Portugal alerta para ‘actuação desumana’ do Estado Islâmico

Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros português recordou, na Nações Unidas, que o Estado Islâmico “ameaça os valores e os princípios mais elementares” das democracias.

 

 
Portugal chamou a atenção para a “actuação desumana” do autoproclamado Estado Islâmico, apelando à comunidade internacional que actue para “erradicar este grupo terrorista”, durante o discurso no Conselho de Direitos Humanos, em Genebra, Suíça.

 

 

Na intervenção desta segunda-feira perante o organismo das Nações Unidas responsável por zelar pela protecção e pela promoção dos direitos humanos no mundo, o ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros português recordou que o Estado Islâmico “ameaça os valores e os princípios mais elementares” das democracias.

 

 

“A barbárie levada a cabo por grupos terroristas” como o Estado Islâmico “tem de merecer o mais veemente repúdio” do Conselho de Direitos Humanos (CDH), apelou Rui Machete, no discurso proferido no âmbito do segmento de alto nível da 28.ª sessão do organismo.

 

 
“Continuamos a assistir, em pleno século XXI, a violações em larga escala de direitos humanos”, lamentou Rui Machete, prometendo a “responsabilização dos autores” de violações e abusos de direitos humanos em situações de conflito.

 

 

O conflito na Síria “é elucidativo” dessas “violações”, mencionou o ministro. “A comunidade internacional não pode permanecer indiferente perante a escala das violações e dos abusos” cometidos no país, frisou.

 

 
Rui Machete fez também menção aos atentados terroristas recentes em Paris como “profundamente perturbadores”, considerando que impõem “uma atenção redobrada em defesa” das liberdades fundamentais, “com especial atenção à protecção dos jornalistas, defensores de direitos humanos e representantes da sociedade civil”.

 

 
Ao mesmo tempo, acrescentou, “é essencial assegurar a liberdade de religião e de crença, e combater todas as formas de discriminação e intolerância religiosa”.

 

 

O ministro garantiu que Portugal exercerá o mandato no conselho, que iniciou a 1 de Janeiro e que se prolongará por três anos, “privilegiando o diálogo e a cooperação com todos os Estados”.

 

 

No primeiro discurso de Portugal como membro do CDH, Rui Machete falou em português, destacando que é “a língua materna de cerca de 250 milhões de pessoas” e esperando que, “no futuro próximo, venha a ser consagrada língua oficial das Nações Unidas”.

 

 

O ministro agradeceu “o voto de confiança” da Assembleia Geral das Nações Unidas, que elegeu Portugal para aquele “órgão fundamental”, e assegurou que Portugal está “fortemente empenhado no respeito pelos direitos humanos e liberdades fundamentais”.

 

 
Rui Machete considerou um sistema de protecção de direitos humanos “forte, independente, imparcial e exigente para com os Estados” como “essencial”.

 

 
Entre as prioridades de Portugal para o mandato no CDH estão os direitos económicos, sociais e culturais, nomeadamente o direito à educação; os direitos das mulheres, incluindo o combate à violência de género; os direitos das crianças e a eliminação de todas as formas de discriminação.

 

 

“Não deixaremos de pugnar pela abolição da pena de morte, inspirando-nos no papel pioneiro de Portugal na supressão da pena capital”, assegurou Rui Machete, considerando que o mandato no CDH é “um estímulo para Portugal continuar a fazer ainda mais e melhor em defesa dos direitos humanos”.

 

 
02-03-2015

Sofia Branco, enviada da agência Lusa a Genebra

Foto: Mário Cruz/ Lusa

 

 

 

 

Há três portugueses entre os mais ricos do mundo

A lista dos milionários da revista “Forbes” é liderada pelo fundador da Microsoft, Bill Gates. O mais jovem dos 20 primeiros deste ranking é Mark Zuckerberg, fundador do Facebook, de 30 anos.

 

 

 

A lista de milionários divulgada pela revista “Forbes” inclui três portugueses. Mas o mais rico do mundo continua a ser o norte-americano Bill Gates.

