O Exército dos EUA vai ter uma bala que nunca falha o alvo

Poder-se-ia dizer da “EXACTO” (que é como se chama a bala “inteligente”) que dela “podes fugir, mas não te podes esconder”. É a nova tecnologia militar dos EUA.

 
Uma agência militar dos Estados Unidos desenvolveu uma bala que corrige a própria trajetória para atingir alvos em movimento. Mas para contar a história desta bala “inteligente” é necessário recuar 57 anos na história do país..

 
Dwight D. Eisenhower era o Presidente dos Estados Unidos. Khruschov, o líder soviético. Viviam-se os (longos) dias da “Guerra Fria”, e a União Soviética fazia história ao enviar para a orbita terrestre um pequeno satélite, com pouco mais de 80 kg e 58 cm de diâmetro, a que chamou de “Sputnik 1″.

 
O satélite despenhar-se-ia nem três meses mais tarde. O seu lançamento, no entanto, em meados de 1958, seria o começo de uma “corrida espacial”, que, dir-se-á, os Estados Unidos venceram, ao sprint, quando a tripulação da Apollo 11 pisou a superfície lunar. Mas houve, na “Guerra Fria”, um outro acontecimento que é importante à história da bala inteligente, a tal que nunca falha o alvo, que de seguida lhe contamos.

 

A bala chama-se, num fluente português do estado da Virgínia (onde foi desenvolvida), “EXACTO”. O que, americanizando — e salvo a ironia linguística de ser uma bala mortiferamente “exacta” —, quer dizer “Extreme Accuracy Tasked Ordnance”.

 
E pergunta o leitor:

 
“E a história da ‘Guerra Fria’?”

 
É que a tal “EXACTO” foi apresentada pela DARPA, a Agência de Projectos de Pesquisa Avançada de Defesa norte-americana, criada, precisamente, por Dwight D. Eisenhower, em resposta ao lançamento soviético do “Sputnik 1″.

 
A agência DARPA, sendo independente, cobra anualmente perto de 3 mil milhões de dólares à Defesa norte-americana, e desenvolveu, desde 1958, parte da parte da alta-tecnologia militar que os Estados Unidos utilizariam, por exemplo, na Guerra do Golfo, ou, mais recentemente, no Afeganistão e no Iraque.

 
Os primeiros testes à “EXACTO” começaram em Julho do ano passado, mas, recentemente, em Abril, a DARPA apresentou-nos um vídeo onde um atirador profissional, munido de uma espingarda de calibre .50, e de longa-distância, dispara sobre um alvo que, movimentando-se, é perseguido pela bala… e abatido.

 
A ideia é que a tecnologia seja, no curto prazo, utilizada em cenários de guerra ambientalmente óstis, como o do Afeganistão (do qual os Estados Unidos, e ao contrário do que fora prometido por Obama em 2011, não saíram em finais de 2014), onde a fraca visibilidade causada, por exemplo, pelas tempestades de areia, impedem um disparo preciso sobre alvos humanos em movimento.

 

 
FOTO: GHULAMULLAH HABIBI/EPA

 

Tiago Palma
Observador
29/04/2015

 

 

 

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