Um evento anual de solidariedade social cujos fundos angariados se destinam a ajudar instituições e pessoas desfavorecidas na região do Algarve e nos Estados Unidos.
Este ano e para além da entrega de um cheque de 2.000 dólares à Liga dos Bombeiros Portugueses, através da Associação “Lusofonia em Movimento”, a “Associação Beneficência Algarvia” destinou as verbas angariadas no jantar deste ano para duas pessoas deficientes que residem na região do Algarve. Trata-se de Mariana Afonso Rita, de Faro, uma criança de 7 anos de idade que sofre de problemas neurológicos. O outro beneficiário é José Vitorino, de 47 anos de idade, natural de Querença, concelho de Loulé, que se encontra paraplégico devido a um acidente de viação e necessita de uma cadeira de rodas nova e de uma almofada de gel.
Neste jantar e para além dos residentes no estado de New Jersey, estiveram também algarvios que se deslocaram prepositadamente de várias cidades, pertencentes aos Estados de Washington DC, Virgina, Maryland, Pennsylvania, New York e Massachusetts.
Entre os convidados estavam ainda algumas figuras ilustres portuguesas e luso-americanas, entre elas o vereador geral luso-americano da cidade de Elizabeth, no estado de New Jersey, Dr. Manny Grova Jr.; Drª Filipa Correia, Oficial dos Assuntos Económicos das Nações Unidas, em New York; Sr. José Carlos Brito, Presidente da Direcção do Clube Português da cidade de Elizabeth, New Jersey (PISC); o Padre Adalto Alves, da Igreja de N.S. de Fátima de Elizabeth; Sr. José Cabrita, Sócio Fundador da Beneficência Algarvia, JoAnn Martinho, actual Presidente da Associação Beneficência Algarvia, que fizeram questão de honrar com a sua presença, o trabalho desenvolvido por esta instituição, que ao longo dos seus 36 anos de existência, já angariou mais de 600 mil dólares, para ajudar pessoas necessitadas, e instituições de solidariedade social.
De Portugal deslocou-se prepositadamente o conceituado advogado algarvio Dr. António Manuel Grosso Correia, acompanhado por sua esposa.
O protocolo esteve a cargo do jornalista João Machado que após dar as boas vindas aos convidados presentes abriu o cerimonial com algumas considerações sobre a vida desta instituição aniversariante, e anunciou a entrada no salão das bandeiras dos Estados Unidos e Portugal, ostentadas pelos Membros da Portuguese American Police Association, uma associação de polícias luso americanos, que se encontram a prestar serviço, em várias esquadras e departamentos policiais, dos Estados Unidos e que tiveram a seu cargo a responsabilidade da guarda de honra desta cerimónia.
Com os convidados em pé e numa atitude de respeito, entrou no Salão Nobre do PISC, a bandeira da Associação Beneficência Algarvia, ostentada pela ex-presidente Guiomar Guerreiro que se juntou aos membros da Portuguese American Police Association.
Após a entrada das bandeiras e em ambiente silencioso foram ouvidos os Hinos Nacionais dos Estados Unidos e Portugal, interpretados pela professora luso-americana Margaret de Jesus.
O primeiro a ser entoado foi o Hino americano, onde as mulheres desempenharam um papel importante na sua escolha. (As “Filhas da Guerra de 1812” foram grandes defensoras da Lei que o Presidente Hoover assinou em 1931.
Tecnicamente, não existe uma versão original, tradicional ou oficial do hino nacional americano.
Enquanto algumas leis estaduais tentaram legislar sobre um estilo de apresentação e desempenho adequado, não existe nenhum padrão único oficial.
Na verdade, Oliver Wendell Holmes Sr., um influente escritor de Boston, acrescentou um quinto versículo ao Hino americano , em 1861, com novas palavras, defendendo a libertação dos escravos americanos).
Seguiu-se depois “A Portuguesa”, que hoje é um dos símbolos nacionais de Portugal (o seu hino nacional). (Nasceu como uma canção de cariz patriótico em resposta ao ultimato britânico para que as tropas portuguesas abandonassem as suas posições em África, no denominado “Mapa cor-de-rosa”.
