Presidente da Colômbia conquista o Prémio Nobel da Paz 2016

Comité norueguês decidiu premiar o presidente colombiano, Juan Manuel Santos, com o Nobel da Paz 2016 pelos seus “esforços para pôr fim aos mais de 50 anos de guerra civil no país”.

 

 

De fora de um prémio que foi também “para o povo colombiano” ficou o líder das FARC, Rodrigo Londono, aliás Timochenko, que no dia 26 de setembro assinou com Santos o acordo de paz negociado durante quatro anos em Cuba.

 

 

Em Oslo, Kaci Kullmann Five, a presidente do Comité Nobel sublinhou que o resultado do referendo torna ainda mais importante que Santos e as FARC respeitem o cessar-fogo. E garantiu que “o facto de a maioria do povo ter dito não ao acordo não significa que o processo de paz esteja morto”.

 

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O acordo veio pôr fim a mais de meio século de uma guerra que deixou mais de 220 mil mortos. E fez dos seus protagonistas os favoritos ao Nobel, mas a vitória do Não no referendo de dia 2 na Colômbia veio pôr em causa esta vitória.

 

 

Santos torna-se assim no 26.º chefe do Estado a receber um Nobel. E América Latina volta a receber o galrdão da Paz depois da vitória de Rigoberta Menchu em 1992, pela sua defesa das mulheres indígenas.

 

 

Premiar os dois lados em conflito depois de terem chegado a um consenso não poderia estar mais no espírito dos prémios criados em 1895 pelo sueco Alfred Nobel. A última vez que o comité o fez foi em 1998, quando atribuiu o galardão da Paz (o único entregue na Noruega, todos os outros Nobel são entregues na Suécia) a John Hume e a David Trimble “pelos seus esforços para encontrar uma solução pacífica para o conflito na Irlanda no Norte”. Mas o passado também já provou que esta pode ser uma escolha arriscada. Em 1994, na sequência dos acordos de Oslo entre israelitas e palestinianos, o recém-falecido Shimon Peres, Yitzhak Rabin e Yasser Arafat receberam o prémio. Mas passados 22 anos, com todos os protagonistas mortos, a paz no Médio Oriente ainda é uma miragem.

 

 

Entre os favoritos este ano estavam ainda os negociadores do acordo sobre o nuclear iraniano – entre eles os chefes da diplomacia americana, John Kerry, iraniana, Mohammad Javad Zarif, e europeia, Federica Mogherini. Mas também os habitantes das ilhas gregas, um coletivo para designar todos os voluntários que ajudaram os refugiados – sobretudo sírios, mas também iraquianos, afegãos, etc. – que nos últimos meses chegaram às costas da Grécia em busca de uma vida melhor na Europa.

 

 

Em termos coletivos, os Capacetes Brancos , antigos padeiros, professores, alfaiates ou outros profissionais que decidiram dedicar a vida a salvar as vítimas dos bombardeamentos e da guerra na Síria, tinham subido nas apostas nos últimos dias. Em termos individuais, a ativista russa pelos direitos humanos Svetlana Gannushkina era uma das favoritas. Tal como Denis Mukwege, o ginecologista congolês que já ganhou o Prémio Sakharov do Parlamento Europeu por desafiar a morte para ajudar as mulheres violadas durante a guerra civil no seu país. Na lista não falta outro vencedor do Sakharov, o blogger saudita Raif Badawi, detido e condenado a mil chicotadas pela sua defesa da liberdade de expressão.

 

 

Nos últimos anos, as instituições dominaram o Nobel da Paz, tendo arrecadado três dos últimos cinco galardões: em 2012 foi a vez da União Europeia, em 2013 da Organização para a Proibição das Armas Químicas e em 2015 do Quarteto para o Diálogo Nacional na Tunísia. Neste ano havia 148 instituições entre os nomeados e a Save the Children era uma das favoritas à vitória. Sobretudo pelo seu trabalho com as crianças nos campos de refugiados na Síria e nos países vizinhos

 

 

Com milhares de pessoas, inclusive todos os membros dos parlamentos nacionais, professores universitários ou antigos vencedores, a poderem nomear candidatos ao Nobel, não espanta que da lista constem nomes menos consensuais. Entre os favoritos neste ano voltou a estar Edward Snowden, o ex-analista da NSA que em 2013 divulgou os programas de vigilância secreto dos EUA. Mas também Donald Trump, o candidato republicano às presidenciais de 8 de novembro nos EUA, mais conhecido por querer construir um muro na fronteira com o México ou banir os muçulmanos de entrar na América do que pelos atos a favor da paz.

