Comemorações dos 100 anos da Batalha de La Lys abre cíclo comemorativo no Mosteiro da Batalha sob o lema “Da Guerra e da Paz”

Teve lugar hoje (6 de Abril) no auditório do Mosteiro da Batalha o 1º colóquio sobre as comemorações dos cem anos da Primeira Guerra Mundial, sob o lema “Da Guerra e da Paz”, sendo convidada de honra a Srª Secretária de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Profª Doutora Maria Fernanda Rollo, que abriu este ciclo comemorativo com uma conferência sobre a 1ª Grande Guerra, seguida do Coronel Carlos Mendes Dias que falou sobre “Geopolítica/ Geostratégia e a origem da Guerra”.

 

 

No mesmo dia, foi inaugurada na Galeria Mouzinho de Albuquerque, localizada no antigo edifício da Câmara Municipal de Batalha, a exposição “A aviação militar portuguesa na 1ª Grande Guerra” – parceria com o Museu do Ar (Comissão histórico-Cultural da Força Aérea).

 

 

No contexto de um monumento que desde 1921 acolhe as homenagens nacionais ao Soldado Desconhecido, a Liga dos Combatentes, a Câmara Municipal da Batalha e o Mosteiro da Batalha/DGPC, programaram um conjunto de atividades que, apropriando-se da efeméride, visam sobretudo celebrar o espírito da PAZ e, igualmente, refletir sobre as causas e consequências da guerra, o papel de Portugal nesse conflito e o contexto da sua entrada.

 

 

Em Junho e Novembro, para além de colóquios, estão programados dois concertos pela PAZ

 

 

Do Programa Comemorativo constam os seguintes eventos:

 

08 de junho | Auditório do Mosteiro | 17h30

 

2º COLÓQUIO – PORTUGAL E A 1ª GRANDE GUERRA

 

– Coronel Luís Albuquerque – A Grande Guerra nas colónias portuguesas

 

– Prof. Doutor António José Telo – Os militares do CEP sacrificados pela má política

 

 

 

09 de junho | Capelas Imperfeitas | 21h30

 

1º  CONCERTO PELA PAZ

 

Banda Filarmónica das Cortes

 

Banda Sociedade Filarmónica Ouriense

 

Coro Essence Voices – Ourém

 

12 de outubro | Sala do Capítulo

 

 

VISITA GUIADA

 

Coronel Américo Henriques – O povo português e a 1ª Grande Guerra

 

 

09 de novembro | Auditório do Mosteiro | 17h30

 

3º COLÓQUIO – PORTUGAL E A 1ª GRANDE GUERRA

 

– Major-General Aníbal Flambó – A Guerra acabou. E agora?

– Prof. Doutor Luís Alves Fraga – Portugal na Grande Guerra: Uma visão geral e Panorâmica.

 

 

10 de novembro| Igreja do Mosteiro | 21h00

 

2º  CONCERTO PELA PAZ

 

Banda Sinfónica da Força Aérea

 

Organização: Liga dos Combatentes I Câmara Municipal da Batalha I Mosteiro da Batalha/DGPC.

 

Parcerias: Comissão Histórico-Cultural da Força Aérea I Direção de História e Cultura Militar (Exército).

 

Apoios: Museu do Ar, Banda Sinfónica da Força Aérea, Filarmónica das Cortes, Sociedade Filarmónica Ouriense, Coro Essence Voices e Caixa de Crédito Agrícola da Batalha.

 

 

Esta iniciativa conta com o Alto Patrocínio do Sr. Presidente da República e integra-se no Ano Europeu do Património Cultural.

 

 

 

100 anos do atoleiro da batalha de La Lys: a história de uma tragédia militar

 

 

 

 

A Primeira Guerra Mundial (também conhecida como Grande Guerra ou Guerra das Guerras até ao início da Segunda Guerra Mundial) foi uma guerra global centrada na Europa, que começou em 28 de julho de 1914 e durou até 11 de novembro de 1918.