O Hino nacional português “A Portuguesa”, surgiu em 1890, com alterações feitas em 1957, e tem Letra de Henrique Lopes Mendonça e Música de Alfredo Keil. Foi proibida pelo regime monárquico, que originalmente tinha uma letra um tanto ou quanto diferente (mesmo a música foi sofrendo algumas alterações), já que onde hoje se diz “contra os canhões“, dizia-se “contra os bretões“, ou seja, os ingleses, substituindo o “Hymno da Carta”, então o hino nacional desde Maio de 1834.
“A Portuguesa” foi designada como um dos símbolos nacionais de Portugal na constituição de 1976, constando no artigo 11.°, n.º 2, da Constituição da República Portuguesa).
Após a entoação dos hinos, o primeiro discurso da noite veio de Joanne Martinho, presidente da “Associação Beneficência Algarvia”, que começou por agradecer a presença de todos e realçou o nobre trabalho desta associação humanitária, “que de forma discreta, mas persistente e dirigido, merece de todos o maior apoio e respeito, não só pelas causas que defende, mas também pelos resultados que expressa todo este esforço”.
Mas, segundo Joanne Martinho, o reconhecimento e a consolidação do prestígio alcançado por esta associação no campo humanitário, também não foi esquecido na Câmara Municipal de Loulé, que lhe atribuiu em 1997, a Medalha de Mérito Municipal, Grau Ouro, pelo contributo dado, para o engrandecimento e dignificação deste concelho algarvio.
Recentemente recebeu mais uma honraria. “Uma homenagem simples, mas carregada de significado”, assim descreveram o momento na altura aqueles que para o feito se deslocaram a Portugal para assistir à cerimónia da colocação do nome da “Associação Beneficência Algarvia” na toponímia da cidade de Loulé.
Neste contexto, não foi por acaso que antes de encerrar o seu discurso, Joanne Martinho procedeu à entrega de uma placa de reconhecimento ao Dr. António Manuel Grosso Correia, que foi um dos grandes impulsionadores para que a “Associação Beneficênte Algarvia” conste, orgulhosamente, na toponímia, desta cidade algarvia.
O Dr. António Manuel Grosso Correia, visivelmente surpreendido, agradeceu tal distinção, e referiu que “nesta comunhão de valores, é importante sublinhar os sacrifícios dos abnegados algarvios, que ofereceram, e continuam a oferecer a dádiva da sua cidadania, e o exemplo do seu bairrismo, para cumprir o ideal de ajudar quem precisa”.
António Manuel Grosso Correia pediu também um minuto de silêncio em memória de todos os sócios desta associação já falecidos e reconheceu o importante papel da Beneficência Algarvia junto da comunidade portuguesa de New Jersey e o seu contributo para a preservação e fortalecimento dos laços que unem os portugueses.
E para defender a importância dos luso-americanos continuarem a envolver-se nos assuntos culturais, empresariais e políticos deste País, estava também o distinto advogado e político luso americano Dr. Manny Grova Jr., vereador geral da cidade de Elizabeth, que teceu rasgados elogios aos membros da Associação Beneficência Algarvia “pela ajuda altruista e generosa que prestam a quem precisa nos dois lados do Atlântico”.
Manny Grova Jr., enveredou pela política em 1994. Depois de ter desempenhado a missão de vereador na cidade de Elizabeth, durante 18 anos consecutivos, tomou posse como vereador geral desta cidade, no dia 1 de Janeiro de 2013.
O Dr. Manny Grova Jr., tem mostrado enorme capacidade de trabalho em várias áreas, com destaque para o desenvolvimento e questões sociais.
Este lusodescendente que nasceu na cidade de Elizabeth, é uma das referências importantes da comunidade luso-americana no estado de New Jersey.
No final dos discursos o padre Adalto Alves, da Igreja de Nossa Senhora de Fátima da cidade de Elizabeth procedeu à benção da refeição fraterna que foi confecionada pelo Restaurante Valença, desta cidade, que apresentou também deliciosos pratos regionais.