 

 

O Papa Francisco e a chanceler alemã Angela Merkel também voltaram à lista, já sem o favoritismo claro de outros anos.

 

 

Os prémios Nobel nasceram da vontade do químico, engenheiro e industrial sueco Alfred Nobel (1833-1896) em doar a sua imensa fortuna para o reconhecimento de personalidades que prestassem serviços à humanidade.

 

 

O inventor da dinamite expôs este desejo num testamento redigido em Paris em 1895, um ano antes da sua morte. Os prémios foram atribuídos pela primeira vez em 1901.

 

 

Nobel para “esforço de paz” fortalece Santos diante de rivais

 

 

O presidente colombiano, Juan Manuel Santos, começou a semana com uma derrota que não esperava e acabou com uma vitória que tinha deixado de esperar. No domingo, o acordo que assinou com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) para pôr fim a 52 anos de guerra foi recusado num referendo, quando as sondagens davam a vitória ao “sim”. O sonho de ganhar o Nobel da Paz (era apontado como favorito e acusado pelos críticos de ter marcado o voto a pensar no prémio) caiu por terra. Pior, o processo ficou em risco. O anúncio do Comité Nobel norueguês veio dar a Santos um novo poder, longe das intrigas políticas internas, para renegociar o acordo e salvar a paz.

 

presidente-da-colombia-conquista-o-premio-nobel-da-paz-2016-3Juan Manuel Santos e a mulher, Maria Clemencia Rodriguez

 

O presidente aceitou “com grande humildade” o reconhecimento, dizendo que o vê “como um mandato para continuar a trabalhar sem descanso pela paz para todos os colombianos”. E deixou claro: “Vou dedicar todos os meus esforços a esta causa para o resto dos meus dias.” Em relação ao prémio, diz que o recebe “não em nome próprio, mas de todos os colombianos, em especial das vítimas” do conflito. Em 52 anos, foram mais de 220 mil mortos.

 

 

FARC

 

 

Santos não esqueceu também “todas aquelas pessoas que contribuíram” para que a Colômbia esteja prestes a conseguir “essa paz tão desejada”, desde os “negociadores de ambas as partes” às pessoas e instituições que apoiaram o processo. Ao contrário do que previam as apostas (até ao “não” no referendo), o comité norueguês não distingui também o líder das FARC, Rodrigo Londoño, mais conhecido como Timoleón Jiménez ou Timochenko.

 

 

Já o principal negociador das FARC, Iván Márquez, usou a mesma rede social para uma crítica velada: “Sem outra parte não há Nobel da Paz; por isso a nossa satisfação de ter contribuído com um grãozinho de areia ao alcançar de tão alta distinção”. Mesmo aquela que foi uma das mais famosas reféns da guerrilha, Ingrid Betancourt, admitiu que esta também deveria ter sido distinguida com o prémio.

 

 

Divisões internas

 

 

Um dos principais adversários do acordo de paz, principalmente do facto de permitir a participação política das FARC e imunidade aos líderes guerrilheiros, é o ex-presidente Álvaro Uribe. Depois de ter faltado a uma primeira reunião de todos os partidos políticos com Santos, no rescaldo do referendo, esteve na quarta-feira na Casa de Nariño disposto a negociar com o presidente e chegar a acordo em relação ao processo de paz. “Felicito o Nobel para o presidente Santos, desejo que permita mudar os acordos daninhos para a democracia”, escreveu ontem no Twitter.

 

 

Agora, segundo os analistas, o prémio dá uma nova força a Santos no meio da disputa com Uribe. “O Nobel recorda-nos que o mundo olha esperançado para os esforços pela paz e que um novo acordo não pode depender do regatear entre políticos”, escreveu no Twitter César Rodriguez Garavito, diretor do Dejusticia , centro de estudos de Direito, Justiça e Sociedade. “O prémio não vai romper a polarização, nem vai convencer os adversários do acordo de paz sobre as suas virtudes. Mas pode ajudar a ampliar a base política de apoio (…) e permite que uma grande parte do país que se absteve de ir votar se sensibilize para a necessidade de apoiar o processo de paz nos próximos meses”, escreveu o jornal La Semana.

