótese de desistir. Isto apesar de notícias de que muita gente na campanha estava muito desanimada e que Trump estaria prestes a “meter a viola no saco”.

 

 

TPT com: AFP//Lusa//ABC News// João de Oliveira Dias//Edgar Caetano//Observador// 6 de Agosto de 2016

 

 

 

 

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