 

 

 

Américo Amorim, de 80 anos, surge em 369º, com uma fortuna calculada em 4,4 mil milhões de dólares (3,9 mil milhões de euros, ao câmbio actual), quando na lista do ano passado surgia na posição 267.

 

 
Belmiro de Azevedo, de 76 anos, surge em 949º, com 2 mil milhões de dólares (1,8 mil milhões de euros), quando há um ano estava na 687 ª posição.

 

 

O terceiro mais rico é Alexandre Soares dos Santos, de 80 anos, que caiu do lugar 609 para a posição 1054 com uma fortuna estimada em 1,8 mil milhões de dólares (1,6 mil milhões de euros), de acordo com a “Forbes”.

 

 

A lista é, pelo segundo ano consecutivo, liderada pelo norte-americano Bill Gates, o segundo lugar é ocupado pelo mexicano Carlos Slim e o investidor norte-americano Warren Buffett figura em terceiro lugar.

 

 

 

A revista atribui a Gates, de 59 anos, fundador da Microsoft, uma fortuna de 79,2 mil milhões de dólares, enquanto Slim, de 75 anos, que lidera o grupo mexicano de telecomunicações América Móvil, terá 77,1 mil milhões de dólares.

 

 
Buffet, de 84 anos, terá uma fortuna de 72,1 mil milhões de dólares e em quarto lugar da lista surge o empresário espanhol Amancio Ortega, de 78 anos, fundador da Inditex, grupo de empresas proprietária de marcas como a Zara, com 64,5 mil milhões de dólares.

 

 
Cinco norte-americanos ocupam os lugares seguintes do “ranking” de 2015: Larry Ellison, Charles Koch, David Koch, Christy Walton e Jim Walton.

 

 
No décimo lugar figura a francesa Liliane Bettencourt, de 92 anos, proprietária do grupo de cosméticos L’Oreal, com uma fortuna calculada em 40,1 mil milhões de dólares.

 

 
O mais jovem dos 20 primeiros da lista dos mais ricos é Mark Zuckerberg, fundador do Facebook, de 30 anos, que surge na 16ª posição com uma fortuna de 33,4 mil milhões de dólares, segundo a “Forbes”.

 

 

 

Ilustração: RR/Freepik.com

02/03/2015 / LUSA

 

 

 

 

Paulo Rangel. Críticas a Portugal e Espanha mostram Grécia à procura de ‘desculpas’ para falhar

O eurodeputado do PSD diz à Renascença que as críticas de Tsipras a Portugal e Espanha “são já uma espécie de desculpas antecipadas” para o caso de a Grécia não cumprir o acordo com a UE.

 

 

 

Há uma “estratégia de vitimização” em curso por parte do primeiro-ministro grego Alexis Tsipras. É o que diz à Renascença o eurodeputado do PSD Paulo Rangel, que considera que o líder do Syriza não devia ter criticado Portugal e Espanha.

 

 

 

Alexis Tsipras fez este sábado um discurso partidário no qual acusou Portugal e Espanha de liderarem um grupo de países que pretendeu minar as negociações do Eurogrupo sobre o programa de financiamento à Grécia. O objectivo ibérico, denunciou Tsipras, era derrubar o novo governo grego.

 

 

 

Paulo Rangel admite que as declarações de Tsipras e as posições do Syriza “são já uma espécie de desculpas antecipadas” e de “justificações” para o caso de a Grécia não querer ou conseguir cumprir o acordo alcançado no Eurogrupo.

 
“Receio que este tipo de declarações mais provocatórias tenha como principal desígnio tentar encontrar justificações para não cumprir o acordo”, reforça. “Faz parte das forças populistas, radicais e nacionalistas este tipo de retórica.

 

 

 

Há claramente uma tentativa de vitimização. Receio que isto seja o princípio dessa estratégia”.

 

 

 

Para o deputado, o importante agora é que a Grécia cumpra o acordo alcançado pelo Eurogrupo – cenário que encara com cepticismo.

