Amália Rodrigues foi mais uma vez evocada em New Jersey por duas gerações de fadistas

Eram mais de uma centena as pessoas que participaram na noite em homenagem a Amália Rodrigues que teve lugar no Salão Nobre da Igreja de Nossa Senhora de Fátima, na cidade de Elizabeth, estado norte americano de New Jersey.

 

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Uma noite de fado e poesia que abriu uma janela, por onde o público presente pôde lançar um olhar, sobre a alma lusófona.

O empenho na realização desta noite fadista está a cargo dos membros da “Amália Foundation-USA” que celebraram no dia 1 de Outubro a sua 17ª edição.

 

 

 

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Na foto (esq/dir.), Glória de Melo, Mário Marques, Elília Silva, Maria João Ávila, Lídia Maio e Margareth de Jesus.

 

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Participaram neste convívio várias figuras ligadas ao associativismo e ao empresariado, das cidades de Newark e Elizabeth, New Jersey, e ainda o Conselheiro das Comunidades Portuguesas Bruno Machado e Fernando G. Rosa (na foto),  Director Executivo da Portuguese-American Leadership  Council of the United States (PALCUS), uma organização fundada em 1991 em Washington, DC, e que entre as suas várias missões intervém  junto dos órgãos do poder americano em assuntos de interesse para as comunidades luso-americanas.

 

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Este evento mostrou ser também mais uma forma de promover o desenvolvimento da auto-estima das pessoas presentes servindo para criar um vínculo de diálogo e aproximação saudável entre pessoas.

 

 

E não é por acaso que a “Amália Foundation-USA”, presidida pelo Monsenhor João Antão, continua a manter a força e o ânimo, de ano para ano.  E já lá vão dezassete!.

 

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A juventude começa a juntar-se e a mostrar  que são mais braços que se juntam na luta por uma sociedade nova e que dão esperança e confiança para o trabalho futuro, conscientes de que só com experiências partilhadas e a união de todos, é possível construir uma nova sociedade.

 

 

Bruno Machado (à esquerda na foto), Conselheiro das Comunidades Portuguesas de New Jersey, que também esteve presente nesta noite em homenagem a Amália Rodrigues, refere que “é importante auscutar a juventude”. Em conversa com o The Portugal Times, o conselheiro Bruno Machado fez questão de lembrar que “todos sabemos que o futuro do mundo está nas mãos da juventude de agora. Mas, poucos, porém, são aqueles que ajudam ou se dispõem a orientar a juventude na área da família, da cultura e do conhecimento. Assim, incentivar os nossos governantes para a construção de políticas de juventude é um dos grandes objetivos deste meu mandato”, referiu.

 

 

O Conselho das Comunidades Portuguesas (CCP) é o órgão consultivo do Governo para as políticas relativas à emigração e às comunidades portuguesas no estrangeiro.

O CCP é composto por um máximo de 80 membros, eleitos pelos cidadãos portugueses residentes no estrangeiro que sejam eleitores para a Assembleia da República.

 

 

Apesar de reconhecer os esforços empreendidos pelo governo português na resolução das dificuldades apontadas, Bruno Machado considerou necessário melhorar os programas destinados à juventude, para que a mesma beneficie um maior número de cidadãos portugueses e luso-americanos.

 

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E como estava programado na noite fadista, os convidados para além de colocarem “a conversa em dia” participaram também no animado e tradicional jantar convívio, sempre presente em todas as manifestações fadistas levadas a efeito pela “Amália Foundation-USA”.

 

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A existência de um bom grupo de amigos e as relações que se cultivam entre eles são, sem dúvida, um meio excelente para aprofundar e desenvolver os factores de satisfação e de realização.

 

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E enquanto o convívo decorria e se esperava pelo espectáculo, fortaleciam-se os laços familiares e buscava-se uma reaproximação e melhor convívio.

 

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Este clima viveu-se, com maior ou menor intensidade, no Salão Nobre da Igreja de Nossa Senhora de Fátima de Elizabeth, fomentando o convívio entre as pessoas presentes.

 

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Nesta noite fadista estiveram também vários empresários conhecidos na comunidade, que tiveram a oportunidade de falar sobre a sua atividade profissional e decerto, de que tipo de clientes procuram.

