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Empresários José Veiga e Paulo Santana Lopes detidos por corrupção em negócios internacionais

O empresário de futebol, José Veiga, e o irmão do ex-primeiro ministro Santana Lopes, Paulo Santana Lopes, foram detidos pela Polícia Judiciária por suspeitas de corrupção no comércio internacional. Em causa estarão negócios no Congo, cujo dinheiro foi depois aplicado em Portugal na compra de vários bens. Foi ainda detida uma advogada que terá ajudado na concretização dos negócios, apurou o Observador.

 

 

Segundo o comunicado da Polícia Judiciária, os três suspeitos, entre os 53 e os 57 anos, foram detidos no âmbito de uma operação com o nome de código “Rota do Atlântico”. Foram feitas 35 buscas nas zonas de Lisboa, Braga e Fátima e envolvidos cerca de cento e vinte elementos da PJ e dez magistrados. O Observador apurou que ainda estão a decorrer buscas para recolha de mais prova. Entretanto o Ministério Público, em comunicado, acrescenta que foram feitas buscas a um banco, a três escritórios de advogados, em casas e sedes de empresas. O Diário Económico diz que as buscas foram feitas no Novo Banco.

 

 

A Polícia Judiciária, através da Unidade Nacional de Combate à Corrupção, e numa investigação dirigida pelo Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) iniciada ainda em 2014,  refere que os detidos celebravam contratos de fornecimentos de bens e serviços – entre os quais obras públicas, construção civil e venda de combustível a várias entidades provadas e estatais do Congo. Os lucros destes negócios eram “utilizados na aquisição de imóveis, veículos de gama alta, sociedades não residentes e outros negócios, utilizando para o efeito pessoas com conhecimentos especiais e colocadas em lugares privilegiados, ocultando a origem do dinheiro e integrando-o na atividade económica licita”.

 

 

Já o comunicado do Ministério Público acrescenta que os suspeitos estão também indiciados pela prática dos crimes de tráfico de influência e de participação económica em negócio na compra e venda de ações de uma instituição financeira estrangeira, ações, essas, detidas por instituição de crédito nacional”. Mais. Que a investigação tanto toca no continente africano, como no europeu e no americano.

 

 

Foram apreendidos vários imóveis como veículos automóveis de gama alta e saldos bancários. Os detidos vão ser sujeitos a primeiro interrogatório judicial, para eventual aplicação das medidas de coação tidas por adequadas. Mais uma vez, será o juiz Carlos Alexandre a ouvir os detidos. E o processo está em segredo de justiça.

 

 

Proposta de compra de banco investigada pela PJ. Apreendido dinheiro do sinal

 

 

Ainda segundo o que o Observador apurou, a proposta de compra do Banco Internacional de Cabo Verde, do Grupo Espírito Santo, feita por Veiga estará também debaixo de olho da Polícia Judiciária. A informação foi avançada há duas semanas pelo Diário Económico que dava conta do interesse do empresário, que mantinha negócios em África – onde se refugiou como consultor, gestor e empresário, depois da saída da estrutura diretiva do Benfica, em 2007.

 

 

Na proposta de compra, Veiga representa um grupo luso-africano (sobretudo com interesses do Congo) que quer comprar o Banco Internacional de Cabo Verde (BICV), ativo do Novo Banco, avaliado em 14 milhões de euros, noticiou o Diário de Notícias e o Diário Económico. Mas já há dois anos Veiga tinha mostrado interesse nos negócios da banca, ao negociar com o Grupo Espírito Santo uma participação na holding Es Control, também num consórcio com investidores africanos. Noticiou o Económico que o negócio não se concretizou, mas envolvia 150 milhões de euros que poderiam ter ajudado o GES então em dificuldades.

 

 

De acordo com o Diário Económico, na sequência da operação da Polícia Judiciária coordenada pelo Ministério Público, foram apreendidos 11 milhões de euros – o valor já dado como sinal. Aliás, o empresário não podia sequer entrar neste negócio uma vez que surge na lista de devedores ao Fisco.

 

 

Veiga mudou-se para África em 2009 e tornou-se consultor na área do futebol para a África e América do Sul. A partir de 2011 passou a ter residência fixa no Congo e a mudar o seus interesses para outras áreas, da banca à saúde, do ambiente ao imobiliário.

 

 

Paulo Santana Lopes foi administrador da Tetris, uma sociedade imobiliária comprada pela empresa Marquês de Pombal por indicação da Sociedade Lusa de Negócios (SLN), e o seu nome foi mencionado durante a comissão de inquérito ao BPN. Em 2010, foi notícia novamente por ter alegadamente recebido um cheque de Manuel Godinho. o empresário de Ovar que foi constituído arguido no âmbito do processo Face Oculta.

 

 

O emigrante do Luxemburgo que foi empresário de Figo, Ronaldo e Zidane

 

José Veiga chegou a ser o maior empresário do futebol português, tendo-se destacado sobretudo com a transferência de Luís Figo. Mas deteve também os passes de Ronaldo e Quaresma, por exemplo. Manteve um ‘duelo’ no mundo das comissões de transferências de jogadores, que chegou a liderar, com Jorge Mendes, até que foi perdendo influência e jogadores importantes na sua carteira.

 

 

Chegou depois a fazer parte da estrutura administrativa do Benfica, como diretor-geral da SAD entre 2004 e 2007. Problemas fiscais, que envolveram o banco Dexia no Luxemburgo e incluíram o arresto de bens, levaram-no a sair do clube.

 

 

A sua história começou no Luxemburgo onde era emigrante (trabalhava num stand a pintar carros) e presidente da casa do FC Porto do país. Conta a história que conseguiu atrair ao local alguns dos grandes do futebol para cerimónias importantes, que por sua vez lhe retribuíam com convites para eventos desportivos. À medida que a exposição foi crescendo, foi aparecendo nos mais importantes acontecimentos e fazia questão de se fazer fotografar ao lado dos maiores do futebol mundial. Assim ganhou fama.

 

 

Daí a agenciar jogadores, uma prática ainda não muito comum nos anos 90, foi um passo. Fundou com o filho de Pinto da Costa, Alexandre, a Superfute, empresa que chegou a mediar as maiores transferências mundiais. Atém de Figo para o Barcelona, também Zidane para o Real Madrid, Paulo Sousa para a Juventus ou Fernando Couto para o Parma.

 

 

À medida que perdeu influência, perdeu jogadores.  E perdeu-os para o seu maior rival, Jorge Mendes, atualmente o maior empresário do futebol mundial. A maior perda foi, obviamente, a de Ronaldo .

 

 

A luta entre os dois, Veiga e Mendes, acabou, literalmente, à pancada: uma cena nas chegadas do aeroporto de Lisboa que Mendes terá ganho, apesar de ser mais peso-leve, terá ganho. E que acabou de forma inusitada. Os três telemóveis que cada um cada um levava consigo espalharam-se pelo chão. E acabaram trocados nos bolsos que ambos entretanto tiveram de ajeitar após a batalha. Terão falado pela última vez nessa altura. Para entregarem o seu a seu dono.

