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Ecodoppler Salva Vidas

Prevenção de Acidente Vascular Cerebral.

 

 

Viver após um Acidente Vascular Cerebral é quase um milagre. Manuela Reis, médica radiologista do Life Beat, garante que a qualidade de vida pode ficar profundamente comprometida. Por isso, sem tratamento possível, resta depositar esperanças na prevenção e apostar no rastreio.

 
O Acidente Vascular Cerebral (AVC) é um grave problema de saúde pública em Portugal e em todo o mundo, sendo a primeira causa de morte e de incapacidade permanente. Não fossem estas razões por si só suficientes para ser tão temível, o AVC é, também, a segunda causa mais importante de demência.

 
Os neurónios são células muito sensíveis que, ao contrário das outras células, não são capazes de armazenar o seu alimento, o qual apenas pode chegar-lhes dissolvido no sangue. Isto faz com que após poucos minutos sem receber os nutrientes de que necessita, sucumbam por inanição. Se estas células fossem “normais”, multiplicar-se-iam. Mas tal não acontece. Os neurónios não se reproduzem – os que se formam na infância são para toda a vida -, o que implica a perda irreversível da sua função. Assim sendo, a falta de irrigação sanguínea já dramática noutros órgãos, para os neurónios tem consequências catastróficas.

 
Esta irrigação sanguínea provém de duas fontes principais: as artérias carótidas, que sobem pelos lados do pescoço e penetram no crânio pela sua parte anterior; e as vertebrais, que atravessam as vértebras do pescoço, penetrando no crânio pela parte inferior.

 
Causas do AVC

 
Existem três causas para a ocorrência de um AVC: pode ser isquémico, originado pelo crescimento de placa ateroesclerótica (estrangulamento da artéria); por libertação de um trombo (entupimento da artéria); ou hemorrágico, quando um vaso rompe e causa uma hemorragia cerebral (exaustão das paredes das artérias).

 
Assim sendo, por ser uma doença que não produz sintomas e é repentina (quando dá sinais de alerta significa que a doença está presente – boca de lado, dificuldade em falar e falta de força num braço), não tem tratamento preventivo, a não ser a cultura de uma vida saudável. É que esta doença é pouco frequente em pessoas saudáveis: geralmente, só afeta aqueles que reúnem uma série fatores de risco. São eles: fumar, hipertensão, diabetes, colesterol mau elevado e a idade avançada. Porém, ninguém lhe está imune.

 
Ecodoppler alerta para o perigo

 
Muitos dos AVC dão-se sem qualquer sintomatologia prévia associada. Evitar a adopção de comportamentos de risco é, indubitavelmente, o primeiro passo. Mas como nem só dos organismos “doentes” o AVC se “alimenta”, o melhor será apostar em métodos de diagnóstico médico, que ajudam a perceber o que o destino lhes poderá reservar.

 
Para fomentar o espírito de rastreio, o Centro Avançado de Diagnóstico Life Beat propõe uma das formas mais simples e eficazes de identificação do risco. Além da medição do Índice de Massa Corporal (IMC) e tensão arterial, aposta na avaliação da aterosclerose nas artérias carótidas através de um exame de ecodoppler.

 
De acordo com a Dra. Manuela Reis, o ecodoppler da carótida é uma ecografia efetuada na zona do pescoço que «avalia o volume do fluxo sanguíneo presente na artéria, mas também a presença de hemorragia ou úlcera da placa, que está habitualmente associada a sintomatologia», quando esta exista.

 
Este exame de diagnóstico, para além da sua «fiabilidade, não requer qualquer preparação prévia, não acarreta quaisquer riscos e é efetuado com o doente deitado, com alguma extensão do pescoço, sendo posteriormente colocado gel, para adequada condução dos ultrassons», explica a médica.

 
Mais informações em:
Dra. Manuela Reis
www.lifebeat.pt
SAPO LIFESTYLE

 

SAÚDE E MEDICINA

 

O Que é um Acidente Vascular Cerebral (AVC)

23/02/2015

 

Hipertensão Arterial, Diabetes, Tabaco, Dislipidemias, Obesidade e Sedentarismo são só alguns dos fatores de risco.

 
AVC é a sigla de Acidente Vascular Cerebral e significa:

 

Acidente: Acontecimento que ocorre sem se prever ou quando menos se espera.

 

Vascular: Diz respeito aos vasos sanguíneos.

 

 

Cerebral: Atinge o cérebro ou, mais genericamente, o sistema nervoso central.

 

O AVC ocorre por lesão de um vaso sanguíneo da circulação do sistema nervoso central mais frequentemente no cérebro mas também noutras estruturas como o cerebelo, o tronco cerebral ou, raramente, na medula espinhal.

 

O que se passa nos vasos sanguíneos quando ocorre um AVC?

 

 

Tal como nas canalizações das nossas casas, duas coisas podem ocorrer nos vasos sanguíneos: ou entopem ou rompem.

 

Entupimento: Dá-se um bloqueio na circulação com paragem da corrente sanguínea.

 

Rotura: Dá-se um derrame de sangue para o tecido do sistema nervoso envolvente. (Daí a designação antiga de “derrame cerebral”)

 

Quais as consequências?

 

As consequências derivam da localização e da extensão do tecido do sistema nervoso afetado.

 

No caso do entupimento designa-se por AVC isquémico (falta de sangue) porque o vaso sanguíneo quando entope bloqueia a circulação e, consequentemente vai faltar sangue com o oxigénio e nutrientes que transporta, nas células (neurónios) o que implica a morte desses neurónios.

 

No caso de rotura dá-se um derrame ou hemorragia cerebral indo o sangue que sai do vaso roto, acumular-se no interior do tecido cerebral desenvolvendo uma tumefacção (hematoma) que destrói o tecido à sua volta.

 

Por outro lado, o sangue que saiu pela rotura não vai levar o oxigénio, glucose e outras substâncias indispensáveis ao normal funcionamento dos neurónios agravando a situação.

 

O que fazer?

 

O mais eficaz é evitar o AVC. Para tal devemos combater as situações que facilitam a ocorrência do AVC, são os chamados fatores de risco.

 

Quais os principais fatores de risco?

 

– Hipertensão Arterial: A chamada “tensão alta” é a principal responsável pelos AVC e de destes, sobretudo as hemorragias cerebrais. (lembremo-nos das roturas na canalização: se a pressão nos canos for exagerada é de esperar, mais dia, menos dia, uma inundação em casa).

 

– Diabetes: Esta situação altera os vasos sanguíneos propiciando o AVC.

 

– Tabaco: É hoje indiscutível, que o fumo do tabaco (quer fumadores ativos quer passivos) promove a aterosclerose e consequentemente entupimentos nos vasos sanguíneos e não só os cerebrais.

 

– Dislipidemias: O conhecido “colesterol elevado” entre outros tipos de alteração do metabolismo dos lípidos agrava a possibilidade de entupimentos na circulação em geral.

 

– Obesidade, sedentarismo: São fatores que agravam outros fatores de risco.

 

O melhor conselho:

 

Consulte regularmente o seu médico de família e siga as suas indicações.

 

Como reconhecer um AVC?

 

Existem sinais de alerta que devem ser conhecidos por todos, pois podem permitir um tratamento rápido e eficaz.

 

Os sinais de alerta para AVC adotados em Portugal e que devem ser conhecidos por todos são o aparecimento súbito de boca ao lado, dificuldade em falar e falta de força num braço.

 

Se presenciar alguma pessoa com um só destes sinais, não perca tempo, marque 911!

 

A maneira mais rápida e eficaz de fazer os exames e o tratamentos adequados é chamar o INEM que desencadeará todo um sistema urgente de tratamento do AVC a chamada Via Verde do AVC, para levar a vítima para a unidade de tratamento de AVC mais adequada e onde já estará uma equipa à espera preparada para o tratamento urgente do AVC.

 

Por Sociedade Portuguesa do Acidente Vascular Cerebral

 

NUNO NORONHA

 

SAÚDE E MEDICINA

 

MÉDICOS

 

 

Guia de Prevenção do AVC

23/02/2015

 

 

Identifique os fatores de risco e aprenda a defender-se da principal causa de morte em Portugal.

 

 

Quanto mais rapidamente a vítima chegar ao hospital mais áreas do cérebro poderão ser poupadas. O AVC é a principal causa de morte em Portugal e a sua prevenção debate-se com um velho conceito.

 

 

«É preciso lutar contra a ideia de que nada pode ser feito», alerta mesmo Maria Teresa Cardoso, coordenadora do Núcleo de Estudos da Doença Vascular Cerebral da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna.

 

 

«Conhecemos os fatores associados a 90 por cento do risco e, para a maioria deles, há prevenção e tratamento eficazes», refere ainda esta especialista. De acordo com dados nacionais, morrem por dia 35 pessoas vítimas de AVC. Segundo as estatísticas, apenas uma em cada cinco vítimas reconhece os sinais e ligar para o 112.

 

 

O que acontece no organismo?

