Língua portuguesa não é para ‘lidar com tratados’ e ‘imposições’ – Adriano Moreira

O professor universitário Adriano Moreira defendeu que a língua portuguesa “não é matéria para lidar com tratados” e “imposições”, devendo sim ser encarada como “um objeto para manter sob grande observação, mas deixando fluir”.

 

 

“A língua não é um objeto para mexer com tratados. É um objeto para manter sob grande observação, para tratar com carinho, acompanhando as mudanças inevitáveis, mas deixando fluir o que é próprio do fenómeno cultural”, argumentou.

 

 
O professor universitário e analista político falava à agência Lusa à margem da Conferência “Português, Língua Global”, na Universidade de Évora, promovido pela Comissão Temática de Promoção e Difusão da Língua Portuguesa da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP).

 

 

O encontro, que decorre ao longo de todo o dia, pretende contribuir para a sensibilização e mobilização de organizações da sociedade civil no desafio de afirmar e valorizar a língua portuguesa.

 

 

Na sua intervenção, Adriano Moreira lembrou que a língua portuguesa “não é neutra”, pois, abrange “latitudes e culturas muito diferenciadas” e foi submetida “a um fenómeno natural” que passou por “cada região lhe ter acrescentado valores”, os quais “não estão presentes nos outros sítios”.

 

 
“O Brasil, por exemplo, tem valores que são ameríndios e africanos, mas também japoneses, alemães e italianos que nós [em Portugal] não temos”, indicou, em declarações à Lusa.

 

 
Por isso mesmo, continuou, apesar de ter um tronco comum, a língua portuguesa “não é nossa”, ou seja, de Portugal, devendo sim ser encarada como “também sendo nossa”, isto é, de Portugal e de cada um dos países da CPLP.

 

 
Questionado sobre esta diversidade da língua portuguesa e acerca do Acordo Ortográfico, que ainda não tem aplicação obrigatória no Brasil (previsto para início de 2016), nem foi aplicado em Angola ou Moçambique, o analista criticou esta forma de uniformizar através de tratado.

 

 
“Esta matéria não é para lidar com tratados. Pode haver diretivas, mas imposições em relação à língua? A língua não se subordina a essas imposições”, insistiu, frisando que esta situação só se vai ultrapassar “não cometendo o mesmo erro outra vez”.

 

 
O secretário-executivo da CPLP, Murade Murargy, realçou à Lusa que a questão da língua “é um grande compromisso histórico” assumido pelos países da CPLP e reconheceu que, em relação ao Acordo Ortográfico, que “já está em vigor”, vai “sempre haver” diversidade de opiniões.

 

 
O mesmo responsável, à margem da conferência, defendeu ainda que, para que a língua portuguesa seja “amplamente difundida”, é preciso “passar dos discursos às ações concretas”, ou seja, “é necessário um compromisso financeiro”, com a afetação de recursos dos vários países, para alargar o ensino e a internacionalização do português.

 

 
Exemplo disso é a disponibilização do português como língua oficial nas Nações Unidas, frisou: “É preciso pagar”, pelo que “tem de haver um engajamento político, com implicações financeiras, para que tal aconteça”.

 

 

 

AGÊNCIA LUSA

 

11/05/2015

 

 

 

Roger Lobo: Faleceu o último dos portugueses notáveis de Hong Kong

Sir Roger Lobo no seu 90º Aniversário.

 

 

Sales Marques e Anabela Ritche recordam Rogério Lobo como uma figura “de referência” da comunidade macaense e portuguesa em Hong Kong e destacam a notoriedade que granjeou na região vizinha, sem nunca esquecer Macau. O empresário faleceu no sábado passado. Tinha 91 anos.

 

 
Sir Roger Lobo, português radicado em Hong Kong e uma das figuras mais credenciadas da comunidade lusa na região vizinha, morreu no sábado aos 91 anos, vítima de cancro, noticiou ontem o diário South China Morning Post.

 

 
“Foi das pessoas mais importantes no seio da comunidade portuguesa em Hong Kong, com um percurso um pouco diferente dos restantes portugueses que ali se radicaram”, disse Luis Andrade de Sá, autor do livro “The boys from Macau: portugueses em Hong Kong”, que também aborda a história de Rogério Lobo.

 

 

O autor destaca o empresário como “o último exemplo de um português de Macau que fez uma grande carreira em Hong Kong”, considerando a história de vida de Lobo uma história “irrepetível”, tendo em conta o que foi o século XX na região vizinha. “É o fim de uma era. Existem poucos que tenham feito este trajecto”, sublinha.