 

 

José Veiga. A história de um homem de quem toda a gente se afastou

 

 

Chegou a mexer nas duas transferências mais caras do futebol mundial. Do auge com Figo e Zidane caiu para a pancadaria com Jorge Mendes e a separação de Cristiano Ronaldo por causa de dinheiro.

 

Empresários José Veiga e Paulo Santana Lopes detidos por corrupção em negócios internacionais 2

Um ano depois de Oliveira lhe dar o cimento e o alcatrão, Veiga constrói a própria estrada. Alexandre Pinto da Costa, filho do presidente portista, vai na conversa e funda com José a Superfute. Aquece o verão de 1993 com Paulo Sousa e Pacheco, que ajuda a tirar do Benfica e a por no Sporting. Anos depois coloca o primeiro na Juventus, em Itália, o mesmo país onde abre a porta do Parma a Fernando Couto, até então central dos dragões. Jorge Nuno Pinto da Costa não gosta e vira-lhe as costas e os ouvidos de qualquer jogador portista.

 

 

À segunda consegue dar boleia a João Vieira Pinto até aos leões, semanas antes de fazer lá chegar Mário Jardel e juntar um pai e um filho que dão o campeonato ao Sporting. No verão de 2000, congemina a maior transferência do planeta (62 milhões de euros), multiplicando reuniões com Florentino Pérez para colocar no Real Madrid o capitão do Barcelona. Luís Figo tornava-se pesetero para os catalães e herói para osmerengues. Na época seguinte, intromete-se entre Juventus e Real Madrid para mediar os 75 milhões que o espanhóis pagam aos italianos pelo francês Zinedine Zidane.

 

 

 

Em 365 dias, José Veiga participa nos dois negócios que mais dinheiro movimentam na história do futebol. Em 2001 está no topo, de peito feito, no ombro dos melhores jogadores e ao ouvido de grande parte dos dirigentes do futebol português. Lá fora não se distrai e mantém sempre um olhar atento às objetivas das câmaras. Faz por ladear as grandes figuras, os presidentes, treinadores e dirigentes que interessam, para estar na sua companhia quando os flashes disparam e as fotografias e as imagens chegam aos jornais e televisões.

 

 

Mas é aí, diz ao Observador uma fonte que foi próxima de Veiga, que se vai pondo a jeito dos problemas. “Começa a meter-se em muita coisa.Tem uma tendência muito grande para se ligar a pessoas que não prestam”, conta quem trabalha durante anos com Veiga até perceber o que, mais tarde ou mais cedo, todos os que lhe são próximos detetam. É por isso que as pessoas próximas de Veiga se começam a afastar. Ou mesmo a cortar relações.

 

 

Os problemas começam e acabam quase sempre no dinheiro. Não se porta bem com muita gente, Luís Figo afasta-se de Veiga antes de Joaquim Oliveira ou Alexandre Pinto da Costa fazerem o mesmo. O empresário vai ficando sem jogadores, muitos deles desconfiados por alegadamente terem contas bancárias no estrangeiro às quais raramente chegavam todos os números do salário que o clube lhes pagava. Um rumor nunca confirmado, mas muito contado. Muitos fogem de Veiga, mas ele pensa que é Jorge Mendes a roubá-los. “O Mendes nem teve muito mérito nisso. Limitava-se a esperar que eles saíssem da empresa do Veiga para ir trabalhar com os jogadores”, refere uma fonte contactada pelo Observador. Até um imberbe Cristiano Ronaldo chega asprintar para longe do empresário.

 

 

A história contam-na assim quem dela sabe: em adolescente, o Sporting falha algumas vezes ao pequeno craque e paga-lhe com atraso. Ronaldo ainda ganhava uma ninharia em comparação à fortuna à qual hoje perde a conta e, quando os leões, alegadamente, se atrasavam no pagamento desses trocos, Cristiano pediria ajuda à carteira do seu agente. Dinheiro adiantado de José Veiga, mas com um senão. “Por cada 500 euros que lhe pedia, só recebia 150”, diz quem conheceu o processo. Quem estava no clube na altura sabia que o empresário dava o dinheiro “sempre com desdém”, até ao dia em que Ronaldo “precisou mesmo” dos “mil e tal euros” que ganhava e Veiga apenas lhe adiantou cerca de 200. Cristiano terá levado a mal e foi trabalhar com Jorge Mendes, o amigo que hoje lhe é como família e o levou a fazer escala em Manchester no caminho até Madrid.

 

 

Os grandes nomes que jogam bem à bola vão-se afastando, mas, em Portugal, o empresário faz-se valer das amizades para, por exemplo, chegar a ter 24 jogadores do plantel do Benfica. Essa amizade é com Luís Filipe Vieira, que o convida em 2004 para ser diretor-geral da SADencarnada. É campeão logo na primeira época, mas as candeias de ambos vão ficando às avessas até 2007, ano em que o presidente se chateia com o empresário e Veiga abandona o clube. Na altura já com um processo em cima, devido a um caso no Luxemburgo, com arresto de bens pelo meio. “As pessoas que se davam bem com ele foram-se afastando. Todas as amizades tornaram-se, com o tempo, inimigos dele”, resume uma dessas pessoas, ao Observador.

 

 

 

José Veiga zangou-se com muita gente, ou muitos se zangaram com ele: Pinto da Costa, Joaquim Oliveira, Luís Figo, Simão Sabrosa e Luís Filipe Vieira são exemplos.

 

 

 

É quando sai do Benfica que entra em vários negócios com Paulo Santana Lopes, irmão do ex-primeiro-ministro, que também foi detido, esta quarta-feira, pela Polícia Judiciária. A bola do futebol rola para longe e José Veiga começa a lidar mais no ramo do petróleo e dos diamantes, mas também do imobiliário. Sai do radar, mas a essência do negociador não terá mudado muito. A apetência para lidar com as pessoas erradas ter-se-á mantido, tal e qual manteve, há anos, a intenção de entrar na bolsa do Euronext de Paris com a Superfute, contra avisos e conselhos de quem ainda seu amigo era. A empresa chegou a estar cotada, mas os prejuízos foram de milhões — “O melhor mercado teria sido o de Londres, mas como não falava inglês, ligou-se a uns tipos em Paris para meter a empresa lá na bolsa. Depois foi tudo um flop”.

 

 

Falam sobre José Veiga e ligam-lhe o nome a esquemas e negócios estranhos. Descrevem o empresário como uma pessoa “que se julgava acima da lei” e agora foi detida por suspeitas de a violar. Há duas semanas já se ouvira falar dele, por representar um grupo luso-africano candidato a adquirir o Banco Internacional de Cabo Verde — ativo não-estratégico do Novo Banco. Após a pintura de carros, casa do FC Porto de Luxemburgo, transferências de milhões e direção do Benfica, José Veiga volta a ser notícia.

 

 

Um dos negócios que está na mira dos investigadores, como o Observador noticiou,  é a tentativa de compra do Banco Internacional de Cabo Verde (BICV) por parte de José Veiga.

