Presidente do CaixaBank diz que oferta ao BPI é “passo em frente”

21/02/2015

 

O presidente executivo do CaixaBank, Gonzalo Gortázar, realçou, este sábado, que a oferta pública de aquisição lançada sobre o BPI é um “passo em frente” numa relação duradoura entre as partes e quer desblindagem decidida no segundo trimestre.

 
O responsável considerou que a oferta que o banco catalão concretizou para passar a controlar a maioria do capital do BPI, onde já é o maior acionista, com 44,1%, significa “dar um passo em frente numa relação que dura há 20 anos”.

 

Em entrevista ao semanário Expresso, Gortázar disse esperar que a assembleia geral de acionistas onde será decidida a desblindagem dos estatutos do banco português – etapa decisiva para o sucesso da operação – aconteça no segundo trimestre.

 

Admitindo a complexidade da operação, já que depende da vontade dos acionistas de referência do BPI, com destaque para os 18,6% detidos pela ‘holding’ da empresária angolana Isabel dos Santos, de aprovarem o fim dos limites aos direitos de voto (que estão limitados aos 20%), o líder do CaixaBank acena com uma “proposta atraente para os que quiserem sair do BPI, mas também para os que quiserem ficar”.

 

Até porque, bastam 6% para que o CaixaBank fique a deter a maioria do capital do banco liderado por Fernando Ulrich, uma posição de controlo que só será efetiva com a desblindagem dos estatutos do BPI.

 

“Estamos a pedir duas coisas aos acionistas: que removam os limites aos direitos de voto, o que permitirá a obtenção de sinergias, e que vendam – ou mantenham – as ações, condicionando a que consigamos mais cerca de 6% de capital para ter a maioria, de forma a levar a OPA por diante”, afirmou ao Expresso.

 

E realçou: “Este é um projeto em que todos ganham, mas temos que respeitar o tempo que os acionistas precisarão para decidir, tal como a administração do BPI”.

 

A redução de custos e a melhoria da eficiência do BPI são os dois grandes objetivos do CaixaBank neste negócio.

 

“O nosso objetivo é reduzir o rácio ‘cost to income’ [eficiência] do BPI em Portugal dos atuais 85% para 50% em três anos”, revelou.

 

Mesmo manifestando “esperança” num desfecho favorável da OPA, o responsável não dá o sucesso da operação por garantido.

 

“É preciso um apoio muito largo dos acionistas e não podemos antecipar o que vai ser decidido na assembleia geral. O tempo o dirá”, frisou.

 

Gortázar apoia o interesse manifestado pelo BPI no concurso de compra do Novo Bano, considerando que “é uma grande oportunidade de consolidação no mercado português”, e admitiu que a gestão de Ulrich foi encorajada pelo seu maior acionista a participar no processo.

 

“Não seria lógico que o BPI não analisasse esta operação”, salientou o líder do CaixaBank, que nos últimos anos participou, sem sucesso, nas privatizações da Catalunya Caixa e da Novagalicia, mas que conseguiu sair vencedor na compra do Banco de Valencia e dos ativos do Barclays em Espanha.

 

O responsável elogiou, ainda, a forte aposta feita pelo BPI no mercado angolano, considerando que tem sido um “investimento fantástico”, e vincou que o preço que oferece na OPA sobre o banco português é muito generosa.

 

O CaixaBank anunciou na terça-feira a intenção de adquirir a maioria do capital do BPI por 1,329 euros por ação, num total de 1,082 mil milhões de euros.

 

O banco catalão é o maior acionista do BPI, contando com quatro membros no Conselho de Administração do banco português, seguindo-se a empresária angolana Isabel dos Santos, através da Santoro, com 18,6%, e o Grupo Allianz, com 8,4%.

 
Expresso/ Reuters

 

Foto: Gustau Nacarino/Reuters

 

Legenda: O presidente executivo do CaixaBank, Gonzalo Gortázar

 

 

Porto e Norte registaram recorde de dormidas de estrangeiros em 2014

02/01/2015

 

O Porto e o Norte de Portugal registaram 2,6 milhões de dormidas de estrangeiros entre janeiro e outubro de 2014, mais 13,8% do que no período homólogo de 2013, anunciou, esta sexta-feira, a Associação de Turismo do Porto.