 

 

O AVC afeta as artérias cerebrais e dá-se «quando um vaso sanguíneo que transporta oxigénio e nutrientes para o cérebro rompe ou é bloqueado por um coágulo. Quando tal acontece, uma parte do cérebro não consegue obter o sangue e oxigénio de que necessita e começa a morrer», informa a American Heart Association (AHA). O acidente é súbito e os seus efeitos no organismo são imediatos. Existem essencialmente dois tipos de AVC, os isquémicos e os hemorrágicos. Os primeiros ocorrem quando um coágulo bloqueia uma artéria, impedindo a irrigação sanguínea de uma área do cérebro. Os segundos dão-se quando uma artéria rompe.

 

 

 

Quais são as consequências?

 

 

O cérebro controla as funções corporais em áreas específicas, pelo que as consequências dependem da área e extensão afetada. Se o AVC afetar a área (hemisfério esquerdo) que controla os movimentos do corpo do lado direito, esse lado vai ficar paralisado. O cérebro também controla os processos mentais mais nobres, como comunicar, sentir, pensar, que também podem ficar afetados.

 

 

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), aplicar todas as medidas conhecidas e disponíveis permite reduzir em 80 por cento a doença vascular cerebral, estes são os fatores de risco que pode controlar:

 

 

– Hipertensão arterial

 
– Fibrilação auricular

 
– Colesterol elevado

 
– Tabagismo

 
– Obesidade

 
Hipertensão arterial

 

 

«É um dos mais potentes fatores de risco, contribuindo em 54 por cento para o risco de AVC», alerta Maria Teresa Cardoso.

 

 

A hipertensão faz o coração bombear o sangue de forma mais enérgica, uma situação que prejudica o normal funcionamento deste órgão.

 

 

Uma ação que pode «enfraquecer os vasos sanguíneos e danificar órgãos principais, como o cérebro», informa a National Stroke Association (NSA).

 

 

O que fazer:

 

 

– Reduza a ingestão de sal

 

 

«É uma medida crucial que está associada à diminuição da pressão arterial e da mortalidade por AVC», refere Maria Teresa Cardoso. A OMS recomenda um máximo de 5 g por dia. «Os portugueses fazem uma ingestão média de cerca de 12 g de sal por dia», critica.

 

 

– Meça a pressão arterial

 

 

O controle tensional ótimo é da maior importância para uma redução sustentada do risco de AVC», sublinha a especialista. 120/80 é o valor aproximado de uma pressão arterial normal. Faça a medição, no mínimo, uma vez por ano (ou mais, se tem complicações de saúde).

 

 

– Respeite a medicação

 

 

 

Caso esteja a ser medicada para a hipertensão, siga as indicações à risca. «A terapêutica anti-hipertensora reduz em 28 por cento o risco de AVC e em 39 por cento a morte por AVC nos doentes com mais de 80 anos», conta Maria Teresa Cardoso.

 

 
Fibrilhação auricular

 

 

Trata-se de «uma arritmia que aumenta em cerca de cinco vezes o risco de AVC», conta Maria Teresa Cardoso.  Segundo a NSA, graças a este problema, «há tendência para a formação de coágulos que podem alojar-se numa artéria cerebral e provocar um AVC».
Prevenir e controlar este problema é, por isso, fundamental, pelo que deve procurar ajuda especializada para vigiar esta situação.

 

 

O que fazer:

 

 

– Avalie o ritmo cardíaco

 

 

Os aparelhos de medição de tensão arterial também avaliam o batimento cardíaco, mas só o eletrocardiograma permitirá fazer o diagnóstico.

 

 

– Se está a ser medicado, siga a medicação à risca

 

 

«O tratamento hipocoagulante pode diminuir o risco de AVC em 62 por cento», diz Maria Teresa Cardoso, segundo a qual «os novos anticoagulantes orais têm a grande vantagem de não necessitarem de monitorização e de terem poucas interações medicamentosas».

 

 
Tabagismo

 

«Fumar danifica as paredes dos vasos sanguíneos, acelera a obstrução das artérias, aumenta a pressão arterial e o esforço do coração», enumera a NSA. A toma concomitante de
contracetivos orais aumenta ainda mais o risco.

 

 

O que fazer:

 

 

– Deixe de fumar

 

 

«O tabagismo aumenta duas a três vezes o risco de AVC,  que desaparece ao fim de dois a quatro anos após a suspensão» deste
hábito, diz Maria Teresa Cardoso.

 
Colesterol elevado

 

 

«Níveis elevados de colesterol LDL aumentam 1,5 vezes o risco de AVC», refere Maria Teresa Cardoso.

 

 

O mau colesterol contribui para a «acumulação progressiva, nas paredes arteriais, da placa de ateroma, formada por depósitos de gordura e outras células», alerta a NSA.

 
O seu valor total de colesterol deve ser inferior a 190 mg/dl. Faça regularmente análises para se manter a par destes níveis.

 

 

O que fazer:

 

 

– Selecione as gorduras

 

 

Evite alimentos ricos em gorduras saturadas e trans, como bolos, bolachas, carnes gordas e fritos. Prefira gorduras saudáveis como as do azeite e peixes gordos (ómega 3).

 

 

– Aposte nos vegetais

 

 

Coma cinco ou mais doses de fruta e vegetais ao longo do dia.

 

 

– Respeite a medicação caso o seu médico considere que deve ser medicada

 

 

«As estatinas reduzem a incidência de AVC de 3,4 para 2,7 por cento», sublinha Maria Teresa Cardoso.

 

 
Obesidade

 

 

A obesidade «duplica o risco de AVC isquémico», revela a especialista. A obesidade está diretamente ligada a outros fatores de risco do AVC,  como a diabetes (que triplica o seu risco) ou a hipertensão arterial, colocando em tensão todo o sistema circulatório.

 

 

O que fazer:

 

 

– Seja ativo

 

 

Não use o elevador se pode subir as escadas, não vá de transportes se pode ir a pé. O objetivo são 30 minutos de atividade física todos ou na maior parte dos dias. Vigie as calorias para se manter em forma, não pode ingerir mais calorias do que as que consome.

 

Os sinais de alarme

 

 

Quanto mais depressa atuar menores serão as sequelas de um AVC.
Perante estes sintomas não hesite em chamar o 112:

 

– Boca ao lado

 

– Dificuldade em falar

 

– Perda de força no braço e/ou perna, sobretudo num dos lados do corpo

 

Os fatores de risco

 

 

Idade

 
A partir dos 55 anos, a probabilidade de AVC duplica a cada década de vida.

 

História familiar

 
Os familiares diretos de doentes com AVC correm maior risco de sofrer um AVC. Segundo Maria Teresa Cardoso, «se forem portadores de fatores de risco vascular com incidência familiar, tais como hipertensão arterial, dislipidemia, diabetes mellitus, a correção de todos os fatores de risco, através da mudança do estilo de vida associada a terapêutica farmacológica, é fundamental na prevenção».

 

 

Acidente isquémico transitório

 
O risco é superior em quem já teve anteriormente um AVC e um ataque cardíaco, mas também em quem já sofreu um Acidente Isquémico Transitório – AIT (a probabilidade é dez vezes superior). Nesta situação, o fluxo sanguíneo numa área cerebral é interrompido de forma passageira. Os sintomas são idênticos aos do AVC, mas desaparecem completamente em alguns minutos ou até 24 horas. É uma situação de emergência. Reconhecê-lo e tratá-lo reduz o risco de AVC.

 

 
Texto: Rita Miguel com Maria Teresa Cardoso (especialista
em Medicina Interna e Coordenadora do Núcleo de Estudos da Doença Vascular Cerebral da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna)

 

 

 

Ter um acidente vascular cerebral (AVC) aos 30 Anos

Quando a doença surge mais cedo do que se espera.

 

Atualmente, é a principal causa de morte em Portugal, atingindo números preocupantes.

 
Apesar da idade habitual de diagnóstico situar-se entre os 65 e os 75 anos, um acidente vascular cerebral pode acontecer logo aos 30 anos.
«Ocorre quando um vaso sanguíneo do sistema nervoso rompe ou é bloqueado por um coágulo e uma parte do cérebro deixa de receber sangue e começa a morrer», explica a neurologista Belina Nunes.
«Pode dever-se a isquemia (falta de aporte de sangue ao cérebro) ou a hemorragia (extravasamento de sangue dos vasos para o tecido cerebral), mais grave mas também menos frequente», esclarece a especialista.

 
Porque pode surgir mais cedo?

 
«Embora o AVC esteja associado a idades mais avançadas, sendo mais comum a partir dos 55 anos (com a incidência a dobrar a cada década depois dessa idade), pode ocorrer em idades mais precoces, nomeadamente em jovens adultos», confirma a neurologista Belina Nunes. «A hipertensão arterial, a diabetes, os valores elevados de colesterol e triglicéridos e as doenças cardíacas são os principais fatores de risco da doença vascular cerebral, em qualquer idade, a par da carga genética», alerta a especialista.

 

 
No entanto, que «um jovem adulto pode ter um AVC em consequência de condições clínicas mais raras (rutura de um aneurisma cerebral, malformação arteriovenosa cerebral ou trombose venosa cerebral) difíceis de controlar», ressalva ainda. Em qualquer dos casos, «o prognóstico depende da rapidez de intervenção diagnóstica e terapêutica e da localização e extensão da hemorragia».