 

 

Segundo notícia do Diário Económico de 20 de janeiro, a proposta de 14 milhões de euros foi apresentada por Veiga em nome de um consórcio que incluía diversos investidores africanos. O mesmo jornal afirmou que o DCIAP apreendeu nas buscas realizadas na quarta-feira cerca de 11 milhões de euros pagos ao Novo Banco (o banco que detém o BICV) como sinal pela realização do negócio. Recorde-se que o negócio ainda não tinha sido autorizado pelo Banco de Portugal.

 

 

José Veiga e Paulo Santana Lopes, juntamente com a advogada igualmente detida, serão ouvidos esta quinta-feira pelo juiz de instrução criminal Carlos Alexandre.

 

 

 

Uma lei de Sócrates

 

 

 

A lei que estipula o crime de corrupção activa do comércio internacional, cuja primeira versão foi assinada pelo primeiro-ministro José Sócrates e deriva da transposição de legislação da União Europeia, é precisamente aplicada a quem alegadamente der ou prometer a “funcionário estrangeiro ou nacional (…) ou a titular de cargo político, nacional ou estrangeiro, (…) vantagem patrimonial ou não patrimonial que não lhe seja devida para obter ou conservar um negócio, um contrato ou outra vantagem indevida no comércio internacional”. Ao que o Observador apurou, no inquérito em apreço não estarão a ser investigadas suspeitas de corrupção relacionadas com titulares de cargos políticos portugueses. A pena de prisão prevista para o crime em causa é de um a oito anos.

 

 

Esta lei permite à Justiça portuguesa investigar crimes que tenham sido alegadamente praticados em território nacional por parte de responsáveis de empresas a funcionar em Portugal e que actuem nos mercados internacionais. Os alegados corruptores passivos (isto é, quem recebe a alegada contrapartida indevida) não são perseguidos criminalmente se esse crime tiver sido praticado noutro país, devido à falta de competência jurisdicional por parte da República Portuguesa.

 

 

Não é a primeira vez que este crime é investigado pelo DCIAP. Recorde-se que, tal como o Observador já noticiou, Paulo Lalanda de Castro, ex-patrão de José Sócrates, foi constituído arguido na Operação Marquês por esse crime devido a alegadas transferências bancárias realizadas para titulares de cargos políticos da Líbia. Segundo o MP, tais transferências seriam alegadas contrapartidas pela adjudicação de um contrato público na área da saúde à empresa Inteligent Life Solutions. Foi extraída certidão para o processo Vistos Gold, mas esta situação não foi apreciada no despacho final de inquérito do caso que envolve o ex-ministro Miguel Macedo.

 

 

O estudo do investimento no Grupo Espírito Santo 

 

 

As alegadas ligações privilegiadas de José Veiga ao Governo da Republica do Congo têm sido noticiadas nos últimos anos na comunicação social portuguesa. Um desses casos está relacionado com a possível entrada de investidores da República do Congo no capital de duas sociedades doGrupo Espírito Santo (GES) que foi discutida no Conselho Superior do GES. Segundo as gravações, que foram reveladas em primeira mão pelo jornal i e noticiadas numa segunda fase pela revista Sábado, a família Espírito Santo discutiu em pormenor o interesse que José Veiga tinha manifestado em intermediar o investimento de entidades da República do Congo no GES – tal como foi recordado a 20 de janeiro pelo Diário Económico e esta quarta-feira pela revista Visão.

 

 

Pedro Mosqueira do Amaral, um dos membros do ramo Mosqueira do Amaral, informou o Conselho Superior do GES na reunião de 27 de janeiro de 2014 do desejo de José Veiga em encontrar-se com Ricardo Salgado. “O Congo Brazzaville tem uns milhões disponíveis e gostava de investir em Portugal. Gostava de ver a nossa estrutura. Estamos interessados nisso?”, perguntou o gestor.

 

 

 

Salgado respondeu afirmativamente, tendo Mosqueira do Amaral acrescentado que Veiga “é o gestor do presidente do Congo Brazaville” (Denis Sassou Nguesso). O mesmo administrador do GES referiu ainda que Nguesso estaria interessado numa parceria com “Gabriel [Lima, ministro das Minas, Indústria e Energia e filho do presidente] da Guiné Equatorial”, segundo a contextualização feita pela revista Sábado.

 

 

Director-geral de empresa brasileira no Congo

 

 

Mosqueira do Amaral também referiu a ligação de José Veiga à empresa brasileira Asperbras. Trata-se de uma sociedade agrícola que nasceu em 1966 no interior do estado de São Paulo e que hoje, além de ter expandido as suas actividades para a industria de PVC para fins agrícolas, está também presente nos sectores alimentar, geológico, mineração e de construção, e tem filiais internacionais em Portugal, Angola, Congo, Uruguai e Áustria.

 

 

José Veiga é, desde há vários anos, director-geral da Asperbras na República do Congo. Um dos projectos que lidera é, por exemplo, a construção da zona industrial e comercial de Maloukou, localizada nos arredores da capital Brazzaville e com uma área de 654 mil hectares. Tal empreendimento faz parte do plano de industrialização que está a ser implementado pelo presidente Denis Sassou Nguesso e tem um custo estimado de 500 milhões de dólares americanos (cerca de 450 milhões de euros).

 

 

 

Luís Rosa/Obs/Mariana Oliveira/PUB/AFP/ Diogo Pombo/Filomena Martins/S.S./Catarina Falcão/OBS/TPT/3/2/2016

 

 

 

 

 

4.500 portugueses foram chamados às urnas este fim de semana nas cidades de Washington e Newark

Cerca de 4.500 portugueses registados em Newark e Washington, nos Estados Unidos, começaram a votar no sábado nas eleições presidenciais de Portugal, depois do cancelamento no passado fim-de-semana devido a uma tempestade de neve.

 

 

Apesar de o seu voto não alterar o resultado da eleição, que terminou no domingo com a vitória de Marcelo Rebelo de Sousa, na tarde de sábado encontravam-se alguns eleitores no consulado de Newark, em Nova Jérsia.

 

 

Luís Pires, diretor do jornal da comunidade Luso-Americano, era um dos presentes.

 

 

“O voto de cada pessoa é importante para consolidar a nossa democracia. Um voto na semana passada vale o mesmo que um voto esta semana”, disse Luís Pires.

 

 

Noutras cidades dos Estados Unidos da América (EUA), a votação aconteceu na semana passada, mas apenas 3,5% dos cerca de 7.800 eleitores inscritos compareceu.

 

 

Marcelo Rebelo de Sousa conquistou 59% dos votos, seguido por Sampaio da Nóvoa (27%) e Marisa Matias (6%).

 

 

“A abstenção é sempre muito alta, por vários motivos. Um deles é a necessidade de um cartão de cidadão atualizado, por exemplo, que muitos não têm. Uma das coisas que melhorariam a abstenção seria o voto eletrónico”, explicou Luís Pires.

 

 

Em Newark, onde estão registados 4.264 dos eleitores que neste fim de semana vão a votos (Washington apenas tem recenseados 289 eleitores), a abstenção nas últimas eleições foi de 96,43%.