 

 

Também Anabela Ritchie, antiga presidente da Assembleia Legislativa, destaca Rogério Lobo como “um homem notável”, com quem teve oportunidade de estar em várias ocasiões.

 

 
Sobre a relação que mantinha com a terra que o viu nascer, indica que “mesmo de longe, a impressão que colhia era de que acompanhava as coisas que se passavam aqui, com grande atenção e carinho”.

 

 

A posição que o empresário granjeou em Hong Kong, entende Anabela Ritchie, “trouxe prestígio para a comunidade”, e, “como macaense, não podia ter feito mais para que Macau estivesse presente na vida pública de Hong Kong”.

 

 

José Luis Sales Marques lembra Roger Lobo como “uma figura destacadíssima no seio da comunidade macaense em Hong Kong e também da grande família macaense espalhada pelo mundo”.

 

 

O líder do Conselho das Comunidades Macaenses destacou o empresário como “uma referência” pelo contributo que deu em várias vertentes, nomeadamente, na afirmação do Clube Lusitano. “Fez dessa instituição umas das mais importantes instituições de matriz portuguesa espalhadas pelo mundo”, sustenta Sales Marques.

 

 
Título de cavaleiro da coroa em 1984

 

 

Empresário de profissão, Rogério Hyndman Lobo, nascido em Macau em 15 de Setembro de 1923, era filho de Pedro José Lobo, importante empresário e político local e destacado membro da elite macaense na primeira metade do século XX.

 

 

Roger Lobo, lembra Luis Andrade de Sá, foi para Hong Kong “já tardiamente”, depois de um grande contingente de portugueses se ter mudado para o outro lado do Delta, a maioria, para trabalhar na Administração britânica.

 

 

Na pérola da coroa do império britanico, foi um elemento activo da vida pública, tendo sido membro do Urban Council entre 1965 e 1978, do Conselho Executivo entre 1967 e 1985 e do Conselho Legislativo de Hong Kong entre 1972 e 1985.

 

 

A notoriedade que alcançou, alcançou-a “por mérito próprio”, defende Luis Andrade de Sá. O autor de “The Boys from Macau” não se coíbe de classificar Roger Lobo como “um grande profissional”, ainda que o apoio da comunidade portuguesa radicada na região tenha tido o seu papel. “Foi um homem que saiu de Macau e conquistou com grande mérito a importância que conquistou”.

 

 

Sir Roger Lobo, que recebeu em 1984 o título honorífico de cavaleiro do império britânico, garantiu nesse mesmo ano um lugar em nome próprio na história da política da antiga colónia britânica, quando apresentou no Conselho Legislativo a iniciativa que ficou conhecida como “Moção Lobo”. A proposta, que acabou por ser aprovada, exigia que todas as questões em debate entre o Reino Unido e a China referentes à transferência de soberania de Hong Kong fossem debatidas pelo hemiciclo antes de qualquer decisão ser tomada pelos dois países.

 

 
Para além do título de cavaleiro, Roger Lobo recebeu também da coroa britânica os títulos de oficial da Ordem do Império Britânico, em 1972 e de comandante da Ordem do Império Britânico, em 1978.

 

 

O empresário deixou uma mulher, dez filhos, 28 netos e 17 bisnetos, de acordo com o South China Morning Post.

 

 
11/05/2015

 
Sandra Lobo Pimentel, com Lusa

 
Ponto Final

 

 

Papa condena perseguições religiosas, pedofilia e pena de morte

No final da Via-Sacra, o Papa Francisco denunciou vários problemas, fazendo referência aos cristãos que são “perseguidos, decapitados e crucificados”. O Papa tinha já condenado também como “brutal” e “sem sentido” o ataque terrorista numa universidade do Quénia, que provocou pelo menos 148 mortos.

 

 

 

Durante a Via Sacra, na sexta-feira santa, o Papa Francisco fez uma declaração final na qual fez referência aos cristãos perseguidos e aos jovens vítimas de abusos sexuais

 

 
O papa denunciou na sexta-feira, no final da Via-Sacra, a pena de morte, a pedofilia, e as perseguições religiosas.

 

 

 

No final das 14 estações que compõem a Via-Sacra e representam a condenação, execução na cruz, morte e sepultamento de Jesus Cristo, Francisco denunciou “a crueldade” de algumas situações atuais que correspodem ao calvário de Cristo, como a corrupção ou a indiferença das pessoas perante quem sofre.

 

 

 

Também lembrou “os irmãos cristãos” que “são perseguidos, decapitados e crucificados aos olhos de todos e, frequentemente, sob um silêncio cúmplice”.