 

 

 
Contra o pingue-pongue, mas sem calar

 

 

O social-democrata considera “muito negativo que o governo grego comece a individualizar, a lançar acusações a Estados ou a governos. Não está na tradição da União Europeia e mina a confiança mútua. É muito negativo”.

 

 
“A melhor forma de responder a este tipo de provocação, que é feita por razões de política interna e de política doméstica, é não dar relevância e não entrar neste tipo de pingue-pongue”. Porque “isso é o que os partidos populistas e nacionalistas, que é o caso do Syriza, pretendem. É minar a confiança europeia”.

 
O eurodeputado e também vice-presidente do Partido Popular Europeu concorda com o protesto dos governos ibéricos junto da Comissão Europeia. “Tem de haver um registo diplomático de que os Estados português e espanhol não fizeram aquilo de que se lhes acusa”, aponta.

 
Portugal e Espanha “em nada foram um obstáculo” ao acordo com a Grécia no Eurogrupo, acrescenta. “Tem de haver uma reacção, ainda que minimalista”, até para que não fique a ideia de que “quem cala consente”.

 

 
Foto: Lusa
02-03-2015 19:47 por Vasco Gandra, em Bruxelas
2/3/2015 / Renascença

 

Veículos motorizados vão ter dispositivo de chamadas de emergência

O eCall activa um sinal de alarme para o 112 em caso de acidente. Decisão foi aprovada pelos ministros dos Transportes da União Europeia.

 

 

Todos os veículos motorizados, fabricados a partir de 2018, vão ter um dispositivo automático de chamadas de emergência. O eCall activa um sinal de alarme para o 112 em caso de acidente.

 

 
A decisão foi aprovada, esta segunda-feira, pelos ministros dos Transportes da União Europeia, em Bruxelas.

 

 
O sistema foi concebido para tornar mais rápidos os serviços de emergência à escala da UE em caso de acidente de viação, esperando-se que contribua para reduzir o número de vítimas mortais.

 

 
A partir de 31 de Março de 2018, serão instalados os aparelhos sem fios eCall, que activam automaticamente um sinal de alarme para o número europeu de emergência, 112.

 

 
O dispositivo, que será compatível com os sistemas de navegação por satélite, deve reduzir para metade o tempo de resposta a emergências.

 

 
A infra-estrutura para o sistema eCall deve estar operacional até 1 de Outubro de 2017 e a sua utilização estará acessível a todos os consumidores e gratuita.

 

 
Em termos de salvaguardas, os veículos não serão objecto de localização constante e os dados relativos às localizações anteriores do veículo serão permanentemente apagados e não serão comunicados a terceiros sem o consentimento do proprietário do veículo.

 

 
A decisão do Conselho de Ministros da UE será confirmada, sem alterações, pelo Parlamento Europeu ainda antes do Verão.

 

 

02/03/2015 / LUSA

 

 

 

Terrorismo. Chefe de segurança admite que nível de segurança do Vaticano está em alta

Papa Francisco numa visita, rodeado de seguranças.

 
Jihadistas falam frequentemente do desejo de atacar Roma, que encaram como símbolo do Ocidente cristão.

 

 

O Vaticano admite que o seu nível de segurança está alto devido à ameaça de terroristas islâmicos.

 

 
Numa rara entrevista, concedida à revista italiana “Polizia Moderna”, o comandante Domenico Gianni, responsável máximo pela segurança do Papa, revela que os serviços de segurança do Vaticano estão em contacto permanente com os seus colegas italianos e de outros países estrangeiros e que o estado de alerta é permanente.

 

 
As ameaças não vêm só do autodenominado Estado Islâmico, havendo também o risco de haver acções solitárias, o que torna tudo mais perigoso, porque estas são por natureza mais imprevisíveis.

 

 
Interrogado sobre como o Papa enfrenta estas ameaças, Gianni refere que Francisco não pretende abandonar o estilo do seu pontificado. “O Santo Padre não pretende abandonar o estilo do seu pontificado, fundado na proximidade, isto é, no encontro directo com o maior número possível de pessoas”, disse.