 

O conflito envolveu as grandes potências de todo o mundo, que organizaram-se em duas alianças opostas: os aliados (com base na Tríplice Entente entre Reino Unido, França e Império Russo) e os Impérios Centrais, o Império Alemão e a Áustria-Hungria. Originalmente a Tríplice Aliança era formada pelo Império Alemão, pela Áustria-Hungria e o Reino da Itália; mas como a Áustria-Hungria tinha tomado a ofensiva, violando o acordo, a Itália não entrou na guerra pela Tríplice Aliança. Estas alianças reorganizaram-se (a Itália lutou pelos Aliados) e expandiram-se com mais nações que entraram na guerra. Em última análise, mais de setenta milhões de militares, incluindo sessenta milhões de europeus, foram mobilizados em uma das maiores guerras da história. Mais de nove milhões de combatentes foram mortos, em grande parte por causa de avanços tecnológicos que determinaram um crescimento enorme na letalidade de armas, mas sem melhorias correspondentes em proteção ou mobilidade. Foi o sexto conflito mais mortal na história da humanidade e que posteriormente abriu caminho para várias mudanças políticas, como revoluções em muitas das nações envolvidas.

 

 

Entre as causas da guerra inclui-se as políticas imperialistas estrangeiras das grandes potências da Europa, como o Império Alemão, o Império Austro-Húngaro, o Império Otomano, o Império Russo, o Império Britânico, a Terceira República Francesa e a Itália. Em 28 de junho de 1914, o assassinato do arquiduque Francisco Fernando da Áustria, o herdeiro do trono da Áustria-Hungria, pelo nacionalista iugoslavo Gavrilo Princip, em Sarajevo, na Bósnia, foi o gatilho imediato da guerra, o que resultou em um ultimato da Áustria-Hungria contra o Reino da Sérvia. Diversas alianças formadas ao longo das décadas anteriores foram invocadas, assim, dentro de algumas semanas, as grandes potências estavam em guerra; através das suas colónias, o conflito logo se espalhou ao redor do planeta.

 

 

Em 28 de julho, o conflito iniciou-se com a invasão austro-húngara da Sérvia, seguida pela invasão alemã da Bélgica, Luxemburgo e França, e um ataque russo contra a Alemanha. Depois da marcha alemã até Paris ter levado a um impasse, a Frente Ocidental se transformou em uma batalha de atrito estático com uma linha de trincheiras que pouco mudou até 1917. Na Frente Oriental, o exército russo lutou com sucesso contra as forças austro-húngaras, mas foi forçado a recuar da Prússia Oriental e da Polónia pelo exército alemão. Frentes de batalha adicionais abriram-se depois que o Império Otomano entrou na guerra em 1914, Itália e Bulgária em 1915 e a Roménia em 1916. Depois de uma ofensiva alemã em 1918 ao longo da Frente Ocidental, os Aliados forçaram o recuo dos exércitos alemães em uma série de ofensivas de sucesso e as forças dos Estados Unidos começaram a entrar nas trincheiras. A Alemanha, que teve o seu próprio problema com os revolucionários, neste ponto, concordou com um cessar-fogo em 11 de novembro de 1918, episódio mais tarde conhecido como Dia do Armistício. A guerra terminou com a vitória dos Aliados.

 

 

Os eventos nos conflitos locais eram tão tumultuosos quanto nas grandes frentes de batalha, tentando os participantes mobilizar a sua mão de obra e recursos económicos para lutar uma guerra total. Até o final da guerra, quatro grandes potências imperiais — os impérios Alemão, Russo, Austro-Húngaro e Otomano — deixaram de existir. Os Estados sucessores dos dois primeiros perderam uma grande quantidade de seu território, enquanto os dois últimos foram completamente desmontados. O mapa da Europa central foi redesenhado em vários novos países menores.  A Liga das Nações, organização precursora das Nações Unidas, foi formada na esperança de evitar outro conflito dessa magnitude. Esses esforços falharam, exacerbando o nacionalismo nos vários países, a depressão econóómica, as repercussões da derrota da Alemanha e os problemas com o Tratado de Versalhes foram fatores que contribuíram para o início da Segunda Guerra Mundial.

