A polícia turca encontrou provas do assassínio de que foi vítima o jornalista Jamal Khashoggi no consulado da Arábia Saudita

O procurador-geral turco afirmou à televisão qatari Al Jazeera que a revista levada a cabo, em conjunto, por agentes turcos e especialistas sauditas ao Consulado saudita em Istambul revelou vestígios de aí ter sido cometido o assassínio do jornalista.

 

 

Segundo o procurador, citado pelo correspondente de Al Jazeera em Istambul, a equipa de investigadores encontrou no Consulado sinais de adulteração de provas.

 

 

Entretanto, o Governo de Riade estará a preparar um comunicado explicando que a morte do jornalista Jamal Khashoggi foi o resultado de um interrogatório que acabou mal.

 

 

Segundo a cadeia de televisão norte-americana CNN, o comunicado sustentaria que o plano saudita consistia em interrogar o jornalista e depois raptá-lo, fazendo-o sair secretamente da Turquia e levando-o para a Arábia Saudita.

 

 

Uma fonte citada pela CNN refere que o Governo saudita irá admitir que a operação foi levada a cabo sem a necessária correcção e transparência, pelo que os seus executores serão agora responsabilizados.

 

 

O relato que o presidente norte-americano fez hoje de manhã sobre a sua conversa telefónica com o rei Salman referia que este negara qualquer conhecimento sobre alguma operação contra Khashoggi, mas admitira que este pudesse ter sido vítima de “elementos incontroláveis”.

 

 

A referência a “elementos incontroláveis” sugeria já uma disposição do Governo saudita para sacrificar os operacionais da liquidação de Khashoggi. O depoimento hoje recolhido pela CNN sobre a responsabilização dos envolvidos parece confirmar o relato de Trump sobre a conversa com o rei.

 

 

Arábia Saudita abre investigação sobre desaparecimento de jornalista no consulado na Turquia

 

 

 

O Rei Salman da Arábia Saudita ordenou esta segunda-feira a abertura de um inquérito interno ao desaparecimento de Jamal Khashoggi, jornalista crítico das ações do príncipe herdeiro, Mohammad bin Salman (MbS). Khashoggi está desaparecido desde o dia dois de outubro, data em que entrou no consulado da Arábia Saudita em Istambul, na Turquia. Desde então, nunca mais foi visto.

 

 

“O Rei ordenou ao procurador público que abra uma investigação interna ao caso de Khashoggi, com base na informação vinda da equipa conjunta em Istambul”, declarou um responsável saudita à Reuters.

 

 

A notícia da investigação surge no mesmo dia em que Riade terá autorizado os investigadores turcos a revistarem o consulado saudita, segundo confirmaram três responsáveis turcos ao Washington Post. Três dias depois do desaparecimento, o próprio príncipe Bin Salman declarou que o país estava disponível a aceitar buscas no consulado — “não temos nada a esconder”, disse, mas a verdade é que um acordo entre os investigadores turcos e o Governo saudita nesta matéria tardava.

 

 

Pouco depois de ser conhecida a abertura do inquérito em Riade, o Presidente norte-americano, Donald Trump, anunciou que conversou com o Rei Salman e que osecretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, irá para a Arábia Saudita para se encontrar o Rei.

 

Jamal Khashoggi era um conhecido crítico das reformas de MbS. Apesar de ser um jornalista próximo da Casa Real saudita, com a ascensão ao poder do príncipe herdeiro viu-se censurado, como o próprio relatou ao Observador em dezembro de 2017, o que o fez exilar-se nos Estados Unidos.

 

 

“O príncipe é cheio de auto-confiança, mas não quer ter nenhuma oposição, não quer ouvir nenhuma opinião que lhe seja desfavorável. Acha que pessoas como eu podemos distorcer a sua mensagem — e, por isso, quer-nos fora do seu caminho”, relatou Khashoggi ao Observador em 2017.

 

 

No início de outubro, o jornalista decidiu ir ao consulado saudita em Istambul para pedir uma certidão de divórcio de que necessitava para se voltar a casar com a noiva, Hatice Cengiz. Esta foi a última pessoa a vê-lo, tendo ficado 11 horas à espera do noivo à porta do consulado. Desde então, várias notícias surgiram dando conta de que os investigadores estão a recolher provas que apontam para um possível homicídio de caráter político por parte de Riade. Em causa estão imagens das câmaras de segurança e o facto de 15 membros dos serviços secretos do país terem aterrado em Istambul no mesmo dia e seguido de imediato para o consulado.

 

 

 

TPT com: AFP// Osman Orsal/Reuters//CNN// Washington Post// Cátia Bruno/Observador// 15 de Outubro de 2018

 

 

 

 

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