 

 
“Antes de ser Papa, ele continua a ser um padre que não quer perder o contacto com o seu rebanho. Por isso, nós que somos responsáveis pela sua segurança temos de nos adaptar a ele, e não ao contrário. Devemos fazer tudo para que ele possa continuar a desempenhar o seu ministério como deseja e como acredita”, conclui o homem forte da segurança de Francisco.

 

 
A ascensão do grupo terrorista Estado Islâmico, bem como os recentes ataques em França e na Dinamarca, preocupam os responsáveis pela segurança na Santa Sé. Nos seus vídeos, revistas e mensagens de propaganda, os jihadistas falam frequentemente do desejo de atacar Roma, que encaram como símbolo do Ocidente cristão.

 

 
Foto: EPA

02-03-2015

por Aura Miguel

 

 

 

 

A Rússia é menos livre agora do que há dez anos, diz Obama

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, considera que a Rússia é menos livre agora do que era há dez anos.

 

 

Barack Obama não vai encontrar-se com Benjamin Netanyahu. Foto: Kristoffer Tripplaar.

 

 
O presidente dos EUA considera um erro o discurso que Netanyahu vai fazer ao Congresso, na terça-feira, e diz ainda que já se estão a sentir os efeitos da abertura a Cuba.

 

 
Entrevistado pela Reuters, o presidente americano não chega a culpar o governo de Putin pelo assassinato de um dos seus principais opositores, na final da semana passada, mas constata que o país regrediu.

 

 
Questionado sobre o eventual envolvimento do Kremlin na morte de Boris Nemtsov, Obama respondeu: “Nesta altura, não sei o que se passou. Mas o que sei é que, de forma geral, a liberdade de imprensa, a liberdade de reunião, a liberdade de informação, os direitos e as liberdades civis básicas na Rússia estão em pior estado agora do que estavam há quatro, cinco ou dez anos”.

 

 
Sobre o crime, especificamente, Obama diz que já pediu uma investigação independente, mas deixa a ressalva: “Se isso é possível na Rússia dos nossos dias, não é claro”.

 

 
“Isto é uma indicação de um clima na Rússia em que a sociedade civil, jornalistas independentes e pessoas a tentar comunicar na internet se têm sentido cada vez mais ameaçadas, constrangidas e, cada vez mais, a única informação a que o público russo tem acesso vem de meios estatais. Isto é um problema e é parte do que tem permitido, na minha opinião, que a Rússia se envolva no tipo de agressão a que tem recorrido contra a Ucrânia”, reforçou.

 

 
Irão e Cuba

 

 

A entrevista a Obama foi feita na véspera de um discurso do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu perante o congresso americano em que se espera que o enfoque seja a situação no Irão.

 

 
Esta é uma área em que a administração de Obama e Israel estão em desacordo, o que já levou algumas figuras próximas da presidência a descrever o discurso como destrutivo. Na entrevista, Obama defende o diálogo para enfrentar a ameaça nuclear do Irão e diz que o objectivo é levar Teerão a comprometer-se a não procurar armas nucleares na próxima década ou mais.

 

 

Obama insiste que não se vai encontrar com Netanyahu porque, por norma, os presidentes não se encontram com personalidades políticas que estejam próximas de enfrentar eleições no seu país, como é o caso em Israel.

 

 
Finalmente, em relação a Cuba, Obama diz que a normalização das relações entre os dois países vai levar o seu tempo, mas que já se começam a notar mudanças: “Espero poder vir a abrir uma embaixada e algumas das bases já estão a ser lançadas. Tenham em conta que nunca esperámos alcançar a normalização imediatamente. Ainda há muito que fazer. Mas estamos a percorrer um caminho no qual podemos abrir as nossas relações com Cuba de uma forma que irá, no final de contas, promover mais mudanças no país, e já as estamos a ver”.

 

 

Foto: EPA
03/03/2015
Radio Renascença

 

 

 

Namorada de opositor russo Nemtsov pede para ser libertada

Namorada do político russo assassinado pede a Putin que a libertem. A modelo ucraniana, de 23 anos, estava com Boris Nemtsov na noite em que foi alvejado a tiro, em Moscovo.