 
Passagem de ano juntou mais de 100 mil pessoas na avenida dos Aliados, no Porto, muitos deles estrangeiros

 

“No final de 2014 superamos as 2,6 milhões de dormidas de estrangeiros no Porto e Norte de Portugal, quando de acordo com o PENT – Plano Estratégico Nacional do Turismo – esse objetivo deveria ser alcançado somente no ano de 2015″, afirma, em comunicado, a ATP.

 

O objetivo fixado para 2014 era o “incremento de 150 mil dormidas de estrangeiros no destino e no final de outubro esse objetivo foi duplicado”, salienta, adiantando que “o crescimento de afluxo de turistas estrangeiros à região registou um número recorde”.

 

As 2,6 milhões de dormidas de estrangeiros registadas naquele período do ano passado levam a entidade responsável pela promoção externa da região do Porto e Norte do país a adiantar ter sido assim antecipado “o objetivo proposto para 2015”.

 

De acordo com a associação, entre janeiro e outubro do ano passado, “o número de dormidas de estrangeiros aumentou 304700 relativamente ao mesmo período de 2013”.

 

Espanha, França, Brasil, Alemanha e Reino Unido ocupam os cinco primeiros lugares de países emissores, seguindo-se Itália, Holanda, Estados Unidos, Bélgica e Escandinávia.

 

“Contudo, o destino [Porto e Norte de Portugal] tem registado uma diversificação de mercados e existem atualmente outros mercados que começam a demonstrar alguma preponderância como é o caso da China, Rússia, Polónia, Índia, Irlanda, entre outros”, destaca a associação.

 

A ATP aponta “a autenticidade e diversidade do destino, desde o património cultural e histórico, ao lazer, gastronomia e vinhos, assim como o facto de a região integrar quatro zonas classificadas património mundial pela UNESCO” como fatores que contribuem para este resultado.

 

A qualidade da oferta turística e de serviços, o facto de ser considerado um destino seguro e oferecer uma boa relação qualidade-preço são outros fatores “importantes”.

 

Foto: André Gouveia/Global Imagens

 

 

 

Novembro confirma 2014 como “melhor ano de sempre” do turismo

19/01/2015

 
O secretário de Estado do Turismo congratula-se com os dados de novembro do turismo conhecidos esta segunda-feira, destacando que confirmam 2014 como “o melhor ano de sempre” do setor e traduzem um crescimento das dormidas três vezes superior a Espanha.

 
Declarações de Mesquita Nunes sobre o turismo no Porto e no Norte, na semana passada, originaram polémica com Rui Moreira

 

“Os dados hoje revelados pelo Instituto Nacional de Estatística confirmam que 2014 foi o melhor ano de sempre do turismo em Portugal, com crescimentos superiores a 10% face ao ano recorde, quer se considere o número de dormidas, o número de hóspedes ou os proveitos da hotelaria. E confirmam que estamos a crescer mais do triplo de Espanha em termos de dormidas”, afirmou Adolfo Mesquita Nunes à agência Lusa, numa declaração escrita.

 

Salientando que “nenhum destino turístico se constrói em três anos”, o governante reiterou que estes resultados demonstram que “há muita gente a fazer muita coisa muito bem feita há muitos anos, das empresas aos seus trabalhadores, das escolas de hotelaria aos seus alunos, das regiões e autarquias às suas populações, dos vários governos, deste e do anterior”.

 
“Se tiver de escolher um responsável, um protagonista, seria o setor privado, individualmente ou nas agências de promoção turística, que, com empenho, capacidade de empreender e de inovar, dão cartas no turismo mundial”, afirmou Mesquita Nunes.

 

 
As dormidas na hotelaria em Portugal mantiveram em novembro de 2014 um crescimento homólogo de dois dígitos, aumentando 11,4% para 2,4 milhões, mas com uma ligeira desaceleração, sobretudo no mercado interno, divulgou o INE.

 

 
Segundo o Instituto Nacional de Estatística, para a desaceleração de 2,5 pontos percentuais face à taxa observada no mês precedente contribuiu quer o mercado interno, que cresceu 5,9%, menos que no mês anterior (+12,5%), quer, em menor grau, os mercados externos, que passaram de um crescimento de 14,4% em outubro para 13,9% em novembro.

