Rússia e Arábia Saudita têm acordo para o petróleo, mas não o mostram

Foi dado nos últimos dias “um grande passo” no sentido do reequilíbrio do mercado petrolífero, há vários anos fortemente pressionado pelo aumento da oferta e pela indisponibilidade da OPEP para cortar as quotas de produção. A Arábia Saudita e a Rússia têm um acordo para colaborar de forma estreita na monitorização dos mercados e para tomar medidas caso seja necessário. Que medidas? Responsáveis escondem, para já, o jogo.

 

 

O anúncio foi feito, inicialmente, pelos responsáveis sauditas, após um encontro bilateral na China. Mas o ministro da Energia russo, Alexander Novak, já veio dar mais detalhes sobre as decisões tomadas esta segunda-feira. Eis o que se sabe:

 

 

  • Ministros da Energia da Arábia Saudita e da Rússia assinaram um acordo, após um encontro bilateral na China. No final, as partes indicaram que o “encontro foi produtivo” e ajudou a “aproximar” as duas forças.

 

  • O responsável saudita indicou que a Rússia e a Arábia Saudita demonstraram, com esta reunião, que existe uma “relação excelente” entre os dois países. Para “evitar uma catástrofe”, que penalizaria “consumidores e produtores”, os países vão “trabalhar em conjunto” para promover a “estabilidade” dos preços.

 

  • A Rússia indicou que os dois países estão a entrar numa “nova era de cooperação no mercado energético”. Mas também não divulgou quaisquer detalhes sobre o acordo que foi celebrado.

 

  • O que se sabe, em concreto, é que deverá ser criado um grupo de trabalho para dar sequência ao resultado da reunião de hoje. Além disso, na próxima reunião da OPEP, em novembro, haverá uma reunião simultânea entre os ministros da Rússia e da Arábia Saudita.

 

  • O ministro russo, Alexander Novak, já reconheceu que foi discutida a possibilidade de um congelamento das quotas de produção. A Rússia está disposta a participar num acordo desse género.

 

 

A bola segue, agora, em certa medida, para o campo do Irão (membro da OPEP, como a Arábia Saudita), que viu as sanções internacionais serem levantadas e, portanto, também está a fazer chegar o seu petróleo ao mercado mundial.

 

 

Os preços do petróleo, que estavam a subir mais de 5,5% ao início da manhã (quando se soube que iria haver um anúncio), continuaram a subir após o comunicado. Contudo, por não haver medidas concretas anunciadas, a cotação já só sobe apenas 3,3% para 45,94 dólares por barril.

 

 

No fim de semana já tinha sido noticiado que a Arábia Saudita e aRússia estariam disponível para cooperar com o objetivo de assegurar a estabilidade do mercado petrolífero. Essa estabilidade no preço do petróleo é impossível, disse o influente príncipe Mohammed bin Salman, sem que exista uma cooperação entre os dois países.

 

 

“Os nossos países são os dois maiores produtores de petróleo, portanto não pode haver uma política estável na esfera do petróleo sem a participação da Rússia e da Arábia Saudita”, afirmou o príncipe, acrescentando que os países devem manter um “diálogo permanente”.

 

russia-e-arabia-saudita-tem-acordo-para-o-petroleo-mas-nao-o-mostram-2O príncipe da coroa saudita, Mohammed bin Salman (em 1º plano na foto), poderá assumir o lugar do seu pai, o Rei da Arábia Saudita, ainda em 2016, especulam alguns jornais.

 

 

Os preços do petróleo chegaram a descer para menos de 27 dólares no início deste ano, um reflexo de fatores como a indisponibilidade do cartel da OPEP (onde a Rússia não está) para reduzir as quotas de produção. O mercado petrolífero convive há alguns anos com as evidências de desaceleração da economia da China e com a nova produção norte-americana, fatores que estão a criar um excesso de oferta, em comparação com a procura. Sempre ficou claro que sem um acordo com a Rússia, a Arábia Saudita nunca iria permitir que o cartel reduzisse a produção. Quem irá pestanejar primeiro: Putin ou Arábia Saudita?, perguntámos, em janeiro.

 

 

Entretanto, nos últimos meses houve alguma recuperação nos preços do petróleo, para mais de 45 dólares.

 

 

TPT com: Reuters//Rolex De La Pena//AFP//Mikhail Klimentyev//AFP//Edgar Caetano//Observador//8 de Setembro de 2016

 

 

 

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