 

 

 

Durante a Via-Sacra, de mais de uma hora de duração, o papa, de 78 anos, manteve-se sentado, em recolhimento profundo. Apesar de presidir à cerimónia, Francisco não transportou a cruz, que passou por várias pessoas até completar o trajeto entre o Coliseu de Roma e a colina do Palatino. Em cada uma das 14 etapas foi lida uma das 14 meditações escritas por Renato Corti, bispo emérito da cidade de Novara (norte de Itália), que referiam problemas atuais como a corrupção de menores.

 

 

 

A cruz foi transportada por diferentes pessoas – doentes, famílias e católicos do Iraque, Síria, Nigéria, Egito e China. O cardeal vigário-geral de Roma, Agostino Vallini, foi o responsável pelo início e fim da Via-Sacra, e no ano em que o Vaticano vai realizar o Sínodo da Família, de 4 a 25 de outubro, durante três estações sucessivas transportaram a cruz duas famílias numerosas italianas e outra com filhos adotivos naturais do Brasil.

 

 

 

Também foi abordado “o lugar importante das mulheres nos Evangelhos e o génio feminino”. Nesta ocasião, duas irmãs dominicanas de Santa Catarina de Siena, oriundas do Iraque, transportaram a cruz. Na estação em que a meditação foi dominada por fenómenos como a solidão, o abandono, a indiferença ou a perda de entes queridos, dois homens de nacionalidade síria levaram a cruz.

 

 

 

Dois cidadãos chineses transportaram a cruz durante uma estação, na qual se meditou sobre “os acontecimentos que violam a dignidade do Homem”, como o tráfico de seres humanos, crianças-soldado ou “o trabalho que se converte em escravatura”. Nesta altura, Corti denunciou a situação “dos rapazes e adolescentes que são ultrajados, agredidos na sua intimidade, barbaramente profanados”, numa alusão às vítimas de abusos sexuais.

 

 

 

Reunidos em torno do imenso Coliseu, dezenas de milhares de fiéis, muitas vezes com velas na mão, seguiram a cerimónia em silêncio.

 

 

 

“BRUTAL” E “SEM SENTIDO”

 

 
Num telegrama, o Papa também condenou o ataque à universidade de Garissa no Quénia, que aconteceu na passada quinta-feira, e que foi reivindicado pelo grupo jihadista somali Al Shaabab. Num momento inicial do ataque, os homens armados dispararam ao acaso, mas depois mantiveram refém um grupo indeterminado de estudantes e professores com o objetivo de matar todos os que não fossem muçulmanos.

 

 

“Sua Santidade condena este ato de brutalidade sem sentido e reza por uma mudança de atitude dos seus autores”, pode ler-se num telegrama de pêsames que o secretário de Estado vaticano, Pietro Parolín, enviou em nome do pontífice ao arcebispo de Nairobi, John Njue.

 

 
No telegrama, refere-se que o papa está “profundamente entristecido pela imensa e trágica perda de vidas causada pelo ataque à Universidade de Garissa”.

 

 

 

Na mensagem, apelou ainda para que todas as autoridades “redobrem os seus esforços para trabalhar com todos os homens e mulheres do Quénia para pôr fim a essa violência e acelerar o amanhecer de uma nova era de fraternidade, justiça e paz”. Francisco exprimiu ainda a sua “proximidade espiritual às famílias das vítimas e a todos os quenianos neste momento doloroso”.

 

 

 

Agência Lusa

 

Sapo

 

TPT

 

11/05/2015

 

 

 

China lança aviso: a Coreia do Norte está a aumentar a capacidade nuclear

A China alertou que a Coreia do Norte pode ter 20 ogivas nucleares e capacidade suficiente para duplicar a produção até ao próximo ano. Estes são números superiores aos previstos pelos EUA.

 

 
Especialistas chineses em armamento nuclear lançaram o aviso: a Coreia do Norte pode já ter 20 ogivas nucleares, número superior ao previsto por especialistas norte-americanos. A China alertou também que a Coreia pode ter capacidade suficiente de urânio para duplicar o seu arsenal até ao próximo ano, informa a agência Reuters.

 

 

 

De acordo com estimativas chinesas, corroboradas por especialistas nucleares norte-americanos, o número de ogivas nucleares do governo de Kim Jong-un ultrapassa o valor previsto pelos Estados Unidos. Os EUA apontaram para a existência de cerca de 10 a 16 dispositivos.