Claro que os convivas não se fizeram rogados para provar as iguarias da buffet e do jantar, enquanto outros iam participando no leilão silencioso que tinha por objectivo angariar mais alguns dólares para as acções de bem-fazer da Beneficência Algarvia.
E como festa sem música não é festa, o “Duo Primavera” teve a responsabilidade de animar os convivas com um espetáculo cheio de ritmo e energia com a música popular portuguesa em destaque devido à carolice de vários grupos musicais, que teimam em dar-lhe continuidade, como é o caso aqui na Costa Leste norte americana.
A boa disposição não faltou nesta noite de convívio em que todos brindaram aos 36 anos de existência da “Associação Beneficência Algarvia”. E enquanto a festa decorria, estava também aberto um bem disputado leilão silencioso, devido à qualidade e diversidade dos produtos em causa.
Nas mesas, observava-se cada detalhe dos dançarinos e conversava-se. Certamente uma boa forma de começar uma nova amizade.
A festa do 36º aniversário da “Associação Beneficência Algarvia” foi também um ponto de encontro agradável, onde a boa disposição esteve sempre presente em todos os momentos.
E que o diga o casal Luísa (na foto à esquerda) e Joaquim Mealha, que ganharam um bilhete para uma viagem a Portugal, que lhes foi entregue por Joanne Martinho (à dir.), Presidente da Associação Beneficência Algarvia”.
Como sempre acontece nestas situações, é sempre bom reviver tempos passados e encontrarmos gente que não esperávamos.
Foi o que aconteceu com o Dr. António Manuel Grosso Correia que conheceu José Carlos Brito presidente do Clube Português de Elizabeth, que o convidou a fazer uma visita às instalações do clube.
Acompanhado por Joanne Martinho e José Cabrita (ao centro na foto) e José Carlos Brito (à dir.), o Dr. António Manuel Grosso Correia ficou a saber um pouco mais da história deste clube português que foi fundado no longínquo ano de 1922.
António Manuel Grosso Correia conheceu também a Biblioteca, o Museu, e a Escola Amadeu Correia, criada no dia 7 de Dezembro de 1935. De referir que desde aí, esta escola portuguesa tem mantido uma actividade permanente, encontrando os jovens de hoje, os mesmos motivos que os seus pais e avós, para continuar a expressar através da língua, do folclore e da alegria, o sentir das gerações passadas.
Realmente, ninguém pode ignorar que na área recreativa, social e cultural, o Clube Português da cidade de Elizabeth tudo tem feito para que as camadas mais jovens conheçam as fórmulas mais elementares da sua própria cultura. O Rancho Folclórico Danças e Cantares de Portugal, deste clube, foi fundado em 1978 e aposta na sensibilização das camadas mais jovens, para manter viva a tradição. Um projecto que acupa dezenas de crianças luso-americanas de segunda e terceira gerações que depois do horário escolar americano e após as aulas de português, continuam a mostram-se interessados em ocupar de uma forma diferente os seus tempos livres, aprendendo e praticando com alegria as tradições dos seus pais e avós.
No final da visita o Dr. António Manuel Grosso Correia assinou o “Livro de Honra” do clube e realçou a importância do trabalho e dedicação de milhares de portugueses que por esta casa têm passado e que aqui fizeram amizades, mataram saudades de Portugal e aqui aprenderam e divulgaram a Língua e Cultura Portuguesas.
Após a assinatura do “Livro de Honra” todos regressaram ao salão nobre onde a festa decorria animada e se continuavam a tecer rasgados elogios aos membros da Associação Beneficência Algarvia “pela ajuda altruista e generosa que prestam a quem precisa tanto nos EUA, como em Portugal.
A “Associação Beneficência Algarvia”, com sede no estado de New Jersey, foi fundada em 1980. A partir da máxima que afirma “temos que dar sem esperar nada em troca”, a missão desta associação algarvia ultrapassa fronteiras e está bem patente nas inúmeras distinções que tem recebido. Entre elas destacamos a Medalha de Mérito das Comunidades Portuguesas, atribuída pelo Governo Português, no dia 10 de Outubro de 1991.
JM//The Portugal Times//23 de Outubro de 2016