 

 

 

Alemanha declara guerra a Portugal em 1916

 

 

Apresados os navios alemães nos portos portugueses, a Alemanha declara guerra a Portugal. O país unifica-se e mobiliza-se – são recrutados todos os portugueses entre os 20 e os 45 anos, sem exceção –, a prolífica imprensa da altura ora cria discursos inflamados, ora caricaturas a partir da atualidade.

 

 

 

Mobilização para a Guerra

 

 

 

A Primeira Guerra Mundial levou milhares de jovens portugueses até França, onde combateram as tropas alemãs e as do Império Austro-Húngaro.

 

 

As duas divisões formadas em Portugal combateram como força independente até Abril de 1918, quando foram surpreendidas por um intenso ataque às suas posições. Na batalha que ficaria conhecida em Portugal como a batalha de La Lys, os portugueses perderam mais de sete mil homens, mortos ou feitos prisioneiros do inimigo.

 

 

As tropas do Corpo Expedicionário Português (CEP) foram transportadas para França a partir de 30 de janeiro de 1917. O primeiro grupo seguiu quase em segredo, de forma a assegurar a “rapidez e boa ordem”, segundo o argumento do governo.

 

 

Tudo decorreu de noite, por conveniência do “serviço dos comboios”, explicava a revista “Ilustração Portuguesa”, que ao longo de meses iria documentar as sucessivas partidas e despedidas entre os que ficavam e os que partiam.

 

Ao longo de meses Lisboa fervilhou com milhares de homens a chegar de comboio, oriundos de vários pontos do país. Da estação de Santa Apolónia marchavam até Alcântara e depois, por mar, até Brest, em França.

 

 

Estas zonas eram também os locais onde os familiares deixavam um último abraço ou um último carinho. Antes de embarcar muitos soldados aproveitavam para escrever um derradeiro postal, ou comprar fruta às vendedoras que aproveitavam para fazer negócio.

 

As partidas começaram a 30 de janeiro de 1917 e duraram até outubro. Praticamente todas foram seguidas e fotografadas pelas revistas e jornais da época que foram contando e mostrando como quase 60 mil homens seguiram viagem até França.

 

Aníbal Augusto Milhais foi um dos jovens mobilizados para a Flandres na Primeira Guerra Mundial. Durante a batalha de La Lyz ficou sozinho atrás das linhas alemãs onde, armado de vontade e uma metralhadora, conquistou a mais alta condecoração do país.

 

 

Durante a batalha de La Liz, que a 9 de abril de 1918 desbaratou o Corpo Expedicionário Português (CEP), o soldado Milhais ficou para trás para dar cobertura à sua unidade com uma metralhadora.

 

 

Perdido dos camaradas foi recuando sozinho, cercado pelas tropas alemãs, ocupando posições e disparando sempre que podia ou precisava. Pelo caminho deu apoio a grupos de soldados portugueses ou aliados, e salvou um oficial escocês de morrer afogado.

 

 

Quando, várias dias depois, conseguiu chegar junto das tropas portuguesas foi baptizado de soldado Milhões, tendo em conta a valentia que demonstrara.

 

 

Foi na sequência das suas ações, nos dias que se seguiram a 9 de abril de 1918, que ficaria conhecido por Milhões, quando um dos seus comandantes fez um trocadilho com o seu nome: “Chamas-te Milhais, mas vales Milhões”.

 

 

TPT com: Joaquim Ruivo, Diretor do Mosteiro da Batalha//AFP//Wikipédia//Observador// 6 de Abril de 2018

 

 

 

 

 

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