 

 
Uma equipa de especialistas do instituto que estuda as relações entre os EUA e a Coreia, da Universidade norte-americana Johns Hopkins, apresentaram no início deste ano três cenários possíveis para a evolução da produção nuclear da Coreia do Norte. Os três cenários preveem que nos próximos cinco anos o stock de ogivas nucleares possa crescer para 20, 50 ou 100 unidades.

 

 
KOREAN CENTRAL NEWS AGENCY/EPA

 
OBSERVADOR

 

11/05/2015

 

 

 

Conselho Europeu declarou guerra aos migrantes e refugiados

Para a Cáritas Europa, “esta abordagem repressiva só levará pessoas desesperadas a correr ainda mais riscos para alcançar a Europa, levando a mais mortes”

 

 

 

A Cáritas Europa considerou as conclusões do Conselho Europeu de quinta-feira “uma inaceitável declaração de guerra aos migrantes e refugiados”, sublinhando que aumentar as medidas de repressão nas fronteiras da UE não vai salvar mais vidas.

 

 

 

“Registámos as conclusões profundamente dececionantes da reunião extraordinária do Conselho Europeu na quinta-feira. Não importa até onde a UE alargar no Mediterrâneo a ‘fortaleza Europa’, isso não impedirá nunca as pessoas de arriscarem as suas vidas para entrar na Europa se os problemas na origem não forem resolvidos”, afirma a Cáritas em comunicado.

 

 

 

“Entendemos as conclusões do Conselho como uma inaceitável declaração de guerra aos migrantes e refugiados”, sublinha.

 

 

 

Para a Cáritas Europa, “esta abordagem repressiva só levará pessoas desesperadas a correr ainda mais riscos para alcançar a Europa, levando a mais mortes”.

 

 

 

Os líderes europeus decidiram “preparar ações para capturar e destruir as embarcações dos traficantes antes que estas possam ser usadas, em linha com o direito internacional e respeitando os direitos humanos”, anunciou o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk.

 

 
Tusk informou que a UE vai triplicar as verbas e “aumentar significativamente” o apoio logístico da ‘Operação Tritão’ de patrulha e salvamento no mar Mediterrâneo, tendo os Estados-membros assumido o compromisso de reforçar o número de navios, helicópteros e peritos.

 

 

 

O presidente do Conselho Europeu salientou que vai ser aumentada a cooperação contra redes de contrabando, através da Europol e colocando agentes de imigração em países terceiros, na cimeira extraordinária para debater a “situação trágica no Mediterrâneo”, onde já morreram de centenas de migrantes e refugiados subsaarianos.

 

 

 

“O Conselho Europeu mostrou uma vez mais que os seus líderes perderam o rumo e parecem ter esquecido que a solidariedade é um valor central da UE”, alerta.

 

 

 

A confederação europeia de estruturas humanitárias da Igreja Católica lembra os líderes europeus que para responder à situação no Mediterrâneo são precisos uma operação europeia de busca e socorro nas fronteiras externas do espaço europeu, com uma missão humanitária inequívoca, canais seguros e legais para quem procurar proteção ao fugir de guerras e perseguições, e canais legais para migrantes laborais.

 

 

 
Foto: CIRO FUSCO/EPA
AGÊNCIA LUSA
24/04/2015

 

 

 

 

Exposição à poluição durante a gravidez pode afetar saúde mental da criança

Doenças como ansiedade, depressão ou hiperatividade em crianças podem ser provocadas pela exposição à poluição durante a gravidez. Estudo baseou-se em 600 grávidas entre 1998 e 2006.

 

 
Um estudo do Children’s Hospital de Los Angeles, nos EUA, concluiu que pode haver uma relação próxima entre a exposição à poluição por parte de grávidas e casos de crianças com problemas cognitivos.Hiperatividade, um coeficiente de inteligência baixa, ansiedadeou depressão são algumas das consequências, relata a Quartz.

 

 
O elemento crucial que está na fonte desta correlação são os hidrocarbonetos aromáticos policíclicos, poluentes que perduram quando alguns materiais orgânicos não são queimados até ao fim. Há várias situações em que o ser humano é exposto a este tipo poluição:pode vir de carros ou de outros meios de transporte, de carvão queimado, fumo de cigarros ou dos fogos florestais, ou até quando um pedaço de carne branca ou vermelha fica queimado.

 

 

 

O estudo começou em 1998 e terminou em 2006. Entre uma altura e outra, 600 grávidas nova-iorquinas, afro-americanas e dominicanas usaram aparelhos portáteis de medição da poluição durante dois dias. O estudo foi feito quando as mulheres já estavam no último trimestre de gestação.

