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Sexto lugar no triplo salto com sabor a medalha para Nelson Évora que fez a sua melhor marca do ano

Foi bom, mas não foi tão bom que desse para chegar ao pódio. Na final do triplo salto, Nelson Évora obteve a sua melhor marca do ano, mas ficou longe dos adversários que preencheram os três primeiros lugares. O atleta português melhorou sucessivamente nos três saltos iniciais, garantindo um lugar entre os oito primeiros, que dá acesso à segunda fase do concurso. Aí tentou arriscar, mas três ensaios nulos fizeram com que terminasse a prova no sexto lugar, a 10cm da quarta posição mas a 55cm do bronze. A classificação de Évora vale a Portugal o sexto diploma olímpico no Rio.

 

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O mais velho da final, com 32 anos, Nelson Évora mostrou-se bastante sereno durante a apresentação dos finalistas. Pediu o apoio do público no Estádio Olímpico do Rio de Janeiro antes de fazer o seu primeiro salto, abrindo o concurso com um ensaio a 16,90m – uma marca próxima do melhor que conseguiu este ano, e que o deixava provisoriamente no quarto lugar. Mas a concorrência já tinha mostrado ao que vinha, com o chinês Dong Bin a lograr um recorde pessoal em 17,58m. E ainda faltavam os norte-americanos: Will Claye obteve um novo recorde pessoal com 17,76m e antes o campeão olímpico e mundial em título, Christian Taylor, “voara” até aos 17,86m.

 

 

“Pensei sempre na medalha, não me deixei intimidar nunca”, vincou Nelson Évora aos jornalistas, após o final da prova. Mas nada que o português pudesse fazer seria suficiente para reentrar na luta pelos lugares do pódio. Melhorou no segundo salto para 16,93m, mas já tinha caído uma posição ao ser ultrapassado pelo colombiano John Murillo, que estabeleceu um novo recorde nacional em 17,09m. O português fez um terceiro salto a 17,03m, que lhe valeu a melhor marca do ano, mas foi insuficiente para subir na classificação.

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Dentro dos oito primeiros, que têm direito a fazer mais três saltos, Nelson Évora passou circunstancialmente para sexto lugar quando Troy Doris, da Guiana, fez um belo quarto salto, a 17,33m. Seria recorde nacional, mas foi anulado. O português fez um quarto ensaio nulo e, na ronda seguinte, viu Cao Shuo subir de sexto para quarto classificado com 17,13m (melhor marca do ano para o chinês). Estava na hora de Nelson Évora arriscar. Mas o atleta português voltou a fazer um salto nulo. E, apesar do apoio que recebeu das bancadas, também não conseguiu um ensaio válido na derradeira ronda do concurso, terminando a prova no sexto lugar, com 17,03m.

 

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“Foi a minha medalha desta época, sem dúvida. Depois de um ano com tantas dificuldades em encontrar bons saltos, consegui ter alguma consistência e arrisquei. Não consegui acertar nos últimos três ensaios, que foram nulos, mas eram saltos melhores. Não me preocupei com a tábua e tentei colocar todos os meus segredos de salto em prática, para saltar longe”, admitiu Nelson Évora. “Tentei combater o cansaço de dois dias de provas seguidos, com stress enorme e muita emoção. Abstraí-me disso e o meu corpo reagiu. Mas foram dois dias muito duros. Reagi bem, embora tivesse projectado muito mais do que isto. Acredito que ainda não dei o meu melhor”, acrescentou o campeão olímpico de Pequim 2008, campeão do mundo em 2007 e medalha de prata em 2009 e bronze em 2015 (ano em que conquistou o ouro nos Europeus de pista coberta, em Praga).

 

 

“Eles não tiveram metade dos problemas que eu tive, por isso não há que desanimar e achar que foi uma derrota”, frisou Nelson Évora, referindo-se ao calvário de lesões e operações que viveu nos últimos anos. “Terei sempre a mesma postura e lutarei sempre até ao fim para dignificar as cores nacionais”, vincou ainda o atleta português, após uma competição em que foi o único europeu a integrar o grupo de oito finalistas (há um mês, nos Europeus de atletismo, não passou à final do triplo salto). “O ‘velho’ conseguiu ser o melhor da Europa aqui nos Jogos Olímpicos. Foi uma boa prova, tenho de ficar feliz. Ambicionava mais, o meu treinador espelhou isso. Mas não se fazem milagres. Tentámos fazer, por Portugal e por tudo o que passámos. Valeu a pena esta luta”, sublinhou.

 

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O pódio ficou definido logo na primeira ronda de saltos – Christian Taylor, Will Claye e Dong Bin obtiveram no salto inaugural as marcas que lhes valeram o ouro, prata e bronze, respectivamente. Foi mais uma etapa do domínio de Taylor na modalidade: o norte-americano, que já trazia na bagagem o ouro em Londres 2012 (com 17,81m) e também o título mundial em Pequim 2015 (18,21m), seria campeão olímpico no Rio de Janeiro com qualquer dos seus três saltos válidos. Iniciou o concurso com 17,86m, a sua melhor marca, à qual juntou dois ensaios a 17,77m. Will Claye – que ficou com a prata (tal como já tinha acontecido em Londres) – fez o melhor salto a 17,76m. E, no final, pediu a namorada Queen Harrison em casamento.

 

 

Classificação final do triplo salto

 

 

 

1.º Christian Taylor (EUA), 17,86m

 

2.º Will Claye (EUA) 17,76

 

 

3.º Dong Bin (China) 17,58

 

 

4.º Cao Shuo (China) 17,13

 

 

5.º Jhon Murillo (Colômbia) 17,09

 

 

6.º Nelson Evora (Portugal) 17,03

 

 

7.º Troy Doris (Guiana) 16,90

 

 

8º. Lazaro Martinez (Cuba) 16,68

 

 

9.º Alberto Alvarez (México) 16,56

 

 

10.º Benjamin Compaore (França) 16,54

 

 

11.º Xu Xiaolong (China) 16,41

 

 

12.º Karol Hoffmann (Polónia) 16,31

 

 

Quanto a Nelson Évora, não deixou certezas quanto aos Jogos Olímpicos de 2020, em Tóquio, mas marcou encontro para os próximos campeonatos do mundo: “Com 32 anos temos de pensar ano a ano. Agora vou de férias e, depois sim, voltarei cheio de motivação, para treinar forte e sem lesões, para que seja um trabalho contínuo. Em Londres [nos Mundiais de 2017], estaremos lá”. Um salto de cada vez.

 

 

 

TPT com: AFP//SapoDesporto//JN//Tiago Pimentel//Público// 16 de Agosto de 2016

 

 

 

 

Nos Jogos Olímpicos do Rio o canoísta português Fernando Pimenta ficou em quinto na final do K1-1000

Tudo o que podia controlar, dizia Fernando Pimenta, estava controlado. O que o canoísta português não conseguiu controlar foram as folhas das árvores na sua pista, que caíram do abundante arvoredo que rodeia a lagoa Rodrigo de Freitas. Pimenta acelerou para os 1000 metros da sua vida, mas perdeu velocidade por causa das malditas folhas que se colaram na frente do caiaque e no leme, e acabou por ficar em quinto na final de K1-1000 metros na canoagem olímpica do Rio de Janeiro, uma corrida que lhe parecia destinada, mas em que ficou fora das medalhas que pareciam ao seu alcance.

 

 

Antes da corrida, o homem de Ponte de Lima parecia tranquilo, confiante e muito optimista quanto às suas possibilidades. E assim parecia na partida dada exactamente às 10h12, hora do Rio. Pimenta na frente aos 250m, Pimenta na frente aos 500m, com quase um barco de distância para o segundo. Era o desafio lançado pelo português à restante concorrência: “Estou aqui na frente, se quiserem, venham atrás de mim”. Pouco depois de metade da prova, o caiaque de Pimenta começou a perder terreno e já passa aos 750m em quarto.

 

 

O ritmo da segunda metade da prova era o oposto ao da primeira, passando da prova de uma vida para a frustração de uma vida. À vista desarmada, Pimenta parecia ter sido atingido pelo proverbial “estoiro” e, na passagem aos 750m, já tinha descido para quarto e sem reacção visível. De trás veio então o jovem espanhol Marcus Walz, o mais novo dos oito finalistas, que disparou para a frente no último quarto da prova, ultrapassou a concorrência (saltou de quinto para primeiro) e apanhou a medalha de ouro. Dostal, o checo, ficou em segundo, e Anoshkin, o russo, acabou em terceiro. O australiano Stewart, que liderava aos 750m, desceu para quarto, e Pimenta, quebrado pelas folhas e pela frustração terminou bem longe do primeiro, a quase quatro segundos.