 

 
A polícia russa ainda está a questionar Anna Duritskaya, a namorada ucraniana do opositor russo Boris Nemtsov, que estava com ele na noite da passada sexta feira, quando foi alvejado a tiro, em Moscovo. Ambos tinham acabado de saír de um restaurante perto do Kremlin quando um carro branco se aproximou, pelas 23h40 locais, 20h40 em Lisboa. Nemtsov foi atingido por quatro tiros, Duritskaya não sofreu qualquer ferimento.

 

 

Nemtsov era o líder da oposição russa e crítico de Valdimir Putin e o seu assassínio foi considerado um “ato político de terror.” Como testemunha, Anna foi interrogada pela polícia durante várias horas e foi libertada na madrugada de sábado. Agora anseia por voltar à Ucrânia, mas as autoridades mantêm-na sob uma guarda armada. Anna fez uma descrição do que se passou, apesar do seu “profundo choque,” que resultou numa “perda parcial de memória.” Testemunhas afirmam que terá gritado “Alvejaram-no” no momento dos disparos.

 

 

A ucraniana expressou aos agentes a intenção de voltar a casa, mas o seu advogado comunicou-lhe que as suas ações foram restringidas. As autoridades acreditam que Anna pode prestar ajuda à investigação por ter sido uma testemunha do homicídio.

 

 

As autoridades russas ofereceram uma recompensa de três milhões de rublos (cerca de 50 mil euros) por “informação válida”. Estão a ser estudadas várias hipóteses sobre os motivos do assassinato.

 

 

Ontem 100.000 pessoas saíram às ruas de Moscovo numa rara demonstração de desafio contra o presidente russo. No protesto manifestaram-se contra o papel da Rússia no conflito ucraniano, que tinha sido organizado pelo liberal Nemtsov, antes da sua morte.

 

 

Gritavam “Rússia sem Putin” e erguiam cartazes onde se lia “não tenho medo”. Outros, apoiantes de Nemtsov, tinham escrito: “Ele morreu pelo futuro da Rússia” e “Ele lutou por uma Rússia livre.” “Trago uma bandeira da Ucrânia porque ele lutou pelo fim da guerra na Ucrânia. Foi por isso que o mataram,” afirmou Vsevolod Nelayev, um dos manifestantes.

 

 

Outros milhares de pessoas também saíram em protesto em S. Petersburgo.

 

 
02/03/2015

Visão

 

 

 

 

Opositor russo Nemtsov tinha ‘provas’ do envolvimento russo, diz um amigo

O opositor russo Boris Nemtsov, assassinado na sexta-feira em Moscovo, reuniu “provas” da presença de soldados russos na Ucrânia que se preparava para divulgar, afirmou hoje um seu amigo.

 

 
“Ele tinha provas. Ele contou que estava em contacto, em Ivanovo, Iaroslav e outras cidades, com familiares de soldados russos mortos” na Ucrânia, disse à agência de notícias francesa, AFP, Ilia Iachin, que dirige o movimento da oposição Solidarnost e era um dos seus amigos mais próximos.

 

 

Iachin declarou temer agora que essas provas nunca cheguem ao conhecimento público.

 
“Não sei como é que ele obteve essas informações. Os investigadores foram a casa dele duas horas após o assassínio e depois, foram ao seu escritório, no dia seguinte. Levaram documentos e esses locais estão agora selados”, precisou.

 

 

As informações deviam estar reunidas num “relatório intitulado ‘Putin e a guerra’ que estava prestes a ser publicado”, dissera Boris Nemtsov dois dias antes de ser assassinado, segundo Ilia Iachin.

 

 

“Penso que se ele tivesse concluído esse relatório, ele teria causado sensação”, garantira antes Iachin à estação televisiva da oposição Dojd.

 

 
“Mas não posso afirmar que o seu assassínio esteja ligado a este caso. Parece-me ser um dado importante, ao qual o inquérito deverá prestar atenção”, frisou.