 

 

 

Analisados os dados, foi possível perceber que havia uma correlação entre uma maior exposição a hidrocarbonetos aromáticos policíclicos e a ocorrência de malformações no cérebro das crianças, entre os sete e os nove anos. 40 tinham a substância branca do lado esquerdo do cérebro subdesenvolvida. Esta parte do sistema nervoso é responsável por controlar a linguagem e a capacidade cognitiva.

 

 

 

“Estas crianças tendem a ser irrequietas, hiperativas e muito impulsivas, e por isso agem antes de verem a situação”, disse Dr. Bradley Peterson, autor do estudo, ao Los Angeles Times.

 

 

 
JOÃO ALMEIDA DIAS
OBSERVADOR
03/04/2015

 

 

 

 

Antártida – temperatura mais alta, oceano mais ácido

O aumento da temperatura global pode levar à acidificação dos oceanos.

 

 

Além do recuo do gelo na Antártida, o aumento da temperatura global também vai aumentar a acidificação dos oceanos, afetando os organismos que aí vivem.

 

 
Um estudo internacional que envolveu 11 cientistas de nove países mostrou que as alterações climáticas podem afetar grande parte do Antártico, sendo a acidificação um dos maiores problemas para os organismos marinhos que ali vivem. Os resultados foram publicados na revista científica Global Change Biology e divulgados num comunicado de imprensa pela Universidade de Coimbra (que participou no estudo).

 

 

 

“Este foi o primeiro estudo a quantificar os múltiplos fatores ambientais que afetam o Oceano Antártico como um todo e a indicar quais as áreas que poderão ser mais atingidas no futuro”, salienta José Xavier, do Centro de Ciências do Mar e do Ambiente da Universidade de Coimbra – o único cientista português envolvido na investigação. A pesquisa tinha como objetivo “avaliar e quantificar” as alterações na Antártida, “uma das regiões do planeta que tem mostrado sinais de mudanças ambientais bastante rápidas e profundas”.

 

 

 

A pesquisa revela que “os fatores ambientais que causam stress ao ecossistema marinho do Oceano Antártico poderão chegar a 86%” de todo o oceano. Grande parte do Oceano Antártico “vai ser afetada por processos associados às alterações climáticas” e as áreas atingidas “vão ser maiores do que as observadas no passado”, sustentam os especialistas. “Grandes proporções do Oceano Antártico estão e serão afetadas por um ou mais processos de alterações climáticas. As áreas que se preveem afetadas no futuro são maiores do que aquelas que já estão a sofrer stress ambiental”, escrevem os investigadores no artigo científico.

 

 

 

“As regiões costeiras junto ao continente, e particularmente a Península Antártica, vão ser as regiões mais afetadas por múltiplos stresses ambientais (como, por exemplo, degelo, aumento da temperatura e diminuição do gelo marinho)”, salienta José Xavier, membro coordenador do programa AnT-ERA do Comité Cientifico para a Investigação na Antártida (SCAR).

 

 

 

“O nosso maior desafio futuro será avaliar os efeitos destes factores ambientais na vida dos animais, e em toda a cadeia alimentar, que vivem no Oceano Antártico e qual a severidade desses fatores nas diferentes regiões deste Oceano. Estamos a trabalhar nisso agora!”, conclui.

 

 

 

Além de José Xavier, participam no estudo investigadores de Alemanha, Argentina, Canadá, Espanha, Estados Unidos da América, França, Nova Zelândia e Reino Unido.

 

 

Antártida - temperatura mais alta, oceano mais ácido34

 

Mapa das Estações na Antartica

 

 

 

ALGUMAS ESTAÇÕES DE DIFERENTES PAÍSES

 

* Financiadas exclusivamente com dinheiros dos contribuintes.

 

Estação McMurdo (EUA)

 

Antártida - temperatura mais alta, oceano mais ácido3

Antártida - temperatura mais alta, oceano mais ácido4

Antártida - temperatura mais alta, oceano mais ácido10

 

 

Estação Palmer (EUA)

 

 

Antártida - temperatura mais alta, oceano mais ácido7

 

 

Antártida - temperatura mais alta, oceano mais ácido27

 

 

 

Estação Amundsen–Scott (EUA)

 

Antártida - temperatura mais alta, oceano mais ácido-8

 

 

Antártida - temperatura mais alta, oceano mais ácido-16

 

 

Antártida - temperatura mais alta, oceano mais ácido1

 

 

Antártida - temperatura mais alta, oceano mais ácido6

 

