A Caixa Geral de Depósitos (CGD) teve um prejuízo de 205,2 milhões de euros nos primeiros seis meses do ano. Este resultado compara com o lucro de 47,1 milhões de euros que o banco público tinha registado no primeiro semestre do ano passado.
Nos primeiros três meses deste ano, a CGD já tinha reportado um prejuízo de 74,2 milhões de euros. A informação divulgada esta quarta-feira mostra que o período de Abril a Junho foi responsável por um resultado líquido negativo de 131 milhões de euros.
O comunicado enviado pelo banco afirma que os resultados das operações financeiras foram negativos em 47,4 milhões de euros (uma variação negativa de 349 milhões em termos homólogos), “influenciados pela elevada volatilidade sentida nos mercados financeiros internacionais, incluíndo a dívida pública” associada ao Brexit. Houve também um maior impacto negativo das provisões e imparidade, que subiram 2,1% no semestre, atingindo os 328,4 milhões.
Já a margem financeira cresceu 5,5%, para 568.7 milhões, com os custos de financiamento a superarem a descida de juros nos empréstimos activos. No comunicado, a CGD destaca que “o resultado de exploração core (soma da margem financeira estrita e comissões, deduzida dos custos operativos) do grupo CGD aumento 19,1% para 159,6 milhões, influenciado pelo bom comportamento da margem financeira estrita e dos custos operativos”.
A actividade internacional do grupo (Macau, França, Espanha, Angola e Moçambique) teve um contributo positivo de 100 milhões de euros para o resultado líquido consolidado.
Estes são as últimas contas do banco do Estado antes da entrada da nova gestão, liderada por António Domingues (até aqui vice-presidente do BPI),que substitui a equipa de José de Matos. Os dados agora divulgados servirão certamente para suportar diversos argumentos para as várias forças políticas envolvidas na comissão de inquérito parlamentar que já arrancou e que será retomada após as férias de Agosto.
O Governo tem vindo a negociar com Bruxelas um novo plano de recapitalização para a CGD, desconhecendo-se ainda os valores finais envolvidos. O montante em causa servirá para cobrir imparidades, cumprir exigências regulatórias, e resolver o pagamento do capital contingente emprestado pelo Estado (os chamados CoCo’s, no valor de 900 milhões). Além disso, há que contar com o dinheiro necessário para o que o ministro das Finanças apelidou de “plano alargado” de reformas, ligado ao redimensionamento do banco do Estado. Este irá afectar a operação em Espanha, mas também a actividade da CGD em Portugal.
Os dados do banco do Estado juntam-se aos das restantes instituições financeiras que já apresentaram as suas contas. Tanto o Novo Banco como o BCP tiveram prejuízos, de 362,6 milhões e 197,3 milhões, respectivamente, agravando as contas face a idêntico período do ano passado. Já o BPI viu o lucro subir 39% para 105,9 milhões de euros, enquanto o Santander Totta (que adquiriu os melhores activos do Banif) teve um resultado líquido de 196,2 milhões, o que representa um crescimento de 89%.
TPT com: JN//Económico//Lusa//Luis VillaLobos//António Borges//Público//11 de Agosto de 2016