São vários os senadores republicanos que pedem a Trump para que desista da corrida à Casa Branca

Vários senadores republicanos pediram este sábado ao candidato presidencial do partido, Donald Trump, para abandonar a corrida presidencial, depois de ter sido divulgado um vídeo em que se ouve o magnata a fazer comentários considerados vulgares sobre mulheres.

 

 

Trump já fez entretanto saber que não pretende afastar-se da corrida à Casa Branca, segundo declarações que fez ao The Wall Street Journal nas quais diz haver “zero hipóteses de desistir”.

 

 

“O caráter importa. Donald Trump obviamente não vai ganhar. Mas pode fazer algo honroso. Sair e deixar entrar Pence”, afirmou na sua conta oficial do Twitter o senador Ben Sasse, do Nebrasca, aludindo ao governador do Indiana e aspirante republicado à vice-presidência, Mike Pence.

 

 

Também no Twitter, o senador republicano Mike Crapo manifestou opinião semelhante: “Não nos equivoquemos. Precisamos de uma liderança na Casa Branca. Isto Donald Trump a permitir ao Partido Republicano propor um candidato conservador como Mike Pence, que pode derrotar Hillary Clinton”.

 

 

O mesmo senador pelo Idaho condenou as “repetidas ações e comentários sobre mulheres” por parte de Trump.

 

 

Pedidos semelhantes foram feitos por Mike Lee, senador pelo Utah, e por Mark Kirk, do Illinois.

 

 

A nova polémica em torno de Trump surgiu por causa de um vídeo gravado em 2005 e divulgado na sexta-feira pelo jornal The Washington Post em que o empresário fala sobre as mulheres em termos considerados vulgares e machistas.

 

 

Entretanto, Trump já disse que o vídeo divulga uma conversa privada com anos e desculpou-se: “se alguém se sentiu ofendido”.

 

 

“Era uma conversa de vestuário, privada, que teve lugar há anos. [O ex-presidente] Bill Clinton disse-me coisas muito piores num campo de golfe”, disse ainda, num breve comunicado.

 

 

 

Mulheres bonitas? Donald Trump diz que as “agarra pela ****”

 

 

 

Donald Trump pediu desculpa ao eleitorado norte-americano e ao seu Partido Republicano pelos conteúdos de um vídeo gravado em 2005, que foi tornado público na sexta-feira, em que o candidato presidencial aparece a fazer comentários sexistas em relação às mulheres e, em particular, a uma atriz de novelas casada. Trump aparece a gabar-se, numa conversa com um primo de George W. Bush, que não consegue evitar beijar mulheres bonitas e que, sendo “uma estrela“, pode fazer o que quiser com elas e abordá-las da forma que lhe apetecer.

 

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“Grab them by the pussy” é uma expressão que poderá ficar para a história desta campanha eleitoral. A expressão, que significa como agarrar as mulheres pelas partes íntimas, foi utilizada por Donald Trump para descrever a forma como o magnata gostava de lidar com as mulheres bonitas que encontrava.

 

 

O vídeo, que foi publicado pelo The Washington Post na noite de sexta-feira, foi registado quando Donald Trump chegava a um estúdio onde iria ser gravado um talk show em que Trump iria ter a companhia de uma atriz, como convidados.

 

 

Donald Trump está a conversar com Billy Bush, o anfitrião do programa televisivo onde Trump iria aparecer. O magnata diz que tentou cortejar essa mesma mulher, uns anos antes, e que a levou “às compras de mobília” numa altura em que era casada. “Tentei ter sexo com ela, tentei muito, mas falhei, admito”.

 

 

Na aproximação da mulher, que os vai receber ao autocarro em que se deslocavam Trump e Billy Bush, Trump aparece a dizer que tem de usar rebuçados para o hálito porque tem uma tendência para começar a beijar as mulheres atraentes quando as vê.

 

 

Sou automaticamente atraído por mulheres bonitas. Desato a beijá-las, é como um íman. E quando se é uma estrela elas deixam-te fazê-lo. Podes fazer o que quiseres, até agarrá-las pela ****”.

 

 

A adversária de Donald Trump, a democrata Hillary Clinton, reagiu no Twitter às palavras do republicano. “Isto é horroroso. Não podemos permitir que este homem seja Presidente”, escreveu.

 

 

 

Donald Trump pede desculpa…

 

 

O candidato presidencial, que este domingo volta a enfrentar Hillary Clinton em debate, apareceu rapidamente na televisão a conter a chuva de críticas — vindas de Republicanos e Democratas. “Toda a gente que me conhece sabe que estas palavras não refletem aquilo que sou. Eu disse aquilo. Estava errado. Peço desculpa”.

 

 

Eu nunca disse que sou uma pessoa perfeita, nem finjo ser alguém que não sou. Já disse e fiz coisas das quais me arrependo e as palavras hoje divulgadas, que dizem respeito a um vídeo feito há mais de uma década, são algo de que me arrependo”.

 

 

Pouco depois de pedir desculpa, Trump aproveitou para relativizar os seus comentários e virou as atenções para as desventuras de Bill Clinton enquanto este estava na Casa Branca.