 

 

 

 

Estação Halley VI  (Reino Unido)

 

 

Antártida - temperatura mais alta, oceano mais ácido9

 

 

Antártida - temperatura mais alta, oceano mais ácido22

 

 

Antártida - temperatura mais alta, oceano mais ácido12

 

 

Antártida - temperatura mais alta, oceano mais ácido33

 

 

Antártida - temperatura mais alta, oceano mais ácido15

 

 

Estação Neumayer  (Alemanha)

 

 

Antártida - temperatura mais alta, oceano mais ácido-2

 

 

Estação Bharti (India)

 

 

Antártida - temperatura mais alta, oceano mais ácido13

 

 

Estação Casey  e Mawson (Australia)

 

 

Antártida - temperatura mais alta, oceano mais ácido11

 

 

 

Antártida - temperatura mais alta, oceano mais ácido23

 

 

 

Antártida - temperatura mais alta, oceano mais ácido26

 

 

Antártida - temperatura mais alta, oceano mais ácido21

 

 

Antártida - temperatura mais alta, oceano mais ácido25

 

 

 

Estação Kunlun (China)

 

 

Antártida - temperatura mais alta, oceano mais ácido35

 

 

Estação Great Wall (China)

 

 

Antártida - temperatura mais alta, oceano mais ácido32

 

 

 

Estação Concordia (França)

 

 

 

Antártida - temperatura mais alta, oceano mais ácido28

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

AGÊNCIA LUSA

 
VERA NOVAIS

 

OBSERVADOR

 

THE PORTUGAL TIMES

 

08/04/2015

 

 

 

 

Yellowstone é uma “bomba” maior do que se pensava

Debaixo das caldeiras de Yellowstone, os cientistas descobriram um reservatório de magma capaz de encher onze vezes o Grand Canyon.

 

 

 

Yellowstone é uma ‘bomba’ maior do que se pensava6

 
Yellowstone é considerado um supervulcão porque a erupção ia causar um cataclismo de proporções imensuráveis

 

 

Yellowstone é uma ‘bomba’ maior do que se pensava8

 
Os sismólogos descobriram um reservatório de magma colossal debaixo do supervulcão de Yellowstone, nos Estados Unidos. Trata-se de um vulcão capaz de criar erupções catastróficas, com potencial para dar origem a uma nova era na Terra. Com uma profundidade entre 19 e 45 quilómetros, este reservatório é quatro vezes maior que a câmara magmática e o volume podia encher o Grand Canyon onze vezes, de acordo com o estudo publicado esta sexta-feira no jornal Science.

 

 

Yellowstone é uma ‘bomba’ maior do que se pensava3

 

 

De acordo com as palavras de Victor Tsai, um dos co-autores da investigação, “ao saber deste reservatório, sabemos que podemos ter um volume de erupção maior numa escala de tempo relativamente menor”. Ainda assim, os autores do estudo ressalvam que esta descoberta não aumenta o perigo de uma erupção iminente e que, de acordo com a CNN, a probabilidade de uma erupção acontecer nos próximos mil anos é muito remota.

 

 

 

Yellowstone é uma ‘bomba’ maior do que se pensava4

 

 

 

AS RESPOSTAS

 

 

A existência deste reservatório vem explicar o porquê de o solo e as estruturas geotérmicas emitirem mais dióxido de carbono do que o lançado pela câmara magmática. Agora sabe-se que parte desse gás chega à superfície vinda do grande reservatório debaixo do supervulcão.

 

 

Yellowstone é uma ‘bomba’ maior do que se pensava5

 

O estudo também foi capaz de criar uma imagem tridimensional do sistema vulcânico existente em Yellowstone. De acordo com o avançado pelo site da Universidade de Utah, o funcionamento do sistema do supervulcão obedece a três passos:

 

 
1. A pluma mantélica – um fenómeno geológico que provoca a ascensão de uma massa considerável de magma vinda do manto inferior da Terra, que corresponde ao ponto quente ou “hotspot” – sobe ao longo de 708 quilómetros. A chaminé por onde esse magma passa deve ter 50 quilómetros de largura (um número muito menor do que o calculado anteriormente, embora não existam dados suficientes para o comprovar) e segue até ao manto superior a 64 quilómetros de profundidade.

 

 
2. Vinda dessa pluma, a rocha em estado plástico sobe através de diques a 64 quilómetros de profundidade até ao fundo do reservatório descoberto no mesmo estudo. Esse tem quase 47 mil quilómetros cúbicos, começa a 45 quilómetros de profundidade e termina a 19 quilómetros da superfície.