 
Como prevenir

 
Consulte o seu médico de família regularmente para manter sob
controlo a tensão arterial e os valores da glicemia e do colesterol. Se
tiver hipertensão, respeite a medicação e as indicações médicas.
Pratique exercício físico regularmente e evite o excesso de peso. A obesidade está diretamente relacionada com outros fatores de
risco do AVC. Faça uma alimentação cuidada, evitando os alimentos ricos em gorduras saturadas (bolos, carnes gordas e fritos) e prefira as gorduras saudáveis (como o azeite).

 
Reduza a ingestão de sal. Este é um cuidado fundamental na redução da tensão arterial. Coma cinco ou mais doses de fruta e vegetais por dia. Um estudo da Universidade de Wageningen, na Holanda, revelou que «comer alimentos de polpa branca (pera, pepino, maçã e banana) reduz o risco de AVC em cerca de 50%». Evite também o álcool e o tabaco. «A ocorrência familiar prévia de AVC em jovens pode ser um alerta para a existência de causas familiares de AVC que devem ser investigadas», alerta Belina Nunes.

 
Sinais de alarme

 
No seu livro «Consulta de neurologia» (Lidel), a especialista Belina Nunes deixa claro quais os sinais que não pode mesmo ignorar:

 
– Falta de força no braço e perna do mesmo lado

 
– Paralisia dos lábios de um dos lados ou boca ao lado

 
– Perda de sensibilidade de metade do corpo

 
– Fala arrastada, voz entaramelada ou língua presa. dificuldade em encontrar palavras para se expressar

 
– Falar de forma incompreensível, com palavras que não existem e frases fora do sítio

 

 

Texto: Sofia Cardoso com Belina Nunes (neurologista na Clínica da Memória)

 

 

PREVENIR – SAÚDE E MEDICINA

 

 

 

 

Como os Estudos Científicos Manipulados são uma Bomba Relógio para a nossa Saúde

12/02/2015

 

 

Se lê o Green Savers com regularidade é várias vezes confrontado com estudos científicos que apontam para diversas direcções e conclusões, muitas delas contraditórias, sobre todo o tipo de temas e áreas.

 
No entanto, a discussão sobre a veracidade destes estudos reacendeu-se nas últimas semanas, nos Estados Unidos, devido a uma causa externa: um surto de sarampo e papeira – o que mais rápido cresceu desde que a primeira foi declarada eliminada nos Estados Unidos.

 
Segundo o Huffington Post, este surto poderá ter como pano de fundo um pedaço de literatura científica publicado – e desacreditado – em 1998 por Andrew Wakefield, no jornal Lancet. O estudo – falso – revelava uma ligação entre as vacinas para sarampo, papeira e rubéola e o autismo infantil.

 
Depois de ser publicado, o estudo foi declarado falso por uma investigação de um jornalista inglês. Wakefield, um gastroenterologista britânico, caiu em desgraça até lhe ser retirada a licença médica.

 
No entanto, passados quase 20 anos, o estudo ainda consegue gerar medo e dúvida sobre estas três vacinas, levando muitos pais a ignorá-las. E será esta acção que gera novos surtos todos os anos. Hoje, uma rápido pesquisa online encontra todo o tipo de sites – muitos deles pagos – que ligam as vacinas ao autismo, algo que, de acordo com a comunidade médica e científica, é completamente falso.

 
Manipular os estudos para ganhar visibilidade

 
Outro dos estudos falsos relatados por este artigo do Huffington Post (http://www.huffingtonpost.com/2015/02/11/measles-vaccine-bad-science_n_6641396.html) foi desenvolvido na Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, e sugeria que a alimentação orgânica não providenciava um grande valor nutritivo ou um menor risco de saúde em relação às comidas processadas.

 
Lançada em 2012, a pesquisa foi rapidamente atacada por especialistas nesta área, que a consideraram manipulada: alguns dos nutrientes que, em pesquisas anteriores, se mostraram mais activos nos orgânicos foram simplesmente ignorados, o que alterou as conclusões.

 

 

O estudo também explicou que os produtos orgânicos tinham 30% menos risco de contaminação por pesticidas, quando comparados às frustas e vegetais convencionais. No entanto, esta percentagem chega aos 81%.

 

 
Ainda que a desonestidade académica seja rara, ela existe. Muitos dos investigadores preferem conclusões bombásticas a outras, uma vez que as primeiras chamam a atenção para o seu nome no meio académico e sociedade. Também os meios e jornais preferem os estudos mais polémicos.

 

 

“Para os consumidores, é difícil navegar [nestes estudos]”, explicou Cynthia Curl, cientista de saúde ambiental da Bois State University, Estados Unidos. Um exemplo: uma pesquisa no Google sobre “alimentos orgânicos saúde” leva-nos directamente ao estudo de Stanford, cujo comunicado diz que “existem poucas provas dos benefícios dos alimentos orgânicos para a saúde”. O que é falso.

 

 
Uma análise publicada esta semana no jornal JAMA de Medicina Interna descobriu que a FDA (Food And Drug Administration) norte-americana identificou várias vezes o problema das pesquisas fraudulentas, mas raramente avisa as publicações destes erros. Porquê? Ninguém sabe.

 

 

Se acrescentarmos a esta receita uma grande quantidade de jornalistas sem formação científica na matéria e consumidores que acreditam na comunidade académica e científica, então temos uma bomba relógio para a nossa saúde e bem-estar.

 

 

Foto: Sue Clark / Creative Commons

 

 
Saúde e Bem-Estar

 

 

Estudos científicos

 

 

 

A história polémica da empresa que vende a cura da hepatite C

07/02/2015

 
O laboratório que comercializa o Sofosbuvir, contra a hepatite C, anunciou que vai baixar este ano o preço do fármaco. As ações caíram 10%. E há outras empresas a disputar o mesmo mercado …

 

 

As ações da Gilead Sciences, empresa de biotecnologia que fabrica o medicamento mais eficaz contra a hepatite C (Sofosvubir) caíram mais de 10% na passada quarta-feira, apesar de os resultados financeiros divulgados terem excedido as expectativas dos analistas. A razão do mau comportamento dos títulos foi a divulgação de que a empresa vai fazer uma forte redução no preço de venda do Sovaldi, nome comercial do Sofosbuvir.

 

 
A empresa, baseada na Califórnia, assumiu num comunicado que vai fazer já este ano nos Estados Unidos “um grande ajustamento” no preço dos medicamentos Harvoni e Sovaldi, ambos contra a hepatite C, que vão custar menos 46%. Os analistas esperavam um desconto de no máximo 30%. A previsão de margens de lucro mais estreitas causou o mau comportamento das ações, apesar da expectativa da Gilead ser de, só este ano, tratar mais de 250 mil pacientes com hepatite C.

 

 
Em 2014, as vendas da Gilead duplicaram em relação a 2013 (27 mil milhões de dólares, cerca de 23 mil milhões de euros), mas os lucros mais do que triplicaram, ascendendo a 7,3 mil milhões de dólares (6,4 mil milhões de euros). Conhecido como o comprimido de mil dólares por dia, a Gilead teve de reduzir o preço do Sofosbuvir perante a ameaça das companhias de seguros, distribuidoras e farmácias norte-americanas de não utilizarem o Harvoni e o Sovaldi, optando por alternativas mais baratas. O principal concorrente é um medicamento chamado Vikera Pak, fabricado pelo laboratório AbbVie, lançado no final de 2014.

 

 
O valor de ser o primeiro

 

 
A Gilead tomou a dianteira no mercado da hepatite C e, segundo a agência Bloomberg, poderá ser também pioneira com um novo medicamento contra a hepatite B, ainda não aprovado pela autoridade norte-americana da alimentação e medicamentos (FDA). Neste caso, o mercado potencial em todo o mundo é de 240 milhões de doentes com hepatite B, infeção responsável por mais de 780 mil mortes anuais, de acordo com a Organização Mundial de Saúde.

 

 
E se nos Estados Unidos a situação é de aumento da concorrência, os especialistas no negócio da biotecnologia garantem que o próximo terreno de batalha entre estes dois fabricantes será a Europa. No Reino Unido, por exemplo, já foi aberta a discussão sobre o sistema de financiamento dos medicamentos contra a hepatite C. Segundo o “Financial Times”, a introdução em larga escala do Sovaldi está adiada até ao fim de julho pela autoridade de saúde pública (NHS). E já há grupos de representantes de doentes a pressionarem para a introdução do medicamente concorrente, da AbbVie, como forma de estimular a redução do preço. Na Europa, os cinco maiores mercados para estes medicamentos contra a hepatite C são a França, a Alemanha, a Itália, a Espanha e o Reino Unido.

 

 
Guerra sem fronteiras

 

 
Mas está é uma guerra sem fronteiras. A Índia, conhecida como “a farmácia dos pobres”, devido à sua maciça produção de medicamentos genéricos a baixo preço, decidiu não autorizar o pedido de patente para o Sofosbuvir, por considerar que o composto não é suficientemente inovador. Com esta decisão fica aberto o caminho para que outras empresas produzam o fármaco, explica esta semana uma notícia do “El País”.