 

 

Passaram uns bons 45 minutos até que o português viesse explicar o que se passou. Percebia-se que tinha estado a chorar, não tinha limpado as lágrimas todas do rosto e voltaria a emocionar-se “on the record” quando falou de todos os sacrifícios que tinha feito para se apresentar no controlo total de tudo o que era controlável. Só não podia controlar as folhas na sua pista. “Ainda é difícil de acreditar no que aconteceu, os factores que eu podia controlar controlei-os muito bem. É muito estranho, ainda não consigo cair na real”, começou por dizer o atleta português.

 

 

Depois, as explicações. “Estava a sentir-me bem, fiz um arranque supertranquilo, consegui ganhar a frente da prova e, no momento em que estava a ganhar avanço sobre os adversários, apanhei algumas folhas das árvores e algumas agarraram-se à frente do barco. Perdi velocidade para tentar tirar as folhas da frente e senti o controlo do barco porque algumas devem ter ficado agarradas ao leme”, disse Pimenta, frustrado com o que aconteceu, mas sem arrependimentos sobre a forma como se preparou para esta segunda participação olímpica e revelando que já se tinha deparado com um problema semelhante no evento teste realizado em 2015 nesta lagoa no meio da cidade: “No ano passado, no teste olímpico aqui, andei a recolher algas 15 minutos antes da prova para que não acontecesse nada. Desta vez eram folhas que estavam soltas.”

 

 

A seguir, o desabafo do campeão europeu desta prova. “Foram quatro anos da minha vida. É frustrante, depois de passar por tantas dificuldades, obstáculos e desafios, chegar aqui e não ter a recompensa. Magoa-me muito”, reforçou Pimenta, que até estava disposto a voltar outra vez para a lagoa e repetir a final logo ali: “Não fui eu que rebentei ou deixei de ter energia. Estou com as baterias cheias e, se fosse necessário, fazia duas ou três provas. Preparei-me melhor do que nunca, bati os meus recordes nos treinos. Se fizéssemos isto à melhor de três, seria diferente.”

 

 

Foi, sem dúvida, um mau início de participação olímpica para Pimenta, que abandonou a dupla que formava com Emanuel Silva e que conquistou a medalha de prata em K2-1000 nos Jogos de Londres em 2012 para competir em K1. Mas os segundos Jogos de Pimenta não acabam aqui. Ainda terá o K4 com Silva, João Ribeiro e David Fernandes, para afastar a frustração e provar no palco olímpico a valia que a canoagem portuguesa tem apresentado em outras competições.

 

 

 

Pimenta quer usar a frustração como combustível para uma boa prestação no K4, que terá eliminatórias e meias-finais na próxima sexta-feira, e a final no sábado: “Estou mais do que em condições para o K4. Acho que isto vai jogar a meu favor e podem ter a certeza que vão ter um Fernando Pimenta ainda mais forte do que hoje. Vai dar-me ainda mais energia. Espero que os meus colegas do K4 confiem em mim. Acreditem que eu vou estar a mais de 100 por cento, porque eu não gosto de perder. Vou estar ainda mais furioso, mas a fazer provas com cabeça e não só com o coração.”

 

 

 

Em Ponte de Lima, Fernando Pimenta “vai ser recebido em braços”

 

 

 

Quase uma centena de amigos e familiares de Fernando Pimenta juntaram-se no Clube Náutico de Ponte de Lima para ver o canoísta a lutar por uma segunda medalha olímpica. Durante quase toda a prova, Pimenta foi aplaudido e incentivado pelo público, que parecia estar a assistir à corrida na lagoa Rodrigo de Freitas, mesmo nos momentos em que foi perdendo terreno para o espanhol Marcus Walz. No fim, a esperança deu lugar ao desânimo. Mas foi um desânimo fugaz. Não durou mais do que os 3m35,349s que canoísta da casa demorou até chegar à meta. O quinto lugar soube a pouco, mas o orgulho dos limianos não foi abalado.

 

O canoísta olímpico português Fernando Pimenta ficou em quinto na final do K1-1000 2

“Em todos os desportos individuais há a possibilidade de, numa fracção de segundo, tudo poder mudar”, diz o pai de Fernando Pimenta, que partilha o nome com o filho. Ainda que sem medalha nesta prova individual – o canoísta ainda vai participar na prova de K4 1000m –, o pai Pimenta não tem dúvidas de que, em Ponte de Lima, o filho “vai ser recebido em braços”.

 

 

Antes da prova, Fernando Pimenta pai estava sereno. Diz estar habituado aos dias de competição do filho e prefere manter a “cabeça no sítio”, afastando o “nervoso miudinho”, natural nestas alturas. Diz que o filho também é assim: encara qualquer competição com “naturalidade e sem ansiedade”. Valores que transmitiu ao filho desde que Fernando começou a praticar canoagem, aos 11 anos, depois de ter experimentado o atletismo.

 

 

Diz o pai que parte do sucesso do canoísta, formado no Clube Náutico de Ponte de Lima, está, precisamente, na estrutura familiar que sempre serviu de suporte em todos os momentos da carreira. A ligação a Ponte de Lima e a vontade de representar a terra é também um dos motores do seu êxito. Essa ligação à terra é, sublinha o pai, o único motivo para nunca ter aceitado qualquer convite de outro clube. “Para não estar tanto tempo sem cá vir, acabou por trocar o curso de Fisioterapia em Coimbra, pelo de Reabilitação Físico-Motora, numa universidade mais perto de casa”, conta o pai Fernando.

 

 

Para o vice-presidente do Clube Náutico de Ponte de Lima, José Carlos Gonçalves, a relação que Pimenta tem com o coordenador técnico dos limianos, Hélio Lucas, também seleccionador nacional, é uma das peças-chave para que o canoísta tenha coleccionado uma série de bons resultados ao longo dos últimos anos: “Existe uma aliança muito forte entre os dois”, refere. Gonçalves sublinha também o “grande espírito de família” que se vive dentro do clube, que actualmente conta com 250 atletas de diferentes escalões.

 

O canoísta olímpico português Fernando Pimenta ficou em quinto na final do K1-1000 3

O dirigente esperava que “esta família” festejasse, no próximo domingo, os 25 anos de existência do Náutico, com o presente trazido do Rio, para que o clube atingisse a marca de 40 medalhas ganhas. Não foi possível, mas o mais importante, diz, é destacar “o trabalho desenvolvido por um grupo que tenta despertar nos jovens o interesse pelos desportos náuticos, numa terra que tem o rio como centro da actividade diária”. Um projecto que está a ser realizado em parceria com as escolas do concelho, para promover o desporto escolar. De resto, foi através de um programa do mesmo género que Fernando Pimenta chegou ao Clube Náutico.

 

 

Outro caso semelhante é o de Duarte Silva, de 17 anos, que conheceu o clube através de um programa escolar desenvolvido em parceria com o Náutico.

 

 

Duarte começou aos 14 anos e, três anos depois, foi campeão júnior de K2, no Europeu deste ano, em Pontevedra, Espanha. Assistiu à final de K1 1000 metros com alguns dos colegas de equipa e diz ver em Fernando Pimenta um exemplo de motivação que o ajuda a traçar metas e a continuar no desporto. Tímido nas palavras, não esconde que um dos seus sonhos passa por um dia conseguir chegar a um nível olímpico. Por agora, quer dar um passo de cada vez e aproveitar a entreajuda que existe entre os atletas mais velhos, como é o caso de Pimenta, e os mais novos, que diz treinarem em conjunto sem distinções de palmarés: “Aqui no clube somos todos um.”

 

 

TPT com: REUTERS/DAMIR SAGOLJ//Marco Vaza//André Vieira//Público// 16 de Agosto de 2016

 

 

 

 

 

Congresso do MPLA 2016 aborda o tema da sucessão do Presidente de Angola no poder desde 1979

O Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) inicia esta quarta-feira, 17 de agosto, o seu VII Congresso Ordinário, que vai durar até sábado, dia 20. Nestes quatro dias, será discutido o futuro do partido cuja história recente se confunde com a de Angola e, mais importante, será abordado o tema da sucessão de José Eduardo dos Santos, líder do MPLA e Presidente de Angola desde 1979.

 

 

Em março, o homem a quem os seus defensores têm por hábito de chamar “o arquiteto da paz” anunciou que iria abdicar do poder em 2018. Pelo meio haverá eleições presidenciais, em 2017. E, claro, o congresso do MPLA, no qual o Comité Central será alargado dos atuais 311 membros para 363, num suposto esforço de renovação geracional. Ou seja, tudo razões para que este seja um congresso marcante, servindo de bússola para os próximos anos.

 

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Porém, os analistas contactados pelo Observador deixam claro que não deverão sair surpresas desta reunião de quatro dias, durante a qual os 2 591 delegados vão eleger José Eduardo dos Santos como candidato do MPLA às eleições de 2017.

 

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“Nada está em aberto”, diz ao Observador Ricardo Soares Oliveira, professor em Oxford e autor do livro “Magnífica e Miserável: Angola Desde a Guerra Civil” (Tinta da China, 2015). “Todas as decisões já foram previamente tomadas pelo Presidente. Não existe um caráter de deliberação. É antes um ritual, que tem um caráter quase operático. É uma grande coreografia que pretende demonstrar a coesão do partido”, acrescenta.