 

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À volta da mesa e na escolha e degustação do que se come e do que se bebe iam-se cimentando amizades e o ambiente de camaradagem, e franco convívio, fortaleciam o bem-estar e a saúde de cada um.

 

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A comida de qualidade e trabalhada de forma especial pelo Restaurante Valença, de Elizabeth, com base em ingredientes típicos portugueses, onde não faltou o bom vinho e o indispensável caldo verde, a todos deixava satisfação.

 

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Depois do jantar, que foi abençoado pelo padre António Nuno Gonçalves Rocha, da Igreja de N.S. de Fátima de Elizabeth, as luzes escureceram. O silêncio inundou o salão e os músicos da noite ocuparam os seus lugares. José Silva, na guitarra, Viriato Ferreira, na viola  e Pedro Pimentel, no violoncelo, mostraram-se preparados para acompanhar duas gerações de “fadistas”. Faziam parte do elenco: Glória de Melo (que declamou poesia); Diana Mendes; David Couto; Sara Barcelos; Pedro Botas; Alexandra Marques; João Machado; Eduarda Gonçalves; José Ribeiro; Francisco Chuva e Emília Silva.

 

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E à hora marcada, os artistas estavam prontos para o início à 17ª Noite de Fados da “Amália Foundation-USA”. Um exemplo de que a comunidade portuguesa dos Estados Unidos, continua a homenagear Amália Rodrigues e a sua obra, bem como a preservar e a divulgar com carinho, as raízes culturais portuguesas do lado de cá do Atlântico.

 

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Mário Marques (na foto) e Maria João Ávila, deram as boas vindas a todos os presentes em nome da “Amália Foundation-USA” e para além de historiarem a criação desta Fundação, fizeram as apresentações “da praxe” e dos “artistas” da noite.

 

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Diana Mendes foi a primeira a cantar e iniciou a sua interpretação com “Fadinho Serrano” . Promete continuar a trabalhar nos temas que canta e agradece a todos os que acreditam com ela na intensidade dos seus sonhos e no Fado.

 

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David Couto, mostrou no seu canto que o  fado não é só a noção trágica da vastidão do universo.

Entregando-se por completo ao voo do espírito entre as asas da melodia, David Couto atinge com o seu timbre momentos de sublimes harmonias vocais cujo registo nos faz mergulhar na tristeza e na amargura, como nos enaltece num tema cheio de amor e alegria.

 

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Seguiu-se Sara Barcelos, uma jovem de 14 anos, que através de uma voz bonita, possante e afinada, fez um bom espectáculo e deixou antever o nascimento de um novo talento fadista na comunidade luso americana de New Jersey.

 

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Pedro Botas, mostrou no seu canto que o fado é, por excelência, o produto de um sentimento próprio, que não se explica, mas que se sente.

Para o jovem fadista Pedro Botas, foi graças à educação e ao ambiente familiar que aprendeu a amar o fado, desde cedo. Possuidor de uma voz de irrepetível sentimento esteve bem perante o público.

 

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Alexandra Marques, deu a entender que o seu universo musical aposta numa sonoridade influenciada pela matriz tradicional mas que avança, também, sobre um ambiente musical mais contemporâneo que transita pelo fado.

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A “veterana” Eduarda Gonçalves, que também cantou “Não Sou Fadista de Raça”, soube em cada verso vislumbrar os ângulos secretos da alma, pois que, mesmo estando “tristonha” devido às vississitudes da vida saiu a cantar. Com boa colocação de voz e afinada, Eduarda Gonçalves mostrou que está uma fadista diferente na interpretação e no sentimento dado às palavras dos poetas.

 

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José Ribeiro, veio do estado de Rhode Island. Têm como capital a cidade de Providence, e é um dos estados da Nova Inglaterra, Costa Leste.  Amante dos “serões fadistas”, tem actuado em vários lugares dos Estados Unidos, também acompanhado pelos músicos de hoje (José Silva, Viriato Ferreira e Pedro Pimentel). O seu gosto pelo fado, também pelo fado brejeiro e o respeito pela patrona da “Amália Foundatin-USA” trouxe-o até Elizabeth onde, com um gingar de palavras, conquistou gargalhada atrás de gargalhada!