 

 
O Sofosbuvir foi inicialmente desenvolvido por uma empresa de biotecnologia norte-americana, a Pharmasset, que a Gilead adquiriu em 2012 por mais de 11 mil milhões de dólares (8 mil milhões de euros). O medicamento foi autorizado pela Agência do Medicamento nos Estados Unidos em dezembro de 2013. Um mês depois, a equivalente europeia também deu luz verde à sua comercialização.

 

 
Todo este negócio que envolve saúde e elevados investimentos passa pela capacidade de cada um de pressionar governos e opiniões públicas. Um artigo da “Fortune” afirma, por isso, que a administração da Gilead Sciences é “politicamente muito bem relacionada”, tendo entre os seus membros nomes sonantes, como o do ex-secretário de Defesa dos Estados Unidos Donald Rumsfeld, que foi presidente não executivo da empresa de biotecnologia até integrar a equipa de George W. Bush. Também o ex-secretário de Estado George Shultz trabalhou na Gilead mais de uma década e será atualmente um “diretor emérito” da empresa. E a mulher do ex-governador da Califórnia Pete Wilson integra o comité de governação da Gilead.

 

 
Em Dezembro do ano passado, numa edição virada para a eleição das grandes questões que marcariam 2015, o “New York Times” apontava o desenvolvimento do mercado de biotecnologia e dos medicamentos inovadores como um dos temas fundamentais a ter atenção este ano. Não foi preciso esperar o fim do primeiro mês para a bomba explodir um pouco por todo o lado.

 

 

 

Christiana Martins

 

 

 

Malditas Dores de Cabeça

23/02/2015

 
Não têm cura mas as atitudes e os comportamentos certos permitem controlá-las. Saiba como!

 
São o grande pesadelo de grande parte da população. De mansinho, quase sem dar por isso, a dor vai-se instalando.

 
Ainda tem esperança que seja só um incómodo passageiro e que não seja preciso tomar um comprimido.

 
Erro fatal, a dor começa a dominar a cabeça e dentro de pouco tempo terá dificuldade em concentrar-se no que quer que seja.

 
A culpa, como em tantos outros aspectos, é difícil de atribuir. Pode ter sido aquela refeição mais condimentada, o stress para enfrentar a fila de trânsito ou então um pouco de tudo e de nada. A verdade é que, embora sejam poucos os que se podem gabar de nunca ter tido uma cefaleia (estima-se que 90 por cento da população mundial já teve uma dor de cabeça em alguma altura da vida), a ciência médica ainda não encontrou uma cura para o problema. Mas não desanime, é possível, se não extingui-las, pelo menos minimizá-las. Com a ajuda de Sara Vieira, neurologista no Hospital de São João, no Porto, a saber viver explica-lhe como.

 

 
Doença ou sintoma

 

 
É frequente ouvir-se dizer que as dores de cabeça não são uma doença mas sim um sintoma, o que não corresponde bem à verdade. O facto é que existem cefaleias primárias, que não traduzem outros problemas de saúde, constituindo por si só uma patologia; e existem cefaleias secundárias, que representam um sintoma de doenças do sistema nervoso e de outros órgãos (como por exemplo gripe, hipoglicemia ou pequenos traumatismos cranianos) ou de outras mais graves, como meningites, tumores ou hemorragias por ruptura de aneurismas.

 
«Felizmente, mesmo que tenha um impacto negativo na vida do doente, pela frequência e intensi-dade, a cefaleia só raramente (quatro por cento dos casos) corresponde a lesão grave intracraniana ou a outra doença que implique cuidados médicos céleres», esclarece Sara Vieira, neurologista. Mas atenção, «quando o doente tem recorrentemente episódios de dor de cabeça, que lhe causam desconforto e angústia, interferindo na qualidade da sua vida, deverá recorrer ao médico assistente», aconselha.

 
Sentimentos reprimidos

 
Segundo a Classificação Internacional de Cefaleias, existem mais de 14 tipos de dores de cabeça, divididos, também eles, em mais de 200 manifestações diferentes. Aquelas que mais atingem a população mundial são as denominadas cefaleias de tipo tensão. Como o próprio nome indica, são originadas por situações de stress que contribuem para a acumulação de tensão nos músculos do pescoço, ombros e cabeça.

 
«Geralmente, a pessoa relaciona a dor com a privação de sono, com a omissão de alguma refeição ou do habitual café ou com o stress diário (a pressa em executar tarefas do dia-a-dia, como levar os filhos à escola)», informa Sara Vieira. A dor é moderada sobre os olhos ou a nuca, ou então uma sensação de pressão forte (como uma fita apertada à volta da cabeça), tende a manifestar-se de manhã ou às primeiras horas da tarde e piora ao longo do dia. «Quando é mais frequente ou crónica, pode estar associada a ansiedade ou depressão, que terão de ser tratadas», alerta a médica.

 
Temíveis enxaquecas

 

 

Para além de uma dor forte que surge muitas vezes sem aviso prévio, a enxaqueca faz-se acompanhar de outros sintomas altamente incapacitantes. É comum quem sofre de enxaqueca ter de se refugiar num local calmo e até deitar-se durante umas horas, dada a «associação a intolerância à luz, barulho, certos cheiros, náuseas e/ou vómitos», refere a neurologista. «É mais frequente na mulher, na idade reprodutiva, sabendo-se que há relação com as variações hormonais das diferentes fases do ciclo menstrual», continua Sara Vieira.

 

 
Embora não se conheça o que a origina, sabe-se que resulta da activação dos receptores da dor após a contracção, seguida da dilatação das artérias que irrigam o cérebro. As pessoas com enxaqueca serão mais sensíveis a certos estímulos (ambientais ou do seu próprio organismo). Daí que seja comum falar-se em cefaleia ou dor de cabeça de fim-de-semana ou do orgasmo. No entanto, importa referir que este tipo de dor de cabeça tem um carácter hereditário e só se manifesta em pessoas susceptíveis.

 
Os homens também sofrem

 

 

Versão masculina

 

 
Há uma categoria específica de cefaleias que atinge mais o sexo masculino, as cefaleias em salva.

 
Descritas como o tipo de dor de cabeça mais forte, parecem estar relacionadas com uma disfunção no núcleo do hipotálamo e há estudos que as associam aos distúrbios do sono, como a apneia e o ressonar.

 
Não reagem aos analgésicos comuns, pelo que é importante aconselhar-se com o especialista sobre a melhor forma de proceder.

 
A inalação de oxigénio garante uma melhoria da dor em 90 por cento dos casos, mas é necessário o tratamento preventivo simultâneo com medicamentos apropriados, que pode prolongar-se por dois a quatro meses, ou seja, enquanto durarem as crises.

 
«Embora muitos doentes reconheçam os factores que precipitam ou agravam as cefaleias que têm habitualmente, sejam elas de tipo tensão, enxaquecas ou outras, há situações médicas que contribuem para o aparecimento das mesmas e que devem ser excluídas, como casos de infecções da cavidade oral ou alterações da acuidade visual», revela a neurologista.

 
Hábitos nefastos

 

O estilo de vida tem influência não só na prevenção, como na gestão das crises dos vários tipos de dor de cabeça. Sabe-se que o uso de computadores portáteis pode estimular crises devido à alteração de postura e à consequente sobrecarga ao nível dos músculos do pescoço que esses aparelhos proporcionam. Já os telemóveis, que muitos pensam causarem crises devido às radiações, parecem estar associados a factores desencadeantes psicológicos.

 
O tabagismo é outro aspecto que potencia as dores de cabeça de tensão: um neurologista espanhol constatou que os fumadores têm o dobro da probabilidade de desenvolverem cefaleias, mesmo se só consumirem cinco cigarros por dia. Tentar manter as rotinas também parece ser útil pois, como explica Sara Vieira, «muitas pessoas têm a frustrante cefaleia de fim-de-semana uma vez que, após a semana de trabalho, com pouco tempo para dormir e alimentar-se correctamente, optam por pôr o sono em dia, não tomando o pequeno-almoço e fazendo privação da dose rotineira de cafeína».

 
Sem cura, mas com tratamento

 
A melhor forma de identificar o tipo de dor é através da história clínica do paciente e de um exame neurológico, em que o especialista vai analisar diferentes funções do cérebro (cerebelo, tronco cerebral), medula, raízes e plexos nervosos, placa motora e músculos. Desta forma, o médico conseguirá determinar o tratamento adequado para cada caso específico que, em algumas situações, para além de medidas para actuar durante uma crise, assenta numa estratégia preventiva.

 
No entanto, antes de recorrer ao uso de medicamentos analgésicos que, por vezes, contribuem para agravar o problema, o doente deve «evitar os factores identificados como facilitares ou precipitantes da cefaleia, regularizar os horários de sono e das refeições (não saltar refeições e ter presente que hidratação é importante), realizar actividade física regular (privilegiar as caminhadas, natação e ioga), corrigir posturas incorrectas no local de trabalho, por utilização de mesas e cadeiras desajustadas ou condições de luminosidade insuficientes», aconselha a especialista.

 

 

As dores de cabeça também podem ser estimuladas por alimentos que contêm substâncias vasodilatadoras, como é o caso do vinho tinto, dos ovos, dos produtos lácteos, dos citrinos, da carne, do trigo, da noz e do amendoim, do tomate, da banana, da maçã, do milho, da cebola, do queijo, do morango, do marisco e dos molhos.