 

 

Ideia de renovação choca com nomeação de filhos de dos Santos

 

 

Na convocatória do VII Congresso, divulgada após reunião do Comité Central a 2 de julho, aquele órgão referiu que “apesar das mudanças geoestratégicas e geopolíticas operadas no Mundo, nos finais do século XX, o MPLA soube adaptar-se, sem nunca ter posto em causa os seus princípios e valores”. Isto, porque, garante, “a essência da força, da glória e das vitórias deste grandioso partido reside na sua constante capacidade de renovação”.

 

 

Está visto que a mensagem a passar será de renovação — uma ideia à partida sensata, tendo em conta o relativo clima de contestação a José Eduardo dos Santos dentro e fora do partido e, mais importante ainda, a crise financeira e económica de Angola devido à queda do preço do petróleo. Esta renovação terá a sua expressão mais concreta no aumento membros do Comité Central, de 311 membros para 363.

 

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“Fala-se de um compromisso para trazer para a frente gente mais jovem”, admite Ricardo Soares Oliveira. “Mas isto tem de ser posto no quadro dos regimes da África subsaariana, que tenta fazer um teatro de circulação das elites ao qual chamam de renovação”, contrapõe. “Temos de ver quem são estes jovens, de quem são filhos, quem são sociologicamente e se representam novas ideias ou se vêm da fábrica do Presidente José Eduardo dos Santos.”

 

 

Uma “pista” dessa suposta renovação está no facto de, segundo afirmaram fontes do MPLA à Lusa, dois filhos de José Eduardo dos Santos fazerem parte dos nomes que deverão ser aprovados pelo partido.

 

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Um deles é José Filomeno dos Santos (mais conhecido por “Zenú”), que aos 38 anos tem no currículo a fundação de Banco Kwanza Invest em 2008 e que em 2013 foi nomeado pelo pai para dirigir o Fundo Soberano de Angola, que tem em posse investimentos públicos na ordem dos 5 mil milhões de dólares. Também deverá ser nomeada Welwistchea dos Santos (conhecida por “Tchizé”), igualmente com 38 anos, e uma empresária e militante ativa do partido.

 

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De fora, ficou Isabel dos Santos, a filha mais velha do Presidente José Eduardo dos Santos e a mulher mais rica de África. Em junho, foi diretamente nomeada pelo pai para ser presidente da administração da Sonangol, a empresa petrolífera estatal angolana. Atualmente, Angola é o maior produtor de petróleo de toda a África, com uma produção de 1,7 milhões de barris de crude por dia.

 

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Aparentemente com os dias contados, depois de anunciar que vai deixar o poder em 2018, quando já tiver 76 anos, José Eduardo dos Santos parece estar a puxar cada vez mais para si e para os seus o controlo de setores vitais da economia angolana. “O que se passa é uma aceleração exponencial da captura da economia angolana porta parte da família de José Eduardo dos Santos e por amigos que lhe são próximos”, refere Ricardo Soares Oliveira. “Isto está a acontecer com particular força há um ano.” E é uma tendência para continuar: este mês, deverão estar concluídas as vendas de 53 indústrias na Zona Económica Especial Luanda-Bengo, gerida pela Sonangol, e ainda de um quarto da petrolífera. A gestão destas privatizações estarão a cargo da Sonangol e de três ministérios.

 

 

Mais do que política, a sucessão que José Eduardo dos Santos parece estar a preparar é económica e financeira. “Nas últimas décadas, José Eduardo dos Santos e a família construíram uma hegemonia que querem manter e que têm de proteger de forma claramente defensiva, por receio do que venha a seguir”, explica o académico de Oxford. “Depois de um Presidente que está há quase 40 anos no poder, quem vier a seguir já só tem migalhas para alimentar a sua estrutura. E essa pessoa, mais tarde ou mais cedo, não se vai virar contra o colonialismo, mas sim contra o legado do Presidente”, refere. “A culpabilização de José Eduardo dos Santos seria irresistível.”

 

 

Um das peças-chave desta procura de manutenção do poder é precisamente a nomeação de Isabel dos Santos para dirigir a Sonangol. Mas, para Ricardo Soares Oliveira, esta é uma faca de dois gumes. “É sinal de força mas também de fraqueza”, refere.

 

 

Por um lado, é força porque José Eduardo dos Santos nomeia a filha para a posição mais consequente da economia angolana e ninguém se opõe. Por outro, é fraqueza por demonstra que, quando se trata de questões absolutamente incontornáveis, ele sente-se cada vez mais sozinho e já não tem muitas pessoas à sua volta em quem confiar”, explica Ricardo Soares Oliveira.

 

 

O MPLA como uma “espécie de software de contabilidade”

 

 

Tudo isto passa-se enquanto Angola atravessa um período turbulento no que diz respeito à sua economia e às suas finanças. Em julho, o Centro de Estudos e Investigação Científica (CEIC) de Angola admitiu que a taxa de inflação pode chegar aos 50% já este ano e que em junho já estava 30% acima face aos 12 meses anteriores. Longe vai 2008, em que as vendas de petróleo foram essenciais para que Angola atingisse um crescimento económico de 12,8% só naquele ano. Agora, o CEIC fala de um “período de desaceleração estrutural do crescimento” e refere que o PIB não deverá passar de uma taxa média anual “à volta dos 2 a 2,5%” até 2020. Foi este cenário que terá levado Angola a pedir assistência técnica ao FMI— voltando atrás num pedido de financiamento.

 

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A queda do preço do petróleo, com o valor de um barril de crude a ficar aquém dos 40 dólares, é um dos fatores decisivos para a queda da economia angolana. E o MPLA sabe-o bem, como explica ao Observador o académico angolano Paulo Inglês, da Universidade de Munique, na Alemanha. “Ninguém está mais atento à subida e à descida do preço do petróleo do que a direção do MPLA”, diz numa entrevista por telefone. “Porque é do preço do petróleo que depende a forma como o poder é gerido pelo MPLA e por José Eduardo dos Santos.”

 

 

Por isso, diz que atualmente “MPLA é uma espécie de software de contabilidade”. “O MPLA passa a vida a fazer contas, agora. O MPLA usa prebendas para manter uma certa lealdade de quem mais convém. O problema é quando deixa de haver coisas para oferecer”, explica.

 

 

É assim, num constante jogo de cintura, que José Eduardo dos Santos parece gerir a sua sucessão à frente dos destinos de Angola. “A saída dele, se não for bem gerida, pode levar à rutura, por causa da crise económica que se vive”, diz Paulo Inglês. “Ainda falei com alguém na semana passada que me dizia que o Presidente podia deixar-se ficar enquanto o preço do petróleo não sobe, esperando que até 2018 as coisas melhorem”, aventa, para depois acrescentar: “Isto é tudo especulação, claro”.

 

 

O enigma da sucessão de José Eduardo dos Santos

 

 

A 11 março deste ano, José Eduardo dos Santos anunciou que se preparava para abandonar a política. O anúncio poderia ter sido claro, mas deixou de sê-lo quando o chefe de Estado angolano explicou que a sua retirada seria apenas em 2018. Assim, foi criada uma dúvida que até ao momento ainda não foi dissipada: como acontecerá esta renúncia ao poder e quais vão ser os seus timings? Ou, por outras palavras: será que José Eduardo do Santos se vai apresentar às eleições de 2017 e, depois da esperada vitória eleitoral, deixar o lugar vago e promover a subida do seu vice-Presidente já em 2018?

 

 

Para Paulo Inglês, este é o cenário mais provável. A vitória eleitoral em 2017 já nem é questão: “Ele vai ganhar, evidentemente”. Depois, promoverá o seu número e sairá de cena em 2018, caso cumpra a sua palavra. Afinal, em 2001, prometeu eleições dentro dos dois anos seguintes. “Teremos um ano e meio ou dois anos e meio para que o partido possa preparar o seu candidato para a batalha eleitoral e é claro que esse candidato desta vez não se chamará José Eduardo dos Santos”, disse. No final de contas, não houve eleições e José Eduardo dos Santos continuou no poder.

 

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O anúncio de José Eduardo dos Santos surgiu num momento em que a contestação ao regime angolano atingiu maiores proporções, pouco tempo antes de os ativistas conhecidos 15+2, nos quais se inclui o rapperluso-angolano Luaty Beirão, serem condenados por preparação de golpe de Estado e associação de malfeitores. A detenção daqueles jovens, que formaram um grupo de leitura de um livro que debatia maneiras para derrubar pacificamente um regime autoritário, motivou algumas vigílias em Luanda e atraiu atenção internacional.