 

 

3. A câmara magmática, que já se conhecia, tem mais de 40,5 quilómetros cúbicos e tem um formato achatado com 64 quilómetros de comprimento e 40 de altura. Localiza-se a uma profundidade entre quatro e catorze quilómetros, logo abaixo do supervulcão.

 

 

Yellowstone é uma ‘bomba’ maior do que se pensava7

 

 

 

Logo abaixo do manto superior está o “hotspot” ou ponto quente, que vem do interior da Terra. A energia vinda dessa pluma mantélica sobe pelo manto superior até alcançar o reservatório de magma gigante. Este, por sua vez, alimenta a câmara magmática por baixo da caldeira de Yellowstone (Esquema de Hsin-Hua Huang, Fan-Chi Lin, Brandon Schmandt, Jamie Farrell, Robert B. Smith, Victor C. Tsai)

 

 

Yellowstone é uma ‘bomba’ maior do que se pensava9

 

 

Sabe-se que nem o reservatório nem a câmara magmática têm rocha completamente fundida no seu interior. O primeiro tem apenas 2% de material líquido e o conteúdo tem um alto teor de magnésio e ferro. A câmara magmática é composta por 9% de material líquido rico em silício.

 

 
O PROCESSO

 

 

Estes dados foram conseguidos através de processos sísmicos: utilizam-se as ondas criadoras de sismos em vez das imagens em raio-Xnormalmente usadas. Como as ondas sísmicas viajam a velocidades diferentes de acordo com a densidade dos materiais que atravessam, foi possível distinguir a natureza das rochas por baixo de Yellowstone. Nas regiões onde as ondas foram mais rápidas, as temperaturas são menores e a densidade maior. Nas zonas onde as ondas abrandaram, correspondem às temperaturas mais altas que tornam os materiais menos densos.

 

 

 

Os cientistas envolvidos nesta descoberta dizem que “agora podem utilizar-se estes modelos para estimar melhor o potencial sísmico e o risco vulcânico” deste e de outros locais.

 

 
Yellowstone já teve três grandes erupções desde há 17 milhões de anos, tendo sido a última há 640 mil. Apesar de não ter tido novas erupções desde então, o Parque Natural onde está localizado encerrou durante algum tempo em 2003 porque a temperatura do solo subiu até aos 93ºC, a ponto de evaporar os géiseres e secar a seiva da vegetação.

 

 

 

 
Foto: AFP/Getty Images

 

 

OBSERVADOR

 

 

25/04/2015

 

 

 

Vulcões em erupção no Chile: belos e ameaçadores

Vulcão Calbuco , Chile

 
O vulcão Calbuco, no Chile, entrou em erupção e obrigou a evacuar 4 mil pessoas.

 

Vulcões em erupção no Chile - belos e ameaçadores2

 

O fenómeno aconteceu poucas semanas depois de o vulcão Villarica ter lançado um alerta laranja no país.

 

 

Vulcões em erupção no Chile - belos e ameaçadores3

 
O vulcão Calbuco entrou em erupção pela primeira vez nos últimos 42 anos

 

 
Quatro mil pessoas foram evacuadas depois do vulcão Calbuco, no sul do Chile, ter entrado em erupção pela primeira vez nos últimos quarenta e dois anos, de acordo com o The Guardian. O alerta vermelho foi lançado na noite de quarta para quinta-feira (às seis da manhã chilenas) e as autoridades lançaram um vídeo na Internet que ilustra os primeiros momentos da erupção.

 

 

Vulcões em erupção no Chile - belos e ameaçadores4

 
A coluna de fumo já chegou à Argentina. De acordo com as declarações do vulcanólogo Gabriel Orozco, as preocupações são de que “a coluna venha a colapsar graças à força da gravidade e desencadeie uma avalanche piroclástica”, uma corrente de gases e rochas escaldantes.

 

 
Trata-se de um estratovulcão, uma estrutura cónica composta por múltiplas camadas de lava solidificada, piroclatos, cinzas vulcânicas e pedra-pomes. Tem mais que 2 mil metros de altura.

 

 

Vulcões em erupção no Chile - belos e ameaçadores5

 

 

Este vulcão é considerado um dos três vulcões mais perigosos do Chile, que tem noventa vulcões ativos. Ao The Weather Channel, o diretor de emergências de Los Lagos, Alejandro Verges, disse que a erupção foi “uma surpresa, o Calbuco não estava em especial observação”. O ministro do Interior e da Segurança, Rodrigo Penailillo, explicou que esta erupção foi “muito maior do que a que vimos no vulcão Villarica há umas semanas e por isso são precisas medidas rápidas e maiores”.

