Os ministros da Defesa de França, Jean-Yves Le Drian, e dos Estados Unidos, Ashton Carter, concordaram neste domingo na tomada de “medidas concretas” para “intensificar” a cooperação militar contra o grupo terrorista autodenominado Estado Islâmico (EI), segundo o Pentágono.
Os dois ministros conversaram hoje ao telefone, pela segunda vez, desde os ataques de sexta-feira, em Paris, precisou o porta-voz do Pentágono, num comunicado. Os dois titulares da Defesa concordaram que os EUA e a França “devem intensificar ainda mais a estreita cooperação, com vista a prosseguir a campanha sustentada contra o EI”, disse o porta-voz do Pentágono Peter Cook.
“O secretário [norte-americano da Defesa] Ashton Carter reiterou o firme compromisso dos Estados Unidos em apoiar a França, e de atuarem juntos para garantir uma derrota final e duradora do EI”, acrescentou. O comunicado não define, contudo, quais as medidas que vão ser tomadas.
Fontes das autoridades norte-americanas disseram, no entanto, que já está colocado um general francês de duas estrelas no Comando Central dos Estados Unidos, que supervisiona as operações militares no Médio Oriente.
A França já participa numa campanha de ataques contra redutos do EI, na Síria e Iraque, liderada pelos EUA. O vice-conselheiro da Segurança Nacional norte-americana, Ben Rhodes, disse que os EUA e a França também vão intensificar a partilha de informações de segurança, após os ataques na capital francesa.
Entretanto, os presidentes dos Estados Unidos e da Rússia, Barack Obama e Vladimir Putin, respetivamente, mantiveram hoje uma reunião na Turquia, centrada na situação síria, à margem da reunião do G20, informaram fontes da Casa Branca.
O encontro, realizado na estância turística de Antália, durou perto de 35 minutos e os dois líderes concordaram pela necessidade de uma transição política na Síria, liderada e protagonizada pelos próprios sírios. Obama mencionou ainda a importância de a Rússia concentrar os seus esforços militares na Síria no grupo ‘jihadista’ EI, acrescentaram as mesmas fontes.
Os dois presidentes reconheceram ainda que uma solução para o conflito sírio é ainda mais importante agora, face aos atentados de sexta-feira em Paris, que fizeram 129 mortos. Obama e Putin notaram ainda o progresso diplomático alcançado em Viena, nas passadas semanas, incluindo as áreas de acordo formuladas no sábado pelo grupo internacional de apoio à Síria.
Uma transição política na Síria, que a Rússia estima numa duração de 18 meses, deve ser precedida de negociações mediadas pela Organização das Nações Unidas, entre a oposição e o regime do presidente sírio, Bachar Al Assad, assim como num cessar-fogo.
Os principais aliados e detratores internacionais do regime sírio tentam há várias semanas acercar posições para porem em marcha um processo de paz no país.
Pela primeira vez, nas últimas semanas, reuniram-se os ministros dos Negócios Estrangeiros de todos os países envolvidos em alguma forma no conflito, incluindo a Arábia Saudita, aliada da oposição síria, e o Irão, o principal aliado de Damasco.
No centro do debate continua a estar o futuro de Al Assad, já que o bloco ocidental — no qual se inclui a Arábia Saudita — exige que abandone o poder, enquanto Rússia e o Irão defendem que deve permanecer.
CHRISTOPHE TESSON/EPA/TPT/Reuters/19/11/2015