 

 

“Já disse coisas muito idiotas, mas há uma grande diferença entre palavras e ações. Bill Clinton abusou, efetivamente, de mulheres e a mulher dele, Hillary, ameaçou, intimidou e envergonhou as suas vítimas [de Bill]”, afirmou Donald Trump, acrescentando que “Bill Clinton disse coisas bem piores no campo de golfe”.

 

 

… e vários republicanos já o criticaram

 

 

Apesar de ser o candidato republicano das eleições deste ano, Donald Trump nunca foi unanimemente amado dentro do Partido Republicano. Se há alguns que o aceitaram com aparente facilidade (Chris Christie, governador de New Jersey, à cabeça deles todos), há outros que sempre demonstraram dificuldades em lidar com o controverso magnata nova-iorquino. Na sexta-feira, depois de o Washington Post ter tornado pública a polémica gravação de áudio de Donald Trump, estes últimos voltaram a repudiá-lo.

 

 

Entre estes, está Paul Ryan, presidente da Câmara dos Representantes, e o republicano que atualmente ocupa o cargo político mais alto dos EUA, entre aqueles que são sujeitos a eleições. “Estou enojado pelo que ouvi hoje. As mulheres devem ser defendidas e admiradas, não objetificadas. Espero que o senhor Trump trate desta situação com a seriedade que ela merece que que trabalhe para demonstrar ao país que ele respeita mais as mulheres do que aquela gravação sugere”, comentou na sexta-feira.

 

 

Em junho, quando a nomeação de Donald Trump ficou garantida após uma primárias concorridas (chegaram a ser 17 candidatos só no Partido Republicano), Paul Ryan apenas aceitou apoiar o empresário nova-iorquino depois de duas reuniões mediadas pelo presidente do Comité Nacional Republicano (na prática, o presidente do Partido Republicano), Reince Priebus.

 

 

Ora, Reince Priebus também esteve entre aqueles que falaram contra Donald Trump após a revelação deste áudio. “Nenhuma mulher deve ser descrita naqueles termos ou ser referida daquela maneira. Nunca”, disse num comunicado. Enquanto presidente do Comité Nacional Republicano, Reince Priebus foi a primeira figura de relevo dentro da estrutura do partido a abrir os braços a Donald Trump, assim que ficou claro que era ele quem iria ganhar as primárias.

 

 

Quem nunca abriu os braços a Donald Trump foi o candidato presidencial dos republicanos de 2012, o ex-governador do Massachusetts Mitt Romney. Eis o que escreveu no Twitter: “A fazer-se a mulheres casadas? A defender um ataque [sexual]? Degradações vis como estas desrespeitam as nossas mulheres e as nossas filhas e corrompem a cara da América para o mundo“.

 

 

A lista de ilustres figuras do Partido Republicano que criticaram Trump continua. Mitch McConnell, líder dos republicanos no Senado, onde têm maioria, disse: “Como pai de três filhas, eu acredito convictamente que Trump precisa de pedir desculpa diretamente a todas mulheres e raparigas e assumir toda a responsabilidade pela completa falta de respeito pelas mulheres que ele demonstrou nos comentários daquela gravação”.

 

 

Alguns dos adversários de Donald Trump nas primárias deste ano também aproveitaram a ocasião para criticá-lo mais uma vez. Jeb Bush, o ex-governador da Florida que desistiu precocemente das primárias logo no primeiro mês, reagiu no Twitter: “Como o avô de duas preciosas meninas, eu acredito que nenhum pedido de desculpas pode justificar os comentários repreensíveis de Donald Trump, que denigrem as mulheres”.

 

 

Outro ex-adversário que se fez ouvir foi John Kasich, govenador do Ohio. “Que não haja margem para erro: os comentários são errados e ofensivos. São indefensíveis”.

 

 

 

Trump pede a doentes terminais que se aguentem até ao dia das eleições

 

 

É a mais recente polémica de Donald Trump. Num discurso esta quinta-feira em Reno, no Nevada, o candidato republicano à Casa Branca apelou ao voto de doentes terminais, dizendo não querer saber se as pessoas estavam doentes ou se tinham apenas duas semanas de perspetivas de vida, desde que se aguentassem até dia 8 de novembro e fossem votar.

 

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“Não quero saber se vieram do médico e ele vos deu a pior notícia possível, aguentem-se até dia 8 de novembro, saiam e vão votar”, disse, numa declaração já muito contestada.

 

 

“Não quero saber o quão doentes estão”, afirmou Trump. “Não me importa que tenham acabado de voltar do médico e que ele vos tenha dado o pior prognóstico possível. Mesmo que achem que só vão durar mais duas semanas. Não importa. Aguentem-se até ao dia oito de novembro, saiam e vão votar”, disse, Trump, afirmando depois que disse em tom de brincadeira mas que estava “a falar a sério”.

 

 

As sondagem continuam a indicar uma quebra de popularidade do candidato republicano, especialmente desde o último debate presidencial. A última sondagem da Reuters/Ipsos, divulgada na quarta-feira, dava conta de que a candidata democrata Hillary Clinton se encontra já a seis pontos percentuais acima do candidato republicano. O próximo debate presidencial entre Clinton e Trump realiza-se na madrugada de domingo para segunda.

 

 

 

TPT com: AFP//Washington Post// Jim Lo Scalzo//EPA//Lusa// João de Almeida Dias//Edgar Caetano//Observador// 8 de Outubro de 2016

 

 

 

 

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