 
Entre os principais mercados emissores, destaque para os crescimentos registados pela Bélgica (+57,1%), França (+37,7%), Brasil (+21,1%) e Irlanda (+20,8%), tendo Espanha sido a exceção, ao recuar 9,0%.

 
A estada média na hotelaria em novembro foi 2,53 noites (+2,3%) e a taxa líquida de ocupação-cama 29,1% (+1,9 p.p.), tendo os proveitos totais aumentado 15,8% e os de aposento 14,7%, em linha com o mês anterior (+15,2% e +16,3%), para 113,4 e 75,3 milhões de euros, respetivamente.

 
De acordo com o INE, no mês em análise o RevPAR (rendimento por quarto disponível) foi 20,4 euros (+10,3% em novembro e +11,6% em outubro).

 
Em novembro de 2014, os estabelecimentos hoteleiros registaram 929,3 mil hóspedes e 2,4 milhões de dormidas, o que representa aumentos homólogos de 8,8% e 11,4%, respetivamente, abaixo dos 14,0% e 13,9% de outubro.

 
Jornal de Noticias

 
Foto: Ricardo Junior / Global Imagens

 

 

Estados Unidos encerram embaixada no Iémen

10/02/2015

 
A embaixada dos Estados Unidos no Iémen encerrou em definitivo e os seus diplomatas estão a ser retirados, disse uma fonte desta delegação na capital Sanaa que pediu o anonimato.

 
Segundo a mesma fonte, em declarações à agência noticiosa Efe, os funcionários da embaixada de nacionalidade iemenita já foram despedidos, enquanto os Estados Unidos estão a promover contactos com a embaixada de um país árabe, não especificado, para que também assuma a partir de agora a representação norte-americana no Iémen.

 
O embaixador dos EUA em Sanaa, Matthew Tueller, e um pequeno grupo da representação norte-americana devem abandonar o país nos próximos dias, adiantou o mesmo responsável.

 
A embaixada dos Estados Unidos suspendeu os seus serviços consulares no Iémen em 26 de janeiro, na sequência da demissão do presidente do país, Abdu Rabu Mansur Hadi, após uma forte pressão do movimento rebelde xiita dos Huthi.
Em janeiro, Washington tinha já anunciado a suspensão de diversas operações antiterroristas no Iémen devido à turbulência interna.

 
O poderoso movimento xiita dos Huthi, hostil aos Estados Unidos, ocupou nos últimos meses edifícios governamentais e palácios presidenciais em Sanaa e já controla sete províncias iemenitas.

 
foto Mohamed al-Sayaghi/REUTERS

 

 

 

Rebeldes capturam veículos e armas da embaixada dos EUA no Iémen

11/02/2015

 
Os Estados Unidos consideraram inaceitável que a milícia xiita huthi do Iémen se tenha apropriado dos veículos e armas da sua representação diplomática na capital do país e exigiu que “sejam devolvidos”.

 
A embaixada dos Estados Unidos em Sanaa, capital do Iémen, foi encerrada na terça-feira e os funcionários retirados do país, depois dos norte-americanos terem anunciado a suspensão definitiva das suas atividades devido à instabilidade política que se vive.

 
“São inaceitáveis as informações de apropriação dos equipamentos da embaixada e para regressarmos a Sanaa temos de ver garantido o respeito pela propriedade diplomática”, afirmou o porta-voz do Departamento de Estado, Jean Psaki.

 
Segundo a agência noticiosa EFE, que cita fontes da segurança, elementos do movimento xiita apoderaram-se dos veículos da embaixada dos EUA no aeroporto de Sanaa.

 
Os rebeldes obrigaram os condutores a abandonar os automóveis e apropriaram-se também de todas as armas, incluindo as metralhadoras e pistolas que pertenciam a serviços privados de segurança.
O movimento xiita ocupou nos últimos meses edifícios governamentais e o palácio presidencial da capital, tendo já o controlo de sete províncias do país.

 
Além dos Estados Unidos, também a França e o Reino Unido anunciaram o encerramento temporário das suas representações diplomáticas.

