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O mundo une-se depois das horas que a França não vai esquecer

O dia seguinte. Depois de uma noite trágica, Paris tenta recuperar, ao mesmo tempo que se toma consciência da dimensão dos ataques perpetuados esta sexta-feira. O balanço oficial feito pelas autoridades francesas este sábado revela que morreram pelo menos 129 pessoas. Os ataques, produzidos por três equipas de terroristas, provocaram ainda 350 feridos, dos quais 99 se encontravam, ao fim da tarde de sábado, em estado grave. Perante o cenário negro, o mundo vestiu-se de azul, branco e vermelho. Vivem as cores da bandeira francesa num período em que se toma consciência do perigo a que todos estão sujeitos.

 

 

Foram quarenta minutos que a França não esquecerá. Tudo começou esta sexta-feira, no Stade de France, quando eram 20h20 em Lisboa. Durante o amigável entre as seleções francesa e alemã, três terroristas fizeram-se explodir em três momentos diferentes nos arredores do estádio.

 

Seguiram-se os tiroteios na Rua Alibert e na Rua Bichat, no coração da capital francesa. Terroristas assaltaram os restaurantes Le Petit Cambodge e Le Carillon. Morreram 14 pessoas.

 

Noutro local, na Avenida de la République, cinco pessoas foram mortas enquanto jantavam no terraço de uma pizzaria. Poucos minutos depois, são ouvidos tiros na Rua de Charonne, no restaurante La Belle Equipe. Este novo ataque provoca 19 mortos.

 

O sexto ataque seria o mais mortífero. Quando eram 20h49 em Lisboa, vários terroristas com a cara descoberta abrem fogo na sala de espetáculos Bataclan e fazem mais de cem reféns. Os terroristas fizeram-se explodir quando a polícia tomou a sala de assalto. Só aí morreram pelo menos 82 pessoas.

 

O balanço oficial, realizado este sábado pela Procuradoria, aponta para que tenham morrido 129 pessoas. Permaneciam hospitalizadas 350 pessoas, 99 das quais em estado crítico. Entre os mortos estão já identificados dois cidadãos portugueses. Um homem de 63 anos morreu junto ao Stade de France. Uma jovem lusodescendente de 35 anos faleceu este sábado, depois de ter estado no Bataclan na noite de sexta-feira.

 

 

“Estamos em guerra”

 

 
Nas ruas, a França reforça a segurança. As forças de segurança estão no terreno em todo lado: nos transportes, nos principais eixos viários e no centro de Paris. Para François Holande, a França está em guerra.

 

O primeiro-ministro repetiu-o este sábado em entrevista à televisão francesa TF1. Valls afirma que “estamos em guerra” e “atacaremos o inimigo jihadista”.

 

O ataque foi já reivindicado pelo autoproclamado Estado Islâmico. Um ataque que dizem ter sido “abençoado por Alá”, perpetuado por “oito irmãos com cintos de explosivos e armas de assalto”. Sete deles fizeram-se explodir, o outro foi abatido. Sabe-se também que pelo menos um deles é um cidadão francês.

 

Junto aos restos mortais de um dos bombistas, as autoridades encontraram um passaporte sírio e um passaporte egípcio. O primeiro deu entrada na ilha de Lesbos a 3 de outubro como refugiado, revelou um ministro helénico.

 

As buscas por respostas chegam já a território belga. A polícia lançou uma operação de larga escala em Bruxelas, cidade da qual terão partido três dos atacantes em direção a Paris.

 

As autoridades terão chegado a esta conclusão depois de terem sido localizadas duas viaturas com matrícula belga na capital francesa e com títulos de estacionamento de Molenbeek-Saint-Jean, nos arredores da capital belga.

 

Em causa, poderá estar uma segunda célula que se terá colocado em fuga, pouco depois dos atentados de sexta-feira. Várias pessoas foram já detidas.

 
Pray for Paris

 
As reações oficiais sucederam-se ao longo do dia. Uma condenação global ao massacre de Paris. O Papa sublinha que não há qualquer justificação religiosa ou humana para estes atos.

 



Obama, Cameron, Rajoy, Merkel e Passos demonstram o seu apoio ao povo francês. Bashar Al-Assad tenta retirar trunfos destes acontecimentos ao defender que os atentados aconteceram devido às “políticas falhadas” do ocidente em relação à Síria.

 

Em Paris, vive-se ainda sob o choque. Um sentimento que obriga a reviver o cenário do passado mês de janeiro e o fatídico ataque à redacção do jornal satírico Charlie Hebdo. A população, incrédula, tenta explicar o inexplicável, num fenómeno com contornos de revolta e perplexidade.

 

Na capital francesa, para os muitos emigrantes portugueses, este foi um dia de luto. Mas também sobressai a história de uma cidadã portuguesa que socorreu 40 jovens que fugiam do Bataclan.

 

Perante o cenário, a mobilização atravessa fronteiras. Acumulam-se as homenagens pelos quatro cantos do globo e as cores da bandeira francesa espalham-se pelo mundo. Assim também é em Lisboa e no Porto, com a Torre de Belém e o Teatro Rivoli a vestirem-se de azul, branco e vermelho.

 

Um pouco por todo o mundo, pede-se por Paris. Homenageiam-se as vítimas, canta-se o hino gaulês, apela-se à paz e ao respeito entre os povos.

 

O mundo veste-se de bleu, blanc e rouge contra uma falta de humanidade que, a 13 de novembro de 2015, mostrou que pode não ter limites.

 

 

Cidade Luz abalada por 40 minutos de terror

 

 

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As medidas adoptadas, de declaração do estado de emergência e fecho de fronteiras, dão a medida do abalo sentido em França com os atentados da noite de sexta feira. Num primeiro balanço, o número de vítimas mortais é superior a uma centena.

 

 

O estado de emergência consiste numa suspensão de direitos, liberdades e garantias consignadas na lei. Só pode ser decretado em circunstâncias excepcionais de catástrofe ou de grave alteração da ordem.

 

Em Portugal, completam-se proximamente 40 anos sobre o exemplo clássico de recurso ao estado de emergência: o 25 de Novembro de 1975, na sequência da revolta dos páraquedistas.

 

 

Liberdades suspensas e fronteiras fechadas

 

 

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Em França, o recurso a essa figura jurídica tem sido mais frequente. Verificou-se, mais recentemente, em 2005, decretado pelo então presidente Jacques Chirac, por ocasião das convulsões violentas que ocorreram nos arredores de Paris. Nessa altura, manteve até ao início de 2006.
Declarações do estado de emergência ocorreram também em partes do território considerado francês, como sucedeu em 1984 na Nova Caledónia.

 

Anteriormente, em 1961, tinha havido um estado de emergência para todo o território nacional, devido à conspiração de generais  hostis à abertura do processo de independência da Argélia por parte do presidente Charles de Gaulle.

 

No ordenamento jurídico francês, a declaração do estado de emergência é regulada por uma lei de 1955, que estabelece as condições em que é possível recorrer a essa figura legal. A declaração do estado de emergência pode resultar de um simples decreto do Conselho de Ministros, mas, se se prolongar por mais de 12 dias, terá de apoiar-se numa lei aprovada pela Assembleia Nacional.

 

Para que seja aprovado num caso o decreto ou, noutro, a lei, terão de verificar-se condições de “perigo iminente resultando de atentados graves contra a ordem pública” ou “acontecimentos que apresentem, pela sua natureza e gravidade, o carácter de calamidade pública”.

 

As consequências da declaração do estado de emergência podem ser a proibição de circularem “pessoas ou veículos nos locais ou às horas definidas no decreto”, ou a definição, também pelo decreto, das “zonas de protecção em que seja condicionada a permanência de pessoas” ou a proibição de permanência em parte ou na totalidade do distrito em causa “a qualquer pessoa que procure obstruir, seja de que forma for, a acção dos poderes públicos”.

 

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Na vigência do estado de emergência, a autoridade local pode também impor um recolher obrigatório ou fixar residência a indivíduos determinados. Pode também ser instaurado um controlo sobre a imprensa, publicações ou emissões de qualquer tipo, bem como espectáculos de cinema ou teatro. A justiça militar pode em determinadas condições ocupar o papel da justiça civil.

 

O encerramento das fronteiras significa que o Acordo de Schengen é temporariamente suspenso – algo que é possível por um máximo de 30 dias, prorrogáveis. Mas trata-se, neste caso, de uma medida cujas formas de aplicação permanecem menos claras.