 

 

Como identificar se a sua dor de cabeça é uma das mais comuns.

 
Existem mais de 14 tipos de dor de cabeça mas as três principais assumem contornos característicos que as permitem distinguir:

 
Dor de cabeça de tipo tensão

 
Este tipo de dor caracteriza-se por sensação de peso, pressão, aperto ou moinha na zona bilateral, frontal, na nuca ou no topo da cabeça. Surge entre os 20 e os 50 anos.

 

 
Esta deriva frequentemente de factores como o stress e o cansaço e o excesso de trabalho e de esforço muscular pode agravar a dor. Náuseas e fobias à luz ou a ruídos são os sintomas mais comuns. A duração deste tipo de dor pode variar entre algumas horas a dias.

 
Enxaqueca

 
Pode surgir logo na adolescência. A enxaqueca aparece geralmente entre os 15 e os 40 anos e tem história familiar. Caracteriza-se por uma sensação pulsátil unilateral ou bilateral. Existem diversos factores que podem estar na origem desta dor. O stress, a menstruação, o tipo de alimentação, as alterações do ritmo de sono, o tipo de exercício físico praticado ou as mudanças de tempo são alguns exemplos. Movimentos e esforços físicos podem agravar o estado do doente. A frequência deste tipo de dor é variável e pode ir de poucas horas a três dias. Os sintomas mais comuns são as náuseas, os vómitos, a fobia à luz, ao ruído e/ou cheiros.

 
Dor de cabeça em salvas

 

 
Tal como a enxaqueca, a dor de cabeça em salvas caracteriza-se por uma dor pulsátil mas esta actua unilateralmente e num sentido orbital e temporal. Aparece entre os 20 e os 40 anos e não tem história familiar. Este tipo de dor de cabeça decorre somente durante as salvas e pode surgir depois do consumo de álcool. Determinadas épocas do ano como a Primavera e o Outono podem agravar a dor.

 

 
Tem uma duração inferior aos outros tipos de dor de cabeça, durando, geralmente, pouco mais de 30 minutos mas pode ocorrer várias vezes ao dia, durante quatro ou oito semanas. Olhos vermelhos e lacrimejantes, congestão e corrimento nasal, queda da pálpebra do mesmo lado da dor são os principais sintomas.

 

 
Texto: Sandra Diogo com Sara Vieira (neurologista)

 
SABER VIVER

 
SAÚDE E MEDICINA

 

 

 

A DOR – Saiba mais sobre esta experiência sensorial e emocional incómoda

23/02/2015

 

 

Geralmente descrita ou associada a uma lesão, a dor pode ser definida como uma experiência sensorial e emocional desagradável mas, essencial à sobrevivência, pois atua como um alerta que o corpo fornece ao cérebro, impedindo o seu agravamento.

 
Pode apresentar vários graus de intensidade sendo, por vezes, aguda e de rápido desaparecimento, como quando encostamos a mão a um tacho quente; ou inflamatória e com maior durabilidade, de forma a proteger melhor a parte do corpo lesada e permitindo uma melhor recuperação e cicatrização.

 
Tal como a definição sugere, existem outros tipos de dores que se apresentam como sintomas de doenças ou que são provocadas por alterações psicológicas, como a depressão, surgindo na ausência de qualquer responsável direto.

 
Nestes casos em que a dor não é palpável, o indivíduo afetado utiliza exemplos ilustrativos e alusivos ao que sente. Como, por exemplo, uma dor de cabeça muito forte na qual sentimos que “nos estão a espetar alfinetes na cabeça”.

 
A dor crónica, com duração superior a meio ano e vários episódios mensais, surge frequentemente após um incidente traumático. Pode prolongar-se após a cura das lesões e assumir uma proporção psicológica considerável, afetando substancialmente a vida dos indivíduos.

 
Nestes casos, a dor é promovida por alterações provocadas pelo Sistema Nervoso, passando a constituir, efetivamente, uma doença que já nada tem a ver com a lesão inicial que a pode ter provocado. Os doentes conseguem, até, descrever as dores que sentem com o máximo de detalhe, apesar de não serem palpáveis.

 
Contrariamente à dor aguda ou inflamatória, passíveis de tratar com medicamentos analgésicos clássicos, a dor crónica é de difícil controlo, necessitando da ajuda de outras terapêuticas para que fique completamente tratada. O que comprova que este tipo de dor é, mesmo, uma doença.

 
Epidemiologia

 

 

A dor crónica afeta 3 em cada 10 portugueses. Esta é a principal conclusão de um estudo nacional, realizado por um grupo de investigadores da Faculdade de Medicina do Porto, que identificou uma incidência de 30% do problema na população adulta nacional, com intensidade moderada ou grave em aproximadamente metade dos casos, e em que apenas 35% dos casos acreditam que a sua dor está controlada.

 

 
Em média, a percentagem de mulheres afetadas é superior, talvez devido a fatores hormonais ou à elevada incidência de algumas patologias no sexo feminino.

 
Doenças relacionadas com as articulações e dores de costas foram as causas mais identificadas, bem como algumas patologias mais leves (dor de cabeça) e outras mais sérias, como os traumatismos, osteoporose, doenças pós-cirurgia e do Sistema Nervoso e, até mesmo, o cancro nas fases mais avançadas. Independentemente do sexo, a dor crónica aumenta à medida que a idade avança.

 
Logo, devido ao envelhecimento da população e, consequentemente, ao aumento da esperança média de vida, os especialistas preveem, nos próximos anos, um aumento acentuado dos casos de dor crónica.

 

 
Os estilos de vida sedentários, obesidade e prática inexistente de exercício físico foram identificados como os fatores mais preponderantes para o seu aparecimento. A dor crónica apresenta, também, um impacto económico muito elevado.

 

 
A totalidade dos doentes, em Portugal, representa, por ano, cerca de 610 milhões de euros em consultas médicas, 730 milhões em medicamentos e 275 milhões em exames complementares de diagnóstico.

 

 
Sem contabilizar as faltas ao trabalho, as reformas antecipadas e tantos outros fatores que elevam este valor para um gasto de 3.000 milhões de euros por ano.

 

 
Qualidade de Vida

 

 
A dor pode ser mensurada através da sua intensidade, qualidade, impacto ou interferência na vida do doente, com base em escalas internacionais e questionários de qualidade de vida.

 

 
Esta avaliação e atenção permanente são bastante importantes no processo de recuperação do doente pois, além de interferir com as atividades físicas do doente, a dor afeta também o seu equilíbrio psicológico e emocional, qualidade de sono, interações familiares e sociais, entre outras.

 

 
A dor crónica interfere, assim, com as atividades diárias do doente e altera as suas emoções, relações familiares, profissionais e sociais. O impacto identificado pelos especialistas é bastante negativo e significativo na qualidade de vida das pessoas.

 

 

A constatação da existência de uma diminuição da qualidade de vida nestes doentes é apoiada pelos resultados do estudo anteriormente mencionado, no qual quase 50% das pessoas com dor crónica afirmaram que esta interferia de forma moderada ou grave nas atividades domésticas e laborais.

 

 
Além disso, 4% dos indivíduos afirmaram que perderam o emprego e 13% pediram a reforma antecipada devido à intensidade e prevalência da dor.

 

 
Em 17% dos indivíduos com dor crónica foi ainda diagnosticada depressão e mais de 20% garantiram que não conseguiam desfrutar do prazer da vida, na maior parte do tempo ou sempre.

 

 
Sabia que…

 

 
– A dor não é apenas uma sensação, mas sim um fenómeno complexo que envolve emoções e outros componentes que lhe estão associados;

 
– Os gastos anuais da dor crónica equivalem ao custo de 7 submarinos iguais aos dois que o Estado Português adquiriu recentemente à empresa alemã Man Ferrostaal;

 

 
– A dor é a queixa mais prevalente na consulta médica;

 

 
– A dor crónica afeta cerca de 30% da população portuguesa;

 

 
– O tratamento da dor deve ser feito nos cuidados de saúde primários, ou seja, através dos médicos de família, mas não somente. A sua diversidade e complexidade têm vindo a exigir, cada vez mais, resposta especializada, com diferentes especialistas envolvidos no diagnóstico e tratamento e, frequentemente, intervenção multidisciplinar.

 

 
Diagnóstico

 

 

A dor crónica diferencia-se facilmente de outros tipos de dor por ser “personalizada”, ou seja, cada caso é um caso e cada pessoa a descreve à sua maneira.

 

 
Apesar de surgir, frequentemente, no seguimento de uma doença anterior, quando é sentida pelo indivíduo, a sua suposta causa já foi tratada, fator que dificulta a associação a uma origem e a identificação nos exames físicos. Como tal, o diagnóstico deste tipo de dor é feito através de um historial clínico do doente e de exames clínicos complementares, acompanhados por uma avaliação psicológica.