 

 

Na interpretação de Jon Schubert, investigador da Universidade Leipzig, na Alemanha, especialista em Angola, o anúncio de José Eduardo dos Santos pode ter sido uma maneira de desviar o foco dos 15+2. “Anunciar uma saída num momento de crise serviu para tirar pressão do partido e do Presidente, de maneira a diminuir as contestações”, explica ao Observador por telefone. “Queriam que as pessoas pensassem ‘ah, o velho vai deixar no próximo ano, mais vale acalmarmos um pouco’. Mas se ele sair mesmo, isso não vai mudar radicalmente o modo como a economia e a política são geridas.”

 

 

Quanto a potenciais sucessores, os analistas contactos pelo Observador preferem optar pela cautela. Mas uma coisa parece ser certa: será sempre um nome próximo de José Eduardo dos Santos.

 

 

Paulo Portas é convidado de honra no congresso do MPLA

 

 

Esta quarta-feira, quando arrancar o VII Congresso do MPLA, haverá certamente cadeiras reservadas, ostentando o nome de alguns dos nomes mais destacados da praça política portuguesa. Da direita à esquerda, são vários os partidos portugueses que vão estar representados em Luanda. Do PSD, vão estar dois vice-presidentes, Marco António Costa e Teresa Leal Coelho. Em nome do CDS, vai estar Luís Queiró, responsável pela pasta das relações internacionais dos centristas. Pela parte do PS, estará Carlos César e Ana Catarina Mendes, respetivamente presidente e secretária-geral-adjunta dos socialista. Por fim, o PCP vai enviar Rui Fernandes, membro da comissão política do comité eleitoral.

 

 

Mas há uma outra cara bem conhecida de Lisboa (e cada vez mais conhecida em Luanda, também) que estará em evidência naqueles quatro dias: o ex-ministro dos Negócios Estrangeiros e ex-vice-primeiro-ministro Paulo Portas.

 

Congresso do MPLA 2016 aborda o tema da sucessão do Presidente de Angola no poder desde 1979 11

Enquanto figura incontornável do Governo liderado por Pedro Passos Coelho, Paulo Portas foi vital para uma aproximação entre Angola e Portugal. Carregou esta bandeira até ao fim. No congresso CDS, em março deste ano, que ficou marcado pela sua saída da liderança do partido, apelou “a todos, aos órgãos de soberania” para “evitar a tendência para a judicialização da relação entre Portugal e Angola”. “Esse seria um caminho sem retorno”, disse.

 

 

Agora, Paulo Portas é convidado de honra no VII Congresso do MPLA, conforme avançou o Diário de Notícias. Ao Observador, Ricardo Soares Oliveira fala de “uma trajetória insólita” do ex-ministro português. “Eu estava em Luanda quando Paulo Portas visitou pela primeira vez Angola como ministro dos Negócios Estrangeiros”, conta. “Nessa altura, um político do MPLA disse-me que a ‘malta foi buscar os recortes do Independente, aqui ninguém esquece nada.”

 

 

A aproximação dos partidos portugueses a Angola não é nova, explica o académico. “Nos anos 90 deu-se o grande rapprochement do PSD em relação a Angola e nos dois mandatos de António Guterres o PS fez o mesmo. Depois há o PCP, que temuma relação histórica com o MPLA”, diz. “Mas, até 2012, o CDS era um partido que ainda estava alheado desse compromisso pós-colonial. Em vez um processo que se delineou ao longo de décadas, temo suma reconversão muito rápida em que ele [Paulo Portas] chega em julho de 2012 como um inimigo do regime angolano e depressa fica um grande amigo.”

 

 

TPT com: AFP//Paulo Novais//EPA//Lusa//João de Almeida Dias//Observador// 16 de Agosto de 201

 

 

 

 

Barack Obama aprova a maior saída de presos de Guantánamo

O Pentágono anunciou a transferência de 15 detidos da prisão de alta segurança de Guantánamo, em Cuba, para os Emirados Árabes Unidos. Trata-se do maior número de presos transferidos de uma só vez durante os mandatos do Presidente Barack Obama que fez do fecho da prisão uma das grandes promessas da sua Administração.

 

 

Os detidos transferidos são 12 iemenitas e três afegãos, alguns dos quais detidos durante 14 anos sem terem sido levados a julgamento. Em 2008, dois dos afegãos foram acusados por crimes relacionados com terrorismo, mas as acusações acabaram por ser retiradas, de acordo com o jornal britânico The Guardian. Os restantes permaneceram detidos sem qualquer acusação durante mais de uma década.

 

Barack Obama aprova a maior saída de presos de Guantánamo 2

Quando em 2009, acabado de chegar à Casa Branca, Obama prometeu o fecho da prisão situada numa base norte-americana em território cubano, estavam 242 suspeitos presos em Guantánamo – hoje permanecem 61. Perto de abandonar a presidência, deverá ser muito difícil a Obama cumprir a sua promessa, especialmente devido à forte oposição do Congresso dominado pelo Partido Republicano.

 

 

Porém, a transferência dos 15 detidos aproxima Obama de outro objectivo menos ambicioso: a saída de todos os detidos com transferência aprovada, que passam agora a ser 20. Tratam-se, geralmente, de suspeitos avaliados como pouco perigosos e com uma probabilidade diminuta de voltarem a contactar com células terroristas.

 

Barack Obama aprova a maior saída de presos de Guantánamo 3

Para este grupo, o maior problema é conseguir acordos de repatriação com outros países. O Governo norte-americano tem tentado convencer os seus aliados no Golfo Pérsico, onde a reintegração e a monitorização dos detidos é mais fácil. Em Janeiro, dez iemenitas foram transferidos para o Omã e em Abril seis foram enviados para a Arábia Saudita.

 

 

Em Fevereiro, Obama levou ao Congresso um novo plano para encerrar Guantánamo, que incluía a detenção dos presos cuja transferência para o exterior não fosse aprovada em prisões norte-americanas. A maioria republicana chumbou o projecto e alguns congressistas ameaçaram bloquear as transferências dos detidos para o estrangeiro.

 

 

Foi ainda durante a presidência de George W. Bush que a maioria dos detidos foi libertada de Guantánamo. De acordo com os serviços secretos, cerca de 21% dos ex-detidos voltaram a envolver-se em actividades terroristas, porém, entre os presos soltos durante a Administração Obama a taxa de reincidência baixou para 5%, de acordo com a BBC.

 

Barack Obama aprova a maior saída de presos de Guantánamo 4

O futuro da prisão de alta segurança – aberta em 2002 por Bush depois dos atentados de 11 de Setembro de 2001 para deter suspeitos da chamada “guerra ao terrorismo” e onde era usual a prática de tortura – é também um dos assuntos da actual campanha para a presidência.

 

 

Se a candidata democrata Hillary Clinton mostrou apoio à estratégia de Obama – mas pouco mais referiu o tema -, já o republicano Donald Trump não esconde o seu desejo não só de manter Guantánamo aberta como intensificar o seu uso. O candidato disse pretender encher a prisão de “tipos maus” e “trazer de volta um inferno bem pior que o waterboarding”, uma das torturas mais infames praticadas em Guantánamo e que consiste num afogamento.

 

 

TPT com: Reuters//BBC//Washington Post//João Ruela Ribeiro//Público// 16 de Agosto de 2016

 

 

 

 

 

Aviões russos atacam na Síria a partir do Irão que abriu o seu território a forças estrangeiras

Já combatiam do mesmo lado, mas nesta terça-feira Irão e Rússia deram mais um passo na cooperação militar e no seu envolvimento na guerra da Síria – pela primeira vez, aviões russos descolaram de uma base aérea iraniana para atacar alvos do Estado Islâmico e da Frente al-Nusra (agora denominada Frente Fatah al-Sham) nas províncias de Deir Ezzor, Idlib e Alepo. Nesta cidade, que já foi a capital económica síria e é hoje palco “de um dos conflitos urbanos mais devastadores” da actualidade, os ataques aéreos redobraram de intensidade.

 

Teerão abre o seu território a forças estrangeiras e aviões russos atacam na Síria a partir do Irão 2

O uso da base de Hamadan, no Noroeste do Irão, a menos de mil quilómetros da fronteira Leste da Síria, é um passo inédito para os dois grandes aliados do regime de Bashar al-Assad.

 

Teerão abre o seu território a forças estrangeiras e aviões russos atacam na Síria a partir do Irão 3

Desde que em Setembro de 2015 foi em auxílio do Presidente sírio, Moscovo não tinha ainda recorrido a um país terceiro para lançar ataques na Síria: ou usava os caças que estão estacionados na província de Latakia, no noroeste do país, ou atacava a partir do seu próprio dispositivo, tanto os navios que estão estacionados na região, como os bombardeiros sediados nas bases no Sul da Rússia.

 

Teerão abre o seu território a forças estrangeiras e aviões russos atacam na Síria a partir do Irão 4

O Ministério da Defesa russo, que divulgou imagens dos Tupolev-22M3 (bombardeiros de longo alcance) e dos Sukoi-34 (caças-bombardeiros) em acção, explicou que a base aérea na Síria não tem as dimensões necessárias para acolher aviões desta dimensão.