 

O seu objectivo declarado consiste, em todo o caso, em limitar as possibilidades de fuga de pessoas que tenham participado nos atentados e que pudessem tentar sair para o estrangeiro.

 
Vítimas e autores dos atentados

 
A morte, segundo fontes policiais, de três autores do atentado do Bataclan, deixa uma larga margem para suposições sobre outros cúmplices em fuga. Uma posterior indicação da polícia sobre a morte de cinco terroristas mantém essa incerteza sobre quantos poderão ter fugido.

 

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Há oito locais registados onde ocorreram atentados e o Bataclan é o único em que há confirmação de terem sido mortos responsáveis da acção terrorista – e mesmo aí sem poder saber-se quantos terão estado, no total, envolvidos, e quantos terão conseguido escapar.

 

 

Quanto ao balanço das vítimas, haverá para cima de uma centena de mortos no Bataclan, variando as estimativas em números que atingem 120 ou mesmo 140.

 

 

Próximo do Estádio de França, há outras vítimas do rebentamento de explosivos operado por dois bombistas suicidas. Fontes policiais referem nos outros atentados ocorridos em Paris um balanço aproximado de quatro dezenas de mortos.

 

 

Depois de se considerar controlada a situação no Bataclan, o presidente François Hollande visitou o local e afirmou que as autoridades francesas iriam proceder de com dureza, para responder aos atentados.

 

 

Do Charlie Hebdo ao Bataclan, os ataques em França este ano

 

 

O ataque ao Charlie Hebdo em janeiro era o mais mortífero em solo francês. Morrerem 12 pessoas. Hoje, no Bataclan morreram mais de 100. Relembre aqui alguns dos ataques que a França sofreu este ano.

 

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França começou o ano com um dos piores atentados terroristas da sua história e esta sexta-feira foi alvo de um ataque consideravelmente mais mortífero. Entre estes dois ataques, França, em particular Paris, foram alvo de uma série de incidentes. Relembre aqui alguns destes incidentes:

 

 

10 de novembro — A polícia francesa anuncia a detenção e acusação de um homem de 25 anos por associação criminosa e planear um atentado terrorista. O homem estava a ser vigiado há um ano e foi detido quando tentava comprar material para construir uma bomba, que teria como destino um ataque a soldados da marinha francesa em Toulon.

 

 

21 de agosto — Dois soldados norte-americanos que viajavam pela Europa conseguem evitar o pior numa viagem de comboio entre Amesterdão e Paris, conseguindo dominar um jovem marroquino armado com facas, uma pistola e uma espingarda. Duas pessoas feridas, incluindo um baleado, assim como um dos soldados que dominou o atacante.

 

 

13 de julho — Quatro jovens, com idades entre os 16 e os 23 anos, incluindo um antigo soldado são detidos por suspeita de planear um ataque contra uma base militar nos Pirenéus e de decapitar um soldado em nome da guerra santa. Os quatro jovens revelam o seu compromisso com a guerra santa e com o Estado Islâmico.

 

 

26 de junho — Yassin Salhi mata e decapita o seu chefe, Hervé Cornara, perto de Lyon, e de seguida um grupo de islamitas empunhando bandeiras tentam fazer explodir uma fábrica da Air Products perto de Saint-Quentin-Fallavier, fazendo embater a carrinha que conduziam contra botijas de gás, antes de serem detido pelas autoridades.

 

 

19 de abril — Ghlam Sid Ahmed, um estudante argelino de informática, é preso em Paris, suspeito do homicídio de uma mulher e de ter em curso a preparação para um ataque iminente contra uma igreja em Villejuif, nos arredores a sul de Paris. O jovem tinha na sua posse armas de “guerra”, e já era conhecido das autoridades por se ter convertido a uma visão extremista do Islão. À Polícia, o jovem admitiu ainda ter planos para atacar um comboio e matar pelo menos “150 infiéis” e a basílica do sagrado coração, em Paris.

 

 

3 de fevereiro —Três soldados que guardavam um centro comunitário judaico, em Nice, foram atacados com facas. Moussa Coulibaly, de 30 anos, um residente nos subúrbios de Paris, foi detido de imediato. Sob custódia policial, o atacante expressou o seu ódio a França, à polícia, ao Exército francês e a judeus.

 

 

13 de janeiro — Um alegado jihadista de 23 anos, convertido ao Islão, e que já tinha sido detido pela polícia em novembro de 2014 por se suspeitar fazer parte de um grupo terrorista na Síria ameaça de morte um polícia em Elboeuf, na Normandia.

 

 

9 de janeiro de 2015 — Polícia francesa mata a tiro Amedy Couliably, de 32 anos, suspeito principal do assassinato da polícia Clarissa Jean-Phillip, em Montrouge. Amedy Couliably foi o responsável pelo sequestro e morte de quatro pessoas em Porte de Vincennes. Couliably seria amigo dos irmãos Kouachi, responsáveis pelo ataque ao jornal satírico francês, Charlie Hebdo.

 

 

7 de janeiro de 2015 — Ataque ao jornal satírico Charlie Hebdo, em que morreram doze pessoas e cinco feridos. O ataque foi levado a cabo pelos irmãos Saïd e Chérif Kouachi, na sede do semanário no 11ºarrondissement de Paris.

 

Europa e EUA reagem em choque aos ataques em Paris

 

 

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Da Grã-Bretanha à Itália, dos Estados Unidos à Rússia, europeus e americanos declararam a sua solidariedade com a França e os franceses. E vários líderes prometeram perseguir os responsáveis pelos ataques, garantindo que o terrorismo não irá vencer ” a democracia”.

 

 

O Presidente da República português, Cavaco Silva, enviou um telegrama de Estado ao Presidente francês, François Hollande, expressando a sua “grande consternação” face ao que classificou de “hediondos ataques terroristas” em Paris.

 

 

“Foi com grande consternação que tomei conhecimento dos hediondos ataques terroristas, hoje, em Paris, e da perda trágica de um elevado número de vidas”, refere Aníbal Cavaco Silva, na mensagem dirigida na sexta-feira ao seu homólogo francês e divulgada hoje no ‘site’ da Presidência da República.
“Peço-lhe que aceite, Senhor Presidente, a expressão da minha elevada consideração e estima pessoal”, conclui o chefe de Estado português.

 

 

O primeiro-ministro Passos Coelho escreveu uma mensagem a François Holland, transmitindo condolência pelos ataques desta sexta-feira em Paris. Refere ainda que Portugal repudia qualquer forma de terrorismo.

 
António Costa exprimiu a sua solidariedade enviando uma mensagem de solidariedade ao presidente francês e o presidente da Assembleia da República,  Ferro Rodrigues, manifestou “horror, repúdio e indignação” com os ataques.

 

 

O presidente da Assembleia da República português, Eduardo Ferro Rodrigues, manifestou hoje “horror, repúdio e indignação” com os ataques ocorridos em Paris.

 

 

Pelas 00h00 horas em Portugal, estavam confirmados pelo menos 140 mortos em vários tiroteios e explosões esta noite em Paris.

 
Terror em Paris

 

 

Foram confirmados pelos menos três ataques mas algumas fontes próximas das investigações falam de sete ocorrências.

 

 

Um dos ataques deu-se num bar perto de estádio de França onde o Presidente François Hollande assistia a um jogo de futebol amigável França-Alemanha. As explosões ouviram-se distintamente durante o jogo, que não foi interrompido. O Presidente foi retirado para lugar seguro.

 

 

Um outro ataque quase em simultâneo decorreu no centro de artes Bataclan onde decorria um concerto de Heavy Metal perante 1.500 pessoas. Uma centena foi feita refém. O impasse terminou com um assalto da brigada de intervenção, cerca das 23h45 hora de Lisboa, e que encontrou o recinto juncado de cadáveres. “Uma carnificina” descreveria no twitter um dos sobreviventes.

 

 

Um terceiro ataque decorreu num bar-restaurante Petit Cambodja, onde pelo menos um homem disparou uma centena de tiros com uma arma automática, pondo-se depois em fuga, de acordo com testemunhas. As autoridades pediram aos parisienses para se manterem em casa.

 
EUA oferecem auxílio

 
“Estamos preparados e prontos para prestar qualquer assistência requerida pelo Governo de França e pelo povo de França,” afirmou o presidente americano numa conferência de imprensa na Casa Branca.