 

 
História Clínica

 

 

Através do historial clínico, o médico avalia outras doenças ou problemas de saúde ocorridos anteriormente e que possam estar relacionados com a dor ou interferir nas opções de tratamento (diabetes, asma, insuficiência renal, cirurgias prévias, entre outros). Nesta primeira fase, são considerados aspetos como início e duração da dor, localização, padrão temporal, características, sintomas, intensidade, fatores de alívio/agravamento e tratamentos realizados.

 

 
Exame Físico

 

 
No exame físico, o médico começa por realizar uma observação física geral ao doente e, de seguida, concentra-se na zona de dor referida na história clínica. No local dorido, o especialista avalia aspetos como a coloração da pele, sensibilidade, capacidade motora, amplitude de movimentos e postura, entre outros.

 

 
Avaliação Psicológica

 

 

Pretende avaliar os fatores que influenciam a experiência dolorosa do doente, bem como o impacto da dor na sua saúde mental. Deve ser realizada de forma multidisciplinar, na qual o doente é observado por vários profissionais e, através de uma entrevista, que pode ser complementada com alguns questionários específicos.

 

 

Exames Complementares

 

 

Para completar a avaliação do doente, o médico pode necessitar de realizar uma investigação mais detalhada com o auxílio de exames complementares (análises ao sangue, urina ou fezes, radiografias, ecografias, TAC, RMN, EMG, EEG, entre outros).

 

 
Farmacologia

 

 

Quando a dor é aguda, pode ser recomendada a utilização isolada de analgésicos. Mas, no caso da dor crónica, a abordagem tem de ser multimodal, ou seja, utilizam-se vários medicamentos em doses mais baixas, associados a tratamentos não medicamentosos. O mais utilizado é o paracetamol, tanto a nível de analgésico como complemento anterior/posterior a uma intervenção cirúrgica.

 

 
A dor crónica é frequentemente acompanhada por períodos de ansiedade, depressão e perturbações do sono, sendo muitas vezes necessário complementar o tratamento com medicamentos para esse fim. Para alguns tipos de dor que envolvem a contração excessiva e desadequada dos músculos, pode ser necessário acrescentar medicamentos relaxantes musculares ou a aplicação de pomadas constituídas por pentosano polissufato de sódio nas dores localizadas.

 

 
Tratamento

 

 

Tratamento Físico e de Reabilitação

 

 

O exercício terapêutico utiliza movimentos, posturas ou atividades com o objetivo de melhorar ou prevenir deficiências, aumentar a funcionalidade e a resistência, proporcionando uma maior sensação de bem-estar.

 

 

Pode ser complementado com tratamentos com agentes físicos e técnicas manuais de forma a melhorar o controlo da dor, otimizar a flexibilidade, força e resistência do doente. A hidroterapia, crioterapia, estimulação elétrica, massagem terapêutica e o tratamento a laser são algumas das terapêuticas complementares.

 

 

Tratamento Cognitivo-Comportamental

 

 

Baseia-se na ideia de que as crenças e expectativas do indivíduo, assim como os seus pensamentos, têm um impacto adverso no humor, no comportamento e, consequentemente, na dor.

 

 

No tratamento cognitivo, o doente é encorajado a identificar os pensamentos disfuncionais e o papel que estes desempenham no seu comportamento e estado emocional.

 

 
O objetivo é identificar a alteração de comportamentos não produtivos, reduzir a angústia emocional e desenvolver estratégias para enfrentar a situação.

 

 

A terapia comportamental pretende recuperar o doente para a vida ativa, através da adoção de estratégias comportamentais que permitam uma adaptação às eventuais limitações que o doente apresente. Visa, ainda, diminuir os comportamentos de dor que o doente adota como forma de comunicar a sua dor e angústia.

 

 
Técnicas Invasivas

 

 

Em alguns doentes é necessário realizar técnicas invasivas para um melhor controlo da dor. Este tipo de tratamento envolve riscos e deve ser sempre ponderado, em conjunto, pelo médico e doente.

 

 
Ozonoterapia, bloqueio de nervos periféricos, bloqueio neurolítico, toxina botulínica, cifoplastia e a neuromodulação são algumas das técnicas utilizadas.

 

 

Medicinas Alternativas

 

 

A hipnose, a acupuntura e a fitoterapia são algumas medicinas alternativas mais usadas, como complemento farmacológico no tratamento da dor crónica. A acupuntura é o mais recorrente.

 

 
Tipos de Dor

 

 

Dor de Cabeça

 

 

A dor de cabeça (cefaleia) é uma das formas de dor mais frequentes e com maior incidência, afetando mais mulheres do que homens. Pode ser classificada como primária, a mais frequente, ou secundária. Quando não é identificada uma doença que a justifique, a cefaleia é considerada primária, podendo subdividir-se em três grandes grupos: enxaqueca, cefaleia de tensão e cefaleia em salva.

 

 
De todas, a cefaleia de tensão é a mais frequente. A cefaleia secundária caracteriza-se como uma manifestação de outras doenças, sendo a sua classificação baseada na patologia que a origina. Pode surgir, também, devido à utilização/privação de uma substância como analgésicos, álcool, cafeína e algumas drogas ilegais, entre outros.

 

 
Enxaqueca

 

 

A enxaqueca é o tipo de dor de cabeça mais frequente a nível mundial e com grande impacto no doente e na sociedade, afetando os doentes na idade profissionalmente mais produtiva.

 

 
A maioria (60-70%) dos afetados são mulheres com idade inferior a 30 anos, embora também possa ocorrer durante a infância. As causas que levam ao aparecimento das enxaquecas ainda não estão totalmente delineadas, mas, parece existir uma componente genética associada.

 

 

As crises podem ser despoletadas pela utilização de contracetivos hormonais, alterações nos hábitos de sono ou ingestão de alguns alimentos como o chocolate. Quem sofre de enxaqueca tem, ainda, uma maior probabilidade de contrair trombose, epilepsia, ansiedade, depressão e perturbação de pânico.

 

 
O tratamento da enxaqueca apenas controla os sintomas e alivia a dor nos doentes, de forma a otimizar a sua vida diária. Deve ser iniciado com a alteração dos hábitos alimentares e através da adoção de um estilo de vida mais saudável que permita a prática regular de exercício físico associado a uma ingestão moderada de certos alimentos, álcool e cafeína.

 
O tratamento preventivo individualizados e dependem das particularidades da enxaqueca, assim como, de outras doenças que cada doente possa ter.

 
Dor Orofacial

 
A dor orofacial tem origem nas estruturas orais e é, muitas vezes, acompanhada por períodos de dor facial. Afeta entre 17 a 26% da população mas, somente, 7 a 11% é crónica, sendo que a maioria dos doentes apresenta doenças com origem nos dentes ou gengivas.

 

 
Dor de Dentes

 

 
A dor de dentes (odontalgia) tem múltiplas formas de apresentação: espontânea ou provocada, aguda ou latejante, intermitente ou contínua, de intensidade ligeira a intensa. As causas mais comuns são as alterações de temperatura, o toque ou fratura de um dente danificado, a pulpite (inflamação na polpa do dente) ou cárie, sendo esta última a mais recorrente. A fratura de dentes é mais frequente com o avançar da idade, especialmente quando se realizam restaurações muito extensas no dente ou quando o doente tem por hábito “ranger” os dentes. Porque ocorre muito frequentemente e tem sintomas muito variáveis, qualquer dor que surja na boca e face deve ser considerada, em primeiro lugar, como sendo de origem dentária.

 
Dor de Garganta

 

 

A dor de garganta (odinofagia) é uma dor presente na cavidade oral ou faringe, que pode surgir em repouso, na mastigação e na deglutição, com algumas características diferentes consoante o fenómeno que lhe dá origem. Pode ser causada por doenças infeciosas, inflamatórias, tumores, glândulas salivares, entre outros fatores. De salientar que a patologia interfere com funções vitais para o doente – alimentação, fala, respiração – pelo que o controlo das queixas dolorosas é importante para a qualidade de vida.

 

 
Dor de Ouvidos

 

 

A dor de ouvidos (otalgia) é um problema comum que pode surgir em todas as idades, sendo muito frequente nas crianças. Costuma ser descrita como uma dor de facada ou como uma sensação de pressão/peso e pode ser aguda ou crónica, consoante a sua duração, e ter intensidades diferentes (ligeira, moderada ou intensa). Normalmente, é causada por uma lesão, uma doença localizada diretamente no ouvido ou uma dor no ouvido, mas com origem noutros locais do organismo.

 

 
Dor Torácica

 

 

A Dor Torácica tem uma causa Intratorácica quando a sua origem reside nos órgãos que se encontram no interior do tórax – coração, pulmões, esófago. É o caso da Angina do Peito, Pneumonia, Esofagite e Hérnia do Hiate. A causa é extratorácica quando surge nos ossos, músculos, nervos, pele ou órgãos que se localizam fora da caixa torácica (os órgãos abdominais, por exemplo).

 

 
Dor Abdominal

 

 

A dor abdominal é tão comum em crianças como em adultos e pode ter uma origem abdominal ou extra-abdominal, bem como uma recorrência aguda (não recorrente) ou crónica (constante ou recorrente durante mais de 3 meses). As causas inflamatórias, neoplasias, funcionais e infeciosas são as mais frequentes na dor abdominal crónica. No entanto, a sua distinção através dos sintomas é bastante difícil de realizar, motivo pelo qual é sempre necessário realizar alguns exames.