 

Teerão abre o seu território a forças estrangeiras e aviões russos atacam na Síria a partir do Irão 5

Os observadores acrescentam que a escolha de solo iraniano traz vantagens tácticas para as forças russas, ao reduzir o tempo de voo dos bombardeiros, o que não só poupa custos como permite que os aviões transportem mais munições. Garante-lhes também uma base recuada, a salvo de eventuais ataques, quer da rebelião síria quer dos jihadistas.

 

Teerão abre o seu território a forças estrangeiras e aviões russos atacam na Síria a partir do Irão 7

Ao contrário de Latakia, Hamadan “situa-se num território aliado que a Rússia não precisa de defender”, explicou à AFP o analista militar Pavel Felgenhauer, antecipando o início de uma escalada nos ataques aéreos. Para já foi anunciada a destruição de cinco depósitos de munições, vários centros de treino e três estruturas de comando nas três províncias.

 

 

A iniciativa marca também uma nova escalada na participação russa na guerra, cinco meses depois de o Presidente Vladimir Putin ter anunciado a retirada da maior parte do contingente que enviara para a Síria, indiciando que o país está apostado em expandir a sua influência na região para lá da necessidade imediata de manter Assad no poder.

 

Teerão abre o seu território a forças estrangeiras e aviões russos atacam na Síria a partir do Irão 8

Estes ataques pretendem mostrar ao mundo que a Rússia é “uma potência com dentes”, disse ao Washington Post George Sabra, membro da delegação de opositores que participou nas falhadas negociações mediadas pela ONU em Genebra. O dirigente aponta o dedo à inacção ocidental para explicar que Moscovo está a preencher o vazio criado e mostrar que “tem objectivos não apenas na Síria, mas em toda a região”.

 

 

Irão altera doutrina

 

 

O passo é ainda mais significativo para o Irão que, pela primeira vez desde a Revolução Islâmica, em 1979, autorizou forças estrangeiras a actuar no seu solo – a sua Constituição proíbe a instalação de bases estrangeiras no país, sublinha a AP, e a última presença oficial russa no país aconteceu há 70 anos. “É um grande passo político e diplomático”, disse ao Guardian Shashank Joshi, perito do Royal United Services Institute, em Londres, explicando que nas últimas décadas Teerão resistiu sempre a integrar alianças militares. Tal como fez no passado noutros conflitos da região, é um dos principais actores da guerra na Síria – para onde enviou milicianos e alguns dos mais experientes comandantes dos Guardas da Revolução –, mas nega-o oficialmente para não ser acusada de ingerência.

 

Teerão abre o seu território a forças estrangeiras e aviões russos atacam na Síria a partir do Irão 9

Mas algo mudou para que o Irão, pela voz de Ali Shamkhani, chefe do Conselho Supremo de Segurança Nacional, venha agora anunciar o que diz ser a “cooperação estratégica” com Moscovo, de quem Teerão se aproximou política e militarmente após o acordo nuclear de 2015  – em Maio, após o levantamento das sanções, a Rússia entregou-lhe o sofisticado sistema de defesa antiaérea S-300 que tinha encomendado em 2007.

 

Teerão abre o seu território a forças estrangeiras e aviões russos atacam na Síria a partir do Irão 10

Parte da explicação foi dada pelo próprio Shamkhani, ao dizer que o país não pode ficar indiferente ao ver “a Arábia Saudita investir no reforço dos terroristas e dos grupos takfiri [termo que usa para se referir aos extremistas sunitas] em vez de lutar contra a ocupação do regime sionista [Israel]”. Ambicionando o domínio regional, as duas potências (uma sunita, a outra xiita) travam lutas por procuração na Síria e no Iémen e o fim das sanções internacionais ao Irão acabou por empurrar Riad para uma intervenção mais directa, a que Teerão responde agora.

 

Teerão abre o seu território a forças estrangeiras e aviões russos atacam na Síria a partir do Irão 11

Mas Lina Khatib, directora do programa da Chatham House para o Médio Oriente, vê nesta cooperação uma consequência directa da quebra do cerco às zonas controladas pela rebelião em Alepo, “que foi muito embaraçosa para a Rússia, para o Irão e para o regime sírio”. A 17 de Julho o Exército sírio, apoiado pela aviação russa, cortou a última estrada de abastecimento ao Leste da cidade, mas no início deste mês, uma aliança encabeçada pela Al-Nusra furou o cerco pelo Sudoeste – uma das áreas onde precisamente se concentraram os ataques desta terça-feira que, segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos, mataram pelo menos 19 civis e 12 combatentes.

 

 

Bombas incendiárias

 

 

Zakaria Malahifi, dirigente de um grupo rebelde sediado no Leste de Alepo, disse à Reuters não saber se os bombardeiros russos participaram nos ataques à zona que, garantiu, “estão muito mais intensos” nos últimos dias. “Não há arma que não tenha sido largada sobre Alepo, sejam bombas de fragmentação, de fósforo e por aí adiante”. Um rol que a Human Rights Watch alargou nesta terça-feira, ao acusar a aviação síria de, com apoio ou conivência russa, ter largado bombas incendiárias sobre zonas residenciais de Alepo e Idlib, em pelo menos 18 ocasiões no último mês e meio.

 

Teerão abre o seu território a forças estrangeiras e aviões russos atacam na Síria a partir do Irão 12

A batalha de Alepo – decisiva tanto para a rebelião como para Assad – é ,“sem sombra de dúvidas, um dos conflitos urbanos mais devastadores da nossa época”, denunciou na segunda-feira o presidente do Comité Internacional da Cruz Vermelha, Peter Maurer, lamentando que “nada, nem ninguém, esteja a salvo” de ataques que não poupam escolas, hospitais, mercados.

 

 

Há semanas que Estados Unidos e Rússia discutem um acordo para coordenar as suas operações militares na Síria e criar condições para um cessar-fogo que permita o envio de ajuda humanitária a Alepo, tanto aos cerca de 250 mil civis quase cercados no Leste, como aos mais de um milhão que vivem nas áreas controladas pelo Governo. Para um acordo é essencial que as duas potências se entendam sobre que grupos são terroristas e devem, por isso, ser excluídos de uma trégua. Washington classifica como terroristas apenas o Estado Islâmico e a Al-Nusra (que mudou de nome ao cortar oficialmente ligações com a Al-Qaeda), excluindo os grupos rebeldes que se aliaram a ela para lutar contra o Exército sírio em Alepo, uma distinção que Moscovo repudia.

 

 

TPT com: AFP//Reuters//Washington Post//AP// Guardian//Ana Fonseca Pereira//Público// 16 de Agosto de 2016

 

 

 

 

 

Comité Olímpico Egípcio critica judoca que recusou apertar a mão a adversário israelita

O judoca egípcio Islam el-Shehaby, que recusou apertar a mão do adversário israelita, foi alvo de uma sanção disciplinar do Comité Olímpico do Egito (COE). Segundo a Reuters, Islam El Shehaby teve ordem de abandonar a comitiva egípcia no Rio de Janeiro, depois daquele que foi o seu último combate. Assim, a expulsão em si não tem nenhum efeito prático para este atleta que já tinha terminado a sua competição. Porém, o COE também fez questão de criticar o gesto do seu atleta.

 

 

“O Comité Olímpico Egípcio condenou fortemente as ações de Islam El Shehaby e mandou-o de volta”, lê-se num comunicado do Comité Olímpico Internacional (COI), citado por aquela agência. “O Presidente do Comité Olímpico Egípcio emitiu um comunicado onde dizia respeitar todos os atletas de todas as nações nos Jogos Olímpicos.”

 

 

O mesmo comunicado informava ainda que a Comissão de Disciplina do COI fez chegar ao atleta uma “reprimenda severa por comportamento desapropriado” e, embora notasse que o aperto de mãos não é uma regra imposta pela Federação Internacional de Judo, referiu que “o seu comportamento no final da competição foi contrário às regras do fairplay e contra o espírito de amizade que faz parte dos valores olímpicos”.

 

 

No final da primeira ronda, em que foi derrotado pelo judoca israelita Or Sasson, Isla El Shehaby não fez a habitual saudação e recusou apertar a mão do seu adversário, afastando-se dele. Na altura, foi vaiado pelos espectadores. El Shehaby acabou por perder para Or Sasson, que mais tarde veio a receber a medalha de bronze na categoria de +100 kg.

 

 

Segundo a Reuters, antes do combate, o judoca egípcio recebeu vários apelos de alguns adeptos mais conservadores do seu país, que o instaram a não participar no combate.