 
“Uma vez mais assistimos a uma tentativa ultrajante de aterrorizar civis” afirmou Obama, garantindo a intenção firme de “trazer estes terroristas perante a justiça e perseguir as redes terroristas”.

 

 

“Aqueles que pensam poder aterrorizar o povo de França e os valores que ele defende enganam-se”, afirmou Obama.

 

 

O Presidente americano acrescentou que as operações de segurança ainda a decorrem e que não tem ainda detalhes sobre o sucedido. O secretario de Estado da Defesa, Ash Carter, está a acompanhar de perto o evoluir da situação, informou o Pentágono.

 


NATO e ONU solidárias com França

 
O secretario-geral da ONU Ban Ki Moon denunciou os “ataques terroristas desprezíveis” em Paris, afirmando estar “ao lado do governo e do povo franceses”.

 

 

Citado pelo seu porta-voz o secretario-geral exigiu a “libertação imediata das numerosas pessoas que estavam reféns no Bataclán”.

 

 

O secretario-geral da NATO, Jens Stoltenberg, afirmou que a Aliança Atlântica se manteria ao lado de França “forte e unida” contra o terrorismo, mostrando-se “chocado pelos horríveis ataques em Paris”. “O terrorismo nunca vencerá a democracia”, acrescentou.

 
Atentados “odiosos” e “inumanos”

 

 
Angela Merkel afirmou-se chocada com a notícia dos ataques terroristas e dizendo que “nestas horas o meu pensamento está com as vítimas destes ataques evidentemente terroristas, com os seus familiares e com todos os habitantes de Paris”.

 

 

O seu ministro dos Negócios Estrangeiros, Frank-Walter Steinmeier, afirmou-se “horrorizado e abalado” na conta da rede social twitter do ministério. O chefe da diplomacia alemã encontrava-se no estádio ao lado do Presidente francês a assistir ao jogo e afirmou “estamos ao lado da França”.

 

 

A Rússia condenou os “atentados odiosos” e os “assassinatos inumanos” realizados em Paris e disse-se pronta a dar “toda a ajuda no inquérito sobre estes crimes terroristas”, declarou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.

 

 

O Presidente russo Vladimir Putin exprimiu as suas condolências e solidariedade da Rússia ao presidente François Hollande e a todo o povo francês.

 

 

A Turquia, pela voz do presidente Reccep Tayyip Erdogan exigiu “um consenso da comunidade internacional contra o terrorismo”.

 

 
Ataque jihadista

 

 

O primeiro-ministro espanhol falou ao telefone com o seu homólogo francês Manuel Valls, exprimindo toda a sua solidariedade com o povo francês e oferecndo o auxílio das forças de segurança espanholas.

 

 

“Tudo isto confirma que enfrentamos um desafio sem precedentes, um desafio de uma enorme crueldade”, afirmou por seu lado na TVE o ministro espanhol dos Negócios Estrangeiros, Jose Manuel Garcia Margallo, referindo um ataque jihadista.

 

 

Os reis espanhois Letízia e Juan Carlos transmitiram igualmente a sua “solidariedade” com o povo francês.

 

 

O primeiro-ministro David Cameron, o primeiro líder internacional a reagir na rede social Twitter, mostrou-se chocado e solidário com o povo francês. “faremos todo o possível para ajudar” afirmou Cameron.

 

 

O Presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, disse-se “profundamente chocado”. “exprimimos a nossa solidariedade plena com o povo da França”, escreveu Juncker também num tweet.

 

 

A Itália, através do primeiro-ministro Matteo Renzi na sua página Twitter, afirmou-se “com os seus irmãos franceses contra o atrozes ataques em Paris e na Europa”.

 

 

“A Europa, tocada no seu coração, saberá reagir à barbárie”, acrescentou Renzi.

 
Nova Iorque sob alerta máximo

 
A Holanda “está ao lado da França” declarou também o primeiro-ministro Mark Rutte e o ministro dos Negóciso Estrangeiros Bernt Koenders afirmou-se “chocado e consternado”.

 

 

A presidente brasileira Dilma Roussef, “consternada pela barbárie terrorista” e exprimiu a “rejeição da violência e a minha solidariedade em relação ao povo e governo franceses”. O presidente do Perú condenou por seu lado energicamente os atentados terroristas desta noite em Paris.

 

 

O presidente da Câmara de Nova Iorque, que colocou a cidade sob alerta máximo, exprimiu a sua solidariedade dos nova-iorquinos com Paris. “os nova-iorquinos tem o coração partido por ver a nossa cidade-irmã Paris de novo abalada por atos insanos de violência e estamos solidários com os parisienses e a presidente da Câmara de Paris, Anne Hidalgo, neste momentos trágicos.

 

 

Há 10 meses a capital francesa foi abalada por um ataque ao jornal satírico Charlie Hebdo, que dizimou a redação do semanário.

 

 

Philippe Wojazer/Leonhard Foeger/Reuters/14/11/2015

 

 

 

 

 

Pedro Passos Coelho não atira a toalha ao chão

“Sempre disse que não abandonaria o meu país e não o abandono. Se não me deixam lutar por ele à frente do governo, lutarei no Parlamento pelo qual tenho muito respeito”. Está feita a declaração de guerra de Passos Coelho a António Costa.

 

 

O líder do PSD está para ficar e deixou claro que assumirá o papel que lhe cabe na oposição, nos últimos minutos que teve como primeiro-ministro, na declaração que encerrou o debate do programa de governo.

 

 

Passos não deixa passar em branco a forma como o PS quer chegar ao poder e promete não dar vida fácil a Costa, caso este chegue ao poder.

 

 

Depois da forma como o líder do PS dirigiu as movimentações para deitar abaixo o Governo, Passos deixa uma ameaça que radicaliza a vida política em Portugal.

 

 

Passos avisa Costa: “Não nos venham depois pedir responsabilidades”

 

 

“Não tem legitimidade para mais tarde vir reclamar responsabilidade, sentido de Estado e europeísmo”, alertou Passos Coelho, deixando claro que está quebrado o bloco central e que as posições se extremaram muito.

 

 

Passos não se cansou de repetir a falta de legitimidade do governo que o PS propõe, como não se cansou de lembrar que a coligação que lidera ganhou as eleições nas urnas.

 

 

De resto, Passos vaticina um futuro curto e turbulento a um “governo minoritário apoiado por três minorias radicais que sempre combateram o PS”. E prevê que seja difícil aprovar “Orçamentos do Estado, Programas de Estabilidade, reformas estruturais e o cumprimento de regras europeias e tratados orçamentais”.

 

 

“O que vimos até hoje não é uma maioria positiva”, atacou Passos, que vê “audácia” na interpretação dos resultados eleitorais feita pela esquerda e que rompe com que o foi “normal nos últimos 40 anos”.

 

 

Para Passos, “falta identidade, falta cimento” à solução de governo encontrada à esquerda.

 

 

Está encontrado o discurso da oposição, numa intervenção que acabou com uma longa ovação de pé a Passos Coelho. Por agora, PSD e CDS cerram fileiras em torno de um discurso que esperam poder usar em breve em eleições antecipadas, nas quais acreditam poder regressar ao poder.

 

 

Montenegro põe Costa contra Costa

 

Pedro Passos Coelho não atira a toalha ao chão 2

Luís Montenegro fez uma coleção de “pérolas de incoerência política ” de António Costa. O líder da bancada do PSD fez um discurso para desmontar uma das frases ditas momentos antes pelo secretário geral socialista. Se Costa tinha dito que “palavra dada é palavra honrada” para defender a sua posição, Montenegro usou a expressão como uma espécie de refrão para intercalar as declarações em que o líder do PS entra em contradição consigo próprio.

 

 

Montenegro começou por recuperar a forma como Costa comentou o resultado “poucochinho” do PS nas europeias de maio de 2014 para, então, entrar na corrida à liderança socialista.

 

 

Avançou depois para março de 2015 para recordar as palavras de António Costa quando afirmou que “quando o PS apela a uma maioria, não o faz com a mesquinha vontade de ter mais deputados do que os outros; fá-lo porque quer que o governo seja formado pela vontade dos portugueses e não por jogos políticos”.

 

 

“Que pérola de incoerência política”, exclamou o social-democrata, que citou depois Costa em Abril de 2015, quando o líder do PS defendia que que o governo não devia estar dependente de “jogos políticos nem da vontade do Presidente da República “, mas sim da “vontade do povo”.