 

 

Além da distância que se cria com o país depois de décadas de ausência, alguns dos eleitores vivem em zonas distantes de Nova Jérsia ou até no estado da Pensilvânia e Delaware, que estão incluídos nesta zona consular.

 

4.500 portugueses chamados às urnas este fim de semana em Washington e Newark 2

José Luís Fernandes, juiz de 1.ª instância na Pensilvânia, tinha conduzido cerca de duas horas desde Filadélfia para votar.

 

 

“Vale a pena, claro que sim. É muito importante para a representação da nossa comunidade. Se não votarmos, não podemos mostrar aos políticos em Portugal que existimos e que merecemos a sua atenção”, explicou Fernandes.

 

 

João Machado, que se mudou para os EUA há 21 anos e ainda viveu em Portugal durante a ditadura, diz que o voto é uma forma de honrar a história do país.

 

 

“Além de ser um dever cívico, é um direito que custou muito a conquistar. A nossa comunidade devia entender melhor a importância do voto. Temos população suficiente para ser relevantes e garantir voz às nossas comunidades”, referiu.

 

 

O cônsul de Newark, Pedro Soares de Oliveira, disse à Lusa que “a participação de todos os eleitores é importante”, mesmo que os números sejam quase insignificantes e não influenciem o resultado.

 

 

“A repetição do ato eleitoral nesta assembleia de voto resulta de um imperativo legal que valoriza esse mesmo objetivo”, esclareceu o diplomata.

 

 

Alguns dos portugueses que hoje votaram apreciam essa exigência. Uma das eleitoras tinha caminhado a pé desde Kearny com temperaturas perto de zero, durante cerca de uma hora, para cumprir a distância entre as duas cidades.

 

 

Nos EUA, Marcelo Rebelo de Sousa venceu em todas as áreas consulares já contabilizadas, excluindo São Francisco, onde empatou com Sampaio da Nóvoa.

 

 

Em Boston, por exemplo, venceu com 17 votos, contra 11 de Sampaio da Nóvoa. Em New Bedford, recebeu 69 votos, mais do triplo do que os 20 conseguidos pelo ex-reitor da Universidade de Lisboa.

 

 

No final do dia de sábado, cerca de duas dezenas de pessoas tinham votado no consulado de Newark.

 

 

As urnas fecham às 15:00 de domingo, hora local.

 

 

AYS // ROC/Lusa/TPT/30/1/2016

 

 

 

 

 

A cientista cardiovascular portuguesa Renata Gomes que vive fora de Portugal foi distinguida pelo Parlamento britânico

 Tem na carga genética o gosto pela aventura. Um avô emigrou para a Alemanha; a mãe viveu lá muito tempo; voltaram a Portugal, mas tornaram a sair – primeiro para França, depois para Inglaterra. Renata Gomes aplicou-se, estudou, chegou a Oxford, doutorou-se, tornou-se investigadora de elite na área cardiovascular e já foi premiada pelo Parlamento britânico. Em todo este percurso, o desembaraço é uma das armas favoritas.

 

 

A partir de quando quis ser médica?

 

 
“Desde que, aos três anos, fui operada pelo doutor Jardim, no hospital de Braga, a uma apendicite aguda. Sempre pensei nessa missão e aproveitava qualquer oportunidade que me surgisse. Além disso, a minha mãe e as minhas avós sempre me diziam: ‘Why reach for the moon when we can go for the stars?’ Já que estava no Reino Unido, não tendo o sonho de casar com um príncipe, chegar a Oxford ou Cambridge tornou-se um objectivo”.

 

 

Como tem reagido a família ao seu trabalho?

 

 
“Ficam todos babados com o trabalho, as nomeações e os prémios. Apoiam tudo o que faço, caso contrário era impossível. Dou um exemplo: em 2012, fui à China, voltei a Londres e, poucos dias depois, tinha de ir para a Austrália. A minha irmã que agora é advogada tinha malas diferentes para mim com roupa preparada e etiquetas a indicar para cada país servia – isso salvou-me naquela altura!”

 

 

Que desafios e lutas teve de ultrapassar no caminho para se tornar aquilo que é hoje?

 
“Não foi uma luta, para mim era uma missão, aliás, a minha vida é feita de missões. A minha família já andou pelo mundo inteiro e emigrar não foi um problema. Talvez seja cliché mas temos aquilo do ‘gene tuga’ de as pessoas serem desenrascadas – na minha bata tenho sempre uma chave de fendas e, embora isso não agrade aos engenheiros, se for preciso abrir uma máquina e eles não estiverem, não há problema.

 

Parlamento britânico distingue a cientista cardiovascular portuguesa Renata Gomes 2

A emigração nunca me assustou e às vezes bastaria mudar de norte para sul e ter mudanças drásticas. Tive de adaptar-me depressa. Lembro-me de ser criança e, de um mês para o outro, tornei-me fluente em francês. No fundo, era mais o desafio. Quando fomos para o Reino Unido, depois de ter tornado o francês quase na minha língua-mãe, a gramática do inglês era muito mais simples. Sempre gostei de aventuras e não é assustador, nem quero que digam: ‘Oh, coitadinha!’ Não, até tive muita sorte, porque consegui oportunidades. Nem devemos dizer que é um azar nascer em Portugal – temos essa sorte, pois fazemos parte da Europa, sendo um país desenvolvido e moderno com mentes abertas!”

 

 

Recebeu um prémio do Parlamento britânico: esse facto tão relevante implicou mudanças substanciais na sua vida?

 

 
“Não mudou, mas ajudou em muita coisa. Quando entrei no Parlamento já trabalhava 12 a 16 horas por dia, já dormia muito pouco, já a minha mãe dizia que, para falar comigo, era preciso marcar hora na agenda [risos]. No entanto, receber a medalha de prata da ciência na Biologia fez com que tivéssemos mais exposição perante o público e interessou-me estar em contacto com as pessoas a quem o meu trabalho diz mais directamente respeito. Isso implicou mais responsabilidade e envolvimento em mais projectos.”

 

 

No seu trajecto há pessoas que, além da família, têm sido contributos fundamentais para o sucesso. O que representam para si nomes como os de Oliver Smithies [ndr: Nobel da Medicina em 2007 ao lado de Mario R. Capecchi], Nobuyo Maeda [ndr: professora e investigadora na Universidade da Carolina do Norte e mulher de Smithies] ou Bruce Beutler [ndr: imunologista e geneticista norte-americano que foi prémio Nobel da Medicina em 2011 em conjunto com Jules A. Hoffmann]?

 

 
“Oliver Smithies e Nobuyo Maeda são aquele casal que, caso fosse possível, deveria viver para sempre! Foi uma sorte cruzar-me com eles, o Oliver tornou-se um mentor com quem tenho aprendido muito, é a soma de conhecimento, motivação e inspiração. Nobuyo merece uma admiração imensa, pois parte do meu trabalho na área cardiovascular e do colesterol só existe graças a um sistema que ela desenvolveu a partir de um modelo animal, mesmo tendo à volta toda a comunidade científica a dizer que seria impossível. É um exemplo de que nada é impossível! Já estivemos em Lisboa em 2013 e falava muito comigo sobre o seu percurso. Lembrou que, na sua juventude, era muito bonita e esse preconceito ainda existe, pensam que somos todos um bando de ‘nerds’, não lavamos os dentes ou temos cabelo oleoso! Com Bruce Beutler quero, um dia, fazer um programa, pois é fantástico! Quando acredita no potencial de alguém e esse alguém diz: ‘é para saltar’, ele pergunta: ‘How high?’ Tive muita felicidade de estar com eles e nunca imaginei que, um dia, estaríamos juntos no Santini, à meia-noite, com um prémio Nobel e a mulher, a comer gelados?! Ele tem 90 anos e trabalha todos os dias como se tivesse 40!”