 
Foto: Khaled Abdullah/REUTERS

 

 

 

Departamento de Estado EUA sofre todos os dias milhares de ataques informáticos

21/02/2015

 
O Departamento de Estado norte-americano enfrenta todos os dias milhares de tentativas de ataques informáticos, revelou na sexta-feira a sua porta-voz, Jennifer Psaki.

 
“Temos uma segurança elevada para proteger os nossos sistemas informáticos e as nossas informações”, adiantou.

 
Psaki admitiu que este tipo de ataques contra instituições públicas e privadas estava em crescendo e era cada vez mais sofisticado.

 
“Anulamos com sucesso milhares de ataques todos os dias e gerimo-los em colaboração com outras agências governamentais competentes”, acrescentou.

 
Foto: Kacper Pempel/Reuters

 

 

 

 

Temporal afeta costa leste dos Estados Unidos com queda de neve

22/02/2015

 

 

Um novo temporal afeta, este domingo, a costa leste dos Estados Unidos, com queda de neve em latitudes pouco habituais, e que ameaça criar problemas em grandes cidades como Nova Iorque e Boston.

 

A neve caiu no Estado de Nova Geórgia, e nos de Kentucky e Tennessee são esperadas inundações pela precipitação da chuva no terreno gelado, noticia a Efe.

 
Os maiores problemas são esperados mais a norte, nos estados de Massachusetts e Maine, onde se prevêm fortes quedas de neve.
Em Boston, no Massachusetts, acumularam-se nas últimas semanas mais de dois metros e meio de neve, devido a vários temporais consecutivos.

 
Em Nova Iorque, onde na sexta-feira se registaram algumas das temperaturas mais baixas registadas em décadas, a neve começou a cair ao meio dia de hoje e espera-se ainda a queda de granizo nas próximas horas.

 
Os meteorologistas advertem que quendo passar o temporal chegará a esta região norte-americana, uma nova frente fria, que fará as temperaturas descerem aos zero graus Celsius.

 

 
Brian Snyder / Reuters

 

Sindicatos não fazem greve?

23/12/2014

 

A greve é um direito há muito tempo conquistado por todos os trabalhadores. O trabalho é um direito há muito tempo negligenciado por alguns trabalhadores. O trabalho apenas é um dever para os desempregados. Esta é a sociedade que temos.

 

Existe actualmente uma grande confusão entre Direitos e Deveres dos trabalhadores. Para isto contribui fortemente a falta de valores cívicos que caracteriza a nossa sociedade. Muitos insistem em considerar os direitos de alguns trabalhadores como sendo mais importantes que os direitos de outros.

 

Alguns insistem que o direito à greve é mais importante que o direito ao trabalho.

 

A generalização e consequente banalização de greves por tudo e por nada, utilizada como arma de arremesso em todo e qualquer processo de negociação retiram poder negocial aos trabalhadores. A greve devia ser uma arma de último recurso, utilizada para fazer pressão negocial, e não um fim em si mesmo. E nunca um objectivo.

 

A utilidade da greve ao serviço dos trabalhadores é maximizada sempre que se consegue evitar. Quando a greve tem que ser cumprida é porque não foi bem utilizada e por isso nunca é bem sucedida.

 

A ameaça de greve é muito mais eficaz que a greve em si.
O cumprimento de qualquer greve leva necessariamente ao extremar de posições e nenhum acordo justo se atinge depois disso. A banalização da greve retirou aos trabalhadores a sua principal arma que funcionou durante anos de aquisição de direitos. Até agora.

 

A incompetência dos sindicatos e dos líderes sindicais em defender os reais interesses dos trabalhadores só é ultrapassada pelas suas aspirações políticas. Essas sim que justificam a utilização das greves e dos próprios trabalhadores como catapulta dos seus objectivos corporativos e pessoais.

 

O direito à greve não é mais importante que o direito ao trabalho.

 

A sociedade já não percebe os reais objectivos e justificações de tantas greves, por tanto tempo, sempre nas piores alturas do ano/mês/semana para prejudicar o maior número possível de clientes e utilizadores.
Clientes e utilizadores que tentam fazer cumprir o seu direito ao trabalho sem que apareçam grupos de sindicalistas para defendê-los. A si e aos seus direitos. Talvez porque os sindicatos não consideram a sua causa de direito ao trabalho tão nobre como o direito à greve. Ou porque tem menos exposição política.