 

 

De falcão a pomba

 

 

O Nobel da Paz será entregue a 10 de dezembro a um homem que, há menos de uma década, combatia a guerrilha – daí que a BBC tenha usado a imagem do falcão que se transformou numa pomba. Juan Manuel Santos, de 65 anos, foi ministro da Defesa de Uribe e deve a sua eleição ao sucesso da política militar do ex-presidente contra as FARC.

 

 

Eleito em 2010 com a promessa de continuar com mão de ferro contra a guerrilha, acabaria contudo por optar pelo diálogo (daí o corte de relações com Uribe). Foi reeleito em 2014, após perder na primeira volta para o candidato apoiado pelo ex-presidente, já com a promessa de negociar com as FARC.

 

 

Economista de formação, Santos pertence a uma das famílias mais ricas e influentes da Colômbia. O seu tio-avô Eduardo Santos Montejo foi presidente entre 1938 e 1942, tendo comprado o jornal El Tiempo – do qual Santos viria a ser subdiretor antes de entrar para o governo. Foi ministro do Comércio Externo, antes de passar pelas Finanças e pela Defesa. Agora, torna-se no segundo colombiano a vencer um Nobel, depois de Gabriel García Márquez ter ganho o da Literatura em 1982.

 

 

Antiga refém das FARC diz que Nobel da Paz

 

 

A antiga refém das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) Ingrid Betancourt considerou hoje que o prémio Nobel da Paz, atribuído ao presidente colombiano Juan Manuel Santos, devia ter sido partilhado com o movimento de guerrilha.

 

 

“As pessoas que a sequestraram também mereciam o Nobel da Paz?”, perguntou o jornalista, num contacto telefónico da cadeia francesa I-Télé.

 

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“Sim. É muito difícil dizer sim, mas penso que sim”, respondeu, muito comovida, Ingrid Betancourt, que esteve sequestrada pelas FARC entre 2002 e 2008.

 

 

O prémio Nobel da Paz foi atribuído ao presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, pelos seus esforços para pôr fim à guerra civil no país.

 

 

Assinado a 26 de setembro em Cartagena das Índias entre o governo da Colômbia e as FARC, o acordo de paz foi rejeitado pela população num referendo realizado em 02 de outubro.

 

 

“Estou muito, muito, muito feliz” pela atribuição do prémio a Juan Manuel Santos, acrescentou Betancourt.

 

 

“Não só penso que o merece, mas também por se tratar de um momento de reflexão para a Colômbia, de esperança de paz, de alegria, de se dizer que efetivamente a paz não fez marcha-atrás”, disse.

 

 

Juan Manuel Santos “lutou praticamente só para conseguir este resultado, mudou a história do país, deu à nova geração colombiana a possibilidade de conhecer um país diferente. É um momento imenso para a Colômbia”, afirmou a antiga refém da guerrilha.

 

 

Em declarações à rádio colombiana Blu Radio, Ingrid Betancourt saudou a atribuição do Nobel como “um impulso extraordinário” que “cimenta a paz na Colômbia, e diminui as vozes daqueles que queriam ver abortar o processo de paz”.

 

 

“Estamos perante a possibilidade de crescer, de amadurecer democraticamente e de poder dizer à geração que chega que fomos capazes, todos juntos, de acreditar na paz (…) de deixar para trás as nossas vinganças, os nossos ódios”, acrescentou.

 

 

Ingrid Betancourt saudou o Nobel como um reconhecimento “desta transformação extraordinária das FARC, que passaram de um grupo terrorista ligado à droga para um verdadeiro grupo de seres humanos convencidos de que podem contribuir para a paz”.

 

 

A antiga refém, que vive atualmente entre a França, Reino Unido e Estados Unidos, foi candidata às eleições presidenciais colombianas pelo partido ecologista, antes do rapto pelas FARC.

 

 

Uribe deseja que o Nóbel da Paz permita a Juan Manuel Santos “mudar acordo daninho”

 

 

Através do Twitter, o ex-presidente colombiano Álvaro Uribe, felicitou o seu antigo ministro da Defesa pelo Nobel da Paz, mas disse esperar que este prémio possa permitir alterar o acordo de paz que foi assinado e recusado pelos colombianos num referendo.

 

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“Felicito o Nobel para o presidente Santos, desejo que permita mudar os acordos daninhos para a democracia”, escreveu Uribe no Twitter.