 

 

Foi nomeada para os Óscares da Ciência com outras duas mulheres, não venceu, mas como é que recorda essa experiência?

 

 
“Pensei que era uma piada [risos]. A primeira vez que me telefonaram de Downing Street correu mal, pois às vezes há quem apanhe o nosso número de contacto e pregam-nos umas partidas [ndr: brinca e recupera em inglês o diálogo surrealista com a assistente de David Cameron até perceber que era a sério]. Dois minutos depois da conversa, quando recebi o e-mail de Downing Street, é que percebi ser verdade! Pior: quando lá fui a primeira vez, não sabia que tinham um gato e, sem querer, pisei-o. Fiquei tão atrapalhada que nem me apercebi que tinha de me mexer rapidamente!

 

Parlamento britânico distingue a cientista cardiovascular portuguesa Renata Gomes 3

A nomeação foi uma honra enorme, claro. Três mulheres cientistas nomeadas para a categoria de herói tornámo-nos inseparáveis e, convocando-nos quase sempre às três, passaram a chamar-nos Os Anjos de Charlie porque uma é morena, outra loura e outra ruiva. A Tara, que ganhou, foi promovida a directora de ciências biomédicas na Irlanda, a Ceri é britânica e trabalha em Exeter como espécie de David Attenborough da exploração do Ártico. Sou fã das duas, identificamo-nos de formas diferentes, somos muito unidas e ajudamo-nos em projectos: por exemplo, a Tara trabalha em regeneração ocular, mas também numa especialidade minha, a angiogénese, e trocamos informações. Por norma, aquela nomeação costuma ser para cientistas com carreira estabelecida e eu só comecei a minha investigação científica em 2007 ainda como estudante de doutoramento.”

 

 

Cuidou de assegurar ligações a organizações não governamentais e já apresentou três prémios Nobel numa delas, a Rede de Pequenos Cientistas. Como tem funcionado essa interligação?

 

 
“Juntei-me a esse programa quando já existia há cinco anos. Foi iniciado por três professoras da Escola Secundária de Barcelos que queriam expor os estudantes a mais práticas laboratoriais. Um dos pequenos cientistas é a Ana Ferraz. Há alguns anos, uma das suas frustrações era estar a estudar diferentes tipos de sangue nas aulas, pois queria era testá-los. Isso levou-a a um mestrado numa área em que tem quase concluído o doutoramento e também a um prémio de jovem inovadora.”

 

 

O que é mais fascinante para si no papel de investigadora médica?

 

 
“Mesmo sabendo tanto ainda sabemos tão pouco! Quero desvendar e perceber em maior detalhe esses pequenos mistérios que, ao serem percebidos, dão origem a grandes revoluções como a descoberta das vacinas. Perceber o porquê, não só na medicina e na investigação, mas também nos trabalhos mais recentes que envolvem diplomacia e alguma política. É uma cadeia de porquês mais objectivos, pois estou mais treinada no plano clínico e científico.”

 

 

Como interpreta os cortes no investimento em Ciência tão frequentes nos diversos governos?

 
“Gostava que me explicassem isso, porque é absolutamente ridículo. Educação e saúde devem ser as prioridades para o desenvolvimento. A riqueza a longo prazo de qualquer nação está no seu investimento na ciência. As desculpas são muitas, mas quase todas esfarrapadas.”

 

 

Já confessou sentir-se fascinada pelo coração, o seu músculo favorito, mas muito vulnerável a doenças. Pode dizer que a ciência está num plano desenvolvido do controlo das doenças de foro cardiovascular?

 

 
“Tenho o privilégio de trabalhar com o meu músculo favorito, corrigindo efeitos dos problemas cardiovasculares, mas quase 90% deles derivam da nossa indisciplina, trata-se de doenças dos países desenvolvidos onde prevenção e disciplina com obesidade, inactividade física ou fumar reduziriam a situação a metade. O colesterol é um assassino silencioso e mesmo pessoas com perfeito registo de índice de massa corporal podem ter colesterol elevado. Na área do coração, para o regenerar após acidentes vasculares, já desenvolvemos novas estratégias e descobrimos uma célula que anda por ali sem fazer alguma coisa até sentir um estímulo, libertando tudo e mais alguma coisa para evitar o acidente vascular. Em muitos casos a culpa é nossa, não se trata de um cancro.”

 

 

Estando a viver fora do País, como avalia os quatro anos de ajustamento em Portugal?

 

 
“Em geral foram tempos difíceis, mas, olhando a números e estatísticas, pois não vivo em Portugal, esses quatro anos foram necessários e talvez possam fazer bem ao País a longo prazo. Mas percebo que a austeridade ainda não acabou e vai obrigar a outros sacrifícios.”

 

 

 

TPT/AFP/com: Paulo Jorge Pereira/Económico/29/1/2016

 

 

 

 

 

O Navio Escola Sagres será ‘Casa de Portugal’ nos Jogos Olímpicos do Rio 2016

O Navio Escola Sagres, da Marinha portuguesa, será a ‘Casa de Portugal’ no Rio de Janeiro durante os Jogos Olímpicos de 2016, anunciou o Comité Olímpico de Portugal (COP).

 

 

O protocolo de cooperação entre a Marinha e o COP, assinado a bordo do navio da Marinha, prevê que o Navio Escola Sagres, embaixada itinerante do país, apoie “os atletas portugueses e todas as empresas nacionais interessadas, durante o período dos Jogos Olímpicos”.

 

 

“Pretende-se que este seja um espaço de promoção de Portugal, da língua portuguesa e da sua cultura, assim como uma plataforma de divulgação da excelência do tecido empresarial nacional, através da promoção das empresas e dos produtos nacionais. Desta forma, está prevista a realização diária de eventos, assim como a presença regular de atletas da Missão Olímpica Portuguesa para convívio com os visitantes da Casa de Portugal e simultaneamente para contactos entre eles e a comunicação social lusa que fará a cobertura mediática dos Jogos Olímpicos”, pode ler-se em comunicado.

 

 

Para o COP, os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro serão “uma oportunidade única de promoção do país” e da língua portuguesa, “naquela que será a primeira edição de sempre de uns Jogos Olímpicos numa nação de língua oficial portuguesa”.

 

 

“É um grande prestígio para Portugal estarmos num país estrangeiro mas conseguirmos estar em território nacional quando a bordo do Navio escola Sagres. É importante o apoio do tecido empresarial a este projeto para que seja uma iniciativa de sucesso, que simbolize a união do Portugal Desportivo com o Portugal Económico”, afirmou na ocasião o presidente do COP, José Manuel Constantino.