 

Os direitos de alguém acabam onde os direitos de outrem começam. Tal como a liberdade.

 

Raras são as greves que actualmente são apoiadas pela sociedade e pelos trabalhadores que por elas são prejudicados no seu dia-a-dia de trabalho. Ao contrário do que acontecia no passado. Falta de solidariedade dos grevistas para com quem prejudicam, paga-se com falta de solidariedade para com os motivos da greve.

 

Seria bom termos um Natal e um Fim de Ano sem greves, numa altura já de si difícil pelo acumular de trabalho com as responsabilidades familiares de providenciar umas festas felizes aos seus, muitas vezes com esforço financeiro e pessoal.

 

Mas parece que só os sindicatos é que não fazem greve. Infelizmente para quem trabalha.

 

Paulo Barradas, Gestor

 

 

 

‘Tenho em mim todos os sonhos do mundo’

24/09/2014

 

Os jovens que eu conheço rejeitam o rótulo que teimam em pôr-nos de uma geração (à) rasca. Têm grandes sonhos. Querem ter um assento na Europa. Querem fazer a diferença.

 

São inúmeras as notícias que nos chegam todos os dias de cérebros portugueses que vingam nas suas áreas de trabalho, no estrangeiro. No Reino Unido, eles organizam-se numa associação de investigadores que dá cartas na Ciência e na Tecnologia. A PARSUK, que pretende fomentar a comunicação académica entre Portugal e o Reino Unido, organiza, entre muitas outras actividades, a PARSUK Xperience, uma oportunidade que é dada a alunos portugueses de frequentar estágios remunerados em instituições inglesas. Eu tive a sorte de ser um desses alunos.

 

 

A verdade é só esta: temos a mania que somos pequeninos. A PARSUK Xperience permitiu-me abrir os olhos para uma realidade que é a do português no estrangeiro. E deixem-me que vos diga, somos muito bem-vindos. É verdade que o conhecimento geográfico é muito limitado ao Algarve e existem todos aqueles estereótipos das mulheres portuguesas terem bigode, mas no que toca ao trabalho, a opinião europeia é unânime: gostamos de portugueses, aprendem as línguas num instante e não têm medo de trabalhar.

 

Os jovens que eu conheço rejeitam o rótulo que teimam em pôr-nos de uma geração (à) rasca. Têm grandes sonhos. Querem curar o cancro. Querem resolver o problema da energia. Querem que a cultura volte a ser valorizada. Querem ter um assento na Europa. Querem fazer a diferença. Os jovens que eu conheço acordam de manhã com os sonhos já hipotecados e travam uma luta desleal com um mundo que nunca ouviu falar deles. Mas não desistem. Fazem malas e despedem-se da família e dos amigos sem bilhete de retorno, tudo em conquista de um sonho.

 

E não, isso não faz de nós uns coitadinhos porque tivemos de emigrar. Emigramos porque acreditamos em investir na formação que nem sempre o país que nos viu nascer tem capacidade para dar. E emigramos, muitas vezes, com a esperança de poder voltar com as experiências vividas e novas ferramentas para aplicar. Afinal de contas, o conhecimento não tem fronteiras.

 

A PARSUK é o espelho do potencial intelectual e empreendedor português. Torna-se o reflexo de uma capacidade de iniciativa brilhante que convida outros a fazer o mesmo. Comigo resultou. Foi uma oportunidade fantástica que me ‘abriu os horizontes’, um chavão que aqui se adequa tão bem, e por isso só me posso sentir profundamente grata.

 

Não somos pequeninos, ou inferiores. Não é assim que vêem o nosso cantinho à beira-mar plantado, porque não são assim as pessoas que dele saem. Conheço um exemplo próximo de uma portuguesa, que na eminência de mudar de emprego no Reino Unido, lhe pediram uma lista de colegas de curso portugueses que poderiam estar interessados em ocupar o seu lugar. Ora, com evidências destas, parece estar mais que na altura de quebrar alguns preconceitos. E quebre-se já agora também o de que a mulher portuguesa tem bigode!

 

Fernando Pessoa dizia “tenho em mim todos os sonhos do mundo”. Nós sabemos, Fernando. Nós sabemos.

