Alexander Dobrindt, ministro alemão dos Transportes, afirma que a Alemanha tem de deixar de fazer “cara simpática” e, se não conseguir chegar a acordo com os outros países da União Europeia, terá de preparar um “plano B” e encerrar as fronteiras aos imigrantes.
Em entrevista ao jornal Muenchner Merkur, o ministro, membro da União Social Cristã da Baviera, CSU, partido irmão da CDU de Angela Merkel, usou as próprias palavras da chanceler, fazer “cara simpática”, para dizer que a Alemanha terá de agir sozinha se o número de refugiados e imigrantes não diminuir.
“Aconselho urgentemente: precisamos preparar-nos para não conseguir evitar o encerramento das fronteiras”, afirmou Dobrindt, numa entrevista que deverá ser publicada esta terça-feira. “Aconselho todos a preparar um plano B”, sublinhou o ministro alemão.
A Baviera é o principal ponto de entrada do fluxo migratório na Alemanha. Só em 2015 o país acolheu 1.1 milhões de pessoas, que requerem asilo.
Apesar do Inverno ter feito abrandar o número de chegadas, os imigrantes e refugiados continuam a fazer a perigosa travessia do Mar Egeu até à Grécia. Dali continuam a caminhar, por campos gelados e cobertos de neve, tentando chegar ao centro da Europa. Nenhuma promessa de auxílio ou de abrigo parece detê-los.
O líder da CSU, Horst Seehofer, afirmou durante o fim-de-semana, ao Der Spiegel, que nas próximas duas semanas irá enviar uma carta escrita ao Governo federal, a solicitar o regresso de “condições ordeiras” nas fronteiras alemãs.
A chanceler já prometeu “reduzir consideravelmente” as entradas este ano na Alemanha, mas tem recusado impor limites, dizendo que estes seriam impossíveis de cumprir sem encerrar as fronteiras. Algo que, afirma, poria em risco o projeto europeu.
Dobrindt rejeita o argumento de Merkel. “Essa sentença, de que o encerramento das fronteiras seria o fracasso da Europa, é verdade, mas inversamente. Não encerrar a fronteira, continuando na mesma, fará a Europa cair de joelhos”, defende.
A chanceler tem tentado convencer os outros Estados-membros da União a receber quotas de refugiados, procurado a construção de centros de acolhimento nos Estados limítrofes da União e liderado negociações com a Turquia para esta manter os refugiados dentro das suas fronteiras. Mas o progresso destas soluções tem sido escasso.
Marko Djurica/Reuters/19/1/2016