 

 

De há dois meses são as declarações de Costa sobre PCP e BE, quando caracterizava os agora parceiros de acordo como “partidos de protesto” que “querem estar nas manifestações, mas não no Governo a resolver os problemas das pessoas”.

 

 

Luis Montenegro não poupou na ironia para se referir “à mais costista das palavras”, o vocábulo “poucochinho”.

 

 

“Para que haja estabilidade, é necessário que não ganhemos por poucochinho. Quem ganha por poucochinho só pode fazer poucochinho “, dizia António Costa, em Odivelas, a 19 de setembro.

 

 

Agora, Montenegro usa essas mesmas palavras para o acusar de entrar em contradição.

 

 

“Então, se é assim, quem perde por muito pode fazer o quê? Arranjinhos à la carte? É isso que pode fazer?”, questionou para atacar o que entende ser apenas fruto da ambição pessoal de Costa e não um projeto político coerente.

 

 

“O PS vai derrubar o governo que ganhou porque quer ser o governo que perdeu”, concluiu, arrebatando um longo aplauso de pé das bancadas do PSD e CDS.

 

 

O tom dos discursos não deixa margem para dúvidas de que a discussão política irá subir e muito de tom nos próximos tempos.

 

 

Margarida Davim/Sol/10/11/2015

 

 

 

 

“Sabemos que não ganhámos as eleições”, referiu António Costa

António Costa admitiu que o PS não venceu as eleições, o maior argumento da direita contra o acordo à esquerda, mas destacou que se “acabou um tabu, derrubou-se um muro, venceu-se mais um preconceito”. E que o acordo à esquerda é “exigente e responsabilizante”, garantindo “um governo estável no horizonte da legislatura”.

 

 

“Pela parte do PS sabemos que não ganhámos as eleições”, admitiu o líder do PS, seguido de uma exclamação das bancadas da direita. E enumerou os argumentos para a legitimidade política da maioria de esquerda que, apesar de ser uma “novidade”, “não é a expressão de uma mera maioria negativa”, uma vez que tem suporte parlamentar.

 

 

Primeiro coube ao PSD formar governo que, nas palavras de Costa, “não foi capaz de cumprir o ónus de formar um governo com apoio parlamentar maioritário”. “É verdade que não seria a primeira vez que Portugal teria um governo minoritário, mas seria a primeira vez que se formaria um governo contra a vontade de uma maioria parlamentar capaz de viabilizar um governo alternativo”, disse Costa, dando como exemplos os governos de Durão Barroso, Mário Soares e Santana Lopes.

 

 

Mas agora a diferença está do lado da oposição, que se conseguiu entender, no que alguns já apelidam de “acordo histórico”. “Os governos minoritários só se formaram porque as oposições não lograram formar um governo alternativo e só subsistiram enquanto as oposições não somaram o seu voto para inviabilizar o Governo”, acrescentou o líder do PS.

 

 

“Que, pela primeira vez, possa haver um governo resultante de acordos parlamentares do PS com BE, PCP e PEV é de facto uma novidade”, admitiu Costa, notando que este novo quadro político é “exigente e responsabilizante” para todos. Por isso mesmo o secretário-geral dos socialistas destaca que o acordo à esquerda “valoriza o pluralismo parlamentar, fortalece a democracia e enriquece as alternativas de Governo”.

 

 

Um acordo que vai ficar para a História: “Acabou um tabu, derrubou-se um muro, venceu-se mais um preconceito. Aqui, nesta Assembleia, somos todos diferentes nas nossas ideias, mas todos iguais na nossa legitimidade”, sublinhou o líder socialista.

 

 

Costa adiantou que o acordo à esquerda garante um “programa coerente, credível, com condições estáveis de execução ao longo da legislatura”. Apesar das diferenças ideológicas. “Ninguém desconhece a identidade plural desta base parlamentar. Nem nenhum destas bancadas se dispõe a abdicar ou disfarçar as diferenças doutrinárias e programáticas que as diferenciam, de que se orgulha, porque se batem e que não são redutíveis num mercado de jogo político, trocando convicções por lugares na mesa do poder”, referiu.

 

 

“A esquerda é e deseja continuar a ser plural e diversa”. Foi neste ponto que o secretário-geral do PS enumerou algumas das diferenças entre PS e as restantes forças políticas à esquerda que, garante, não colocam em causa o cumprimento do acordo. “Sim, é possível melhorar o rendimento das famílias sem que tenhamos de partilhar a opinião sobre a NATO”, começou Costa, bem como a opinião sobre a “nacionalização do sector energético”, a “participação no euro” ou a forma de pensar a União Europeia.

 

 

O líder do PS notou que a Constituição não consagra a figura da moção de censura construtiva mas que a atitude do PS é “responsável”, criticando a postura dos partidos à direita que já anunciaram que iriam fazer uma oposição “animada pelo revanchismo e focada na obstrução”. As moções de rejeição ao programa do governo foram votadas esta tarde, na Assembleia da República, e como houve um entendimento entre PS, BE, PCP e PEV que têm maioria parlamentar, o Governo de Passos Coelho foi derrubado.

 

 

Sónia Cerdeira/Sol/10/11/2015

 

 

 

 

Obama e Putin recebem vinho produzido no Douro

Um produtor português de vinho enviou duas garrafas da sua produção a Barack Obama e Vladimir Putin. A ideia era ambos terem algo em comum e quem sabe, se tomassem um copo juntos, pudessem “desenhar” a paz no mundo.

 

 

Rui Pinto Reis, produtor do Bajardão, uma marca de vinho branco produzido no Douro, enviou duas garrafas da sua produção ao presidente dos EUA, Barack Obama, e ao presidente da Rússia, Vladimir Putin, junto com uma carta exatamente igual para ambos.

 

 

“Estou a escrever para si para expressar a minha preocupação sobre o estado das suas relações com a estabilidade da paz mundial que tende sempre a ser frágil”, começou por escrever.

 

 

“Humildemente, gostaria de lembrá-lo que sendo um líder mundial, um simples acordo entre ambos pode trazer paz a sete biliões de pessoas que habitam a Terra. É por isso que peço para encontrarem não aquilo que vos separa, mas sim o que vos une”, escreveu.

 

 

Como o vinho é produzido no Douro, Reis ainda convidou ambos os presidentes a encontrarem-se no Porto, cidade que se “encontra a meio caminho dos seus países”. Neste encontro, poderiam resolver o “problema que diz respeito a todos nós”.

 

 

“Os sonhos que aparentemente são inexequíveis já não parecem tão distantes, até porque as redes sociais já nos permitem um pouco isso”, disse Rui Pinto Reis ao JN.

 

 

“Não há acordos diplomáticos entre Obama e Putin, e ambos parecem não se lembrarem das coisas mais importantes. Dizem não terem nada em comum, mas agora já têm: duas garrafas de vinho branco Bajardão que poderiam eventualmente experimentar juntos”, contou ainda o produtor.

 

 

“Aí poderiam pensar em acordos que ajudassem a estabelecer a paz e a segurança mundial. Espero receber uma resposta quando receberem as garrafas, e até mais do que isso. Gostaria mesmo que houvessem repercussões diplomáticas.”

 

 

LETÍCIA FERREIRA/JN/6/11/2015

 

 

 

Investigador universitário diz-se preocupado com a estabilidade de Macau

Lam, que falava na Conferência Anual da Associação de Ciência Política de Hong Kong, acredita que Macau está à beira de uma crise, mas defende que isso pode não ser mau.

 

 

O investigador traçou um cenário de descontentamento crescente e de quebra da legitimidade do Governo de Macau que, juntamente com a descida das receitas dos casinos, principal fonte de receita pública e setor em que assenta a economia da região, pode pressionar a população a agir.

 

 

Lam apontou números do Programa de Opinião Pública de Hong Kong, relativos a 2014, segundo os quais a satisfação da população de Macau em relação ao desenvolvimento democrático atingiu 26,5% em 2014, o valor mais baixo desde que os dados começaram a ser recolhidos.

 

 

Também a confiança na fórmula chinesa “um país, dois sistemas” atingiu os seus mínimos: 69,6%. E apenas 37,6% disseram no ano passado estar satisfeitos com a proteção dos direitos humanos e 56,2% aprovaram o trabalho do chefe do Executivo, segundo o mesmo inquérito.

 

 

“Qual é o motivo para a descida da confiança? Depois da liberalização do jogo, o fosso salarial aumentou, os ricos ficaram mais ricos, os pobres mais pobres. Os preços do imobiliário subiram a pique, 28,2% da mão-de-obra é importada, o Governo não consegue resolver o problema do trânsito. Macau está cheia, já nem queremos ir até ao Senado, são demasiados turistas”, resumiu.