 

 

Devido ao seu estilo musical, José Ribeiro tem conquistado uma relação de intimidade muito especial, com as comunidades portuguesas da Costa Leste, onde canta bem-humorado a relatividade dos seres e das coisas.

O fado na verdade, esta noite, não teve um só rosto! Também teve uma face cerimoniosa com João Machado no cumprir da tradição coimbrã!

 

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Mas não é menos verdade que também existe a face boémia do fado vadio…do fado castiço e das desgarradas de improviso.

Francisco Chuva, numa mistura de sinceridade e pureza interpretativa, fez questão de mostrar a energia do seu fado interpretado com emoção desgarrada e genuína entrega.

 

 

Perante uma sala bem composta de público, Francisco Chuva agigantou-se e proporcionou um interessante momento de fado numa noite repleta de emoção, alegria, sentimentalismo e não só…

 

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Uma noite que serviu também para os membros da “Amália Foundation-USA” prestarem homenagem à actriz e fadista Emília Silva pelo contributo que tem dado à cultura e à divulgação do fado em terras norte-americanas.

 

 

Emília Silva (na foto à esquerda, com Maria João Àvila), nasceu em Amiais de Baixo, Região do Ribatejo, no dia 11 de Novembro de 1939, e emigrou para os Estados Unidos em 1984. Começou por residir na cidade de Hartford, estado de Connecticut, mudando-se depois para Newark, estado de New Jersey, onde reside actualmente.

 

 

 

Ao longo da sua vivência nos Estados Unidos, Emília Silva que também conviveu com Amália Rodrigues nos Estados Unidos, participou em várias revistas e contracenou com artistas como: João Camacho; Joel Branco; João Rodrigo; Delfina Cruz; Maria Tavares; José Luís Assunção; Glória Pires; Pepita Cardinali; Zeca Santos e Mena Leandro, entre muitos outros.

 

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Emília Silva, aqui acompanhada por vários membros da sua família, colaborou em inúmeras festas sociais e humanitárias realizadas em clubes e associações nos Estados Unidos e Canadá, percorrendo um trajeto de que se orgulha e de que guarda essencialmente “a grande amizade dos colegas”.

 

Graças à sua maneira muito pessoal de interpretar e ao seu particular jeito de transmitir o amor e a casticidade do seu Ribatejo, Emília Silva leva o seu canto para o público apreciador, numa exuberância natural que continua a arrebatar gerações de admiradores.

 

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Emília Silva, que disse sentir-se honrada “por tão singela homenagem” agradeceu aos membros da “Amália Foundation-USA” por esta distinção e ainda aos seus familiares e amigos pelo carinho que sempre lhe dispensaram. Emília Silva agradeceu também a presença de todos os artistas, sem esquecer os guitarristas José Silva, Viriato Ferreira e Pedro Pimentel, que ajudam a divulgar o sentimento português desta lado do Atlântico.

 

 

Emília Silva, que não se cinge apenas ao fado, faz seu um repertório de influência popular, sempre marcado por uma contagiante alegria em palco que é a sua imagem de marca.

 

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Mas, para a “cantadeira ribatejana” que foi homenageada pela “Amália Foundation-USA” passados dois anos (27 de Novembro de 2014) de o Fado ser proclamado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), como Património Imaterial da Humanidade, “o fado é talvez a mais significativa forma de expressão artística em Portugal, e aquela que mais nos identificou internacionalmente e aquela que melhor define a alma do nosso povo”.

 

 

E o Fado continuou pela noite dentro na cidade de Elizabeth, com a “Amália Foundation-USA” a mostrar que esta organização quer o que a Amália Rodrigues queria quando no dia 8 de Dezembro de 1998, na cidade de Newark, anuiu à ideia de se criar a “Amália Foundation-USA”, com o principal objectivo de ajudar e incentivar os jovens a fazer mais pela cultura e pela comunidade.

 

 

CMM/JM/The Portugal Times// 13 de Outubro de 2016

 

 

 

 

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