 

 

O Chefe do Estado-Maior da Armada, Almirante Luís Macieira Fragoso, expressou na ocasião a recetividade da Marinha ao projeto.

 

 

“Assim que o COP nos contactou começámos a trabalhar para viabilizar este projeto, procurando apoios que o concretizem. Esperamos no Brasil uma receção entusiástica, pois sempre foi esse o acolhimento que o Navio encontrou sempre que esteve no Brasil. Estamos certos que teremos muitos visitantes, tanto portugueses, como brasileiros, como de outras nações”, afirmou.

 

 

O NRP Sagres estará no Rio de Janeiro entre 3 e 21 de agosto, estando prevista no seu trajeto paragens em Cabo Verde e nas cidades brasileiras de Recife e Salvador da Baía, antes da chegada à cidade-sede dos Jogos Olímpicos 2016.

 

 

O Navio escola Sagres foi construído nos estaleiros da Blohm & Voss, em Hamburgo, em 1937, tendo na altura sido batizado de Albert Leo Schlageter.

 

 

Foi o terceiro de uma série de quatro navios encomendados pela marinha alemã. O navio foi cedido à marinha do Brasil no final da II Guerra Mundial, em 1948, tendo sido adquirido pela Marinha Portuguesa em 1961 para substituir a antiga Sagres.

 

 

Foi precisamente no Rio de Janeiro, a 30 de janeiro de 1962, que decorreu a cerimónia oficial de entrega do navio à Marinha Portuguesa.

 

 

OBS/AFP/TPT/29/1/2016

 

 

 

 

 

Rússia acusa o relatório sobre caso Litvinenko de ter motivação política

A Rússia denunciou o que chamou de investigação com nítida motivação política e carente de transparência, depois da publicação no Reino Unido das conclusões sobre a morte, em Londres, em 2006, do ex-espião da KGB Alexander Litvinenko, que acusa Moscovo.

 

 

“Não havia motivos para esperar que o relatório final sobre esta investigação, com motivação política e com extrema falta de transparência, fosse objetivo e imparcial”, declarou a porta-voz da chancelaria russa, Maria Zakharova, em comunicado.

 

Rússia acusa relatório sobre caso Litvinenko de ter motivação política 2

Segundo a investigação britânica que teve os resultados divulgados recentemente o presidente russo, Vladimir Putin, “provavelmente aprovou” o assassinato em Londres em 2006, com polónio, do ex-espião russo Alexander Litvinenko. “A operação do FSB (serviços de inteligência russos) para matar Litvinenko foi provavelmente aprovada por (Nikolai) Patrushev (diretor do FSB na época) e também pelo presidente Putin”, afirma o relatório.

 

 

Se o papel de Putin na morte permanece em aberto, a investigação, presidida pelo juiz Robert Owen, é muito mais contundente sobre a participação do Estado russo. “O Estado russo foi responsável pela morte de Litvinenko”, lê-se nas conclusões, que confirmam também que a execução, com a introdução de polónio num chá durante uma reunião no bar de um hotel em Londres, foi levada a cabo por dois agentes russos, Andrei Lugovoi e Dmitri Kovtun. “Quando Lugovoi envenenou Litvinenko, é provável que o tenha feito sob a direção do FSB. Acrescentaria que vejo isto como uma forte probabilidade. Concluí que Kovtun também teve participação no envenenamento”, afirma o documento de 300 páginas, resultado de um ano e meio de audiências.

 

Rússia acusa relatório sobre caso Litvinenko de ter motivação política 3

Litvinenko teve de ser enterrado num caixão de chumbo para evitar fugas radioativas. A morte do ex-agente do serviço de segurança russo FSB, que trabalhava na época para o MI6 britânico e prestava assessoria à polícia espanhola na luta contra a máfia russa, foi definida como o primeiro acto de terrorismo nuclear da história. No relatório, o juiz Owen afirma que Litvinenko “era considerado por aqueles que estavam no FSB como alguém que tinha traído a organização”.

 

 

Afinal, o que aconteceu no caso Litvinenko?

 

 

Um resumo dos acontecimentos deste caso.

 

2006

 

1 de novembro: Litvinenko reune-se no Hotel Millennium de Londres com os russos Andrei Lugovoi, um ex-agente do KGB que se tornara empresário, e Dmitri Kovtun. Mais tarde, reune-se em outro bar com o italiano Mario Scaramella, que lhe dá um documento sobre o assassinato da jornalista russa de oposição Anna Politkovskaya. Na mesma noite, começa a sentir-se mal.

 

Rússia acusa relatório sobre caso Litvinenko de ter motivação política 4

20 de novembro: Litvinenko entra em cuidados intensivos. Uma fotografia mostra-o sem expressão no olhar e sem cabelos. A investigação é iniciada pelo Departamento Antiterrorista da política britânica Scotland Yard.

 

 

23 de novembro: Litvinenko morre. No dia seguinte, numa carta póstuma, acusa o presidente russo Vladimir Putin de ser o responsável pela sua morte. Putin nega as acusações, denunciando uma “provocação política”. O Departamento de Proteção de Saúde do Reino Unido (HPA) anuncia que Litvinenko foi envenenado com polónio 210, uma substância altamente radioativa.

 

 

6 de dezembro: A Scotland Yard, que investigou em Moscovo, classifica comoo assassinato a morte de Litvinenko, sepultado no dia seguinte em Londres, num caixão de chumbo para evitar fugas radioativas.

 

 

2007

 

22 de maio: o promotor britânico indicia Lugovoi pelo assassinato de Litvinenko e exige sua extradição. A Rússia nega o pedido.

 

 

16 de julho: Londres anuncia a expulsão de quatro diplomatas russos.

 

 

19 julho: Moscovo responde com a expulsão de quatro diplomatas britânicos, a interrupção da cooperação na luta contra o terrorismo, e a suspensão de novos vistos a funcionários britânicos.

 

 

2014

 

Janeiro: a viúva de Litvinenko, Marina, apresenta um pedido ao Supremo Tribunal de Londres para obrigar o governo a abrir uma investigação pública.

 

Rússia acusa relatório sobre caso Litvinenko de ter motivação política 5

22 de julho:  num contexto de tensão com a Rússia devido à intervenção desta na Ucrânia, a ministra britânica do Interior, Theresa May, anuncia que a investigação será realizada.

 

 

2016

 

21 de janeiro: o juiz Robert Owen publica um documento de 300 páginas com os resultados da investigação, no qual afirma que Putin “provavelmente ordenou” o assassinato e que os serviços de inteligência russos (FSB) estiveram envolvidos.

 

 

The Portugal Times: com AFP/Reuters/26/1/2016

 

 

 

 

 

O Tajiquistão, localizado no meio da Ásia, combate a radicalização islâmica arrancando a barba à força

O Tajiquistão é um pequeno país montanhoso localizado no meio da Ásia tendo conquistado a independência depois da queda da União Soviética em 1991. Cerca de 99% dos seus mais de 7 milhões de habitantes são muçulmanos. Mas muitos deles não têm tido dias fáceis na pequena nação asiática.