 

 

Vulcões em erupção no Chile - belos e ameaçadores6

 

Vulcão Calbuco, Chile

 
No início do mês, a BBC noticiou que as autoridades locais chilenas lançaram um alerta laranja depois de o vulcão Villarica ter lançado cinzas vulcânicas a uma altura de 1,000 metros. Algumas regiões foram evacuadas por motivos de segurança, as escolas fecharam e muitos outros serviços foram cancelados. Mas não foram registados mortos até à data.

 

 

Vulcões em erupção no Chile - belos e ameaçadores7
Em Pucon (no Chile), o vulcão Villarica ergue-se a 2,847 metros de altura e é um dos poucos vulcões permanentemente ativo no mundo, de acordo com a Vulcano Discovery.

 

 
Avaliado com o nível quatro numa escala de cinco, o vulcão Villarica está coberto por neve numa área de quarenta quilómetros quadrados. De acordo com o site da Universidade do Estado de Orgeon, este vulcão basáltico já sofreu quatro erupções fatais.
Através de métodos químicos foi possível averiguar que o vulcão Villarica teve uma grande erupção em 1810, embora o primeiro registo histórico seja de 1554.

 

 

Vulcões em erupção no Chile - belos e ameaçadores8

 

Entre 1949 e 1971, as avalanches resultantes das erupções mataram 73 pessoas e desalojaram centenas de habitantes nas regiões circundantes a este vulcão chileno.

 

 

 

OBSERVADOR

 

THE PORTUGAL TIMES

 

23/04/2015

 

 

 

 

O mistério do istmo do Panamá

Julgava-se que o canal tinha três milhões de anos. Afinal, tem 13 milhões e não foi essencial para a migração dos animais entre o norte e o sul americano.

 

 

Para os cientistas, o istmo do Panamá – a ponte de terra banhada por água de dois lados e que liga o norte ao sul da América – tinha um papel essencial para explicar a evolução do clima na Terra e para as migrações. Agora, uma equipa de investigadores colombianos diz que pode não ser bem assim. É o que noticia a BBC.

 

 

A teoria que vigorava era a de que esta faixa de terra se tinha formado há três milhões de anos, com o movimento das placas tectónicas da América do Sul e da América do Norte. Esse fenómeno permitiu o Grande Intercâmbio Americano – o fenómeno em que alguns animais migraram entre continentes. Esta hipótese era suportada pelo facto de ter ocorrido por essa altura o primeiro ciclo glaciar da era atual, explicando a divisão entre Mar do Caribe e o Oceano Pacífico.

 

 

Mas as evidências geológicas por trás desta teoria não eram tão claras quanto as oceanográficas. Nos primeiros estudos mais conclusivos sobre a formação do istmo, os cientistas analisaram os foramíferos, animais de pequena dimensão que desenvolvem uma concha que pode ser encontrada em rochas sedimentares. Pensava-se que os foramíferos deviam ter emergido há três milhões de anos, durante a formação do istmo.

 

 

No entanto, o estudo conduzido pelo Professor Camilo Montes da Universidade dos Andes em 2012, chegou a resultados diferentes. Quando analisaram as rochas que continham sedimentos dessas conchas, descobriram que esse seres tinham emergido no período de tempo compreendido entre os 12 e os 40 milhões de anos. Esta foi a primeira conclusão que refutava a teoria em vigor. E tornou-se mais consistente quando os investigadores decidiram estudar a idade das rochas do istmo e se depararam com muitas que tinham entre 40 e 65 milhões de anos.

 

 

 

Em busca de mais provas, os cientistas foram analisar amostras dos leitos dos rios no noroeste da Colômbia, na fronteira com o Panamá. Descobriram que os leitos, que tinham entre 13 e 15 milhões de anos, continham rochas sedimentares vindas do Panamá. Ou seja, encontraram-se provas suficientes para afirmar que, afinal, a faixa de terra é dez milhões de anos mais antiga do que se julgava até agora. E sendo assim, o aparecimento dessa ponte de terra não tinha sido essencial para as migrações dos mamíferos.

 

 
Mas levanta-se outra questão: se o istmo já existia há tanto tempo, porque é que os animais esperaram 10 milhões de anos para migrarem? O que aconteceu há três milhões de anos para motivar os mamíferos a moverem-se apenas nessa altura?

 

 

 

 

 

 

 

Imagem: Mapas Google

 
OBSERVADOR

 

21/04/2015