 

 

O investigador chamou também a atenção para o surgimento de novos “grupos críticos” além da Associação Novo Macau, como a Juventude Dinâmica e a Macau Civic Power, que, apesar de “poucos e pouco efetivos”, são “um sinal do que vem aí”.

 

 

Ainda assim, sublinhou que Macau tem sido uma cidade pacífica, com poucos protestos e uma resposta moderada da sociedade civil. Mas a “crise do jogo” pode vir a acabar com este cenário: “As pessoas de Macau põem muita ênfase na harmonia. Não as temos visto agir como em Hong Kong. O que as pessoas pensam e o que manifestam são coisas diferentes, elas inibem-se. A harmonia é uma coisa boa, mas pode tornar-se uma bomba”, afirmou.

 

 

O académico acredita que há um sentimento de saturação que, aliado a uma juventude “mais informada e que não aceita com tanta facilidade as decisões da autoridade”, pode fazer tremer a estabilidade social.

 

 

O professor deu o exemplo da associação de estudantes de Macau que, “quando se assinalou o fim da guerra, com uma enorme parada pela vitória [da China] contra o Japão”, disse que a data deveria ser lembrada com flores, discursos e visitas aos túmulos dos que morreram.

 

 

“Nunca vi nada assim acontecer na associação de estudantes. Acho que é um sinal claro que estamos a olhar para uma geração com uma mente independente, que não aceita apenas o que lhe dão, que pensa e que talvez até se atreva a falar”, acrescentou.

 

 

Lam prevê também consequências para os bolsos dos residentes de Macau em 2016, antecipando o fim dos cheques anuais à população, cortes no orçamento e despedimentos nos casinos.

 

 

“Não acreditem nos jornais que dizem que estamos no caminho da recuperação, os jornais são controlados pelo Governo. Não vejo a China a amenizar a política anticorrupção e, por isso, a recuperação de Macau não vai acontecer”, alertou.

 

 

O que Macau precisa, defendeu, é de uma reforma económica, que reduza a dependência do jogo e, acima de tudo, garanta acesso à habitação: “Acho que esta crise vai pressionar o Governo e isso pode ser uma coisa boa. Quando as pessoas se aperceberem que há uma bomba prestes a rebentar, talvez façam alguma coisa para a impedir de explodir”.

 

 

ISG // ZO/JLG/Sapo/6/11/2015

 

 

 

 

Como o petróleo alimenta os jihadistas do Estado Islâmico

Nos arredores do campo petrolífero de Al-Omar, no Leste da Síria, uma fila de camiões estende-se por seis quilómetros, com aviões a voar por cima deles. Alguns motoristas chegam a esperar um mês para encher o depósito do camião.

 

 

Bancas de falafel e lojas de chá começaram a surgir para servir os motoristas, tal é a procura de petróleo. Os operadores, às vezes, deixam os camiões abandonados durante semanas, à espera de vez.

 

 

Esta é terra do Estado Islâmico, a organização jihadista que controla faixas de território sírio e iraquiano. O comércio do petróleo foi declarado um alvo primordial pela coligação militar internacional que combate o grupo. E no entanto ele continua inalterado.

 

 

O petróleo é o ouro negro que financia a bandeira negra do EI, que alimenta a máquina de guerra, fornece eletricidade e dá aos jihadistas fanáticos uma vantagem crucial sobre os seus vizinhos. Mas, mais de um ano depois de o presidente americano Barack Obama ter lançado uma coligação internacional para combater o Estado Islâmico, o movimentado comércio em Al-Omar, e em pelo menos outros oito campos mais, passou a simbolizar o dilema que a campanha enfrenta: como derrubar o “califado” sem desestabilizar a vida dos civis, que se calcula serem dez milhões em áreas controladas pelo EI, e punir os aliados do Ocidente?

 

 

A resiliência do EI e a fraqueza da campanha liderada pelos Estados Unidos deram à Rússia um pretexto para lançar a sua arrojada intervenção na Síria.

 

 

Apesar de todos esses esforços, dezenas de entrevistas com comerciantes e engenheiros de petróleo sírios, bem como com funcionários de agências de informação ocidentais e especialistas em petróleo revelam uma operação em crescimento, quase semelhante a uma companhia petrolífera estatal, que tem crescido em tamanho e especialização apesar das tentativas internacionais para a destruir.

 

 

Meticulosamente gerida, a empresa de petróleo do Estado Islâmico recruta ativamente trabalhadores qualificados, desde engenheiros a formadores e gestores. As estimativas feitas por operadores e engenheiros locais calculam que a produção de petróleo em território controlado pelo Estado Islâmico esteja aproximadamente entre os 34 mil e os 40 mil bpd (barris de petróleo por dia). O petróleo é vendido na fonte entre 20 e 45 dólares o barril, rendendo aos militantes uma média de 1,5 milhões de dólares por dia.

 

 

“É uma situação que dá vontade de rir e de chorar”, disse um comandante rebelde da Síria em Aleppo, que compra gasóleo em zonas controladas pelo EI apesar de as suas forças combaterem o grupo na linha da frente. “Mas não temos outra opção e nós somos uma revolução pobre. Há mais alguém a oferecer-nos combustível?”

 

 

“Não temos outra opção e nós somos uma revolução pobre. Há mais alguém a oferecer-nos combustível?”

 

A estratégia do petróleo do EI está delineada há muito tempo. Desde que o grupo apareceu em cena na Síria em 2013, muito antes de chegarem a Mossul, no Iraque, os jihadistas viram no petróleo uma muleta para o seu projeto de um Estado islâmico. O conselho Shura do grupo identificou-o como fundamental para a sobrevivência da insurgência e, mais importante ainda, para financiar a sua ambição de criar um califado.

 

 

A maior parte do petróleo controlado pelo Estado Islâmico está no Leste da Síria, região rica em petróleo, onde EI se estabeleceu em 2013 logo após a retirada do Noroeste – uma área de importância estratégica, mas sem petróleo. Estas pontes foram então usadas para consolidar o controlo da totalidade do Leste da Síria depois da queda de Mossul em 2014.

 

 

Quando o EI avançou pelo Norte do Iraque e conquistou Mossul, capturou também os campos Ajil e Allas no Nordeste da província de Kirkuk, no Iraque. No próprio dia da sua conquista, dizem os habitantes, os combatentes capturaram os campos e enviaram engenheiros para iniciar as operações e transportar o petróleo para o mercado.

 

 

“Eles estavam prontos, tinham lá pessoas encarregadas do aspeto financeiro, tinham técnicos para adequar o processo de enchimento e armazenamento”, disse um xeque local da cidade de Hawija, perto de Kirkuk. “Eles trouxeram centenas de camiões de Kirkuk e de Mossul e começaram a extrair petróleo e a exportá-lo.” Enchiam uma média de 150 camiões por dia, cada um contendo cerca de dez mil dólares de petróleo. O EI perdeu os campos para o exército iraquiano em abril, mas ganhou aproximadamente 3,6 milhões de dólares com eles nos dez meses em que controlou a área.

 

 

Enquanto a Al-Qaeda, a rede terrorista global, dependia de doações de patrocinadores ricos estrangeiros, o Estado Islâmico foi buscar a sua solidez financeira ao seu estatuto de produtor exclusivo de um bem essencial consumido em grandes quantidades em toda a área que controla. Mesmo sem capacidade de exportação pode prosperar porque tem um enorme mercado cativo na Síria e no Iraque.

 

 

Na verdade, o gasóleo e a gasolina produzidos nas áreas do EI não são consumidos apenas nos territórios controlados pelo grupo, mas também em zonas que estão tecnicamente em guerra com ele, como o Norte da Síria, controlado pelos rebeldes: a região está inteiramente dependente do combustível dos jihadistas para a sua sobrevivência. Hospitais, lojas, tratores e máquinas utilizadas para retirar vítimas dos escombros trabalham com geradores que são alimentados por petróleo do EI.

 

 

“A qualquer momento, o gasóleo pode ser cortado. O EI sabe que sem gasóleo a nossa vida está completamente acabada”, diz um negociante de petróleo que vem todas as semanas de Alepo, cidade controlada pelos rebeldes, para comprar combustível, e que falou com o Financial Times por telefone.