 

 

Uribe, líder do partido Centro Democrático, foi um dos principais defensores do “não” no referendo ao acordo de paz assinado entre Santos e as FARC. O ex-presidente reuniu-se na quarta-feira com o sucessor dizendo estar disponível para trabalhar num novo acordo de paz.

 

 

Uribe tornou-se no principal adversário e opositor de Santos, seu antigo delfim, no momento em que este resolveu pôr de lado a política de mão de ferro contra a guerrilha (que tinha mantido ao longo dos seus dois mandatos) e sentar-se a negociar a paz.

 

 

Juan Manuel Santos dedica Nobel aos colombianos “que sofreram tanto”

 

 

“Obrigado, do fundo do meu coração e em nome de todos os colombianos, especialmente as vítimas. Milhões de vítimas sofreram com esta guerra”, disse Juan Manuel Santos no telefonema com o Comité Nobel norueguês, que hoje anunciou que o presidente colombiano é o vencedor do Nobel da Paz.

 

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Distinguido pelos seus esforços em conseguir a paz e pôr fim a um conflito com mais de meio século, Santos indicou que “é simplesmente questão de acreditar numa causa e não há melhor motivo para qualquer sociedade, para qualquer país, que viver em paz. Estamos muito, muito próximo de alcançar a paz”, indicou Santos, citado pelo El Tiempo.

 

 

Segundo o Comité Nobel, Santos estava “muito agradecido” quando recebeu a notícia, considerando o prémio “inestimável e importantíssimo para a evolução do processo de paz na Colômbia”.

 

 

O prémio deve ser visto “como um tributo ao povo colombiano, que apesar de grandes dificuldades e abusos, não perdeu a esperança de uma paz justa”, assim como a todas as partes que contribuíram para o processo de paz, pode ler-se no comunicado do comité.

 

 

Dragões felicitam Juan Manuel Santos

 

 

 

O FC Porto endereçou, via Twitter, os parabéns a Juan Manuel Mantos pelo Prémio Nobel da Paz que lhe foi atribuído.

 

presidente-da-colombia-conquista-o-premio-nobel-da-paz-2016-7Juan Manuel dos Santos com um cachecol do FC Porto, em 2013

 

Os dragões publicaram uma foto do presidente da Colômbia com uma camisola do FC Porto que lhe foi oferecida em 2013, autografada por Héctor Quiñones, James Rodríguez e Jackson Martínez.

 

 

No mesmo ano, no âmbito de uma visita oficial de Cavaco Silva à Colômbia, Juan Manuel Santos recebeu também um cachecol do FC Porto e mostrou apreço pela forma como os colombianos vinham tendo sucesso no Dragão.

 

 

Em 2014, quando Falcao esteve no Porto a recuperar de uma cirurgia ao joelho, o presidente da Colômbia também esteve à conversa com Pinto da Costa, com quem mantém boas relações.

 

 

A FARC afirma que “o único prémio a que aspiramos é a paz com justiça social”

 

 

O comandante das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), Timoleón Jiménez, conhecido como Timochenko, que assinou o acordo de paz com o presidente colombiano, Juan Manuel Santos, reagiu no Twitter ao anúncio da entrega do prémio Nobel da Paz apenas para o chefe de Estado pelos seus esforços para pôr fim ao conflito de 52 anos.

 

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O prémio surge como uma surpresa já que os colombianos votaram no referendo do último domingo, por uma margem mínima, contra o acordo de paz que foi negociado durante os últimos quatro anos em Havana.

 

 

Marcelo felicita Santos por “merecida atribuição” do Nobel

 

 

Na carta dirigida a Juan Manuel Santos, divulgada na página da Presidência da República na Internet, Marcelo Rebelo de Sousa considera que esta foi uma “merecida atribuição” do Nobel da Paz, “pela sua iniciativa e êxito no histórico acordo de paz alcançado na Colômbia, destinado a pôr termo a um conflito que durou mais de cinco décadas e que tanto sofrimento trouxe ao povo colombiano”.

 

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O Presidente da República Portuguesa manifesta a esperança de que o acordo de paz entre o Governo da Colômbia e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), entretanto rejeitado em referendo, “se concretize o mais rapidamente possível”.

 

 

Marcelo Rebelo de Sousa reafirma nesta carta que Portugal quer “trabalhar lado a lado com a Colômbia na fase, não menos importante, que é a da implementação da paz” e “contribuirá com meios humanos e financeiros, tanto para a força de estabilização como para o fundo fiduciário, criados para o efeito”.