 

 
Dor na Osteoartrose

 

 

Caracterizada por rigidez, limitação de movimentos e deformações, a dor na osteoartrose surge com o movimento e vai-se agravando continuada e repetidamente, com uma maior intensidade no final do dia. Regra geral, estes doentes não têm dor durante a noite, embora, em casos mais avançados, possa surgir algum incómodo noturno. Pode ser primária ou secundária e a causa permanece desconhecida, apesar de especialistas considerarem que existem várias (fatores mecânicos, hereditários, hormonais, metabólicos, entre outros).

 

 

A Osteoartrose é extremamente prevalente na população em geral e, de forma igual, nos dois sexos, embora após os 50 anos exista um ligeiro predomínio no sexo feminino. A frequência aumenta com o avançar da idade. 90% dos indivíduos possuem a patologia após os 60 anos de idade.

 

 

Dor Lombar e Ciática

 

 

A Dor Lombar, a mais frequente após uma constipação, constitui uma importante causa de incapacidade e absentismo laboral. Tem uma maior incidência em indivíduos entre os 30 e os 50 anos de idade e está associada a diversos fatores individuais e profissionais, podendo instalar-se subitamente ou progressivamente e de forma limitada ou difusa, irradiando à distância. Podem surgir episódios de curta duração, agudos e muito dolorosos.

 

 

Na Ciatalgia, a dor estende-se para além da coluna lombar, irradia ao longo da face posterior ou póstero-externa do membro inferior, no trajeto do nervo ciático, acompanhando-se frequentemente de uma sensação de “formigueiro”, “adormecimento” ou “queimadura”. Agrava-se com o esforço realizado para tossir, espirrar, rir ou evacuar.

 

 

Dor Muscular

 

 

A dor muscular é uma síndrome caracterizada por dor articular e muscular generalizada e difusa, com tendência migratória e aparente ritmo inflamatório. A dor agrava-se com os esforços e vem acompanhada por fadiga e outros sintomas. Atinge cerca de 2% da população, predominantemente no sexo feminino e é de causa desconhecida, apesar dos vários fatores possíveis de a desencadear. Estes doentes podem, ainda, apresentar outros sintomas como encefalias, ansiedade, depressão, entre outros.

 

 
Dor associada à Artrite Reumatoide

 

 

A Artrite Reumatoide é uma doença inflamatória crónica de causa desconhecida que, apesar de poder atingir qualquer órgão, envolve predominantemente as articulações. É 3 a 4 vezes mais comum no sexo feminino e surge, mais frequentemente, entre os 30 e 50 anos de idade.

 

 

Na maioria dos doentes, inicia-se de modo lento e progressivo, envolvendo as pequenas articulações das mãos e pés. No entanto, o processo inflamatório pode resultar na destruição completa da articulação. A própria dor é articular e tem um ritmo inflamatório: surge com o repouso, piora logo pela manhã e vai melhorando ao longo do dia através da utilização das articulações.

 

 
Dor Nevrálgica

 

 

A dor nevrálgica é um tipo de dor neuropática que ocorre por lesão ou disfunção do nervo. Pode surgir em variadas localizações e recebe, frequentemente, o nome do nervo responsável pela dor.

 

 
Dor Menstrual

 

 

A dor menstrual (dismenorreia) é uma dor muito frequente que acompanha a menstruação. Embora vista por muitos como uma situação normal, o grau de interferência com as atividades diárias é variável, sendo uma doença que gera um grande absentismo escolar e profissional, especialmente em mulheres jovens. Estima-se que afete cerca 20 a 90% das mulheres, com um grande impacto social e económico.

 

 

Pode ser primária (funcional) ou secundária. A dor menstrual primária não está associada a qualquer outra doença e parece derivar do excesso de produção de substâncias que provocam contrações fortes e dolorosas do útero. Quando muito intensa, pode acompanhar-se de náusea, vómitos e/ou diarreia. É frequente em adolescentes e pode desaparecer ou melhorar com a idade e/ou gravidez.

 

 
Quando a dor menstrual é secundária faz-se acompanhar por outros sintomas, como a perda de sangue fora da menstruação e dor durante o ato sexual, entre outras. O hímen imperfurado, o aperto do colo do útero, a endometriose, os problemas inflamatórios pélvicos e a presença de dispositivos intra uterinos são alguns exemplos de doenças que se associam a dismenorreia secundária.

 

 

Dor oncológica

 

 

 

A dor oncológica ou neoplasia pode apresentar-se, clinicamente, de inúmeras formas, nomeadamente dispepsia, náusea, sintomas urinários, intestinais, fraqueza, perda de peso e dor, entre outros sintomas. Surge em qualquer idade, sendo que cerca de 30% dos doentes com tumores apresenta dor desde a fase inicial da doença até ao final.

 

 

Percentagem que vai aumentando com a progressão da doença, alcançando 75% a 90% em estádios avançados. As principais causas de dor em doentes oncológicos estão relacionadas com tumores e outros sintomas associados, intervenções diagnósticas e terapêuticas, imunodepressão ou com uma patologia pré-existente ou coexistente.

 

 

A dor associada aos tumores pode ser circunscrita a várias localizações ou disseminada, com maior intensidade, nos tumores não tratados ou que não respondem ao tratamento. A dor oncológica afeta negativamente a atividade física do doente, a interação social e familiar, vontade de viver e qualidade de vida. Causa, também, um profundo sofrimento no doente e seus cuidadores, pelo que o alívio da dor é um dever ético e humanitário.

 

 

Cerca de 86% dos doentes oncológicos apresentam mais do que uma dor enquanto 36% têm quatro ou mais. A dor está diretamente relacionada com o tipo de neoplasia e estadio do mesmo, havendo tumores que metastizam em fases precoces (exemplo do pâncreas e do colo do útero) enquanto outros apresentam uma evolução mais lenta, insidiosa.

 

 

Como tal, o doente deve ser avaliado de forma holística – física, psicológica, social e espiritual -, tendo em conta a sua doença e progressão, de forma a construir um plano terapêutico adaptado a cada indivíduo.

 

 

Dor na criança

 

 

Muitas vezes pouco reconhecida e valorizada, levando a que o seu tratamento não seja tão adequado quanto desejável, a incidência estimada da dor crónica na criança é de 10 a 15%. No entanto, este valor pode não refletir a realidade devido aos fatores que contribuem para esta subvalorização e subtratamento: a dificuldade de comunicação inerente a este grupo etário, que dificulta a avaliação da dor e a crença por parte dos profissionais de saúde que as crianças sentem menos dor, e pela imaturidade do seu sistema nervoso.

 

 
Atualmente, é reconhecido que os recém-nascidos e as crianças têm dor e que guardam memória da mesma, influenciando a forma como vão lidar com futuras experiências de dor e stress ao longo da vida. A dor crónica não tratada provoca alterações no estilo de vida da criança refletindo-se, por vezes, num fraco aproveitamento escolar ou numa incapacidade de socialização.

 

 

Além disso, ao contrário do que se supunha, os recém-nascidos, devido a uma resposta inflamatória mais intensa associada a mecanismos neurológicos de inibição menos desenvolvidos, têm níveis de dor que são superiores aos dos adultos.

 

 
A avaliação da dor em recém-nascidos e crianças baseia-se em escalas observacionais (baseadas no comportamento: choro, expressão facial, movimento), uma vez que, até determinada faixa etária, não existe capacidade de verbalização que permita caracterizar a dor.

 

 
A dor musculoesquelética (dor nos músculos e ossos), as cefaleias (dor de cabeça), a dor abdominal crónica, a drepanocitose (anemia das células falciformes), e as neoplasias (tumores) são as principais causas de dor neste grupo etário.

 

 
Fotografia: ©luxora1 – Fotolia.com

 

 

Agradecimentos: Bene farmacêutica; Website científico “Conhecer a Dor”

 

 

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Dor Periférica Neuropática

21/01/2015

 
Uma doença onde a parte físia e emocional são indissociáveis.

 
Este tipo de dor é causada por uma lesão, ou alteração do funcionamento normal dos nervos periféricos, que transmitem sensações de dor ao cérebro, como sensação de queimadura, formigueiro ou picadas.

 

 

Entrevistámos a coordenadora da Unidade da Dor, do Hospital Amadora Sintra, Georgina Coucelo, que nos dá a conhecer os sintomas, o diagnóstico as formas de tratamento para esta doença, em Portugal.

 

 

Quais são os sintomas e como se diagnostica?

 

 

«Os descritores mais comuns de dor neuropática periférica são um pouco bizarros e, muitas vezes, os doentes, não sabem que o que sentem é um tipo de dor. A sua dor é real e tem um nome foi o slogan encontrado para transmitir aos doentes que sensações como queimadura, formigueiro, picadas, dormência, comichão e choque eléctrico no território atingido são sintomas de dor neuropática», explica Georgina Coucelo.