 

 

Gerir a indústria petrolífera

 

A estratégia do EI assentou em projetar a imagem de um Estado em construção e este está a tentar gerir a sua indústria de petróleo, imitando os procedimentos das empresas petrolíferas. Segundo alguns sírios que dizem que o EI os tentou recrutar, o grupo contrata engenheiros oferecendo salários competitivos a quem tem a experiência necessária e incentiva empregados em perspetiva a inscreverem-se no seu departamento de recursos humanos.

 

 

Um comité itinerante dos seus especialistas inspeciona os campos, monitoriza a produção e entrevista trabalhadores sobre as operações. Nomeia também os membros do Estado Islâmico que trabalharam em empresas de petróleo na Arábia Saudita ou noutros lugares no Médio Oriente como “emires” ou príncipes, para gerirem as instalações mais importantes, contam os comerciantes que compram o petróleo do EI e os engenheiros que trabalharam em campos controlados pelo grupo.

 

 

Alguns técnicos têm sido ativamente requisitados pelos recrutadores do EI. Rami – nome fictício – costumava trabalhar no petróleo, na província síria de Deir Ezzor, antes de se tornar um comandante rebelde. Mais tarde, ele foi contactado no Iraque por um emir militar do EI via WhatsApp. “Ele prometeu-me que eu poderia escolher qualquer posição que quisesse”, contou. “Disse-me que eu poderia definir o meu salário.” Cético em relação ao projeto do EI, Rami acabou por rejeitar a oferta e fugiu para a Turquia.

 

 

O Estado Islâmico também recruta entre os seus partidários no estrangeiro. No discurso que proferiu após a queda de Mossul, o líder do EI, Abu Bakr al-Baghdadi, pediu não só combatentes mas também engenheiros, médicos e outros profissionais qualificados. O grupo nomeou recentemente um engenheiro egípcio que vivia na Suécia como o novo diretor da refinaria Qayyara no Norte do Iraque, segundo um engenheiro de petróleo iraquiano de Mossul, que não quis ser identificado.

 

 

O papel central do petróleo é também refletido no estatuto que lhe foi concedido pelas estruturas do poder do EI. O esquema de governação do grupo nos territórios que controla é altamente descentralizado. Baseia-se maioritariamente nos walis regionais – governadores – para administrar territórios de acordo com os preceitos estabelecidos pelo Shura central.

 

 

No entanto, o petróleo, juntamente com as operações militares e de segurança do EI e o seu sofisticado gabinete de imprensa, é controlado centralmente pela liderança de topo. “Eles são organizados na sua abordagem ao petróleo”, disse um alto funcionário de um serviço de informações ocidental. “É uma área-chave controlada e documentada a nível central. É uma questão para o Shura central”, acrescentou, referindo-se ao “gabinete” de governo do EI.

 

 

Emir do petróleo

 

Até há pouco tempo, o emir do Estado Islâmico para o petróleo era Abu Sayyaf, um tunisino cujo verdadeiro nome, de acordo com o Pentágono, era Fathi Ben Awn Ben jildi Murad al-Tunisi e que foi morto por forças especiais dos EUA numa incursão em maio deste ano. Segundo os agentes dos serviços de informações dos Estados Unidos e da Europa, foi encontrado com ele um tesouro de documentação relativa às operações de petróleo do EI. Os documentos puseram a nu uma operação meticulosamente executada, com as receitas dos poços e os custos minuciosamente contabilizados. Eles mostram também uma abordagem pragmática em relação aos preços, com o EI a explorar cuidadosamente as diferenças na procura nos seus territórios de maneira a maximizar a rentabilidade.

 

 

A supervisão dos poços de petróleo é cuidadosamente controlada pela Amniyat, a polícia secreta do Estado Islâmico, que assegura que as receitas vão para onde devem ir e administra punições brutais quando isso não acontece. Guardas patrulham o perímetro das estações de bombagem, enquanto os poços individuais distantes estão rodeados por faixas de areia de proteção e todos os negociantes são cuidadosamente inspecionados quando se dirigem a eles para se abastecer.

 

 

No campo de Al-Jibssa, na província de Hassakeh, no Nordeste da Síria, que produz entre 2500 e 3000 bpd, “enchem-se cerca de 30 a 40 grandes camiões por dia, cada um com uma capacidade para 75 barris”, de acordo com um negociante de petróleo de Hassakeh.

 

 

Mas a maior atração é Al-Omar. De acordo com um comerciante que aí compra petróleo regularmente, a fila atinge muitas vezes seis quilómetros.

 

 

O sistema é lento, mas os agentes do mercado adaptaram-se. Os negociantes dizem que os motoristas apresentam um documento com a matrícula e a capacidade do tanque dos seus camiões aos funcionários do EI, que os inserem num banco de dados e lhes atribuem um número.

 

 

A maioria regressa em seguida às suas aldeias, voltando ao local a cada dois ou três dias para verificar os seus veículos. Os negociantes dizem que no final do mês algumas pessoas voltam e montam tendas para ficarem perto dos camiões enquanto esperam pela sua vez. Uma vez na posse do petróleo de Al-Omar, os comerciantes levam-no para refinarias locais ou vendem-no com margem de lucro a intermediários com veículos menores, que o transportam para as cidades mais a oeste, como Aleppo e Idlib.

 

 

A sorte do Estado Islâmico com o petróleo pode não durar. As bombas da coligação, a intervenção russa e os baixos preços do petróleo podem acabar por ameaçar as receitas. Contudo, a maior ameaça para a produção do EI até agora tem sido o esgotamento dos envelhecidos campos de petróleo da Síria. Ele não tem a tecnologia das grandes empresas estrangeiras para combater o que os locais descrevem como uma queda lenta na produção. A necessidade de petróleo do EI para as suas operações militares significa que também há menos petróleo para vender no mercado.

 

 

“O EI sabe que o petróleo é um trunfo”

 

 

Por enquanto, porém, no território dominado pelo Estado Islâmico, os jihadistas controlam a oferta e não há falta de procura. “Toda a gente aqui precisa de gasóleo: para os poços de água, para a agricultura, para os hospitais, para os escritórios. Se o gasóleo acabar, não há vida aqui”, diz um empresário que trabalha perto de Aleppo. “O EI sabe que o petróleo é um trunfo.”

 

 

Reportagem adicional de Ahmad Mhidi, jornalista independente a trabalhar na fronteira turca e Geoff Dyer em Washington/Arquivo Reuters/( C ) 2015 The Financial Times Limited/DN/TPT/6/11/2015

 

 

 

 

Portugal desaconselha as viagens ao norte da península do Sinai

O governo português desaconselhou num aviso divulgado no Portal das Comunidades Portuguesas, quaisquer viagens a áreas fronteiriças com a Líbia e o Sudão, bem como ao norte da península egípcia do Sinai.

 

 

“Desaconselham-se quaisquer viagens às áreas fronteiriças com a Líbia e o Sudão, bem como ao norte da península do Sinai”, indicou o aviso, atualizado hoje na área do portal dedicada aos conselhos aos viajantes.

 

 

Este aviso surge cinco dias depois de um Airbus A321 da companhia russa MetroJet se ter despenhado no norte do Sinai, matando todas as pessoas a bordo (224), apenas 23 minutos depois de descolar da estância balnear egípcia de Sharm el-Sheikh, localizada no Sinai.

 

 

Londres e Washington consideram provável que a queda do avião, ocorrida no sábado, poderá ter sido provocada pela explosão de uma bomba. O aviso das autoridades portuguesas abrange igualmente outras áreas do território egípcio.

 

 

“Desaconselham-se as viagens não essenciais ao sul da península do Sinai, ao eixo de Suez — Ismailia – Port Saïd, ao Cairo e a Alexandria, principalmente aos locais habituais de realização de manifestações e potenciais focos de violência”, indicou a nota das autoridades portuguesas, que relembram que “as presentes informações não têm natureza vinculativa, funcionam apenas como indicações e conselhos, e são suscetíveis de alteração a qualquer momento”.

 

 

A França também hoje “desaconselhou” os seus cidadãos de viajarem para a península do Sinai, em concreto para Sharm el-Sheikh, a menos que exista “uma razão imperativa, nomeadamente profissional”.

 

 

O aviso do Ministério dos Negócios Estrangeiros francês também inclui a cidade de Taba, igualmente localizada no Sinai. A companhia de aviação alemã Lufthansa anunciou hoje igualmente que “por motivos de precaução” ficam interrompidas as ligações aéreas com destino a Sharm el-Sheikh.