 

 

A BBC  conta que centenas de homens foram detidos nos últimos anos por utilizarem barba que depois lhes é cortada à força. Esta situação ganha importância e polémica tendo em vista que muitos homens utilizam a barba como parte da tradição muçulmana.

 

 

O canal pegou em nove homens que já passaram por esta experiência e, um deles, Djovid Akramov, relata que “chamaram-me salafista, radical e inimigo público. Não foram nada tímidos com os insultos. E dois deles pegaram-me nos braços e outro cortou-me a barba”. Foi assim que Akramov foi abordado na rua em frente a casa e ao filho de 7 anos tendo sido detido numa esquadra na capital Dushanbe.

 

 

No princípio da semana passada a polícia da região de Khatlon explicou que fez a barba a cerca de 13 mil homens esclarecendo que esta medida faz parte de “uma campanha contra a radicalização”.

 

 

Ou seja, esta campanha tem como objetivo lutar contra as tendências que “não concordem com a cultura do Tajiquistão”. Para além disso o Governo anunciou que quer suster a radicalização daqueles que são inspirados pela propaganda de grupos islâmicos nos países vizinhos como o Afeganistão, Iraque e Síria.

 

 

Mas as medidas não se ficam por aqui: o uso da hijab, ou véu islâmico, pelas mulheres fica também proibido em escolas, universidades e outros locais públicos e oficiais e as autoridades pedem aos pais para que não escolham nomes árabes para os filhos.

 

 

Não adotem costumes estrangeiros, não sigam as culturas do exterior. Usem roupas tradicionais e evitem o negro. Mesmo quando vão a um enterro, as mulheres devem vestir branco e não negro”, afirmou o presidente, Emomali Rahmon.

 

 

No que à barba diz respeito, a polícia decidiu cortá-la aos homens que a utilizem devido ao facto de esta ser uma tradição importante no movimento ultraconservador do Islão, o salafismo.  Se a barba é melhor cuidada no que toca aos muçulmanos mais moderados, os salafistas deixam-na mais desordenada podendo, inclusivamente, cortar apenas a parte de cima da boca – esta é, por sua vez, uma alusão à maneira como o profeta Maomé utilizava a barba.

 

 

 

AFP/Getty Images/Lusa/Obs/TPT/25/1/2016

 

 

 

 

 

OMS avisa que vírus Zika poderá espalhar-se pelo continente americano

A Organização Mundial de Saúde (OMS) alertou que o vírus Zika, transmitido por picada de mosquitos infetados e associado a complicações neurológicas e malformações em fetos, vai continuar a espalhar-se pelo continente americano.

 

 

O vírus está neste momento presente em 21 dos 55 países do continente americano, referiu a agência das Nações Unidas num comunicado, acrescentando que a situação é “um sério motivo de preocupação”. Segundo a OMS, o mosquito Aedes aegypti, que pode igualmente transmitir o dengue e a febre chikungunya, está presente em todos os países do continente, à exceção do Canadá e do Chile.

 

 

Perante tal cenário, a OMS “antevê que o vírus Zika vai continuar a espalhar-se e, provavelmente, atingir todos os países e territórios da região onde o mosquito está presente”.

 

 

“A rápida expansão do vírus Zika a novas zonas geográficas, onde a população regista baixos níveis de imunização, é um sério motivo de preocupação, especialmente devido à possível ligação entre a infeção durante a gravidez e bebés que nascem com microcefalia”, declarou a diretora-geral da OMS, Margaret Chan, durante uma reunião do comité executivo da organização em Genebra.

 

 

A representante realçou que “a relação de causa e efeito entre a infeção do Zika durante a gravidez e a microcefalia ainda não foi estabelecida”, mas acrescentou que “as provas circunstanciais são muito preocupantes”.

 

 

O aumento significativo de casos na América Latina, nomeadamente no Brasil, país que será anfitrião este ano dos Jogos Olímpicos, levou os Estados Unidos e a outros países a emitirem um alerta para que grávidas evitem viajar para a região.

 

 

No ano passado, 3.174 casos de microcefalia em recém-nascidos foram registados no Brasil, indicou o Ministério da Saúde brasileiro, precisando que os casos estão ligados ao vírus Zika, contraído pela mãe. Em períodos anteriores, existiam em média 160 casos por ano. As autoridades da Colômbia, Equador, El Salvador e Jamaica também aconselharam as mulheres a não engravidar durante os próximos dois anos.

 

 

Em termos de prevenção, a OMS defende que as pessoas devem evitar sobretudo áreas onde existem águas estagnadas (zonas onde abundam mosquitos), utilizar repelentes e usar mosquiteiros para dormir. De acordo com a agência das Nações Unidas, o vírus é transmitido pelo sangue. “Um caso de transmissão por via sexual foi assinalado”, indicou a OMS, realçando, no entanto, serem necessárias mais provas para determinar se o vírus é transmitido através de contacto sexual.

 

 

Não existe um tratamento específico ou uma vacina para esta doença, apenas tratamentos para os sintomas. Os sintomas são muito semelhantes aos de uma gripe normal (febre, dor de cabeça, dores no corpo). Os doentes também sofrem de erupções cutâneas. Os sintomas manifestam-se geralmente entre três a 12 dias após a picada do mosquito.

 

 

 

NELSON ALMEIDA/AFP/Reuters/Obs/25/1/2016

 

 

 

 

Luso-americana na lista da revista Forbes como uma das jovens mais promissoras do mundo da tecnologia

A luso-americana Stacey Ferreira, de 23 anos, está na lista da revista Forbes de 30 jovens promissores com menos de 30 anos, na área de comércio e retalho, incluída na edição de janeiro.

 

 

“Ferreira desistiu da universidade para aceitar uma Bolsa Thiel. É autora de um livro sobre empreendedores ‘millennial’ e fundadora da Forrge, uma ferramenta que permite juntar trabalhos com muita procura com trabalhadores”, escreve a revista sobre Ferreira.

 

 

A Forbes acrescenta ainda que a Forrge “não é a primeira aventura [de Ferreira] nas ‘start-up’, tendo já vendido à Reputation.com o negócio que começou no secundário, o MySocialCloud”.

 

 

Em entrevista ao jornal Luso-Americano, de Newark, Stacey Ferreira explicou as suas origens portuguesas.

“Os meus avós paternos, José e Rosa Ferreira, nasceram em Portugal. A minha avó na Murtosa e o meu avô na Lousã. A minha avó emigrou para os EUA com 15 anos e o meu avô com 10. Conheceram-se no Clube União Portuguesa de Naugatuck, em Connecticut”, disse a jovem.

 

 

Os avós trabalharam numa fábrica de máquinas de escrever, a Uniroyal, como muitos outros portugueses, e ainda hoje vivem no Connecticut, apesar de passarem férias todos os anos em Portugal.

 

 

Stacey Ferreira também vivia no Connecticut quando, depois de terminar o ensino secundário, decidiu criar com o irmão, Scott Ferreira, uma empresa de gestão e armazenamento de palavras passe chamada “MySocialCloud”.