 

 
«Daí que o médico tenha de fazer uma abordagem dirigida para a procura destas queixas. O diagnóstico além de ser feito por o doente apresentar doenças que se acompanham de dor neuropática periférica é completado por um exame do doente em que se podem identificar alterações da sensibilidade nos territórios afectados. Exemplos de doenças são as neuropatias dolorosas, como a diabetes, ciática, neuropatias pós-cirurgias ou traumatismos, a infecção por herpes zoster, conhecida por zona, e sequelas de alguns medicamentos de quimioterapia e radioterapia usados no tratamento do cancro», refere a especialista.

 

 

Quem afecta?

 

 
«Atinge igualmente homens e mulheres, embora haja grupos de risco: alguns portadores de doenças crónicas, os idosos, e doentes com imunidade diminuída devido a doença ou tratamentos. Em Portugal, por extrapolacção da avaliação de outros países, surge em cerca de 7 a 8%, dos doentes com dor crónica», esclarece.

 

 

Qual o peso da mente na dor?

 

 

Segundo a especialista, «o que acontece é que a dor persistente pelo mal-estar e sofrimento que provoca leva a que muitos dos doentes fiquem limitados nas suas actividades, se isolem, se tornem ansiosos e deprimidos e com alterações do sono. Nestes casos, os doentes estão mais fragilizados e as queixas são mais exuberantes. Por isso temos a preocupação de avaliar a parte física e emocional como um todo, pois são indissociáveis no adoecer».

 

 

Como se trata?

 

 

«A dor neuropática tem como tratamento de primeira linha medicamentos do grupo dos antidepressivos e antiepilépticos, a que se associam os analgésicos, consoante necessário a cada doente. Contudo, estes medicamentos, pelos seus efeitos secundários, nem sempre podem ser utilizados com segurança, particularmente nos idosos. Recentemente, surgiram fármacos, absorvidos através da pele, incorporados em adesivos, que actuam no local afectado, e são praticamente isentos de efeitos secundários indesejáveis. Um deles contém um anestésico local e pode ser usado em ambulatório», salienta.

 

 
«No último ano e reservado a uso hospitalar, reformulou-se um medicamento, derivado do piri-piri, a capsaícina a 8%, que se tem revelado muito útil no tratamento de alguns tipos de dor neuropática periférica. Na maior parte dos doentes em que utilizámos este tratamento houve significativa redução da dor; alguns pararam a medicação que faziam e muitos reduziram-na significativamente, pelo que se tem revelado um tratamento muito promissor», conclui.

 

 
PREVENIR – SAÚDE E MEDICINA

 

 
Texto: Joana Martinho com Georgina Coucelo (coordenadora da Unidade da Dor do Hospital Amadora-Sintra)

 

 

 

 

O Papel da Anestesiologia na Dor Crónica

21/01/2015

 

Especialidade indispensável.

 

 

A anestesia nasceu com o intuito de abolir a consciência das pessoas, de forma a permitir certos procedimentos cirúrgicos. Os primórdios da Anestesiologia dizem respeito às extracções dentárias, pela necessidade das pessoas tolerarem o procedimento sem acusarem a dor provocada pelo mesmo.

 

 

 

“Com o desenvolvimento da especialidade, rapidamente chegámos à conclusão de que não bastava induzir inconsciência nos doentes. Era preciso muito mais do que isso”, afirma o Dr. José Caseiro, responsável pela Unidade de Dor Crónica do Hospital dos Lusíadas. Mesmo com as pessoas inconscientes, há uma agressão que o organismo reconhece e contra a qual deverá ser salvaguardado.

 

 

“Ao anestesista compete a escolha da forma e dos medicamentos com que induz a inconsciência e com que protege o organismo, num processo que as pessoas identificam como sono”, indica o especialista. “Desenvolvemos competências na produção de inconsciência, na ventilação artificial, no combate à dor e na emergência médica – temos capacidade de entubar rapidamente um doente, de o ventilar, de iniciar suporte básico e avançado de vida em doentes precisam de respostas.”

 

 

Foi a problemática da dor que levou ao início da Especialidade. “O que sempre esteve em causa no imaginário das pessoas ao serem anestesiadas foi realmente a ausência de dor”, indica José Caseiro. Esta é, ainda hoje, a força motriz da Anestesiologia.

 

 

Dor cirúrgica vs dor crónica

 

 

A dor cirúrgica é a mais esperável e também a que mais receio provoca nos doentes. “É o único tipo de dor que nos permite saber na véspera que vai acontecer no dia seguinte. É um exemplo clássico de dor aguda”. Mas a dor que persiste, a dor crónica, também interessa aos anestesistas. “A dor crónica pode ser de diferentes tipos e tem várias formas de se manifestar, pelo que deve ser abordada como um todo e de forma multidisciplinar”, salienta José Caseiro.

 

 

A dor aguda é mais simples de compreender. “Pode resultar de uma cirurgia, de uma pancada, de uma queimadura, de uma picadela. Tem uma causa bem esclarecida e tende a desaparecer depois de tratada a causa.”

 

 
Ao contrário da dor aguda que traduz sempre um sintoma, a dor crónica é considerada uma doença. “Neste caso, existe uma dificuldade de identificação temporal ou causal pelo doente. Muitas vezes, os doentes não sabem como e quando teve origem.” Segundo José Caseiro, os doentes com este tipo de dor, “deprimem facilmente, apresentam perturbações do sono, situações de ansiedade e fadiga extremamente difíceis de controlar”. Por tudo isto, a sociedade não está preparada para aceitar estes doentes.

 

 

“No meu entendimento, seja na dor aguda, seja na dor crónica, é mais importante a estratégia do que o próprio medicamento que escolhemos. Adoptamos, por isso, estratégias multimodais – o que significa a utilização de práticas não medicamentosas e de medicamentos de grupos diferentes – que permitem contributos somados para o objectivo de aliviar o doente”, salienta José Caseiro.

 

 

O papel do anestesista

 

 

Qualquer anestesista é perito no controlo da dor aguda. Já na dor crónica, não existe um especialista de referência. São várias as especialidades que concorrem para o tratamento da dor crónica e que nela podem intervir. Ainda assim, “o anestesista é elemento de referência pela preparação que traz da sua especialidade no combate a todas as formas de dor, inclusive no treino que adquire na utilização de estratégias multimodais que combinam diferentes medicamentos para poder aliviar o sofrimento dos doentes”, salienta o responsável da Unidade de Tratamento da Dor do Hospital dos Lusíadas.

 

 

O anestesiologista tem assim um papel muito importante na dor crónica “não só porque tradicionalmente tem ocupado esse lugar mas porque tem o domínio dos fármacos usados para tratar a dor crónica, como sejam os opióides”. Apesar do ensino das técnicas de intervenção em dor não estarem globalmente inseridas no programa da especialidade, os anestesistas aprendem técnicas que são úteis na abordagem da dor e que facilitam a aprendizagem de outras mais utilizadas em dor crónica com métodos minimamente invasivos”, afirma Armando Barbosa, anestesista e clínico da Unidade de Dor do Hospital dos Lusíadas.

 

 

Nos últimos anos, a anestesia regional tem evoluído bastante. Relativamente à anestesia geral, a loco-regional implica menos complicações, maior facilidade de controlo da dor aguda no pós-operatório, além do custo económico ser muito inferior.

 

 

Como intervir na dor crónica?

 

 

 

As modalidades de intervenção na dor são fundamentais pois permitem “reduzir de forma substancial a dor melhorando a qualidade de vida em doentes com dor crónica”, indica o Dr. Armando Barbosa do Hospital dos Lusíadas. As técnicas terapêuticas surgem na sequência do diagnóstico e tem como objectivo tratar a dor de uma forma mais efectiva. As mais usadas, segundo Armando Barbosa, são as seguintes:

 

 

– A Radiofrequência que consiste em inactivar o nervo que enerva a zona que está a provocar a dor. Usada na dor lombar ou cervical.

 

 

– A Ozonoterapia que consiste em injectar ozono através de uma agulha na zona afectada e que tem propriedades analgésicas e anti-inflamatórias. Recentemente redescoberta no mundo ocidental como técnica para tratar alguns tipos de hérnias discais e artroses das articulações do joelho, anca e ombros.

 

 

 

– A Neuroestimulação é usada para o alívio da dor neuropática, uma dor tipo queimadura e ardor. Consiste na colocação de uns eléctrodos por via epidural, via que se utiliza para a grávida, que depois se ligam a um estimulador que fica implantado no doente, tal como um pacemaker.

 

 

Sente algum tipo de dor?

 

 

– “Não existe lugar para heroísmos. Se sente algum tipo de dor persistente, deve procurar ajuda no seu Médico de Família que, posteriormente, o referenciará a uma Unidade de Dor, se for o caso”, recomenda José Caseiro.

 

 

– Não consuma analgésicos por sua iniciativa. Só por recomendação do médico.

 

 

– “A dor oncológica está longe de ser a dor que mais dificuldade nos oferece. Dentro da dor não oncológica, particularmente a dor neuropática é das que mais dificuldades oferece aos profissionais de saúde e aos doentes que a sentem na pele”, salienta José Caseiro.

 

 

– Leve a sua dor muito a sério e não a ignore.

 

 

Texto: Cláudia Pinto

 

 

 

JORNAL DO CENTRO DE SAÚDE

 
SAÚDE E MEDICINA