 

Por: Joana Ferreira da Silva

 

 

 

O Lado A do Lado B

22/06/2014

 

Profissão: Deputado(a)

 

1. Estou ciente – bem ciente – da controvérsia que o debate sobre a exclusividade do exercício do mandato de deputado suscita e, portanto, das inevitáveis críticas a que estas linhas estarão sujeitas. Quem escreve e publica está, e ainda bem, sujeito à crítica e ao escrutínio público. Não queria, contudo, discorrer sobre reforma do Parlamento – tema a que dediquei o meu texto da passada semana – sem me referir à vexata questio da exclusividade dos deputados. Um ponto prévio se impõe, porém, sublinhar, em jeito de declaração de interesses: não exerço o mandato de deputada em exclusividade. Mantenho a minha actividade como advogada. E explico porquê.

 

 

 

2. O exercício de uma actividade política contém-se – ou, pelo menos, deveria conter-se – num ou em alguns momentos de natureza transitória em que alguém decide dar o melhor de si à causa pública. Ser deputado não é uma profissão. Não se “é” deputado. “Está-se” deputado. Sei que há quem se mantenha no exercício dessas funções por várias décadas, mas não partilho nem dessa vontade nem desse entendimento. Acho, aliás, que se devia ponderar o estabelecimento de uma obrigação mínima de renovação de listas, uma espécie de limitação de mandatos que garanta a coexistência nas listas de novos deputados e de deputados mais experientes. Isto dito, não é difícil perceber que se queremos um parlamento que não se componha exclusivamente de funcionários dos partidos ou de funcionários públicos, e que inclua também profissionais liberais – e aqui não me refiro só aos advogados, já “sobre-representados” no hemiciclo, – teremos de garantir que, de duas uma: ou findo o mandato asseguramos que têm condições de prosseguir a respectiva carreira profissional nas mesmas condições em que antes a abandonaram (o que para um profissional liberal responsável por assegurar e manter o seu próprio negócio, qualquer que ele seja, é virtualmente impossível), ou permitimos que a mantenham no decurso do mandato. Mas este é apenas o lado mais “visível” da questão.

 
3. A principal razão por que não defendo a exclusividade do exercício do mandato prende-se com a necessidade de assegurar a independência dos deputados em relação aos partidos e às máquinas partidárias. No dia em que já não for possível a um deputado exercer ou ter condições para voltar a exercer a sua profissão ele vai passar a depender, em exclusivo, da política e dos cargos políticos. A sua carreira passará a ser, justamente, aquilo a que comummente se designa por “carreira política”. Daí em diante, com muito maior probabilidade, as opiniões que expressa e as posições que assume estarão inquinadas à partida pela necessidade imperiosa de agradar aos poderes conjunturais para lograr garantir um lugar no final do mandato. Deixa de poder dar-se ao luxo de ficar fora das listas. Deixa de poder mandar a política e o partido às malvas. Deixa de poder dar um murro na mesa, de bater com a porta e de dizer: para isso não contam comigo! Terá de estar sempre disponível. Para tudo. Passa a ser, quer queira, quer não queira, um funcionário do partido, ao serviço do partido. E se já disso nos queixámos hoje, disso no queixaríamos muito mais. Compreendo os argumentos de quem defende a exclusividade. Porém, tudo ponderado, estou convicta que, com a consagração legal da exclusividade, ganharia o moralismo à custa da qualidade da democracia. É que se hoje são já poucas as vozes dissonantes nos partidos, com a consagração da exclusividade seriam, seguramente, menos ainda. Se são já hoje muito poucos ou deputados que pontualmente divergem das direcções dos partidos, seriam então pouquíssimos ou quase nenhuns.

 
Se queremos liberdade temos de assegurar as condições de exercício dessa liberdade. De resto, esse cuidado revela-se já na forma como está desenhado o estatuto dos titulares de outros órgãos de soberania. Com efeito, justamente para garantir a liberdade de tomada de decisão os juízes, uma vez investidos, são inamovíveis.
Isto dito, de duas, uma: ou assumidos que queremos “políticos de carreira” – e isso pode ser uma escolha criticável, mas é uma escolha legítima -, ou assumimos que não podemos impor a exclusividade aos deputados. O que não podemos ter é sol na eira e chuva no nabal.

 

 

 

Francisca Almeida | Deputada do PSD – Expresso