 

 

Dois anos depois, o empresário Richard Branson acabaria por descobrir a empresa através de uma iniciativa na rede social Twitter e investiu um milhão de euros na “MySocialCloud”.

 

 

Stacey Ferreira e o irmão desenvolveram depois a empresa em Los Angeles, que acabariam por vender em 2013, e Stacey ingressou na universidade em Nova Iorque.

 

 

Acabaria por desistir um ano depois, no entanto, para aceitar uma bolsa e se dedicar à criação de um novo projeto online, o Forrge.

 

 

Autora do livro “2 Billion Under 20: How Millennials Are Breaking Down Age Barriers and Changing the World”, a jovem deu mais de 100 palestras e conferências nos últimos anos para falar de empreendedorismo jovem e novas tecnologias.

 

 

Stacey já foi destaque na revista Seventeen, que a colocou na capa, integrou a lista dos “Mais bem sucedidos desistentes da faculdade”, da Business Insider, enquanto que o portal na Internet The Jane Dough considerou-a uma das “30 empresárias a seguir com atenção”.

 

 

AYS // EL/Lusa/Económico/25/1/2016

 

 

 

 

John Kerry no Laos para discutir bombas deixadas pelos EUA

O secretário de Estado norte-americano, John Kerry, esteve esta segunda-feira no Laos para discutir o legado das bombas norte-americanas deixadas por explodir no país e a influência da China no sudeste asiático.

 

 

A viagem a Vientiane serve também de iniciação à cimeira organizada no próximo mês pelo Presidente norte-americano, Barack Obama, na Califórnia (EUA), com os dez líderes da Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN).

 

 

O Laos assumiu este ano a presidência do bloco regional e será, por isso, palco de intensa atividade diplomática, a culminar com a visita de Obama, o primeiro líder norte-americano a visitar o país.

 

 

Antes de se reunir com o ministro dos Negócios Estrangeiros, Thongloun Sisoulith, Kerry disse à imprensa que o encontro iria girar em torno da remoção de munições.

 

 

“É bom estar aqui (…) Há muito tempo que trabalhamos neste projeto de remoção de minas e [minimização] dos efeitos da guerra, e vamos continuar”, disse.

 

 

As bombas por explodir que povoam a região são fruto de bombardeamentos em massa dos Estados Unidos da América, durante a guerra no Vietnam, que tinham o objetivo de atingir as rotas de abastecimento ao norte do Vietname, que atravessavam o Laos.

 

 

Esta operação fez do Laos o país mais bombardeado do mundo per capita, com mais de 250 milhões de bombas a serem lançadas sobre a nação. Cerca de 30% não explodiu, incluindo munições de fragmentação.

 

 

Perto de 5.000 pessoas morreram devido a estas munições desde o fim da guerra e dezenas de milhares ficaram mutiladas, incluindo crianças.

 

 

A visita de Kerry surge também num momento em que os Estados Unidos se tentam aproximar do sudeste asiático, uma região onde o domínio da China é forte, particularmente sobre pequenas nações.

 

 

“O Laos é um país como o Camboja, onde a China tem sido o interveniente dominante, tanto em termos económicos como políticos”, disse o secretário de Estado.

 

 

“Assim, é significativo que o Laos tenha — particularmente nos últimos anos e certamente em 2015 — mostrado tanto interesse em fortalecer relações com os Estados Unidos”, afirmou.

 

 

A administração de Obama elevou as relações com a Ásia a prioridade diplomática, em particular no que toca ao fortalecimento da ASEAN como contraparte ao poderio regional da China. Vários países da ASEAN opõem-se ao crescente domínio da China no disputado Mar do Sul da China.

 

 

ANDREW GOMBERT/EPA/Reuters/Lusa/Obs/ 25/1/2016

 

 

 

 

Costa Leste dos Estados Unidos volta lentamente ao normal após tempestade que fez 24 mortos

A vida na cidade de Nova Iorque começa a voltar ao normal, mas Washington continua paralisada na sequência do pior nevão dos últimos anos, que provocou pelo menos 24 mortos nos Estados Unidos.

 

New Jersey e New York voltam lentamente ao normal após tempestade que fez 24 mortos 2

A tempestade “Jonas” foi a segunda maior da história em Nova Iorque. A neve atingiu os 68 centímetros de altura no Central Parque, no sábado à noite.

 

New Jersey e New York voltam lentamente ao normal após tempestade que fez 24 mortos 3

Um total de 13 pessoas morreram em acidentes de viação relacionados com as condições meteorológicas, nos estados do Arkansas, Carolina do Norte, Kentucky, Ohio, Tennessee e Virgínia.

 

New Jersey e New York voltam lentamente ao normal após tempestade que fez 24 mortos 4

O presidente da Câmara de Nova Iorque, Bill de Blasio, diz que agora é tempo de limpar a cidade e pediu à população que evite sair à rua, para que os funcionários municipais possam retirar a neve das estradas.

 

New Jersey e New York voltam lentamente ao normal após tempestade que fez 24 mortos 5

A tempestade “Jonas” está agora sobre o Oceano Atlântico. As temperaturas continuam baixas na costa Leste dos Estados Unidos, mas as previsões meteorológicas apontam para alguns períodos de sol.

 

New Jersey e New York voltam lentamente ao normal após tempestade que fez 24 mortos 10

O governador do estado de New York, Andrew Cuomo, levantou a proibição de viajar nas estradas das zona de Nova Iorque e de Long Island.

 

New Jersey e New York voltam lentamente ao normal após tempestade que fez 24 mortos 7

O estado de emergência continua em vigor. Os transportes públicos também estão a voltar ao normal. A maioria dos autocarros e das linhas de metropolitano voltou estou a funcionar e os comboios para os subúrbios de Nova Iorque também vão voltar a circular este domingo.

A Bolsa de Nova Iorque espera reabrir a negociação, normalmente, na segunda-feira, segundo uma porta-voz.

Do outro lado do rio, em New Jersey, também foram registadas inundações.

 

 

Um nevão que fica para a história

 

 

Em Washington, a neve atingiu os 45 centímetros de altura. Foi o quarto maior nevão na história da capital norte-americana.

 

New Jersey e New York voltam lentamente ao normal após tempestade que fez 24 mortos 8

A presidente da câmara de Washington, Muriel Bowser, convocou quatro mil pessoas para ajudar a limpar a cidade, além dos dois mil voluntários que já se tinham alistado.

 

O metropolitano continua parado este domingo e as escolas públicas vão estar fechadas amanhã, segunda-feira, em New Jersey, Washington, New York e Baltimore.

 

Cerca de 3.750 voos foram cancelados este domingo e 700 não se vão realizar na segunda-feira.

 

New Jersey e New York voltam lentamente ao normal após tempestade que fez 24 mortos 9

No aeroporto John F. Kennedy, em Nova Iorque, os aviões já podem aterrar e ainda este domingo as partidas foram retomadas.

 

Também por causa do nevão, cerca de 150 mil famílias ficaram sem electricidade na Carolina do Norte e 90 mil em Nova Jérsia.

 

 

CNN/TPT/EPA/24/1/2016