 

 

Boris Nemtsov já tinha divulgado vários relatórios antes, um dos quais sobre a corrupção na preparação dos Jogos Olímpicos de inverno de 2014, em Sotchi.

 

 

Poucas informações foram alvo de fuga sobre o inquérito desde o assassínio a tiro de Nemtsov, na sexta-feira, pouco antes da meia-noite, perto do Kremlin.

 

 
02/03/2015

© Sergei Karpukhin / Reuters
Lusa

 

 

 

O gelo venceu o Endurance. Shackleton venceu tudo

Encalhado. O Endurance, preso no gelo da Antártida, em 1915.

 

 

 

Há 100 anos, 28 homens partiram a bordo de um navio rumo à Antártida para procurar um feito único: atravessar o continente a pé. O que aconteceu depois de encalharem num banco de gelo é uma das mais extraordinárias histórias de sobrevivência de sempre.

 

 

Com extremo cuidado, o Endurance avançava lentamente contornando enormes icebergues no mar de Weddell, na Antártida. A tempestade da véspera – que detivera o navio numa espessa placa de gelo – amainara o suficiente para permitir à tripulação içar as velas e navegar por entre densas massas de picos gelados. Aproveitando um longo canal de água que se abrira junto à base de um glaciar, o navio conseguiu percorrer 38 quilómetros até encalhar de novo.

 

 

 

Nessa noite, os 28 tripulantes deitaram-se com a esperança de que o amanhecer trouxesse melhores condições para prosseguir viagem até à baía de Vhasel, a menos de um dia de distância. Nenhum imaginava que o Endurance já não sairia dali, afundando-se dez meses depois, esmagado pelo gelo, e deixando-os entregues à sua sorte. Estávamos a 18 de janeiro de 1915.

 

 

 

Meses antes, em agosto, o Endurance zarpara do porto de Plymouth, no Reino Unido, numa expedição à Antártida liderada por Ernest Shackleton, um dos mais conceituados exploradores polares da época.

 

 

 

Depois de Roald Amundsen ter conquistado o Polo Sul, em 1911, Shackleton perseguia o último grande prémio ainda não reclamado da exploração antártica: a travessia a pé do continente. Chamou-lhe Expedição Transantártica Imperial e seria o último sopro da Idade Heróica da Exploração da Antártida.

 

 

 

“Do ponto de vista sentimental, é a última grande viagem polar que resta fazer. (…) a maior e mais extraordinária de todas as viagens: a travessia do continente”, escreveu Shackleton no prospeto da expedição.

 

 

 

O navio seguira em direção a sul, passando pela Madeira, Montevideu e Buenos Aires, onde Shackleton se juntaria à tripulação, juntamente com 69 cães de trenó canadianos. A paragem seguinte, onze dias depois, seria nas remotas estações baleeiras da ilha da Geórgia do Sul, situada às portas do Círculo Polar Antártico.

 

 

 

Ficam um mês em terra, à espera que o verão austral derreta algum gelo no mar. Em vão. Quando retomam viagem, o Endurance progride despedaçando grandes blocos de gelo. “Sentimos uma grande admiração pelo nosso pequeno e robusto barquito”, escreve Frank Hurley, o fotógrafo da expedição, no seu diário de viagem, citado no livro “O Endurance – Encurralados no Gelo”, de Caroline Alexander, que acaba de chegar ao mercado português.

 

 
ENCURRALADOS NO GELO

 

 

Com bravura, percorrem em seis semanas mais de 1600 quilómetros de bancos de gelo até ao fatídico dia. Dessa vez, o gelo comprime de tal forma que aprisiona o navio. Durante dias, semanas, meses, a tripulação desespera para poder seguir viagem. Em julho, Shackleton antecipa o pior: “Está quase a chegar o fim… O navio não vai aguentar mais. (…) O que o gelo agarra, o gelo não larga”. A 21 de setembro, 10 meses depois de terem encalhado, os 28 homens observam impotentes o Endurance a afundar-se. Estavam entregues à sua sorte, sem possibilidade de resgate.