 

 

Num comunicado, a Lufthansa que realiza dois voos semanais, explorados pelas companhias filiais Edelweiss e Eurowings, anunciou que tem estado em contacto com o Ministério dos Negócios Estrangeiros de Berlim no sentido de iniciar o repatriamento dos cidadãos alemães que se encontram no Egito.

 

 

A companhia aérea Air France anunciou precisamente o mesmo procedimento em relação ao sobrevoo do Sinai e hoje as autoridades de Kiev proibiram as companhias aéreas ucranianas de sobrevoarem a região. O Reino Unido e a Irlanda também suspenderam temporariamente os voos de e para a estância turística egípcia de Sharm El-Sheikh.

 

 

O ministro dos Negócios Estrangeiros britânico, Philip Hammond, afirmou hoje, em declarações ao canal de informação Sky News, que o Reino Unido está a trabalhar com as autoridades egípcias para aplicar medidas de urgência, de forma a repatriar os turistas britânicos que estão em Sharm el-Sheikh.

 

 

Também hoje o Presidente egípcio, Abdel Fattah al-Sissi, afirmou em Londres que o Egito está “totalmente preparado para cooperar com todos os amigos [do país]” para garantir a segurança dos turistas estrangeiros.

 

 

“Estamos totalmente preparados para cooperar com todos os nossos amigos para garantir que os nossos aeroportos têm a segurança necessária para as pessoas que acolhemos”, disse o líder egípcio, após um encontro com o primeiro-ministro britânico, David Cameron, na capital britânica.

 

 

 

OBS/6/11/2015

 

 

 

 

Depois do Correio da Manhã, Sócrates processa o jornal Sol

Ex-primeiro-ministro diz-se gravemente ofendido na sua honra. “Este anúncio visa apenas atemorizar-nos. Aquilo que estamos a publicar são as conclusões da investigação”, reage director do semanário.

 

 

O ex-primeiro-ministro José Sócrates anunciou, através dos seus advogados, que vai processar o semanário Sol, depois de ter conseguido proibir o Correio da Manhã de publicar matéria que conste do processo judicial em que está envolvido.

 

 

O antigo governante acha que a mais recente manchete do semanário, “Ministério Público investiga continuação dos crimes com Sócrates preso”, ofende gravemente a sua honra. Por isso, e por entender que a notícia desvenda factos da sua vida privada e familiar, Sócrates decidiu recorrer outra vez aos tribunais. Vai queixar-se de difamação e calúnia. O PÚBLICO tentou saber junto dos seus advogados se o antigo governante também tenciona intentar uma providência cautelar, como fez com o Correio da Manhã, mas estes preferem não revelar por agora as suas intenções.

 

 

O director do Sol, José António Saraiva, não se mostra surpreendido com o anúncio do ex-primeiro-ministro, tendo em conta o seu “longo historial de desmentidos e providências cautelares, do caso Freeport ao Taguspark”.

 

 

“Este anúncio visa apenas atemorizar-nos e condicionar-nos. Ora, aquilo que estamos a publicar são as conclusões da investigação, e eles sabem disso”, prossegue José António Saraiva, acrescentando que não percebe por que razão Sócrates fala em devassa da vida privada, acusação que considera caluniosa. “Não fazemos campanhas contra ninguém nem jogos políticos. O nosso objectivo é fazer bom jornalismo”, diz ainda o director do Sol.

 

 

Entretanto, a comarca de Lisboa esclareceu melhor em que termos é que o Correio da Manhã se encontra impedido de noticiar matéria que conste do processo: “A decisão não proíbe a publicação de notícias sobre José Sócrates ou sobre o processo conhecido como Operação Marquês, mas apenas sobre elementos deste processo cobertos pelo segredo de justiça, tal como não proíbe qualquer investigação jornalística ou a publicação de notícias sobre investigações jornalísticas anteriores, presentes ou futuras, sobre o mesmo caso ou sobre os arguidos”, refere uma nota informativa da comarca.

 

 

Para a direcção do diário, fica pouco para noticiar: “A clarificação da presidente da comarca diz que podemos noticiar tudo… excepto o que não podemos noticiar”, explica o director-adjunto Eduardo Dâmaso. “Num processo com mais de 50 volumes, que abrange uma imensidão de factos, inclusive todos os que noticiámos antes de sequer haver inquérito – casa e estadia em Paris, relações com a Octapharma, venda das casas da mãe a Carlos Santos Silva, discrepância entre rendimentos declarados no Tribunal Constitucional e várias aquisições patrimoniais – sobra quase nada para noticiar”, lamenta o jornalista.

 

 

Correio da Manhã publica este sábado, em vários jornais, um anúncio em que reproduz a sua primeira página de quarta-feira passada: uma capa rasurada por tinta azul na qual apenas se consegue ler “Continuaremos a informá-lo”. Nem todos os jornais aceitaram publicar o anúncio: o Jornal de Notícias recusou-o, segundo o seu director, Afonso Camões, por os jornalistas da casa não estarem dispostos a alinhar “numa operação de marketing levada a cabo por um concorrente a pretexto da liberdade de imprensa”. O Correio da Manhã tem publicado várias notícias sobre a relação próxima entre Afonso Camões e Sócrates e as suas implicações no grupo Global Media, de que o JN faz parte.

 

 

Também o Diário de Notícias, do mesmo grupo, não vai publicar. Ao PÚBLICO, o seu director, André Macedo, admitiu apenas que “neste momento não há uma publicidade ao Correio da Manhã“. Fez questão ainda de sublinhar a sua função editorial. “A publicidade não é uma área em que intervenha”, referiu salientando ser “sempre pela liberdade de expressão”.

 

 

A decisão final terá passado pela comissão executiva do grupo que em resposta escrita disse que o grupo “está naturalmente solidário contra qualquer tentativa de limitar a liberdade de expressão ou de imprensa”, sublinhando, porém, que “a defesa desse princípios basilares não é compatível com o seu aproveitamento ilegítimo para uma campanha de marketing de uma qualquer marca de informação”.

 

 

Não é a primeira vez que uma providência cautelar é usada para impedir a publicação de notícias. Um dos casos mais polémicos ocorreu em 2004, tendo a acção sido interposta por um jornalista do Correio da Manhã, que conseguiu assim evitar a transcrição de mais conversas com fontes sobre o processo Casa Pia, gravadas em cassetes que alegadamente lhe foram furtadas. A providência visou primeiro a revista Focus, depois o semanário Independente, e por fim foi alargada ao Jornal de Notícias, PÚBLICO, 24 Horas, O CrimeExpresso e Visão. Em 2010, o Sol foi igualmente proibido de publicar algumas escutas do processo Face Oculta sobre o caso PT/TVI, mas não respeitou a decisão judicial, o que lhe custou uma indemnização de mais de 400 mil euros.

 

 

 

Mariana Oliveira/Ana Henriques e Pedro Sales Dias/PUB/6/11/2015

 

 

 

 

O espírito do Halloween contagiou milhares de foliões na cidade de Newark

A tarde não podia ter sido melhor para as milhares de crianças e adultos que participaram no 18º desfile de Halloween, que teve lugar no Bairro Leste da cidade de Newark.

 

O espírito do Halloween voltou a contagiar milhares de foliões na cidade de Newark 2

E à hora marcada, os batedores motorizados da polícia de Newark estavam a postos para proporcionar a todos os participantes um desfile de Halloween realizado em ambiente de alegria e segurança.

 

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Os socorristas da esquadra de Ambulâncias do Ironbound, também se fizeram representar. Esta associação humanitária que foi criada em 1952 cobre uma área onde residem cerca de 50 mil habitantes. É constituída por luso-americanos, e não só, que percebem a importância de sustentar o humanismo, através do voluntariado.

 

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Esta iniciativa alusiva ao Halloween que é organizada pelo Gabinete do vereador Augusto Amador em colaboração com os elementos do “Keep The Children Safe”, contou ainda com o apoio das autoridades políticas da cidade, bem como com o apoio dos Departamentos da Polícia e dos Bombeiros de Newark que ajudaram a transformar a rua mais portuguesa de New Jersey, num espectacular espaço de lazer e convívio, com adultos e jovens a mostrarem criatividade e engenho na mostra dos seus trajes e das suas habilidades ao longo de todo o trajecto que começou no Parque Peter Francisco, percorreu toda a Ferry Street e terminou no Ironbound Stadium.

