A ex-mulher de José Sócrates, Sofia Fava, insultou via Facebook a procuradora-geral da República por esta defender os magistrados que troçaram da prisão do ex-primeiro-ministro. Joana Marques Vidal alegou que os procuradores estavam no exercício da “liberdade de expressão”. Sofia Fava chama-lhe “cretina”. Já durante a noite retirou o post, substituindo-o por outro com termos mais brandos e “penitenciando-se” pela linguagem utilizada, reconhecendo que se tinha “excedido”.
Segundo o Diário de Notícias, dos 19 membros do Conselho Superior do Ministério Público que votaram no processo disciplinar aberto a um grupo de magistrados por teceram comentários relativamente à prisão de Sócrates nas redes sociais, dois abstiveram-se e quatro votaram contra. Um dos votos contra foi da própria PGR, Joana Marques Vidal, que considerou que “em face dos elementos disponíveis, dificilmente se pode configurar alguma infração disciplinar, em particular, em espaços onde coexiste a liberdade de expressão”, explicou a PGR, na ata do plenário.
“Ademais, no âmbito do processo disciplinar, os meios de prova legalmente admissíveis em ambiente digital prefiguram uma baixa expectativa de resolução do caso, em especial no que respeita à determinação dos respetivos autores”, acrescenta Joana Marques Vidal.
A ex-mulher de José Sócrates, cuja casa também foi alvo de uma busca domiciliária por parte das autoridades, não gostou da notícia, nem da decisão e publicou esta terça-feira as suas opiniões na rede social Facebook. A publicação está limitada aos “amigos” de Sofia Fava.
Por volta das 22h30, Sofia Fava retirou o post e escreveu outro aberto ao público em que se penitencia pela linguagem utilizada e reconhece que se “excedeu”, mantendo, contudo, a indignação com Joana Marques Vidal.
“Movida por forte comoção resultante da influência profundamente nefasta que os insultos e humilhações ao pai dos meus filhos têm vindo a criar no seio da minha família, coloquei na minha página privada do Facebook frases relacionadas com a senhora procuradora da República que não se justificam a não ser por razões estritamente subjetivas minhas.”, começa por escrever, acrescentando: “Ainda que considere desresponsabilizadora e acobertadora de futuras humilhações ao pai dos meus filhos e, consequentemente à minha família, a posição que a representante máxima da investigação criminal assumiu, quando deveria ser o garante da proteção clara dos direitos fundamentais, não só de alguns, mas de todos eles, reconheço que me excedi e que não queria, em boa razão, que tal acontecesse, pelo que, mesmo nunca tendo querido que o meu post saísse do âmbito de uma abordagem privada, como deveria ter acontecido, penitencio-me publicamente”.
O Ministério Público tinha decidido abrir um inquérito disciplinar aos procuradores que escreveram comentários críticos sobre o caso judicial da prisão de José Sócrates na rede social Facebook.
A casa da ex-mulher de Sócrates, assim como uma avença que recebia de uma empresa do amigo dele, Santos Silva, são dois dos elementos da investigação do Departamento Central de Investigação e Ação Penal.
FOTO: NUNO VEIGA
LUSA
Sónia Simões
Helena Peraira
27/05/2015