 

O gelo venceu o Endurance. Shackleton venceu tudo2
Durante os dez meses em que o navio esteve aprisionado, a tripulação organizou jogos de futebol para fintar o tédio, equipa de bombordo contra a de estibordo. Ao domingo, as sessões de canto eram um acontecimento. As noites eram animadas por Leonard Hussey, o popular meteorologista e exímio tocador de banjo. Quando, em maio, o sol desaparece por completo por quatro meses, uns refugiam-se no xadrez, outros preferem as cartas e as damas, e outros ainda os livros ou jogos de adivinhas. Focas e pinguins tornam-se alimentos de eleição.

 

 

 

“É quase impossível de conceber, mesmo para nós, que estamos em cima de uma jangada de gelo colossal, com apenas 1,5 metros de gelo a separar-nos de um oceano com 2 mil braças de profundidade”, escreve Hurley no diário.

 
O gelo venceu o Endurance. Shackleton venceu tudo777
O banco à deriva deslocava-se por vezes três quilómetros num dia. A 7 de abril, já depois dos últimos cães terem sido abatidos para alimentar o grupo, os picos da ilha Elefante surgem no horizonte. Dois dias depois, o gelo quebra o suficiente para os homens se lançarem finalmente à água, num bote salva-vidas do Endurance que tinham conseguido salvar. A terra estava à vista mas a sua provação apenas começara.

 

 

POR FIM TERRA

 
Depois de 13 meses presos no gelo, e mais seis dias num mar agitado e com correntes imprevisíveis, pisavam finalmente terra firme, pela primeira vez em 497 dias. Os homens estavam maltratados, extenuados e tensos. Havia quem não dormisse há 90 horas. Alguns, mal pisaram a areia da praia, vaguearam em ziguezague, como se estivessem alcoolizados. Outros pareciam ter ensandecido. Um dos marinheiros pegou num machado e só parou depois de matar 10 focas.

 

 

O gelo venceu o Endurance. Shackleton venceu tudo4
A ilha era um local inóspito, afastado de qualquer rota marítima. Por isso, oito dias depois do desembarque, Shackleton toma uma decisão que viria a ser decisiva para o resgate do grupo: ele e cinco outros homens navegariam no maior dos botes, o James Caird, rumo à Geórgia do Sul, e aí pediriam ajuda para resgatar o resto do grupo. Poucos acreditavam no sucesso da missão: a ilha estava a 1300 quilómetros de distância, dez vezes mais do que haviam acabado de percorrer. Em pleno inverno, num barco aberto de 7 metros de comprimento, teriam que enfrentar ventos de 130 km/h, vagas de 20 metros e navegar às cegas num mar hostil. Antes de partir, Shackleton deixa uma carta a Frank Wild, que fica responsável pelo grupo da ilha Elefante:
“Caro Senhor
Na eventualidade de eu não sobreviver à viagem de barco até à ilha da Geórgia do Sul, deverá fazer o melhor que puder para salvar resto do grupo. (…) Transmita o meu amor a todos os meus e diga-lhes que dei o meu melhor”
Ernest Schackelton

 
Os seis homens chegam sãos e salvos à Geórgia do Sul. Tinham enfrentado as condições mais adversas que um marinheiro pode encontrar e completado uma das grandes viagens marítimas de todos os tempos. Mas ainda era cedo para cantarem vitória.

 

 

Em mais uma prova de resistência, Shackleton e dois tripulantes ainda têm que caminhar durante 36 horas sem descanso por um território gelado e adverso, que não conheciam, para chegar à estação baleeira mais próxima. No seu livro “South”, o explorador resumiria assim essa travessia: “Tínhamos sofrido, passado fome e triunfado, tínhamos sido humilhados mas vislumbrámos a glória (…). Tínhamos visto Deus no Seu Esplendor e ouvido a voz da Natureza. Tínhamos alcançado a alma nua do homem”.