 

 

O chefe de Estado escreve que Portugal “partilha com a Colômbia laços fraternos, quer a nível bilateral, quer no seio da Comunidade Ibero-Americana” e diz aguardar com “grata expectativa” o próximo encontro com Juan Manuel Santos, por ocasião da Cimeira Ibero-Americana de Cartagena das Índias, na Colômbia, marcada para 28 e 29 deste mês.

 

 

Juan Manuel Santos: O homem que fez a guerra para chegar à paz

 

 

Juan Manuel Santos, 65 anos, com origem numa família da alta sociedade de Bogotá, iniciou-se na política em 1991.

 

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Começou por ser jornalista, tendo recebido o prémio Rei de Espanha pelas suas crónicas sobre a revolução sandinista na Nicarágua. Esse trabalho “marcou-nos profundamente”, chegou a dizer a propósito dessa investigação conduzida com o seu irmão Enrique, outro autor-chave do processo de paz iniciado oficialmente com as FARC em 2012, mas de forma secreta desde a subida ao poder de Santos, em 2010.

 

 

Antes de fazer a sua entrada no palácio presidencial Casa de Nariño, este político, que se define como de “centrista extremo”, já tinha perseguido a guerrilha, durante uma cruzada implacável levada a cabo enquanto era ministro da Defesa do seu antecessor de direita, Álvaro Uribe. O objectivo: enfraquecer as FARC para obrigá-las a negociar.

 

 

Desta forma, ele fez a guerra para alcançar a paz, observam os analistas. “Irei continuar a procurar a paz até ao último minuto do meu mandato porque esse é o caminho a seguir para deixar um país melhor às nossas crianças”, dizia Santos, já depois de ser conhecido o resultado do referendo que ditou a derrota nas urnas do processo de paz.

 

 

Na Colômbia, só o perdão pode acabar com a paz

 

 

“Não procuro aplausos. Quero fazer o que está correcto”, dizia durante uma entrevista à AFP este homem descrito como muito racional e frequentemente criticado pela sua aparente frieza.

 

 

A atribuição do Nobel esta sexta-feira fornece-lhe um apoio pessoal de primeiro plano para que continue os seus esforços.

 

 

Admirador de Winston Churchill, Franklin D. Roosevelt e Nelson Mandela, leitor voraz e cinéfilo, Santos sempre disse que a sua força vinha da sua família, começada em 1988 com Maria Clemencia Rodríguez, a quem chama “Tutina”, mãe dos seus três filhos.

 

 

Presidente da Colômbia doa dinheiro do Nobel da Paz às vítimas do conflito

 

O Presidente colombiano, Juan Manuel Santos, anunciou publicamente que vai doar às vítimas do conflito os oito milhões de coroas suecas (847 mil euros) que vai receber como parte do prémio Nobel da Paz que obteve.

 

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“Vamos doar oito milhões de coroas suecas para que as vítimas sejam compensadas”, disse numa cerimónia religiosa na localidade de Bojayá, noroeste do país, e cenário de um dos mais graves ataques da guerrilha das FARC, com um balanço de dezenas de mortos.

 

 

O Comité Nobel Noruega anunciou na sexta-feira que o prémio constitui um claro apoio à decisão de Santos de convidar todas as partes a participar num amplo diálogo nacional para que o processo de paz entre Governo e FARC não esmoreça, após o “não” se ter imposto no plebiscito.

 

 

O prémio que Santos vai receber  em 10 de dezembro em Oslo consiste numa medalha de ouro, num diploma e num cheque de oito milhões de coroas suecas.

 

 

A cerimónia religiosa, o primeiro ato público com a presença do Presidente após o anúncio do Nobel, decorreu na igreja de Bojayá com a participação de vários sobreviventes do ataque.

 

 

Em 2 de maio de 2002 um comando das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) lançou uma bomba de gás contra uma igreja dessa povoação onde também se encontravam locais, que se protegiam de um confronto entre a guerrilha e um grupo paramilitar de extrema-direita, provocando 79 mortos.

 

 

TPT com: Andrea Comas//Reuters//Leonardo Munoz//Mauricio Duenas Castaneda/EPA//John Vizcaino// REUTERS// 11 de Outubro de 2016

 

 

 

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