O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, afirmou que a Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) foi um “tema cimeiro” no encontro que teve esta sexta-feira com o vice-Presidente de Angola, além das relações económicas e financeiras.
“Esse foi um tema cimeiro [a CPLP], além das relações bilaterais económicas e financeiras entre Portugal e Angola, que são muito intensas”, afirmou aos jornalistas Marcelo Rebelo de Sousa.
Marcelo Rebelo de Sousa recebeu esta sexta-feira o vice-presidente de Angola, Manuel Vicente, durante cerca de uma hora no consulado português no Rio de Janeiro, onde ambos se encontram para a abertura dos Jogos Olímpicos, num encontro que não estava previsto na agenda que foi divulgada da visita do Presidente português ao Brasil.
“Havendo uma nova estratégia para a CPLP com a presidência brasileira, Angola, tal como Portugal, tem aí um protagonismo muito importante. Portugal faz a ponte, com a União Europeia, e não se esqueçam que Portugal tem defendido o acordo entre a União Europeia e o Mercosul – e Angola tem um papel importante de ponte com a União Africana”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa.
“Se queremos uma plataforma entre continentes tem de ser uma plataforma global”, declarou o Chefe de Estado português que hoje instou o Brasil a assumir a liderança da CPLP e preconizou para a comunidade um cunho “mais económico”.
No encontro com Manuel Vicente estiveram também o ministro das Relações Exteriores de Angola, Georges Chikoti, e o embaixador de Angola no Brasil, Nelson Cosme.
À saída do Palácio de São Clemente, no bairro de Botafogo, Manuel Vicente recusou fazer declarações à imprensa.
Marcelo insta Brasil a assumir a liderança de uma CPLP “mais económica”
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, defendeu esta sexta-feira uma Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) “mais económica” e instou o Brasil a assumir a liderança, sublinhando que se trata de um “instrumento diplomático poderosíssimo”.
“Todos nós esperamos, portugueses, e outros países irmãos da CPLP, que o Brasil assuma a liderança. Uma potência mundial tem de tirar proveito de todos os instrumentos diplomáticos que tem e a CPLP é um instrumento poderosíssimo que o Brasil deve utilizar”, afirmou aos jornalistas o Chefe de Estado português, no terceiro dia de uma visita de seis dias ao Brasil.
Antes de almoçar com cerca de 30 empresários luso-brasileiros, Marcelo Rebelo de Sousa sublinhou os sinais de crescimento que vê surgir na economia brasileira enquanto uma oportunidade para empresas portuguesas.
Questionado sobre a expectativa que tem para a cimeira da CPLP, que o Brasil organizará em novembro, em local e data ainda a definir, o Presidente respondeu: “Tenho uma expectativa muito lata, mas depende do Brasil. Está nas mãos do Brasil”.
“Há países de todos os continentes a querer entrar na CPLP como observadores – o Japão, a República Checa, a Hungria, países africanos, países asiáticos. Não faz sentido não aproveitar para redefinir a estratégia da CPLP. Tem de ser uma estratégia mais económica”, afirmou.
“A língua é fundamental, a cultura, a educação, tudo isso é importante, mas a economia, finanças, tecnologia, ciência, é o futuro”, frisou.
Marcelo vê sinais de crescimento na economia brasileira que considera importantes para Portugal: “Significa aumento de comércio, onde caiu foi importação/exportação, sobretudo exportação portuguesa para o Brasil”.
“Isso mudando, com o crescimento brasileiro, é importante para Portugal. Por outro lado, há projetos para aumentar a relação no plano do investimento. A AICEP (Agência para o Investimento e Comércio Externo), em Portugal, ligada com as instituições brasileiras, estão agora a programar um salto em termos de projeto de investimento”, afirmou.
Esse investimento será em vários domínios, apontou, desde a “exploração de recursos naturais até às PME [pequenas e médias empresas] e o que se chama ‘start up’”.
“Em torno das Olimpíadas nós encontrámos empresas portuguesas na organização da abertura, nas medalhas, numa série de estruturas, que são empresas e PME que têm perspetivas. A construção civil tudo indica que vai aumentar no Brasil, isso é bom para as construtoras portuguesas”, sustentou.
Apesar de experiências anteriores como a da PT, Marcelo aconselharia empresas portuguesas a investirem no Brasil e defende que “há domínios em que é possível ir mais longe na colaboração”, mas que “não serão, porventura, as grandes empresas”.
“Há muitas médias empresas a entrar no Brasil”, disse.
Entre os empresários presentes no almoço oferecido por Marcelo Rebelo de Sousa no Palácio de São Clemente, o Consulado de Portugal no Rio de Janeiro que se situa no bairro de Botafogo, estiveram representantes do Grupo Guanabara Diesel, Supermercados Guanabara, Restaurantes Itahy, COBA Group, Petrogal Brasil, CASAIS Brasil, Universidade Lusófona Brasil.
A Teixeira Duarte, o Vila Galé Rio de Janeiro, os Supermercados Mundial, Supermercados Real, Transportes Galo Branco, Banco BBM, a FIRJAN Internacional, foram outras das empresas representadas, bem como a Associação Comercial do Rio de Janeiro, presidida por Paulo Protásio.
TPT com: AFP//DD//Lusa//Público//Observador// 6 de Agosto de 2016