 

 

Na véspera do combate, um apresentador da televisão árabe Al-Sharq, com um pendor fortemente conservador, pediu ao judoca egípcio que não se apresentasse frente ao adversário israelita. “Tem cuidado, meu filho, não te deixes enganar, ou não te enganes a ti próprio ao pensar que vais lutar contra um atleta egípcio para o derrotar e para fazeres o Egito feliz”, disse, acusando-o de que se entrasse em combate, estaria a reconhecer a legitimidade do Estado de Israel: “O Egito vai chorar. O Egito vai ficar triste e tu vais ser visto como um traidor e um normalizador aos olhos do teu povo”.

 

 

Depois do combate, Islam El Shehaby justificou o seu gesto dizendo que “apertar a mão do adversário não é uma obrigação segundo as regras do judo”. “É algo que acontece entre amigos e ele não é meu amigo”, acrescentou. “Eu não tenho problemas com pessoas judaicas nem com outra religião ou fés diferentes. Mas, por razões pessoais, não me podem pedir que aperte a mão de ninguém daquele Estado, especialmente em frente do mundo inteiro.”

 

 

Em 1979, o Egito tornou-se no primeiro país a assinar um tratado de paz com Israel. No entanto, quase 40 anos depois, a relação entre os dois países continua tensa.

 

 

 

TPT com: Reuters// João de Almeida Dias//Observador// 16 de Agosto de 2016-08-16

 

 

 

 

 

Assessor de Trump está envolvido em escândalo de pagamentos ilícitos

O director da campanha de Donald Trump na corrida à Casa Branca, Paul Manafort, terá recebido mais de onze milhões de euros em pagamentos não justificados enquanto trabalhava para o ex-Presidente ucraniano, Viktor Ianukovich. O spin doctor do candidato republicano nega ter recebido qualquer pagamento.

 

 

Uma investigação da Agência Nacional Anti-Corrupção da Ucrânia, cujos pormenores foram publicados pelo New York Times, revela a existência de uma “contabilidade paralela” nos registos do Partido das Regiões de Ianukovich. Entre 2007 e 2012, o nome de Manafort — que era na altura conselheiro do Presidente ucraniano — aparece ligado a vários pagamentos em dinheiro que totalizam mais de 12,7 milhões de dólares (11,3 milhões de euros).

 

 

Manafort terá também estado envolvido num negócio de venda de activos no valor de 18 milhões de dólares de um canal televisivo ucraniano ligado a empresas sedeadas em paraísos fiscais. “Teria de ser muito óbvio para qualquer pessoa razoável que o clã de Ianukovich, quando chegou ao poder, estava envolvido em corrupção”, disse ao NYT Vitaliy Klasko, antigo membro do gabinete do procurador-geral ucraniano.

 

 

O responsável pela campanha de Trump veio negar de imediato ter recebido qualquer pagamento fora dos registos oficiais e disse que as acusações feitas pela investigação ucraniana são “infundadas, levianas e sem sentido”. “Todos os dirigentes governamentais entrevistados dizem que eu não fiz nada de mal e que não há qualquer prova de ‘pagamentos em dinheiro’ feitos a mim por qualquer responsável ucraniano”, acrescentou Manafort.

 

 

A candidatura de Hillary Clinton não perdeu tempo e já veio pedir que Trump esclareça “as ligações de Paul Manafort e de todos os outros funcionários e assessores da campanha à Rússia ou a entidades pró-Kremlin”.

 

 

Nos últimos tempos têm sido apontados a Trump e à sua candidatura ligações próximas do Governo russo. Recentemente, o magnata do imobiliário sugeriu que, se fosse eleito, poderia reconhecer a anexação da Crimeia pela Rússia — considerada ilegal pelos EUA e pela União Europeia e uma das bases para o actual regime de sanções imposto contra várias personalidades e sectores da economia russa. O ataque informático aos servidores do Partido Democrata, que segundo os serviços secretos pode ter tido origem na Rússia, também serviu para alimentar estas suspeitas.

 

 

 

TPT com: New York Times//CHIP SOMODEVILLA / AFP//Público// 16 de Agosto de 2016

 

 

 

 

 

Michael Phelps, o maior do Olimpo acabou como queria no Rio de Janeiro

Acabou. Vão deixar de ouvir-se aquelas chapadas monumentais nos costados, cortesia das palmas das suas enormes mãos, quando esboça os últimos movimentos antes das corridas. Michael Phelps fechou a loja no Rio de Janeiro, com os olhos a brilhar, carregados de lágrimas por cair — venceu os 4x100m estilos. A natação ficou órfã do maior dos maiores. Ele garante que não será como em 2012 e que desta é de vez. O menino com olhar assustado que começou nos JO em 2000, com um quinto lugar, deu lugar a um super-homem com 28 medalhas. É o maior atleta olímpico da história.

 

 

Este conto de fadas começou em 1992, quando tinha sete anos. A natação nem sabia a sorte que lhe tinha saído. Começou a ganhar provas em garoto, desatou a varrer recordes. Os Jogos Olímpicos de Sidney seriam o primeiro grande palco para o menino de 15 anos, que se tornaria viciado em vencer. Não havia um nadador norte-americano tão novo em Jogos desde a década de 30. Ficou em quinto lugar.

 

 

Em 2004, na Grécia, a “Bala de Baltimore” colocou o seu nome no mapa. Venceu seis medalhas de ouro e mais duas de bronze, que o transformavam no segundo melhor atleta olímpico da história, só atrás de Mark Spitz, o norte-americano do bigode impecável. Spitz, também ele nadador, venceu sete medalhas de ouro em 1972, nos JO de Munique, que ficaram marcados pelo atentado à comitiva israelita.

 

 

Quatro anos depois, a lenda cresceu ainda mais. Michael Phelps meteu no bolso oito ouros em Pequim. Oito. Na caminhada para esses Jogos ganhou 17 medalhas de ouro em Campeonatos do Mundo. Coisa pouca. Em 2012 o TGV Phelps não abrandou assim tanto: quatro ouros e duas medalhas de prata. Acabava de passar as 18 medalhas da ginasta Larisa Latynina. Em Londres o nadador prometeu um ponto final.

 

 

Foi na ressaca da glória que as coisas começaram a complicar. Droga, álcool e comportamentos de risco por parte do atleta começaram a encher as manchetes dos jornais. Phelps perdeu patrocínios e manchou o nome. Chegou a ser detido e condenado a um ano de prisão por conduzir sob o efeito do álcool. O norte-americano frequentou os Alcoólicos Anónimos e grupos de reabilitação. “Eu estava num lugar muito escuro e nem sequer queria viver”, chegaria a dizer em entrevista à Sports Ilustrated.

 

 

Por tudo isso seria impensável o que acabou por acontecer. É digno de um filme de Hollywood, daqueles em que dizemos que as coisas foram um bocadinho exageradas. Phelps meteu na cabeça que voltaria no Rio de Janeiro, para competir entre os grandes e para engordar o seu museu. O discurso era comedido, mas Phelps é Phelps…

 

 

E o show começou, com o Estádio Aquático Olímpico quase sempre cheio para o ver. É fascinante como as pessoas querem ver o gigante continuar a ser gigante, a agigantar-se. As pessoas queriam Phelps de volta, aquele viciado em ouro, deixando para trás os problemas pessoais.

 

 

O Brasil trouxe-lhe a alegria outra vez. Ele admitiria, após a última corrida, que pela primeira vez foi ele próprio, sem máscaras, sem truques. Achou que teria de ser assim, transparente. “O que mais mudou foi que me viram. Nunca me tinham visto. ‘O mundo vai ver quem eu sou’, decidi. Eu acho que o mostrei”, diria na conferência de imprensa após a conquista da 28ª medalha (23ª ouro).

 

 

O desporto despede-se agora da maior lenda que já viu. Quem teve a sorte de lhe tirar a pinta de perto, viu alguém que estava a desfrutar, alguém honesto, com prazer naquelas lutas diárias. Falou no futuro, respeitou a modalidade que pratica desde 1992 e deu moral aos garotos, que andam a desenterrar fotografias com ele, o ídolo de infância. Phelps acabou como queria, sendo rei. A natação nunca mais será a mesma.

 

Foi uma bela viagem, Michael…

 

 

 

Michael Phelps duvida de finais com toda a gente “limpa”

 

 

 

Agora sim, foi mesmo o adeus. Michael Phelps deu uma última conferência de imprensa no Rio de Janeiro, para fazer o rescaldo da noite em que conquistou a 28.ª medalha olímpica da carreira, a 23.ª de ouro, na prova de 4x100m estilos.

 

Michael Phelps, o maior do Olimpo acabou como queria 2

O nadador norte-americano falou da família, disse que quer continuar ligado à natação, e mesmo a terminar vincou a necessidade de mudanças no combate ao doping.

 

 

“Algo tem de mudar. Não só a natação, mas todos os desportos, têm de pensar no que se está a passar. Há crianças que olham para os atletas como exemplos, e eles têm o dever de competir limpos. Quem não o faz deve pagar o preço. É preciso haver uma resposta dura. Alguém tem de fazer uma mudança. Não sei se alguma vez terei estado numa final em que toda a gente estivesse limpa”, afirmou Michael Phelps.