 
Estávamos em maio de 1916. No final de agosto, mais de ano e meio depois de ter ficado presa no gelo, a restante tripulação do Endurance seria resgatada na ilha Elefante por um pequeno rebocador disponibilizado pelo governo do Chile, depois da recusa do almirantado britânico em ceder um navio, por causa dos esforços da I Guerra Mundial. Quando alcançou a ilha, Shackleton contou 22 silhuetas. Todos os homens tinham sobrevivido. Na carta que enviaria à mulher, escreveu apenas. “Consegui. Maldito almirantado… Não perdemos um único homem e atravessámos o inferno”.

 

 

*Fotos retiradas do livro “O Endurance – Encurralados no Gelo”, de Caroline Alexander (Planeta)

 

Nelson Marques (texto) Frank Hurley* (fotos)

 

18/01/2015

 

 

 

 

 

Cinco cientistas portugueses recebem 10 milhões de euros para dar continuidade à investigação

As bolsas Consolidator do Conselho Europeu de Investigação permitem aos cientistas agora premiados fortalecer as equipas e prosseguir com a investigação em áreas como imunologia, infeção ou inflamação.

 

 

Cada investigador vai receber uma bolsa de cerca de dois milhões de euros.

 

 
O Conselho Europeu de Investigação (ERC, na sigla em inglês) atribuiu dez milhões de euros a cinco cientistas portugueses para durante cinco anos darem continuidade aos projetos de investigação que desenvolvem na área das ciências da vida. As bolsas ERC Consolidator, como o nome indica, são uma oportunidade para os investigadores prosseguirem o trabalho de investigação que desenvolvem e manterem as respetivas equipas.

 

 
“Esta é uma excelente oportunidade para concretizar uma visão científica, através da consolidação da minha equipa”, refere Cristina Silva Pereira, que estabeleceu o grupo de investigação que coordena em 2008, no Instituto de Tecnologia Química e Biológica, da Universidade Nova de Lisboa. A investigadora pretende estudar se as proteções naturais das plantas contra os fungos podem ter aplicações clínicas.

 

 
Este financiamento torna-se particularmente relevante em áreas de investigação em que os financiamentos possam ser mais difíceis de conseguir. “O prémio ERC vai permitir-me executar o meu programa de investigação na área da sépsis sem barreiras”, diz Luís Moita, investigador principal no Instituto Gulbenkian de Ciência.

 

 
Para se candidatarem a esta bolsa os cientistas têm de ter o doutoramento há mais de sete anos (e menos de 12). É uma bolsa que surge na continuidade das bolsas ERC Starting para investigadores que acabaram o doutoramento há menos tempo e que estão a tentar estabelecer um grupo de trabalho independente. Henrique Veiga-Fernandes, em 2008, e Bruno Silva-Santos, em 2010, foram ambos premiados com esta bolsa de iniciação para estabelecerem os respetivos grupos de trabalho no Instituto de Medicina Molecular (IMM), da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa.

 

 
“Este financiamento irá permitir a continuação do trabalho do grupo internacional e excecional de cientistas que reuni no meu laboratório, ao mesmo tempo que nos permitirá iniciar um novo projeto ambicioso e com importantes implicações na Biomedicina”, nota Bruno Silva-Santos, que pretende perceber que mecanismos controlam a produção de citocinas, substâncias altamente inflamatórias. Estas moléculas tanto podem ter um papel importante na resposta às infeções e tumores, como podem ser responsáveis por doenças inflamatórias crónicas e autoimunes.

 

 
Inflamação e cancro são duas áreas chave na investigação em biomedicina. Henrique Veiga-Fernandes procura novos “alvos terapêuticos em doenças inflamatórias, infecciosas e tumorais no intestino” pela relevância que têm para a saúde pública, enquanto, João Barata, que também tem um grupo de trabalho no IMM, quer “entender os mecanismos através dos quais a [molécula] IL-7 e o seu recetor podem transformar célula normais e fazer com que se tornem malignas e o papel que têm no desenvolvimento de leucemia e outros cancros”.

 

 
06/02/2015

Autor: Vera Novais – Hugo Amaral / Observador