 

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Augusto Amador (na foto ao centro) que contou com a presença neste evento dos vereadores da cidade de Newark, Luis Quintana (na foto à direita) e Carlos Gonzalez (na foto à esquerda), disse ao The Portugal Times que embora o Halloween nos Estados Unidos seja considerado como uma das suas maiores festas anuais, “é sempre gratificante perceber como o simples facto de poder disponibilizar espaço e tempo para brincadeiras, significa também contribuir para um desenvolvimento mais culto e saudável dos nossos jovens”.

 

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O vereador luso americano disse ainda que “estamos todos felizes com o resultado deste trabalho, que como vê, está sendo recompensado com a alegria que vemos nos rostos destas crianças”.

 

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Por outro lado, o vereador luso americano refere ainda que esta celebração “também nos ajuda a nós adultos a resgatar a nossa capacidade de brincar, tornando-nos assim mais disponíveis para as crianças enquanto incentivadores de brincadeiras”.

 

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O Chefe da Polícia de Newark, Anthony Campos, que também é um dos pioneiros desta iniciativa, participou no desfile e disse ao nosso jornal que se sentia muito feliz com o resultado desta acção, “graças ao empenho e carinho de cada um que se dispôs a ajudar e a participar”.

 

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As escolas também participaram e ajudaram a marcar o desfile com a sua alegria e ao som dos tambores.

 

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Foi bonito vê-las disfarçadas, trajando das formas mais bizarras. Uma variedade para todos os gostos.

 

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Desta forma, deram largas à sua alegria, à sua criatividade e imaginação.

 

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Este desfile de Halloween, foi também a demonstração de que toda a gente quer sempre ser feliz.

 

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E os participantes”escondidos” atrás das máscaras iam descobrindo o segredo surpreendente que cada realidade pessoal ou cultural encerra.

 

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Mas a alegria não se manifesta somente nas ruas.

 

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Dentro dos estabelecimentos comerciais o Halloween também continua a fazer as delícias de todos aqueles e aquelas que por estes dias, fazem questão de lembrar como é importante a diversão.

 

 

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Os materiais utilizados nas fantasias e nas alegorias são diversificados, buscando de forma artística as referências necessárias para a compreensão do enredo.

 

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Ninguém duvida de que todas as pessoas gostam de brincar.

 

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E é através da brincadeira que elas aprendem mais sobre si, ampliando os seus conhecimentos e levando os adultos de volta no tempo ajudando-os a resgatar a alegria de ser criança de novo.

 

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E o Halloween nos EUA é realmente uma data que nos proporciona muita dessa alegria de criança.

 

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Mas há também quem veja nestas iniciativas uma forma de fortalecer a diversidade cultural existente entre os residentes de Newark, bem como a promoção do seu desenvolvimento social.

 

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Durante estas comemorações, também houve quem fizesse questão de lembrar que nos EUA não há Halloween sem o “Trick or Treat”, onde as crianças vão de casa em casa pedindo doces e rebuçados. E neste contexto, esta foto documenta o facto de que há sempre alguém disponível para dar uma ajudinha àqueles que querem continuar a criar uma sociedade mais fraterna, mais solidária, mais humana e saudável.

 

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E quando o desfile chegou ao Ironbound Stadium, as crianças tinham à sua espera um lanche preparado para a ocasião, e todo um parque infantil para usufruir.

 

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E foi num clima de muita animação, que as crianças disfrutaram dos várias jogos disponíveis no parque de diversões.

 

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Outros aproveitaram os baloiços, deixando-nos perceber através da sua alegria, que o Halloween está para ficar.

 

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No final do desfile estava também a legisladora luso americana do estado de New Jersey, Eliana Pintor Marin, que se encontrava animadadíssima entre um grupo de jovens mascarados.

 

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E para ajudar a aconchegar os estómagos das muitas crianças e adultos que participaram no desfile, para além dos membros do Gabinete do vereador Augusto Amador, também se fez representar uma delegação da “Portuguese American Police Association” (PAPA), uma organização constituída por elementos policiais luso-americanos, que se encontram a prestar serviço em várias esquadras e departamentos policiais dos Estados Unidos da América. De referir que esta Associação, para além da sua missão policial, desempenha também um importante papel como elo de ligação entre a comunidade portuguesa e a sociedade americana.

 

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No final da 18ª edição do Halloween no Ironbound, o vereador Augusto Amador que se encontrava acompanhado pelo seu colega Luís Quintana, fez questão de agradecer o trabalho de todos quantos colaboraram nesta iniciativa, com destaque para a participação das escolas do Ironbound, “que ajudam a fazer desde desfile o mais significativo evento deste género no estado de New Jersey”.

 

 

O Halloween é uma tradição de origem (Celta) Irlandesa

 

 

A história do Halloween não tem nada a ver com os contos de terror, como muitos acreditam. Segundo reza a lenda, a festa que mais tarde se chamou de Halloween, teve a sua origem alguns séculos antes do nascimento de Cristo, entre os celtas, povo que habitava a actual Irlanda do Norte, norte de França, norte de Espanha e norte de Portugal.

 

O espírito do Halloween voltou a contagiar milhares de foliões na cidade de Newark 28

Os celtas, que acreditavam que na noite de 31 de Outubro acontecia o encontro entre o mundo espiritual e material, festejavam também nestes rituais, o fim do verão, o início do ano novo e agradeciam aos deuses as fartas colheitas.

 

 

Embora esta festa faça renascer histórias de fantasmas, bruxas e espíritos de outros mundos em que só se acreditava há muitos séculos, a tradição do Halloween nos Estados Unidos tem apenas 94 anos. A primeira celebração do Halloween registada nos Estados Unidos ocorreu em Anoka, no estado do Minnesota, em 1921. A indumentária tem vindo a evoluir ao longo dos anos, passando quer pelos disfarces aterradores, quer pelos que proporcionam uma saudável risada.

 

O espírito do Halloween voltou a contagiar milhares de foliões na cidade de Newark 29

E são estas inofensivas reminiscências da antiga cultura celta, com um nome de origem cristã, misturadas num grande caldeirão do druida dos gauleses de Asterix, com alguns ingredientes da sociedade de consumo, que se festeja a noite de 31 de Outubro, com bruxas cavalgando vassouras com a lua cheia como pano de fundo e em que as abóboras trabalhadas com mais ou menos sentido artístico, iluminam o caminho a quem passa.

 

 

J.M./The Portugal Times/4/11/2015

 

 

 

 

 

Proibidas manifestações em Angola por razões de segurança

As autoridades angolanas proibiram a realização de duas manifestações em Luanda, previstas para os dias 11 e 12 de Novembro, e convocadas pelo Conselho Nacional dos Activistas de Angola “para exigir perante a África e o mundo o fim do neocolonialismo e a demissão imediata de José Eduardo dos Santos do cargo de Presidente da República de Angola”.

 

 

O governador provincial de Luanda, Graciano Domingos, alegou questões de segurança para proibir a realização dos protestos pacíficos que iriam coincidir com as comemorações oficiais dos 40 anos da independência angolana, em frente do palácio presidencial e do Tribunal Constitucional.

 

 

Na decisão de proibir a manifestação, Graciano Domingos invoca a lei sobre o direito de reuniões e manifestações, recordando que em termos legais, por “razões de segurança”, estas não podem ocorrer “a menos de cem metros das sedes dos órgãos de soberania”.

 

 

O Governo angolano está sob forte pressão internacional devido à prisão de 15 activistas, desde 20 de Junho, sob acusação de preparação de um golpe de Estado e um atentado contra o Presidente da República e que começam a ser julgados em Luanda a 16 de Novembro.

 

 

Este caso tem levado à realização de vigílias em Luanda a favor dos detidos, exigindo aguardar julgamento em liberdade.

 

 

Na carta que os promotores da manifestação de 11 e 12 de Novembro enviaram ao governo provincial, estes justificam o protesto com a “opressão que controla o país”, afirmando que “Angola tornou-se um estado de terror desde 27 de Maio de 1977”.

 

 

“Depois dessa data, a 21 de Setembro de 1979, com a tomada de posse do Presidente José Eduardo dos Santos, Angola passou a ser uma nação mergulhada no sangue, perdendo muitos dos seus filhos”, lê-se na carta (datada de 13 de Outubro) em que o Conselho Nacional de Activistas de Angola comunica ao governo provincial a intenção de realizar as duas manifestações.

 

 

Siphiwe Sibeko/Reuters/30/10/2015