 

 

Foi a resposta que encerrou a conferência de imprensa que a “Bala de Baltimore” deu neste domingo, na qual voltou a mostrar-se orgulhoso pelo seu percurso na natação: “Esta noite dormi, em Londres (quando se retirou pela primeira vez) não consegui dormir muito. Não é que esteja aliviado, mas sinto-me contente pela forma como a minha carreira terminou. E isso não é algo que pudesse dizer em Londres. Era assim que queria ter-me retirado há quatro anos. Fico feliz por ter regressado, teria ficado muito frustrado se não tivesse feito isto. Quando fui fazer o primeiro aquecimento, antes de meter os óculos, não consegui evitar começar a chorar. (emociona-se) Estou orgulhoso, e não poderia dizê-lo há quatro anos.”

 

 

“Vou guardar os 200m mariposa aqui no Rio de Janeiro como talvez a melhor corrida da minha vida”, confessou Phelps, desdramatizando a hipótese de um dia alguém bater o seu recorde de medalhas. “Gostaria de ver alguém superar-me, é disso que o desporto é feito. Se acontecer, aconteceu. Os recordes são feitos para ser batidos. Há-de acontecer, não sabemos é quando”, disse.

 

 

“Terminei de competir, mas isto não significa o fim da minha carreira. É o início de algo novo. Esta foi a última vez que me viram na água a competir”, prosseguiu Phelps, que vai dedicar-se ao ensino da natação com o seu treinador de sempre, Bob Bowman: “Vai ser diferente. Vou ter de aprender a ser paciente. Quero sempre que as pessoas percebam as coisas à primeira. Será um processo de aprendizagem para mim. Mas a natação vai fazer parte da minha vida para sempre.”

 

 

Phelps também falou do assalto de que foram vítimas Ryan Lochte e outros três nadadores da equipa norte-americana na madrugada de domingo: “Fiquei perplexo. Não sei muitos detalhes. O comité olímpico e a federação garantem sempre a segurança. Já vim ao Brasil várias vezes e nunca me senti inseguro.”

 

 

“A minha família é a coisa mais importante do mundo. Ter filhos é algo de que eu e a Nicole falávamos há muito tempo. O Boomer cresceu muito. Ontem à noite mudei-lhe a fralda. Ele sorriu para mim e fiquei com lágrimas nos olhos. Vê-lo a sorrir para mim… é algo que quero vê-lo fazer muitas vezes de agora em diante. Quero brincar com ele, quero levá-lo àbola, quero ajudá-lo a concretizar os sonhos. Quero estar lá em todos os momentos, não quero perder nada”, concluiu Phelps.

 

 

Depois levantou-se e, em jeito de despedida, atirou enquanto saía: “Foi a última vez, não vão voltar a ver uma destas durante muito tempo. Até à vista!”

 

 

 

“Vivi um sonho que se tornou realidade”, diz Phelps na despedida

Michael Phelps despediu-se das piscinas e da competição com o sentimento de dever cumprido. O ouro na prova de 4x100m estilos nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro deu ao nadador norte-americano a 28.ª medalha da carreira e o 23.º título olímpico. “É a cereja no topo do bolo que eu queria. Não podia estar mais contente”, confessou.

 

Michael Phelps, o maior do Olimpo acabou como queria 3

Ele era o homem da noite e foi por ele que toda a gente estava à espera. Ninguém arredou pé do Estádio Aquático Olímpico, mesmo quando a cerimónia de pódio se atrasou. Todos queriam ver Michael Phelps subir, pela última vez, ao degrau mais alto e ostentar uma medalha de ouro ao pescoço. De olhos húmidos enquanto ouvia o hino, o nadador não escondeu as emoções. “Ao entrar na piscina esta noite as emoções começaram a vir à superfície. Foi muito mais emocional do que em 2012, mas acho que isso é bom. Posso olhar para a minha carreira e ver que consegui alcançar tudo o que queria”, sublinhou Phelps, acrescentando: “Tudo começou com um miúdo a nadar, e acabou por ser uma coisa espectacular. Vivi um sonho que se tornou realidade. Era algo que queria há tanto tempo. E poder terminar nestes Jogos foi a forma perfeita.”

 

 

Phelps iniciou um novo ciclo de ouro para o Team USA

 

 

Onde estão guardadas as medalhas? Phelps não revelou, porque isso é algo que não partilha com quase ninguém. “Talvez haja duas ou três pessoas no mundo que saibam. Se o meu filho poderá levá-las para a escola para as mostrar? Oh, não sei… talvez o deixe levar uma. No outro dia ele estava a chorar, mas assim que comecei a balançar uma medalha à frente dos olhos ele sossegou”, contou o nadador.

 

 

Phelps exibiu, com os companheiros da estafeta, uma faixa de agradecimento ao Rio de Janeiro. E admitiu que a semana que viveu foi “uma loucura”. “O mais importante nestes Jogos? É o mundo estar a ver-me como realmente sou. Aconteceram tantas coisas incríveis, dia após dia. Estou sem palavras.”

 

 

“Todas as medalhas são especiais, de certa maneira. Não sei qual é a minha medalha favorita. É demasiado cedo para dizer, nem sei se consigo escolher uma”, prosseguiu Phelps, confessando que depois da prova que encerrou a jornada nocturna deste sábado no Rio de Janeiro pensou na importância do número 23. Não só representa o total de medalhas de ouro que conquistou em Jogos Olímpicos, mas também a camisola que Michael Jordan usava. “Ele foi uma inspiração para mim em toda a minha carreira. Ver o que ele fez no basquetebol levou-me a querer fazer o mesmo na natação. Estava a pensar nisso hoje, depois da estafeta. O número 23 é especial, sempre foi. E vai continuar a ser”, disse.

 

Michael Phelps, o maior do Olimpo acabou como queria 4

Phelps mostrou-se entusiasmado com a etapa que se segue: “Vou começar o próximo capítulo da minha vida. Vou retirar-me, mas não acabei para a natação. É o início de algo novo. Tudo na vida acontece por uma razão específica e eu não mudaria nada. Agora estou no melhor sítio em que alguma vez estive na minha vida. Tenho uma família fantástica, estou feliz a maior parte do tempo. Só há problemas quando tenho fome”, gracejou.

 

 

Quanto ao futuro da natação, Phelps destacou os novos valores que estão a surgir. “O Ryan Murphy mostrou-me uma foto que tirei com ele em 2004. Estas fotografias estão todas a aparecer agora, quando os outros tinham 8, 9, 10 anos…”, disse em referência a Joseph Schooling, de Singapura, que o bateu nos 100m mariposa e cresceu a idolatrá-lo. “É entusiasmante ver o que o futuro vai trazer, há muitos nadadores entusiasmantes, a Katie Ledecky, o Adam Peaty, o Ryan Murphy. Não é só um ou dois países, é por todo o lado. Estou muito orgulhoso por ver que é assim e vai continuar a crescer.”

 

 

Joe conheceu o herói Phelps em 2008. Agora roubou-lhe o ouro

 

 

Numa perspectiva mais pessoal, o nadador mostrou-se satisfeito pela possibilidade de passar tempo com a família. “A Nicole (noiva de Phelps) e eu estamos muito entusiasmados, queremos ser os melhores pais que conseguirmos. Será fantástico fazer parte da vida do Boomer (o filho de ambos) todos os dias, ver o que lhe posso ensinar. Será uma experiência nova, pela qual estamos muito entusiasmados. Queremos continuar a construir uma família. Quero passar cada dia com eles”, concluiu Phelps.

 

“Outro Phelps? Não!”

 

 

Também presente na conferência de imprensa, o treinador Bob Bowman deixou elogios a Michael Phelps pela coesão que cultivou na equipa. O nadador foi pela primeira vez capitão da equipa (e porta-estandarte dos EUA na cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro) e “fez um grande trabalho”, sublinhou o técnico.

 

 

Nem ando à procura. Ele é demasiado especial, não é algo que aconteça uma vez numa geração, é mais uma vez em dez gerações. Tinha as capacidades certas, a família, o clube. Ele tem capacidade emocional para ter melhores desempenhos sob pressão. Mas temos valores como a Katie Ledecky, o Ryan Murphy”, enumerou Bowman.

 

 

Phelps, que antes de entrar na sala trocou um abraço sentido com o técnico, destacou a ligação que os dois têm: “É toda uma carreira, estou com o Bob há 22 anos. Foram 22 anos incríveis. E conseguir terminar assim, pode dizer-se que foi especial.”

 

 

Antes, tinha passado pela sala o jovem Ryan Murphy, companheiro de Phelps na estafeta 4x100m estilos que deu ao homem conhecido como “Bala de Baltimore” a derradeira medalha olímpica. “Pressão? Foi a prova mais vista, por ter sido a última do Michael”, reconheceu.

 

 

“Seja em que país for, a natação está em dívida para com o Michael”, acrescentou Murphy, lamentando a retirada do companheiro: “Se fosse eu, e estivesse no topo, seria difícil afastar-me. Mas o que mais pode ele alcançar? A não ser que queira chegar às 30 medalhas…”

 

 

 

TPT com: AEP//Reuters//Hugo Tavares da Silva//Observador//Martin Boreau//AFP//Tiago Pimentel//Público//Michael Dalder//Reuters//15 de Agosto de 2016

 

 

 

 

 

PilateSisters em Newark para acelerar o metabolismo das pessoas e queimar mais calorias

Com o objectivo de proporcionar um conjunto de exercícios físicos motivantes e divertidos que vão seguramente melhorar a  qualidade de vida de jovens e adultos, abriu ao público no número 139 Jackson Street, em Newark, New Jersey, o ginásio PilateSisters, especializado em exercícios de Pilates.

 

PilateSisters em Newark para acelerar o metabolismo das pessoas e queimar mais calorias  2Esta é a entrada para a sala de desporto “PilateSisters” que está aberta ao público e dotada de equipamento para o treino do culturismo, ou actividades afins, nomeadamente as destinadas ao desenvolvimento, manutenção ou recuperação da condição física, ajudando desta forma os seus praticantes a atingir os objectivos pretendidos, como sejam, prevenir problemas nas costas; para ter um corpo firme e tonificado; para treinar melhor no ginásio, nas aulas de grupo e em muitas outras actividades diárias.

 

PilateSisters em Newark para acelerar o metabolismo das pessoas e queimar mais calorias  3

“Pilates é um método de trabalho corporal geral que visa obter o bem estar físico e psicológico do corpo através da mente, baseando-se em princípios como a concentração, o controlo, a precisão, a respiração e a fluidez”, diz a fisioterapeuta Rosa Maria da Silva.

 

PilateSisters em Newark para acelerar o metabolismo das pessoas e queimar mais calorias  4

As aulas são compostas por um vasto reportório de exercícios, na sua maioria realizados na posição deitada, permitindo a recuperação das estruturas musculares, articulares e ligamentares principalmente da região sacrolombar.

 

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O método Pilates foi desenvolvido pelo alemão Joseph Pilates no início do século XX. Após uma infância marcada pela sua debilidade física (asma, raquitismo e febre reumática), criou uma série de exercícios com o objetivo de melhorar a coordenação, equilíbrio, força e flexibilidade, bem como aumentar a capacidade respiratória e a função dos órgãos.

 

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Os princípios inovadores que Joseph criou e a versatilidade que o equipamento oferece, nomeadamente a grande base de apoio, a desgravitação dos membros através da utilização das molas, fizeram com que o Pilates fosse rapidamente utilizado no contexto clínico e apropriado por fisioterapeutas. Segundo alguns especialistas, o “Pilates para Patologias-Dores”, é útil em casos muito diversos, dos quais referimos a osteoporose, hérnias discais, tendinites do ombro, problemas de joelhos ou fibromialgia, para além de aliviar o stress e as tensões musculares.

 

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Nos últimos anos registou-se um significativo aumento do número de praticantes destas actividades físicas e a onda do chamado treino funcional tem varrido os ginásios de todo o mundo, confirmando que o Pilates não é uma moda passageira, não é uma coisa apenas para alguns, e certamente não é algo que se desmonta em três tempos. O Pilates é um património de conhecimento que confere e melhora as capacidades de quem o pratica e serve o propósito de nos fazer sentir no nosso melhor.

 

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Para a fisioterapeuta Rosa Maria da Silva,  especializada no método de Pilates, “é muito importante identificar a etapa em que se encontra cada aluno e seleccionar os exercícios mais eficazes para conseguir mudanças positivas. Porém, em qualquer situação, será desenhado um plano de treino orientado para os objectivos dos alunos”. Rosa Maria da Silva disse ao “The Portugal Times” que “os exercícios de Pilates devem ser praticados por quem busca uma vida saudável, com boa postura, músculos flexíveis, corpo bem definido, melhorar a circulação sanguínea, e entre outros benefícios, melhorar a respiração. Por isso, um professor de Pilates deve ter um conhecimento profundo sobre este sistema e quais os resultados das suas ações nos alunos. Ensinar um novo exercício ou variação, mudar a resistência das molas… são tudo elementos que devem ter um efeito previsível para que o professor tome as decisões correctas em cada caso”, disse.

 

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Os exercícios de Pilates, ao contrário da musculação, não trabalha com pesos. As resistências são feitas com molas ou o peso do próprio corpo. Outra diferença é que na musculação os movimentos e os exercícios são mais rápidos que o do Pilates, que, por outro lado, trabalha com poucas repetições, várias séries do mesmo exercício e mais controle dos movimentos. Por isso se ganha tonificação muscular com o método Pilates, mas sem grandes hipertrofias como acontece na musculação.

 

Com o aumento da esperança de vida, a prática dos exercícios de Pilates estão a beneficiar o bem-estar dos mais velhos,  já que os ajudam a manter competências funcionais como o equílibrio, a força, a resistência e a mobilidade.

 

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Segundo a fisioterapeuta Rosa Maria da Silva , que também faz questão de lembrar a importância dos exercícios de Pilates direcionados para idosos, grávidas, pós-parto e menopausa, ‘’a aptidão física é o primeiro requisito da felicidade. A nossa interpretação da aptidão física é a obtenção e manutenção de um corpo uniformemente desenvolvido com uma mente sã plenamente capaz de,  facilmente, realizar satisfatoriamente as muitas e variadas tarefas diárias com entusiasmo espontâneo e prazeroso. Assim, o resultado final é mais qualidade de vida com disposição e saúde para aproveitar o dia a dia com mais prazer.

 

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Rosa Maria da Silva, que espera por si, informa também que o “PilateSisters”, tem dois números de telefone ao dispôr dos potenciais interessados em adquirir informações ou marcação de aulas para os exercícios de Pilates (973-573-6533 e ainda 862-902-6022) e lembra mais uma vez que “um corpo livre de tensão nervosa e fadiga, abriga uma mente bem equilibrada, totalmente capaz de atender com sucesso todos os complexos problemas da vida moderna’’, concluiu.

Faça uma visita ao PilateSisters e fique a saber mais sobre os produtos e exercícios Pilates, bem como sobre os tratamentos para dor, massagem, quiropraxia e estética.

 

 

JM//The Portugal Times// 12 de Agosto de 2016

 

 

 

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Angola volta a ser o maior produtor de petróleo de África em julho

Angola foi em julho, pelo quinto mês consecutivo, o maior produtor de africano de petróleo, com 1,782 milhões de barris de crude por dia, acima dos 1,508 milhões de barris diários da Nigéria, cuja produção voltou a cair.

 

 

A informação, que resulta de fontes secundárias, consta do relatório de julho da Organização de Países Exportadores de Petróleo (OPEP), consultado ontem pela Lusa, e reflete uma diminuição na produção angolana de 3.800 barris diários, face ao mês de junho.

 

 

A enfrentar problemas com grupos armados que comprometem as operações petrolíferas, a Nigéria, que começou 2016 a liderar com 1,853 milhões de barris diários (contra os 1,742 milhões de Angola), viu a produção descer até aos 1,444 milhões em maio, o valor mais baixo do ano, segundo a OPEP.

 

 

Depois de recuperar em junho, a produção de crude nigeriana voltou a cair, 41.300 barris, em julho, para uma estimativa de 1,508 milhões de barris, continuando desta forma atrás de Angola, pelo quinto mês consecutivo.

 

 

Um recente relatório da Agência Internacional de Energia explica que só a desorganização, instabilidade política, roubos de petróleo, dificuldades no controlo de grupos armados e aos adiamentos sucessivos da nova lei do petróleo impedem a Nigéria de retomar o primeiro lugar da produção de petróleo em África.

 

 

A agência prevê ainda que Angola continue na liderança da produção petrolífera em África até 2020.

 

 

O último relatório da OPEP refere ainda que a China voltou a comprar menos petróleo de maio para junho (-2%), descendo para uma média de 7,5 milhões de barris por dia. Deste total, Angola forneceu 10%, sendo o país apenas ultrapassado pela Arábia Saudita (18%) e pela Rússia (13%).

 

 

Angola enfrenta desde final de 2014 uma profunda crise económica, financeira e cambial decorrente da forte quebra nas receitas petrolíferas. Em menos de dois anos, o país viu o barril exportado passar de mais de 100 dólares para vendas médias, no primeiro semestre deste ano, de 36 dólares por barril, segundo dados do Ministério das Finanças.

 

 

Segundo a mesma informação, o país produziu em média, no primeiro semestre do ano, 1,77 milhões de barris de crude por dia.

 

 

TPT com: EPA//Lusa//Observador//12 de Agosto de 2016